quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Constantino e o Cristianismo - Parte 2

Cinco das seitas listadas já tinham rompido com a Igreja Católica muitos anos antes de Constantino surgir em cena como Imperador. Essas seitas negavam dogmas cristãos e muitas delas chegavam ao ponto de negar inclusive a ressurreição de Jesus Cristo. Outras pregavam que Cristo não teria existência terrena, apenas espiritual e que na realidade não tinha sexo, sendo um tipo de híbrido celestial, metade homem e metade mulher. Outras pregavam que Maria não seria a virgem descrita nas escrituras e que teria feito sexo diretamente com Deus. Eram ideias bizarras que a Igreja Católica desde muito cedo combateu dentro do cristianismo.

Policarpo que havia estado pessoalmente com alguns dos apóstolos originais de Jesus Cristo contestou diretamente e duramente muitas dessas visões alternativas do cristianismo. Isso prova que a Igreja, bem antes de Constantino, já existia como comunidade organizada, com vários pensadores procurando uma uniformidade de pensamentos e dogmas, organizando e separando aquilo que era considerado o verdadeiro cristianismo e aquele que era simplesmente heresia. Mesmo sem nada oficial, a Igreja (que anos depois receberia o título de católica) já existia plenamente, com organização e harmonia do ponto de vista teológico.

Como poderia os Valentinianos, uma das seitas combatidas pelos primeiros cristãos, ser considerada um vertente dentro do cristianismo se eles estavam ensinando uma doutrina falsa, sendo condenados por um homem que tinha sido nomeado diretamente pelos próprios Apóstolos? Policarpo lutou bravamente contra sua visão distorcida do cristianismo. E esse pensamento seria seguido pelo Imperador Constantino depois mas certamente ele não o teria criado pois não tinha as bases históricas e teológicas para tanto.

O que isso prova? Que o Cristianismo como movimento intelectual e de fé já existia muitos séculos antes de Constantino e que esse mesmo grupo daria segmento à sua fé, originando depois o que hoje conhecemos como Igreja Católica.

Constantino era um político e como tal precisava de apoio dos grupos mais fortes dentro da sociedade romana. Entre eles estava justamente a dos cristãos. Quando Constantino oficializou o Cristianismo ele já estava em todos os setores da sociedade romana. Já havia altos funcionários do império que eram cristãos, assim como senadores, soldados e generais. Constantino apenas se rendeu aos fatos. Ele certamente não criou o cristianismo como movimento e nem como Igreja, essa já existia muito anos antes dele surgir. Constantino apenas oficializou uma situação de fato. A religião que estava predominando era o cristianismo em todas as camadas da população de Roma e do Império. Não havia outra saída.

Pablo Aluísio.

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