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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Os Quatro Evangelhos

O texto a seguir tem como base e fundamento as pesquisas, livros e estudos do professor Craig Blomberg, PHD pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, considerado um dos grandes especialistas em história bíblica. Resolvi colocar tudo em forma de perguntas, para facilitar a leitura, enfocando os principais temas envolvendo os quatro evangelhos que formam o Novo Testamento. Seguem então dez perguntas cruciais sobre os evangelhos.

1. Quem realmente escreveu os evangelhos que formam o Novo Testamento? Há um consenso entre historiadores atualmente que os autores dos textos que formam o novo testamento cristão foram Levi, um coletor de impostos, que também era conhecido como Mateus (que daria nome ao evangelho escrito por ele), João Marcos, um cristão devoto, muito próximo a Pedro, seu amigo de longa data (que assinou seu evangelho apenas como Marcos),  Lucas, um médico que foi extremamente próximo a Paulo ao ponto dele o chamar de "o médico amado" e finalmente João, cuja autoria é a mais discutida de todas pois não se chegou ainda a uma certeza histórica de que se tratava mesmo do querido apóstolo de Jesus.

2. O que a ciência histórica tem a dizer sobre o Evangelho de João?
Há duas possibilidades. A primeira que esse evangelho teria sido realmente escrito por João, o amado apóstolo, um dos três mais próximos de Jesus (ao lado de Pedro e Tiago). Alguns séculos depois surgiu uma dúvida pois foram encontrados escritos antigos datados do ano 125 em que um autor antigo chamado Papias afirmava que o evangelho de João havia sido escrito na verdade por João, o Idoso (ou o Ancião). Até hoje não se pode afirmar com certeza se João, o Apóstolo e João, o Ancião, eram duas pessoas diferentes ou apenas duas formas de se referir a João, nesse segundo caso quando ele já estava bem velho, avançado em sua idade terrena.

3. Os escritores dos evangelhos conheceram Jesus Cristo pessoalmente?
Historiadores da Bíblia afirmam que os três primeiros evangelhos foram escritos de forma direta (por pessoas que presenciaram os eventos narrados) ou indiretamente (como no caso de Marcos que usou o testemunho do próprio Pedro como base para seu evangelho). Especialistas concordam que de todos os evangelhos o de Mateus parece ter sido o mais próximo a ser escrito da vida de Jesus. Esse evangelho também foi o único que foi escrito inicialmente na língua dos judeus da época e só depois traduzido para o grego e o latim. Se João é realmente o apóstolo querido, então seu evangelho foi escrito por alguém que viveu ao lado de Jesus e caminhou com ele, testemunhando todos os acontecimentos com seus próprios olhos.

4. Qual é a característica mais interessante do Evangelho de Marcos?
Esse é considerado um evangelho escrito para a conversão de novos cristãos. Ele não é muito detalhista sobre os primeiros anos da vida de Jesus, a tal ponto que não cita seu nascimento, se concentrando apenas em três anos da vida do Messias, dedicando quase a metade de seu texto à semana final da vida de Jesus. Por essa razão muitos especialistas acreditam que é um dos mais fiéis do ponto de vista histórico pois foi escrito baseado nas palavras do próprio Pedro que narrou tudo o que presenciou pessoalmente a Marcos.

5. O que é a Fonte Q?
A imensa maioria dos historiadores e especialistas acreditam que alguns trechos dos três primeiros evangelhos beberam da mesma fonte, um manuscrito ainda mais antigo, usado pelos primeiros cristãos em seus cultos e reuniões. Esse primeiro manuscrito que se perdeu no tempo seria a fonte escrita mais antiga sobre a vida de Jesus Cristo. Como não se sabe como era chamado muitos historiadores passaram a se referir a ele como Fonte Q. Os indícios mais fortes de sua existência vem de alguns textos escritos por Paulo que parece ter usado expressões e orações que eram usados nas primeiras reuniões dos cristãos primitivos. Eles liam e decoravam os textos justamente usando esse antigo texto, a Fonte Q.

6. O que havia escrito na Fonte Q?
Basicamente citações de Jesus e a relação de seus milagres. Não era um texto narrativo, contando a vida do Messias, mas sim uma série de citações de frases, pensamentos e parábolas escritas pelos primeiros apóstolos que procuravam registrar o máximo que podiam da sabedoria de seu mestre. Sobre a fonte Q há duas opiniões: A primeira que ele teria sido usado inteiramente dentro dos próprios evangelhos, nada teria ficado de fora e por isso foi descartado. A segunda que algumas frases e pensamentos teriam sido esquecidos, se perdendo para sempre nas areias do tempo.

7. Qual teria sido a participação de Pedro na elaboração dos primeiros evangelhos?
Teria sido essencial. Pedro viveu por muitos anos e tinha uma memória excelente, relembrando eventos passados como se tivessem acontecido há poucos dias. O primeiro evangelho foi escrito entre 20 a 30 anos depois da morte de Jesus. O último - de João - teria sido finalizado 60 anos depois da crucificação. Todos eles derivavam de rica tradição oral, além da já citada Fonte Q. Pedro só não participou efetivamente da produção do último evangelho, justamente o de João, pois já estava morto, após ser crucificado de cabeça para baixo pelos romanos.

8. O Evangelho de João pode ter tido dois autores?
Sim. Para muitos estudiosos a parte final do evangelho de João não foi escrita pelo autor da primeira parte. Há duas explicações para isso. João (seja o apóstolo, seja João, o idoso) não viveu o suficiente para terminar sua obra. Ele teria morrido antes. Um autor desconhecido, provavelmente membro da primitiva Igreja teria então terminado o evangelho, mas se mantido anônimo. Outra tese sustenta que um editor grego teria feito as mudanças na parte final, enviando o manuscrito para a aprovação final de João. Mesmo doente ele teria dado seu aval para as mudanças.

9. Qual é a principal característica do Evangelho de João?
Há um consenso que ele seria o mais profundo do ponto de vista teológico. Além disso é o que mais enfatiza a natureza divina de Jesus, o colocando sem dúvida como o próprio Deus encarnado na terra para viver entre os homens, trazendo a salvação para a humanidade com sua morte na cruz. Para os especialistas isso tem uma explicação. Só após mais ou menos 50 anos da morte de Jesus é que os primeiros cristãos chegaram na certeza de que Jesus era realmente Deus. Antes disso haveria uma certa dúvida na interpretação do que havia dito Jesus em seus sermões. Escrito 60 anos depois da crucificação já não existia mais nenhum questionamento sobre isso para João. Ele então quis deixar bem claro essa questão em seu evangelho.

10. Quem escolheu os evangelhos que hoje fazem parte do Novo Testamento Cristão?
Os quatro livros oficiais que formam o Novo Testamento foram escolhidos por autoridades da Igreja Católica. Poucos sabem, mas havia vários outros evangelhos circulando entre os primeiros cristãos, alguns atribuídos a pessoas próximas a Jesus como Maria Madalena e Judas. A Igreja Católica os descartou por serem imprecisos, contraditórios, fantasiosos demais ou não verdadeiros. Com isso apenas quatro foram escolhidos e chancelados pelo Papa. Por essa razão a Bíblia tal como conhecemos só possuem esses livros oficiais. Os demais foram qualificados como Apócrifos, de autoria incerta e procedência duvidosa.

Pablo Aluísio.

Os Judeus e o Catolicismo

A fé judaica não crê que Jesus Cristo foi o Messias enviado por Deus. Para os judeus Jesus não era em absoluto o Messias e nem tampouco o próprio Deus encarnado na Terra. No máximo Jesus apenas poderia ser encarado, do ponto de vista histórico, como um jovem rabi muito inteligente que tinha uma visão bem diferente e pessoal dos dogmas da religião judaica. Nada mais do que isso. Eles não acreditam nos milagres de Jesus, em suas pregações e nem em seu caráter divino. Os judeus possuem seus próprios dogmas, crenças e ritos religiosos, apesar do Velho Testamento ser uma obra em comum com os cristãos. Durante séculos a Igreja Católica precisou lidar com essa diferença religiosa entre cristãos e judeus. Sendo o próprio Jesus um judeu que viveu no século I e pregou para o povo judeu na Terra Santa, essa diferença de posição religiosa sempre deixou intrigados historiadores e teólogos ao longo dos séculos. O próprio Cristo no Novo Testamento deixou pistas sobre essa questão numa de suas parábolas onde procurou demonstrar que sua missão não seria acreditada por seu próprio povo. Em uma das passagens um judeu pergunta incrédulo: "Não é esse o filho do carpinteiro, filho de José e Maria?".

O Papa Francisco e a Comissão Pontifícia para as Relações Religiosas do Vaticano divulgou recentemente um documento sobre as relações entre a Igreja Católica e o Judaísmo histórico. De acordo com o texto os católicos sempre serão chamados para testemunharem sua fé em Jesus Cristo para todas as pessoas, incluindo os judeus, porém a Igreja não realizará e nem apoiará qualquer iniciativa institucional voltada para a conversão de povos judeus. Uma maneira de respeitar a fé alheia. Como os judeus serão salvos por Deus, mesmo não acreditando em Jesus Cristo, seguirá sendo um mistério divino insondável, segundo a reflexão sincera desse documento católico. De acordo com os doutores e mestres do catolicismo a aliança entre Deus e o povo judeu jamais foi quebrada pois Esse sempre será fiel às suas promessas. O judeu que reconhecer Jesus o fará por sua própria e livre iniciativa, seguindo sua vontade.

O que deve ser sempre celebrado é o diálogo entre católicos e judeus que já dura séculos, sem qualquer incidente histórico mais grave. A tolerância religiosa e o respeito são as chaves para essa boa convivência, algo que vem sendo reforçado diplomaticamente desde sempre, com especial reforço no Concílio Vaticano II. O documento afirma explicitamente que isso não é um "ensinamento doutrinal da Igreja Católica", mas uma reflexão com base na doutrina e que flui diretamente da declaração expressa do próprio concílio denominada "Nostra Aetate" sobre as relações católicas com outras religiões. Nesse mesmo texto fica claro que a Igreja Católica condena de forma veemente todas as formas de anti-semitismo, em especial de ideologias políticas extremistas de ódio como infelizmente aconteceu com o Nazismo durante a II Guerra Mundial.

Não se pode ignorar que as raízes do cristianismo são judaicas. Não se pode compreender inteiramente os ensinamentos de Jesus Cristo sem situá-lo dentro da cultura e da religião judaica do século I. O cristianismo tem como bases históricas a própria vida de Jesus, sua vida, ensinamentos, morte na cruz e ressurreição. A vida de Jesus e sua crença tem um elo de ligação profunda com a religião dos judeus. A vinda do Messias, sua salvação e a redenção que traria ao mundo e à humanidade foi prevista por profetas judeus que tiveram suas palavras, atos e gestos, imortalizados no Velho Testamento que nada mais é do que a Torá dos Judeus. Embora a religião judaica não acredite no Jesus Messias, Ele fez parte dessa longa tradição religiosa que atravessou os milênios.

Os primeiros cristãos, os apóstolos que caminharam ao lado de Jesus, se consideravam judeus e frequentavam as sinagogas da antiga Israel. Lá conviviam ao lado de judeus tradicionais e trocavam ideias e crenças com eles. A ruptura doutrinária e conceitual entre cristianismo e judaísmo só se daria de forma definitiva, segundo historiadores, no século III ou IV, quando o cristianismo se espalhou de forma incontrolável na Europa sob domínio do Império Romano. Nessa nova terra o cristianismo cresceu e rompeu suas raízes com o judaísmo. Ao invés de ser considerada apenas uma pequena seita dentro do próprio judaísmo, a crença no Cristo começou a ser encarado como uma nova religião, baseado inteiramente nos ensinamentos de Jesus. O interessante é que em determinado momento histórico o Cristianismo ia contra as crenças da religião do império romano, o paganismo com suas várias divindades, e também representava uma ruptura com o próprio judaísmo que lhe deu origem. Mesmo assim a crença cresceu e acabou superando enormemente o número de seguidores do judaísmo no mundo, levando em consequência também à extinção a própria religião romana. Mesmo combatida no mundo das ideias e reprimida violentamente pelo Estado Romano, o Cristianismo cresceu e dominou as mentes e corações das pessoas da antiguidade.

Durante a Idade Média houve inúmeros problemas envolvendo cristãos e judeus. A diferença de crenças levou ao aumento do anti-semitismo na Europa. As cruzadas também colocaram de forma muito próxima os cristãos e o povo judeu, naquela altura sendo dominado por califados islâmicos. Embora os cruzados lutassem contra os muçulmanos, nem sempre ocorreram alianças pacíficas entre líderes da religião judaica e cavaleiros templários. Talvez por essa razão Judeus foram perseguidos e seus bens confiscados em todo o mundo. Muitos se converteram ao cristianismo por pura pressão, se denominando de novos cristãos (mesmo que continuassem a cultivar seus rituais judeus em suas casas, de forma privada). A Igreja porém com os séculos se posicionou contra qualquer tipo de violência contra comunidades judaicas, dando origem com o tempo às liberdades religiosas expressas em inúmeras constituições que temos nos dias atuais. Hoje prevalece nos países ocidentais mais civilizados a plena liberdade de culto e crença, com ampla garantia de se seguir qualquer religião, nisso incluídas todas as formas de crença judaica. O passado ficou definitivamente para trás.

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de agosto de 2011

O Nascimento de Jesus (Evangelho Segundo Lucas)

Anúncio do nascimento de Jesus
Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,  a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegrate, cheia de graça! - O Senhor está contigo”. Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Maria, então, perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?” O anjo respondeu: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível”. Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo retirou-se de junto dela.

Nascimento de Jesus. Os pastores
Naqueles dias, saiu um decreto do imperador Augusto mandando fazer o recenseamento de toda a terra – o primeiro recenseamento, feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade. Também José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Quando estavam ali, chegou o tempo do parto. Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.

Havia naquela região pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor lhes apareceu, e a glória do Senhor os envolveu de luz. Os pastores ficaram com muito medo. O anjo então lhes disse: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura”. De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste cantando a Deus: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado!”  Quando os anjos se afastaram deles, para o céu, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos a Belém, para ver o que aconteceu, segundo o Senhor nos comunicou.

Foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando o viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino. Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com aquilo que contavam. Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração. Os pastores retiraram-se, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito.

Circuncisão e apresentação. Volta para Nazaré
No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe. E quando se completaram os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”. Para tanto, deviam oferecer em sacrifício um par de rolas ou dois pombinhos, como está escrito na Lei do Senhor. Ora, em Jerusalém vivia um homem piedoso e justo, chamado Simeão, que esperava a consolação de Israel. O Espírito do Senhor estava com ele.

Pelo próprio Espírito Santo, ele teve uma revelação divina de que não morreria sem ver o Ungido do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao templo para cumprirem as disposições da Lei, Simeão tomou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo: “Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo”. O pai e a mãe ficavam admirados com aquilo que diziam do menino. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe: “Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – uma espada traspassará a tua alma! – e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações”.

Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era de idade avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo; dia e noite servia a Deus com jejuns e orações. Naquela hora, Ana chegou e se pôs a louvar Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo conforme a Lei do Senhor, eles voltaram para Nazaré, sua cidade, na Galiléia. O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele.

Fonte; Bíblia Sagrada - Novo Testamento.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

10 questões sobre os Anjos

1. Anjos realmente existem?
Se você professa a fé cristã certamente deve acreditar na existência de anjos. Eles estão presentes no velho e no novo testamento. Coube a um anjo a tarefa dada por Deus de informar para a jovem Maria que ela seria a mãe imaculada de Jesus Cristo. Anjos estão intrinsecamente ligados ao nascimento do cristianismo. É simplesmente impossível do ponto de vista teológico crer em Jesus e não crer em anjos. Um bom católico deve necessariamente acreditar plenamente na existência dos anjos.

2. Qual é a função do anjos dentro da religião judaico-cristã?
Os anjos trazem mensagens de Deus, tanto no velho como no novo testamento. O próprio nome anjo significa "mensageiro" no grego original. Eles também desempenham outros papéis importantes, estando presentes em importantes passagens da Bíblia, ora servindo de proteção e auxílio, ora orientando profetas e santos.

3. Anjos são seres celestiais?
Os anjos celestiais formam o "exército de Deus". Eles foram criados antes dos seres humanos e compartilhavam da imensa glória de Deus. Quando o Senhor resolveu criar o homem e colocar os anjos para servi-los houve uma reação de um terço dos seres angelicais. Eles se recusaram a servir seres que consideravam inferiores a eles. Essas criaturas angelicais então foram expulsas do céu, caindo nas trevas do inferno. Assim Anjos são seres celestiais pois tiveram origem divina, mas nem todos eles possuem e compartilham a glória de Deus nos tempos atuais.

4. O que são Anjos caídos?
São os anjos que se recusaram a servir o homem após Deus o ter criado. São anjos rebeldes que não aceitaram se submeter as ordens de Deus. Dessa forma caíram em desgraça, sendo jogados no inferno diretamente, enquanto outros foram atirados ao mundo, onde vivem da poeira dos homens. Os anjos caídos eram liderados por Lúcifer, o anjo de luz, que começou a se considerar mais divino do que o próprio Deus. Ao se tornar arrogante e soberbo, perdeu a graça de Deus, caindo nas esferas mais baixas do mundo espiritual.

5. Demônios são Anjos?
Um fato interessante que muitos não param para pensar. Os demônios na verdade nada mais são do que Anjos caídos. O pecado foi introduzido no mundo por essas criaturas. No livro da gênesis acompanhamos como Adão e Eva foram tentados pela serpente e depois que comeram da árvore da vida foram expulsos do paraíso. Assim temos um enredo que deixa claro que desde o começo dos tempos os anjos caídos ou demônios conspiram contra a humanidade.

6. O que são Anjos da Guarda?
São Anjos enviados por Deus para ajudar a cada pessoa durante sua vida. Segundo a doutrina católica cada ser humano tem um anjo da guarda que o acompanha, tentando influenciar em aspectos positivos de sua vida. Os anjos da guarda agem em nossa consciência, se alegrando em nossos acertos e sucessos e se entristecendo quando erramos e cometemos erros graves durante nossa existência terrena. Não há porém um consenso na teologia sobre quando os anjos da guarda entram em nossas vidas. Para alguns eles são enviados em nosso nascimento, já para outros mestres em teologia eles nos são dados por Deus em nosso batismo, quando então recebemos a graça do espírito santo em toda a sua plenitude.

7. O que são Serafins?
Na escala de importância dos seres angelicais existe uma hierarquia. Os anjos mais puros, antigos e cheios da graça de Deus, formam o topo dessa hierarquia e ficam mais próximos de Deus. Os Serafins formam a espécie mais importante da classe angelical. Eles servem diretamente a Deus e por essa razão não entram em contato com os seres humanos. Os Serafins são os anjos que estão ao lado do trono de Deus, o servindo diretamente. Abaixo deles há outras classes de Anjos. Dentre elas apenas Arcanjos e Anjos propriamente ditos servem ao homem comum diretamente justamente por estarem em classes mais baixas da hierarquia dos anjos.

8. Qual é a natureza de um Anjo?
Um anjo é um ser puramente espiritual que nunca teve uma existência material. Ao contrário do que muitos pensam, seres humanos comuns jamais podem se tornar anjos quando entram na vida espiritual, pois são duas criaturas diversas da criação de Deus. Os anjos foram criados antes do surgimento da humanidade e não compartilham da mesma origem. Assim como um Anjo não pode nascer como um ser humano, esse também não pode subir aos céus na forma angelical.

9. Lúcifer ou Satanás era um Anjo de Luz?
Sim, de acordo com a longa tradição que remonta ao surgimento do judaísmo, Lúcifer ou Satanás, era um dos mais luminosos e gloriosos Serafins de Deus. Seu nome significa a Luz da Manhã. Em determinado momento de sua existência ele começou a se considerar tão supremo e maravilhoso que passou a se considerar até mesmo melhor do que o próprio Deus. Prepotente e tomado de arrogância, começou a se considerar o ser mais maravilhoso da criação. Isso acabou traçando o destino de sua trágica existência. Renegado por Deus, caiu nas trevas de seu próprio inferno.

10. Quantos são e quais os nomes dos principais Anjos?
A bíblia cita poucos nomes de Anjos. Os mais conhecidos são Gabriel, Miguel e Rafael. Isso porém não esgota o tema pois tradições antigas listam centenas de nomes de anjos, alguns acabaram se tornando bem populares. A Cabala judaica, por exemplo, procura não apenas estudar os anjos, como também listar todos os nomes conhecidos até hoje pela humanidade. Esses nomes porém não são chancelados pela Igreja Católica. Tampouco há como saber quantos anjos existem no universo. Isso faz parte dos mistérios de Deus. Para a doutrina da Igreja não importa seus nomes, mas sim a missão que desempenham, ajudando os homens em sua longa caminhada pela vida.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de agosto de 2011

Os Santos Inocentes

Herodes, o Grande, Rei da Judéia, era um monarca completamente insano e brutal. Ditador perpétuo colocado no trono pelos romanos, ele não gozava da menor popularidade entre o seu povo que o via apenas como um traidor miserável que se mantinha no poder por causa do poder militar e econômico da Roma Imperial. Era um fantoche do imperador romano. Também era um herege que pouco se importava com assuntos religiosos. Seu governo de sangue e opressão era odiado pelos judeus da época. Por isso o maior medo de Herodes era ser deposto do trono pelo tão aguardado "messias" tal como estava previsto nos antigos textos escritos pelos profetas. Completamente paranóico e corroído pelo ganância de riquezas e poder, ele não pensou duas vezes antes de matar sua própria esposa, seu irmão, dois cunhados e vários tios e primos. Todos eles representavam perigo ao seu reinado segundo sua própria visão distorcida e imunda do mundo ao seu redor.

Assim quando começou a circular a história de que um messias estaria nascendo por causa do surgimento da estrela de Belém, Herodes ficou extremamente perturbado com o fato! Desesperado, mandou chamar seus magos para que consultassem as mensagens vindas das estrelas e dos corpos celestiais para que pudesse tomar alguma medida. Herodes então foi informado que as escrituras estavam sendo cumpridas, de que o Messias acabara de nascer em Belém como havia sido previsto. O futuro rei dos Judeus já estava entre nós! De forma astuta Herodes disse que queria saber a exata localização da criança pois queria lhe prestar homenagens. Uma mentira pois de fato ele queria saber onde se encontrava o messias recém-nascido para matá-lo imediatamente, pois acreditava que no futuro ele seria deposto de seus poderes justamente por essa criança abençoada.

Um anjo então foi enviado a Maria e José para lhes informar do perigo que corriam. Eles deveriam pegar o pequeno Jesus para seguirem viagem em segurança até o Egito onde estariam livres das perseguições de Herodes. O insano monarca judeu ficou furioso por não conseguir encontrar e localizar o menino Jesus. Em um ato de extrema brutalidade e insanidade mandou matar todos os meninos recém-nascidos de Belém e arredores. Não satisfeito ainda mandou assassinar todos os garotos de até dois anos de idade, como precaução caso seus magos estivessem enganados sobre a data certa do nascimento do messias. O horror do massacre e a devastação das mães e dos pais levou Mateus a citar Jeremias: “Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos e não quer ser consolada, pois não existem mais”. (Mateus 2:18).

A Igreja Católica relembra a morte dessas crianças nesse dia dos Santos Inocentes. Bebês indefesos que foram martirizados pela ira de um rei louco e sedento de poder. Estão todas glorificadas na glória de Deus, enquanto Herodes, o monstro, está beijando o mármore das fossas abissais do inferno. A justiça de Deus nunca falha.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de agosto de 2011

O Catolicismo e o espiritismo

Conforme prometi no mês passado pretendo ampliar os temas do blog de uma forma em geral. Já tratei sobre política recentemente em um artigo chamado "O Brasil precisa de uma Direita" e agora falarei um pouco sobre religião. Não é um tema fácil certamente. De antemão quero deixar claro que o texto não tem como objetivo a conversão de quem quer que seja. Como sou católico (isso é importante esclarecer) colocarei aqui as contradições existentes entre o espiritismo e o catolicismo. Como grande parte da doutrina católica se assemelha também ao protestantismo, creio que a comparação também será de interesse dos evangélicos. Pois bem, dito isso quero dizer que acho muito complicado alguém se auto denominar católico e espírita ou evangélico e espírita ao mesmo tempo. Isso porque são doutrinas divergentes e pregam aspectos religiosos diferentes. Não cabe a qualquer um julgar a fé das outras pessoas mas apenas mostrar que há diferenças enormes entre essas crenças. Conciliar algo assim que se separa logo nas premissas é muito contraditório. Vamos aos fatos.

O espiritismo advoga a existência da reencarnação. Isso é um ponto central dentro da doutrina dos que seguem os ensinamentos de Allan Kardec (1804 - 1869). A reencarnação não surgiu pela primeira vez dentro do espiritismo. Na verdade ela sempre foi pedra fundamental de certas religiões orientais. Qual é a finalidade da reencarnação? Segundo o espiritismo a reencarnação (a volta sucessivas vezes ao plano material) seria uma forma de purificação da alma. Através de inúmeras voltas ao mundo a alma seria purificada pelas experiências de vida de cada um. Nada semelhante a isso você encontrará na doutrina católica e nem evangélica. Para os seguidores do cristianismo a vida é única. O catolicismo, por exemplo, prega que todos somos seres espirituais e após a morte voltamos para a nossa verdadeira natureza espiritual. A eterna volta ao mundo material seria simplesmente um martírio sem fim. Além do mais a vida na Terra nada mais seria do que uma forma de revelarmos nossa verdadeira essência perante Deus. Aos que trilharem o caminho do mal a punição seria o envio para o inferno em danação eterna. Para os puros de coração haveria a glorificação eterna, dentro dos portões do paraíso. Não há volta, nem reencarnação, nem novas chances que poderiam levar a milhares de reencarnações até a purificação completa da alma.

Como católicos e evangélicos são cristãos não há espaço para crenças alternativas que não foram reveladas pela presença de Jesus em sua caminhada pela Terra. O católico não quer voltar ao mundo sucessivas vezes, ele almeja a plenitude de uma vida espiritual eterna. O curioso é que a promessa de reencarnações revela um materialismo por parte do espiritismo. Certamente pessoas materialistas ficarão muito contentes em saber que voltarão ao mundo não uma mas muitas vezes. O materialista não almeja vida espiritual mas sim material.

A questão é que se existisse realmente reencarnação Jesus teria sido claro em seus ensinamentos sobre isso. Inclusive a reencarnação por ser uma das bases de religiões antigas já era bem conhecida por Jesus e seus seguidores em seu tempo. Mas ao invés de pregar a reencarnação em sua pregação o que temos é o silêncio completo do Messias sobre o tema. Ele jamais falou sobre reencarnação. Jesus certamente tratou sobre a existência do inferno, do céu, demônios (anjos caídos), anjos celestiais, da punição dos maus e da vida eterna para os bons. Mas jamais falou em volta ao mundo material. Inclusive quando estava na cruz Jesus prometeu ao bom ladrão que esse estaria ao seu lado no paraíso. Nada de voltar para reencarnar e se purificar. O bom ladrão, segundo as próprias palavras de Jesus, adentraria o céu porque ele, Jesus, assim o quis.

Aqui entra a segunda contradição entre espiritismo e religiões cristãs. Jesus deixa claro a existência do paraíso e do inferno. Para os espíritas não existe inferno já que como os espíritos estão em eterna evolução eles jamais seriam levados para as profundezas do Hades. Ora, a existência do inferno (para onde foram enviados os anjos caídos liderados por Satã) é uma das premissas da religião não apenas cristã como judaica também. O inferno está reservado aos ladrões, assassinos, pedófilos e demais criminosos para que eles paguem por seus pecados. É simples assim. Não que fiquem evoluindo por milênios, obviamente voltando a cometer os mesmos crimes por vidas e vidas. Isso não soa para os cristãos como justiça divina. Além disso o mal existe, há pessoas que não prestam que devem pagar por seus pecados, por seus crimes. Para eles o inferno. Aliás dentro da crença católica temos a aparição de Nossa Senhora de Fátima que mostrou o inferno para as crianças em sua visão. Então não há como um católico acreditar em uma doutrina que negue a existência do inferno como o espiritismo.

Outro ponto de extrema contradição entre o catolicismo e o espiritismo vem da forma como é encarada a figura do Cristo. Dentro da Igreja Católica Jesus Cristo é o próprio Deus encarnado entre os homens. É o verbo que se fez carne. É Deus que veio ao mundo para ensinar a verdadeira mensagem divina. Para o espiritismo Jesus Cristo é apenas uma alma de luz, na mesma categoria em que estão outros espíritos iluminados como Buda, Maomé, etc. Basta entender isso para saber que o Cristo católico é bem diferente do Cristo espírita. Não possuem a mesma importância e nem  estão no mesmo patamar de relevância. Em razão disso o Jesus católico que é o salvador, o redentor é apenas um guia dentro do espiritismo. Dentro da doutrina espírita cada alma se salvará por si mesma, no processo de evolução proporcionado pelas sucessivas reencarnações. Para o católico e o evangélico a salvação virá por Jesus Cristo necessariamente. A diferença é significativa. É impossível ao verdadeiro católico aceitar a diminuição da importância de Jesus dentro da doutrina fundada por ele.

Além da reencarnação o espiritismo se baseia bastante na comunicação com os mortos. Esse aspecto aliás foi a porta de entrada para os estudos de Allan Kardec. O problema é que o velho testamento condena de forma clara esse tipo de prática, chegando a afirmar que Deus virará o rosto para quem praticar tais atos. A contradição nesse ponto foi tão forte que Kardec não teve outra opção a não ser tirar o velho testamento da Bíblia da doutrina espírita. Ora, tanto católicos como evangélicos não ignoram os ensinamentos do velho testamento. É impossível para um cristão da linha tradicional tirar grande parte da Bíblia de seu caminho espiritual, de seu projeto de salvação. O espiritismo porém assim o fez.

A necromancia é condenada de forma veemente tanto pelos católicos como pelos protestantes. É o que é necromancia? É a evocação dos mortos, a tentativa de comunicação com o além, com as pessoas que partiram dessa vida material. Para alguns estudiosos das escrituras inclusive, as entidades que se apresentam como os mortos de familiares e parentes não seriam eles na verdade, mas sim anjos decaídos se fazendo passar por essas pessoas falecidas. Afinal Satã é dentro da doutrina cristã o pai da mentira. Por isso a proibição sempre presente dentro do catolicismo e do protestantismo de tal ato. Já para o espiritismo isso é base de sua doutrina, prática diária, sempre presente em suas reuniões.

O mundo dos mortos e dos vivos deve ser mantido separado, segundo a própria vontade de Deus, assim pensam católicos e evangélicos. Qualquer ato que vá nesse sentido é algo que vai contra a vontade divina e será punido como pecado grave. O espiritismo também crê em entidades que curam as pessoas de seus males físicos ou mentais. Pois bem, os cristãos tradicionais atribuem o poder de cura e milagre apenas a Deus. Não acreditam que espíritos (sejam de luz ou de trevas) possam curar alguém no mundo material. Isso vai contra tudo que está nas escrituras. Nem os santos católicos curam, apenas intercedem. Imaginem essas entidades espirituais que desconhecemos.

E existe um outro problema incontornável entre essas doutrinas. A lei da ação e reação dentro da reencarnação.

Os espíritas afirmam que os crimes cometidos em uma vida serão punidas em uma segunda volta ao plano material. É o karma das religiões orientais antigas, a lei da ação e da reação. Assim aquele que nascesse rico seria a manifestação da graça divina que fez em outra vida. O pobre estaria sendo punido por vidas passadas. O deficiente físico, idem. Tudo o que você é hoje é fruto de algo que fez em seu passado. Isso explicaria a morte de bebês com poucos dias de vida, por exemplo.
Pois bem, nada disso existe dentro do catolicismo. Não há ação e nem reação causada por reencarnações.

O catolicismo nunca fez uma ligação entre riqueza e espiritualidade. O fato de alguém nascer rico ou pobre não determina que Deus está premiando ou punindo alguém, afinal Jesus foi o mais pobre dos homens. Ele não nasceu em um palácio mas num lugar dos mais humildes, o que mostra a forma de pensar de Deus. Essa ligação entre riqueza e graça divina acabou dando origem à horrível teoria da prosperidade que está espalhada no meio do protestantismo. Riqueza material nada tem a ver com espiritualidade.

Em relação a crianças defeituosas ou doentes há explicação dentro das próprias escrituras cristãs. A partir do momento em que o homem rompeu sua aliança com Deus, a morte, a doença e outros infortúnios entraram na história da humanidade. Isso é parte inerente ao ser humano. Para os bebês que morrem com poucos minutos de vida certamente não haverá perda nenhuma do ponto de vista espiritual, pois a vida terrena é uma forma de existência grotesca. Elas ganham o céu imediatamente e vivem uma vida espiritual maravilhosa, como prometido por Jesus aos puros de coração.

Riqueza material nada tem a ver com graça divina. Lembremos as palavras de Jesus. Disse ele em Mateus 19:24: “...é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”. Então como ficam falando que ricos são abençoados por Deus e pobres amaldiçoados? A teoria da prosperidade evangélica - que se disseminou em outras religiões como o espiritismo - é um dos maiores absurdos teológicos da história.

A doença, os males, a cruz, está dentro da humanidade. Aqueles que nascem com deficiência física não são assim por terem sido punidos por Deus. Pelo contrário. Muitas pessoas com deficiências são seres humanos maravilhosos que iluminam a todos que os conhecem. Não pode haver ligação entre deficiências com uma suposta punição por parte de Deus. Nem riqueza material com graça divina e nem pobreza material com punição divina. Pessoas pobres são geralmente mais maravilhosas como seres humanos do que ricos que tendem ao egoísmo e à soberba.

"Deus está entre os humildes, os deficientes, os puros de coração. Lembrem-se sempre disso!" - afirmam os católicos mais tradicionais.

Existe uma história muito cativante de Santa Rita de Cássia que mostra bem a diferença de pensamentos. Certa vez ela estava fazendo uma viagem em um burrito onde tudo parecida dar errado. A carga caía na água, o burrinho emperrava e não saia do lugar, a ponte que ela deveria atravessar caiu. E ela, coitada, sofrendo tudo isso, só queria fazer o bem! Então em um momento muito divertido ela olhou para cima e disse: "Uma forcinha cairia bem não é mesmo, meu Deus?". Naquela noite ela dormiu e sonhou com Jesus que lhe disse: "Querida Rita, eu queria ver você lutar, ir em frente, enfrentar os desafios em nome de Deus". Ser católico é isso. Não é promessa de ficar rico, nem de viver se mostrando para os outros mas sim enfrentar todos os desafios da vida com alegria e fé em Deus. Como o Papa Francisco disse recentemente de forma brilhante: "Deus dá os maiores desafios e batalhas para seus melhores soldados". Um pensamento puramente católico. Bem diferente do que vemos no espiritismo de Kardec.

A conclusão que tiramos de tudo isso é a de que existem diferenças fundamentais entre a crença seguida pelo espiritismo e as bases da doutrina cristã. Em minha forma de pensar é algo completamente contraditório seguir ambas as religiões ao mesmo tempo. A escolha entre ser católico, evangélico ou espírita é de cada um. Isso é óbvio, mas deve haver nessa escolha uma coerência de fundamentos, caso contrário a pessoa corre o risco de não ser mais coisa nenhuma.

Pablo Aluísio.

Maria, Mãe de Jesus

Os maiores momentos na vida de Maria estão devidamente registrados nas escrituras. A concepção imaculada de seu filho Jesus Cristo, sua visita ao lado do filho ao templo, seu sofrimento ao pé da cruz, entre outros acontecimentos importantes. Maria é uma das pessoas mais importantes na história do novo testamento, disso não restam dúvidas. Apesar disso ainda existem muitas dúvidas cruciais sobre sua biografia histórica. Por exemplo, quando Maria chegou ao fim de sua existência na Terra? Quantos anos tinha? Como passou o resto de sua vida? Onde viveu seus últimos anos? São questionamentos que a Igreja Católica, através de inúmeras pesquisas históricas e arqueológicas, tem feito ao longo dos séculos.

Infelizmente os grandes historiadores, os oficiais, geralmente focam sua atenção nos reis, imperadores e líderes políticos por mais infames e assassinos que eles tenham sido. Maria era uma mulher do povo. Claro que ela fez parte da maior história de todos os tempos, a do seu filho Jesus, mas a consciência sobre isso só ocorreu séculos depois de sua morte. Helena, mãe do Imperador Constantino, tentou recriar os passos de Maria através da tradição oral da região onde vivia mas claro que registros assim não primam pela realidade histórica pois foram realizados séculos depois da história ter acontecido.

Também é controvertida a idade exata em que Maria teria dado luz ao seu filho Jesus. Uma tese afirma que ela teria em média algo como 16 anos ou um pouco mais. Na antiguidade as mulheres tinham seu primeiro filho com pouca idade. Era algo normal. Outro aspecto curioso (mas não comprovado) afirma que muito provavelmente Maria tenha sido a segunda esposa de José, o que explique talvez a existência de outros irmãos de Jesus (outro ponto bastante discutido pois não se sabe se eram irmãos de fato de Jesus ou primos pois algo se perdeu na tradução original). Chamo a atenção para a aparição de Maria em Lourdes. A vidente Bernardete Soubirous teria explicado para as autoridades da Igreja Católica que na visão Maria teria a aparência de uma mulher bem jovem, na faixa de 15 a 16 anos - justamente a suposta idade em que teria sido mãe de Jesus.

Se fatos da vida de Maria são complicados de precisar ainda mais difícil é saber o que aconteceu com José, seu esposo. Conhecido pela tradição como o "santo silencioso" por causa de seu ato de manter o silêncio ao longo de todo o texto bíblico, não se sabe onde morreu e nem quando. A José, Deus deu a missão de criar o filho Jesus durante sua infância e adolescência, lhe ensinando os primeiros valores e também uma profissão, a de carpinteiro na pequena cidade onde moravam. Mas voltemos à história de Nossa Senhora.

Através de tradições o que sabemos é que Maria teria passado seus últimos dias ou em Jerusalém ou em Éfeso, cidade greco-romana da antiguidade situada na costa ocidental da Ásia Menor. Provavelmente ela tenha morado algum tempo nas duas localidades, por isso as duas informações chegaram até nós. Quantos anos teria vivido ainda Maria? Aqui também temos duas fontes de informações. Uma que revela que Maria teria subido aos céus com pouco mais de 55 anos de idade. Uma informação mais recente - datada da idade média - afirma que ela teria chegado aos 70 anos, uma faixa etária excepcional para a antiguidade onde a imensa maioria da população mal chegava aos 40 anos por causa das dificuldades próprias da época.

De uma forma ou outra Maria passou seus últimos dias de forma exemplar, o que lhe valeu o título de santíssima entre os primeiros cristãos. Aliás é bom salientar que Maria se tornou um exemplo, um ícone, desde os primeiros anos. Sítios arqueológicos na Terra Santa datados do século I trazem registros de cultos realizados em honra à Maria. Após a morte do filho teria se encontrado com os doze apóstolos de Jesus, no último encontro entre eles, ainda nos primórdios do movimento cristão. Isso mostra que também era uma figura extremamente importante e influente entre os fundadores do cristianismo primitivo.

A Igreja Católica manteve com muita sabedoria, bem viva essa tradição de louvar a Virgem Maria. O chamado Marianismo é um dos fundamentos da fé católica. Assim a santidade de Maria foi por quinze séculos intocada até o protestantismo diminuir de certo modo a importância de Maria dentro da doutrina cristã. Alegaram que não existe nada nas escrituras que justifique seu status religioso dentro da Igreja Católica, algo complicado de explicar, uma vez que Maria foi escolhida por Deus para ser a mãe de Jesus na Terra! Haveria algo mais santo e importante do que isso? Obviamente não.

Certamente nunca foi uma mulher comum ou qualquer como querem crer alguns escritores
protestantes já que a importância de Maria é vital dentro da história de Cristo e isso está devidamente registrado no Novo Testamento. O próprio Lutero não concordava com essa visão radical em relação a Nossa Senhora, tanto que escreveu textos procurando reverter essa postura mas foi em vão. É enfim uma visão teológica bastante equivocada e sem fundamento. Trataremos muito ainda sobre Maria em nosso blog, afinal ele também é dedicado a ela, em toda sua santidade imaculada.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Nossa Senhora de Lourdes

Hoje os católicos em todo mundo celebram o dia de aparição de Nossa Senhora de Lourdes. Foi em 1858 que Nossa Senhora apareceu para a jovem francesa Marie-Bernard Soubirous em Lourdes, na França. O local de sua aparição se deu na gruta conhecida como Massabielle (que em português significa literalmente "rocha velha"). Era 11 de fevereiro. Marie seria canonizada pela Igreja Católica, se tornando Santa Bernadete por causa dessa experiência divina que viveu ao lado da Virgem Santíssima. Ela inclusive deixou um relato maravilhoso do acontecimento, ao qual reproduzimos a seguir: “Eu tinha ido com duas outras meninas na margem do rio Gave quando eu ouvi um som de sussurro. Olhei para as árvores e elas estavam paradas e o ruído não era delas. Então eu olhei e vi uma caverna e uma senhora vestindo um lindo vestido branco com um cinto brilhante. No topo de cada pé havia uma rosa pálida da mesma cor das contas do rosário que ela segurava. Eu queria fazer o sinal da cruz, mas eu não conseguia e minha mão ficava para baixo. Aí a senhora fez o sinal da cruz ela mesma e na segunda tentativa eu consegui fazer o sinal da cruz embora minhas mãos tremessem. Então eu comecei a dizer o rosário enquanto ela movia as contas com os dedos sem mover os lábios. Quando eu terminei a Ave-Maria, ela desapareceu."

Depois ela continua com suas lembranças: "Eu perguntei às minhas duas companheiras se elas haviam notado algo e elas responderam que não haviam visto nada. Naturalmente elas queriam saber o que eu estava fazendo e eu disse a elas que tinha visto uma senhora com um lindo vestido branco, embora eu não soubesse quem era. Disse a elas para não dizer nada sobre o assunto porque iriam dizer que era coisa de criança. Voltei no domingo ao mesmo lugar sentindo que era chamada ali. Na terceira vez que fui, a senhora reapareceu e falou comigo e me pediu para retornar todos os próximos 15 dias. Eu disse que viria e então ela disse para dizer aos padres para fazerem uma capela ali. Ela me disse também para tomar a água da fonte. Eu fui ao rio que era a única água que podia ver. Ela me fez realizar que não falava do rio Gave e sim de um pequeno fio d’água perto da caverna. Eu coloquei minhas mãos em concha e tentei pegar um pouco do líquido sem sucesso. Aí comecei a cavar com as mãos o chão para encontrar mais água e na quarta tentativa encontrei água suficiente para beber. A senhora desapareceu e fui para casa. Voltei todos os dias durante 15 dias e cada vez, exceto em uma Segunda e uma Sexta, a Senhora apareceu e disse-me para olhar para a fonte e lavar-me nela e ver se os padres poderiam fazer uma capela ali. Disse ainda que eu deveria orar pela conversão dos pecadores. Perguntei a ela, várias vezes, o que queria dizer com isto, mas ela somente sorria. Uma vez finalmente, com os braços para frente, ela olhou para o céu e disse-me que era a Imaculada Conceição. Durante 15 dias ela me disse três segredos que não era para revelar a ninguém e até hoje não os revelei”.

Importante lembrar que o Dogma da Imaculada Conceição havia sido confirmado pelo Papa, apenas quatro anos antes. Em sua mensagem Maria, mãe de Jesus, pediu pela conversão dos pecadores, pela oração dos cristãos para que todos eles se encontrassem com Deus. Também realizou milagres ao fazer brotar uma fonte de águas puras que se revelaria nos anos seguintes milagrosa. Maria foi descrita por Santa Bernadete como uma mulher delicada e luminosa, vestindo uma túnica branca, com uma faixa azul celeste na cintura. Ela também manteria uma posição de perene oração, com as mãos juntas ou cruzadas sobre seu peito. Inicialmente as autoridades da Igreja, como era de se esperar, agiram com cautela em relação às aparições. Ao longo dos séculos a Igreja Católica sempre prezou pelo cuidado antes de tornar oficial ou reconhecer qualquer tipo de aparição de Nossa Senhora. Dez anos após Maria surgir perante Marie-Bernard Soubirous a Igreja finalmente reconheceu como legítima a aparição de Nossa Senhora de Lourdes.

A partir desse ponto milhões de pessoas durante esses 160 anos foram até Lourdes em busca de graças e milagres atribuídos a Maria Santíssima. Os relatos e as curas foram documentadas e estão por toda parte. Um santuário lindo foi erguido no local das aparições e até hoje atrai milhares de pessoas todos os anos à região. E o que aconteceu com Bernadette Soubirous após todos esses eventos santos? Sua origem foi muito humilde. Seu pai era um trabalhador comum que viu sua família passar por severas privações financeiras. Bernadette nasceu e viveu em extrema pobreza. Sua família morava em um lugar insalubre e miserável. Além das privações ela também enfrentou vários problemas de saúde em sua infância como cólera e asma. A pobreza extrema atrapalhou seus estudos e ela encontrou muitas dificuldades em ter uma educação formal. Em 11 de fevereiro de 1858 sua vida mudou para sempre ao ter a primeira visão de Nossa Senhora. Entre os dias 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858 ela teve ao todo dezoito visões da Virgem Maria.

Depois das aparições ela foi interrogada e investigada não apenas por membros do clero, mas também por autoridades locais. Jamais entrou em contradição ou mentiu sobre o que teria presenciado. Sua postura sempre firme e autêntica acabaram convencendo seus interrogadores. Em 1860 ela entrou para o convento das Irmãs da Caridade de Nevers. Sete anos depois iniciou seu noviciado. Trabalhou como enfermeira do hospital da congregação de freiras do qual fazia parte. Aos 35 anos ficou muito doente, vindo a falecer em 16 de abril de 1879 na cidade de Nevers. Amada e respeitada pelo povo local seu enterro atraiu centenas de milhares de pessoas, todas determinadas a dar o último adeus para aquela bondosa freira que tinha tido o privilégio em vida de testemunhar uma das mais famosas aparições de Nossa Senhora.


Depois de seu falecimento milagres começaram a ser atribuídos a Bernadette Soubirous. Uma jovem deficiente das mãos se curou milagrosamente. A cura de uma criança com tuberculose (uma doença incurável na época) foi também creditada à intercessão dela. Por fim a cura de um aleijado veio coroar finalmente sua santidade. Em 8 de Dezembro de 1933 o Papa Pio XI canonizou Marie-Bernard Soubirous como Santa Bernadette de Lourdes. Em relação a essa santa há um outro fator importante a se destacar. Em 1909 seu corpo foi exumado pois autoridades da Igreja Católica queriam transportar seus restos mortais para um anexo no Santuário de Lourdes. Quando abriram seu caixão veio o choque para todos os presentes: o corpo de Bernadette estava incorrupto, com a aparência tal como foi enterrada no século anterior. Ela estava em perfeito estado de conservação, sem o menor sinal de decomposição como era de se esperar. Hoje o corpo da Santa (foto acima) encontra-se em visitação pública, na Igreja de Saint Gildard, em Nevers, França, onde todos os fiéis de Nossa Senhora de Lourdes podem ver com seus próprios olhos mais um dos milagres atribuídos à Virgem Maria, em todo o seu esplendor. Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós!

Pablo Aluísio.

10 Erros Históricos Sobre a Igreja Católica

1. Católicos adoram imagens e santos?
Não. Cátólicos não adoram imagens e nem santos. Os santos católicos são apenas símbolos, exemplos de vida cristã. Os santos católicos nada mais são do que exemplos de vida, de bondade, de vivência do evangelho. Sua base teológica está na própria bíblia em diversos versículos, sendo um dos mais representativos o seguinte: "Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor". (Hebreus 12:14). Esse é um erro histórico e teológico que vem sendo repetido há séculos e não importa o quanto a Igreja tenha explicado, sempre retorna, muito por causa da ideologia protestante, sempre direcionada a ganhar mais e mais adeptos.

2. O Papa Bento XVI era nazista?
Pobre Bento XVI - Todo jovem era obrigado a entrar na juventude hitlerista na época. A recusa era encarada como traição à pátria e a punição era o fuzilamento. Quem não entrasse era morto. Joseph Aloisius Ratzinger era apenas um garoto quando entrou para as fileiras da juventude nazista. Assim que teve a oportunidade porém entrou para um seminário que era o seu sonho desde a tenra idade. Lá começou sua longa e produtiva vida religiosa. As acusações de que Bento XVI era nazista ignoram propositalmente o contexto histórico com o claro objetivo de atacar a Igreja Católica como instituição.

3. Pio XII e a Igreja Católica ajudaram os nazistas?
Outra calúnia sempre repetida contra a Igreja Católica. Na verdade Pio XII salvou mais judeus do que você possa imaginar. Ele hoje é reverenciado inclusive no jardim dos justos em Israel por ter dado a ordem para a Igreja abrir suas portas para judeus perseguidos. Recentemente foi publicado um livro chamado "Espiões no Vaticano. Os Papas na mira dos serviços secretos" de autoria de Werner Kaltefleiter e Hans Peter Oschwald que revelam os planos do alto comando alemão em mandar sequestrar e matar o Papa Pio XII. O próprio Hitler teria ficado furioso com a ordem que Pio XII teria dado para que todas as igrejas, seminários, escolas, hospitais e conventos católicos espalhados pelo mundo dessem apoio irrestrito a refugiados judeus da perseguição nazista. Isso desmitifica uma das grandes calúnias da história recente.

4. Qual é o significado das imagens católicas? São instrumentos de idolatria?
Claro que não. As imagens católicas apenas representam as pessoas que foram exemplo de vida e virtude. Em um exemplo bem fácil de entender elas equivalem a fotografias. Como na antiguidade não existiam fotografias se usavam as estátuas, as imagens. O que a Bíblia condena é o uso de uma imagem como se fosse uma divindade. Os antigos acreditavam que a própria imagem era um Deus. Os católicos sabem muito bem que é apenas uma estátua de gesso. O símbolo vem do exemplo e não da imagem em si. É apenas uma ferramenta de fé e não um objeto de adoração em si mesmo.

5. Se não é idolatria porque os católicos ficaram ofendidos quando um pastor chutou uma imagem de Nossa Senhora? Deve-se haver respeito mútuo entre religiões. O chute da imagem é um ato de violência contra a fé alheia. Aquele não foi apenas um chute em uma estátua de gesso, mas um chute na fé católica. Chutar uma imagem como aquela equivale a, por exemplo, uma pessoa cuspir na imagem de um ente querido seu, cuspir na foto de sua mãe, só para citar uma analogia adequada. Isso é uma ofensa. Mas repito: nenhuma imagem católica é adorada. Está no catecismo. Essa é uma velha falácia protestante. Uma jogada de puro marketing para angariar fieis e dízimos. Nada mais do que isso.

6. Quem afinal de contas é Aparecida? O que ela significa?
Aparecida é Nossa Senhora. Maria, mãe de Jesus. Aparecida é uma pequena estátua que foi encontrada por pescadores. Vários milagres foram atribuídos a Maria e depois disso ela virou a padroeira do Brasil. Algumas representações mostram Aparecida como uma Nossa Senhora negra, o que também representa a diversidade étnica do nosso povo. Por essa razão em muitas reproduções temos uma Nossa Senhora de cor afro. A própria estátua de Aparecida foi confeccionada em material escuro, por isso a associação.

7. O catolicismo foi criado pelo Imperador Constantino?
Um velho erro histórico muito repetido pelas ideologias protestantes nos últimos cinco séculos. É outra falácia sem base na história real. O catolicismo não foi criado pelo imperador Constantino. O Imperador romano na realidade se curvou perante a proliferação da fé católica que havia se difundido tanto em Roma que não havia mais como parar seus avanços. Como era um político logo entendeu que não conseguiria se manter no poder sem o apoio dos cristãos. Assim não só oficializou a nova religião, como também ele próprio se converteu ao cristianismo, sendo o primeiro imperador romano da história a ser cristão. Definitivamente Constantino não criou o catolicismo, apenas foi convertido por ele.

8. E de onde vem o catolicismo?
De Pedro, apóstolo de Jesus. O momento de criação da Igreja Católica está no próprio evangelho. Nele Jesus se dirige a Pedro e diz: ""Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja" (Mt 16,18). Depois afirmou que os portões do inferno jamais iriam prevalecer sobre a sua Igreja, algo que se revelou verdadeiro pois há dois mil anos a Igreja Católica está de pé, firme e forte. A Igreja Católica também foi a única por quinze séculos. Durante mil e quinhentos anos havia apenas a Igreja Católica até que um um monge agostiniano católico chamado Lutero resolveu expor toda as suas críticas contra a doutrina católica. Inicialmente Lutero queria apenas reformar a Igreja por dentro, mas depois que entendeu ser isso impossível resolveu fundar sua própria Igreja que em sua opinião também deveria ser una! Quando as igrejas protestantes começaram a proliferar, sem unidade alguma, inclusive com visões antagônicas entre si, Lutero se arrependeu do que fez. Alguns historiadores afirmam que cometeu suicídio após uma noite de bebedeiras numa taverna local, muito conhecido por ser um ponto de prostituição em sua cidade.

9. Historicamente o que são os protestantes?
Historicamente protestantes são apenas dissidentes católicos. E como todos os dissidentes odeiam de onde vieram. Depois que Lutero deu a ideia as igrejas protestantes se multiplicarem, também se multiplicaram as brigas entre os próprios protestantes. Dando razão ao ditado "cada cabeça uma sentença" as seitas protestantes começaram a divergir não apenas da Igreja Católica de onde vieram, mas entre si também. Com visões teológicas bem diferentes entre si eles logo entraram em conflitos, muitas vezes sangrentos, na história. Como bem observou um analista político da Idade Média, "Pouco do "Ame ao próximo como a si mesmo" será encontrado no meio evangélico, isso porque eles são fruto da discórdia e da briga e continuarão brigando até o fim dos tempos." Como se vê a centralização religiosa e a hierarquia clerical possui muito mais vantagens em termos de organização do que desvantagens.

10. A Inquisição foi puramente católica ou existiu uma inquisição protestante também?
Vários historiadores renomados afirmam que a Inquisição protestante foi mais brutal do que a inquisição católica ao longo dos séculos. Havia requintes de tortura e fanatismo extremos. O próprio Calvino, um dos criadores da doutrina protestante, foi acusado por homens de sua época de ser um sádico que adorava torturar seus opositores. Ficou bastante conhecida a história de que teria mando derramar chumbo derretido na cabeça de pensadores católicos que eram contrários às suas ideias. A inquisição protestante inclusive atravessou os mares, indo parar na América do Norte. Na colônia britânica que mais tarde se tornaria os Estados Unidos houve inúmeros casos de queima de bruxas e de hereges. Um dos casos mais conhecidos foi das bruxas de Salem, quando um pastor local da cidade de Salem enviou dezenas de pessoas inocentes para a fogueira. Do lado católico o Papa João Paulo II pediu perdão pelos erros históricos cometidos. Do lado evangélico até hoje não se conhece nenhum pedido de perdão oficial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Santidade e sua Fundamentação Biblica

É curioso que dentro da doutrinação evangélica se recuse de forma veemente a figura do santo. Muitos evangélicos inclusive afirmam que os católicos estão errados ao reconhecerem santos - pessoas que por sua vida dedicada ao evangelho se tornam objetos de admiração entre os cristãos da Igreja Católica. É um ponto de vista bem equivocado, só entendido sob uma ótica de puro desconhecimento das escrituras sagradas. Não é verdade que apenas teria havido um santo ao longo da história e esse seria Jesus. Na verdade a santidade é desejada por Deus para todas as suas criaturas. O homem nasce para a santidade, apenas os desvios de uma vida repleta de pecados e iniquidades poderia justificar seu desvirtuamento do caminho. Duvida? Vamos aos pontos expressos na própria Bíblia. Veja esse trecho escrito por Pedro, um dos apóstolos mais próximos de Jesus Cristo: "Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem" (1 Pedro 1:15). Pedro, fundador do catolicismo sob orientação direta de Jesus, deixa bem claro que o seu mestre certamente era santo, mas que desejava de coração que todos aqueles que seguissem sua palavra também se tornassem santos, levando uma vida de santidade.

Outro trecho bíblico que não abre margens para dúvidas: "Diga o seguinte a toda comunidade de Israel: Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo." (Levítico 19:2). Aqui temos exatamente o que escrevi na primeira parte de meu texto. Deus chama todos para a santidade. Sejam santos, povo de Deus, pois Deus já é santo e esse é o seu desejo, expresso em vários versículos da Bíblia. Não haveria razão para a existência das escrituras se o próprio Deus não quisesse que todos os homens também trilhassem o caminho da santidade. A salvação virá como premiação de uma vida honesta, íntegra e justa. Assim todos os que seguirem essa trilha também serão santos e terão uma vida plena ao lado de Deus após nossa existência terrena. A santidade não é em absoluto privilégio apenas de Deus. É vontade Dele que todos caminhem pela estrada que leva à salvação. Tudo muito simples e de fácil entendimento. Se você ainda não se convenceu dessa fundamentação que tal ler esse outro trecho extremamente relevante da Bíblia: "Pois eu sou o Senhor, o Deus de vocês; consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo. Não se tornem impuros com qualquer animal que se move rente ao chão." (Levítico 11:44). Mais uma vez a ordem, o desejo de Deus: Sejam santos também!

Um dos problemas focais da ideologia protestante é que ela tenciona convencer o cristão de que haveria um certo paganismo no reconhecimento de santos dentro da Igreja Católica. Os santos seriam a nova versão para a galeria de deuses das religiões romanas e gregas antigas. Esse argumento é uma bobagem. Santos católicos não são deuses do paganismo. Quando a igreja Católica canoniza um cristão ela apenas está reconhecendo de forma oficial que aquela pessoa foi virtuosa em sua vida, que não se dobrou às tentações do mundo e que andou fiel aos ensinamentos de Cristo ao longo de sua existência. Um modelo a ser seguido pelas fileiras católicas ao redor do mundo. Isso encaixa perfeitamente com o texto bíblico, com o pensamento dos antigos religiosos que a escreveram. Essas pessoas consideradas santas pela Igreja nada mais fizeram do que viver de acordo com o desejo de Deus.

Para reforçar ainda mais a verdade de fé que estamos defendendo aqui vão mais alguns trechos bíblicos que são claros como as águas da glória eterna, leia com atenção: "Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade." (Tessalonicenses 4:7). "Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor." (Hebreus 12:14). São apenas mais dois exemplos que demonstram que sim, as escrituras confirmam sem sombra de dúvidas a santidade de pessoas comuns, como eu e você. Basta querer e caminhar no lado bom e justo da vida, na palavra de Jesus. Igualmente Deus quer que todos sejamos santos. Ao se afirmar que apenas Jesus seria santo o próprio crente está se colocando fora da possibilidade de também almejar sua própria santidade. Ao agir assim também está perdendo a oportunidade de ir ao encontro dos desejos de Deus. De forma indireta renega até mesmo aos próprios anseios de Deus para nossa existência.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Maria nos Evangelhos - Parte 1

Aqui nessa série de textos vamos mostrar as citações sobre Maria nos evangelhos, começando pelo Evangelho Segundo Lucas. A intenção é resgatar a importância de Maria dentro das escrituras. A primeira citação de Maria em Lucas vem no capítulo 1, versículos 26 e 27 que diz: "26 Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria.". Estamos no contexto do nascimento de Jesus e Maria surge pela primeira vez nos evangelhos. Deus envia o anjo Gabriel a uma pequenina e inexpressiva cidade da Galiléia chamada Nazaré. O povo judeu estava sob domínio da Roma Imperial e aquele lugar não tinha maior importância sob o ponto de vista militar ou econômico por parte de Roma. Embora a Judéia fosse considerada agora província romana, o fato é que não poderia haver lugar mais periférico e humilde do que aquele naquele período histórico.

Maria é apresentada como a virgem prometida em casamento a José, da casa de Davi. Infelizmente não há maiores detalhes, como por exemplo, a idade de Maria nesse momento tão crucial de sua vida ou a maneira como conheceu José. Alguns autores defendem que José seria muito mais velho do que Maria e talvez ela fosse sua segunda esposa, o que explicaria os "irmãos de Jesus" citados em determinados trechos do novo testamento. Eles seriam filhos de José em seu primeiro casamento. São meras suposições pois nada confirma esse tipo de tese. Segundo a tradição provavelmente José fosse mais velho do que Maria porém a diferença de idade entre eles se perdeu nas areias do tempo. É impossível afirmar qualquer coisa com certeza nesse sentido. Outro fato que chama a atenção é a valorização da virgindade da mulher, algo que é colocado na apresentação de Maria, confirmando sua pureza como mulher. Muito provavelmente Maria tivesse entre 16 a 17 anos, ou seja, era uma adolescente, já que essa era a faixa etária tradicional para casamento das mulheres de sua época.

Outro aspecto que parece confirmar a Maria em sua adolescência vem de suas aparições de Fátima e Lourdes, pois ela surge aos seus interlocutores como uma mulher bem jovem - mais jovem até do que vemos em imagens mais tradicionais. Deus envia então para falar com essa jovem mulher um anjo, Gabriel. Aqui ele cumpre uma das funções tradicionais dos seres angelicais, a de mensageiro, aquele enviado diretamente por Deus para passar uma mensagem extremamente importante para a humanidade. Lucas prossegue: "28 O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegrate, cheia de graça!- O Senhor está contigo”. 29 Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação.". Agora imagine essa jovem adolescente, que está prestes a se casar com José ter em sua presença algo tão magnifico como um anjo do Senhor. Como ele se apresentou a Maria? Também não sabemos, porém pela reação de Maria perante sua presença somos levados a considerar que o anjo Gabriel se apresentou em forma humana, não tão fora do comum. Na verdade Maria fica surpresa não com sua aparência, mas com suas palavras. O anjo lhe designa como "Cheia de graça", graça de Deus, obviamente.

Gabriel então lhe passa uma mensagem espetacular como deixa claro o Evangelho de Lucas: "30 O anjo, então, disse: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. 31 Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. 33 Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Maria fica completamente atordoada já que ela era virgem e não poderia estar grávida. Diante de sua perplexidade ela se dirige a Gabriel perguntando: "Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?”. O anjo então lhe explica: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, 37 pois para Deus nada é impossível” Depois dessa revelação espantosa temos a primeira amostra da delicada e devota personalidade de Maria ao se resignar dizendo: "“Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Um exemplo perfeito e maravilhoso do amor a Deus e sua vontade.

Pablo Aluísio. 

Maria nos Evangelhos - Parte 2

Maria era de uma família profundamente religiosa. Ela era filha de Santa Ana e São Joaquim, segundo a tradição oral que atravessou séculos e séculos dentro do catolicismo. Nessa mesma tradição católica encontramos o nome das duas irmãs de Maria, são elas: Maria Salomé e Maria de Cleofas. Indo mais adiante no passado alguns textos muito antigos atribuem a origem de Santa Ana e São Joaquim. Ela pertenceria ao núcleo familiar do sacerdote Abraão e ele seria da Casa de David. O pai de Maria teria sido repreendido pelos sacerdotes por não ter construído uma família pois Santa Ana era estéril e já estava com idade avançada. Joaquim então teria se retirado ao deserto onde em penitência pediu a Deus que seu casamento gerasse filhos, ao qual foi atendido por um anjo que lhe avisou que sua esposa estaria grávida. Desse milagre teria nascido Maria, mãe de Jesus. Todo esse contexto histórico serve para explicar porque, ao receber o aviso de que daria luz a Jesus, Maria aceitara sem contestar a graça que lhe era dada. Por ser de uma tradicional linhagem familiar muito religiosa, de uma fé que se perdia no tempo, não era de se esperar outro comportamento por parte dela. Maria era uma jovem de Deus, consagrada a Ele e muito ciente de seus deveres. Além disso sua própria concepção teria sido divina. Outro fato importante, digno de nota: Joaquim e José seriam ambos da casa de Davi, ou seja, muito provavelmente tinham algum tipo de parentesco, mesmo que distante.

No Evangelho Segundo Mateus também encontramos referência a Maria logo nos primeiros versículos. No capítulo 1, versículo 16 ela é identificada como sendo a esposa de José, da Casa de Davi. Essa parte traz a genealogia de Jesus, desde Abrãao. No capítulo 2 sobre o nascimento de Jesus ela surge também com extrema importância, de acordo com o texto das escrituras que diz: "18 Ora, a origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de passarem a conviver, ela encontrou-se grávida pela ação do Espírito Santo. 19 José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, pensou em despedi-la secretamente. 20 Mas, no que lhe veio esse pensamento, apareceu-lhe em sonho um anjo do Senhor, que lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. 22 Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: 23 “Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus conosco”. 24 Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa. 25 E não teve relações com ela até o dia em que deu à luz o filho, ao qual ele pôs o nome de Jesus."

Esse trecho é por demais interessante pois mostra como os evangelhos se comunicam entre si. No Evangelho Segundo Lucas acompanhamos o ponto de vista de Maria, quando Gabriel, o anjo do senhor, lhe comunica que está grávida e que seu filho seria fruto da ação direta do espírito santo. Nele também acompanhamos como Maria, surpresa, perguntava ao anjo como isso seria possível já que ela ainda não conhecia seu marido José! Aqui no Evangelho de Mateus o ponto de vista mostrado é o de José. Podemos perceber que José descobre que Maria está grávida - e como ele não tinha ainda consumado seu casamento com ela pensa em acabar com seu casamento ao dispensar Maria secretamente, ou seja, sem escândalos ou máculas. Ele não queria denuncia-la publicamente pois o adultério naquela sociedade era considerado um crime grave, apenado com a morte. Se houvesse uma denúncia pública Maria estaria condenada. Antes de colocar seu plano em ação porém novamente temos a intervenção de um anjo que surge a José em sonho, lhe explicando que Maria sim, estava grávida e daria luz a um filho, mas que esse seria fruto direto do espírito santo. Diante da mensagem José atende aos desejos do Senhor.

O anjo não é identificado pelo texto bíblico. Teria sido novamente Gabriel, o mesmo que anunciou a Maria o nascimento de Jesus? Não sabemos, a bíblia se cala sobre isso. Apenas nos informa que seu aparecimento foi realizado de forma diferente da maneira como foi realizado com Maria. Aqui ele surge em sonhos, expondo os planos de Deus a José. Com Maria ele aparece pessoalmente, em forma humana, na presença dela onde se encontrava naquele momento. É uma aparição mais concreta, pessoal. Em relação a José também surge outro nome para o Messias que está para nascer - "Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus conosco”. Essa frase vem para confirmar que Jesus era o próprio Deus que se fazia homem. Jesus, o Messias, não seria apenas um enviado de Deus, mas o próprio Deus, pois sua presença significaria isso mesmo: Ele, o Altíssimo, estaria entre os homens através de Jesus, caminharia ao lado dos homens, comeria e beberia com eles, sofreria alegrias e tristezas em sua existência material e terrena. Deus estaria ao nosso lado, fisicamente, conosco. Esse se torna assim o momento mais importante e crucial de toda a história humana. Por fim e não menos importante os Evangelhos de Lucas e Mateus confirmam o dogma da virgindade de Maria, da Imaculada concepção de Jesus Cristo. Os Evangelhos de Marcos e João, por outro lado, não tratam sobre os acontecimentos do nascimento de Jesus e por essa razão não enfocam esse vital acontecimento na história de Jesus.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Maria nos Evangelhos - Parte 3

Jesus Cristo nasceu durante o reinado de Augusto César. Ele era o sobrinho de Júlio César e havia assumido o controle de Roma após uma longa guerra civil que devastou a República Romana. Depois de matar a Rainha Cleópatra e o general Marco Antônio ele assumiu todos os poderes da complexa sociedade romana em torno de si mesmo. Foi o fim do período histórico conhecido como República, dando origem ao Império Romano. Assim Augusto foi o primeiro imperador da história de Roma. Durante seu longo período no poder houve também a chamada Pax Romana, pois o Templo de Marte, Deus da guerra, foi lacrado, o que significava que não havia guerras dentro das fronteiras da dominação de Roma. Jesus nasceu justamente dentro das fronteiras do império romano pois sua terra natal havia sido convertida numa província de Roma. Havia um sistema repressivo brutal para quem se insurgisse contra o Império, mas também havia estabilidade dentro dos domínios do imperador.

Isso proporcionou que pessoas das mais diversas partes do mundo conhecido pudessem viajar sem precisar temer por governos ou exércitos estrangeiros pois no fundo tudo pertencia à Roma. Por isso quando Maria e José decidiram ir para o Egito, para fugir as perseguições de Herodes, eles nada mais estavam do que se movendo dentro do vasto Império Romano. Os romanos criaram um vasto sistema de estradas seguras para que suas tropas e seus cidadãos pudessem viajar por elas sem temer por suas vidas. De milhas em milhas havia postos avançados mantidos pelo exército romano onde os viajantes podiam descansar, se alimentar ou passar a noite. Para José a ida para o Egito significava assim não apenas segurança para sua família, mas também oportunidade de trabalho pois como operário não lhe faltaria trabalho no Egito, agora sob controle de Roma, onde muitas obras públicas estavam sendo feitas.

A ida de Maria, José e Jesus para o Egito está no evangelho segundo Mateus em seu capítulo intitulado "A fuga para o Egito". Lá está escrito todos os acontecimentos: "13 Depois que os magos se retiraram, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. 14 José levantou-se, de noite, com o menino e a mãe, e retirou-se para o Egito; 15 e lá ficou até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu filho”. 16 Quando Herodes percebeu que os magos o tinham enganado, ficou furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, de acordo com o tempo indicado pelos magos. 17 Assim se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 18 “Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos e não quer ser consolada, pois não existem mais”.

Esse período em que Jesus viveu no Egito é pouco explorado pelo evangelho. Apenas se informa depois sobre seu retorno: "19 Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, 20 e lhe disse:  “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e volta para a terra de Israel; pois já morreram aqueles que queriam matar o menino”. 21 Ele levantou-se, com o menino e a mãe, e entrou na terra de Israel. 22 Mas quando soube que Arquelau reinava na Judéia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Depois de receber em sonho um aviso, retirou-se para a região da Galiléia 23 e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelos profetas: “Ele será chamado nazareno”. Alguns historiadores afirmam que Herodes teria morrido quando Jesus contava com 3 ou 4 anos de idade, não se sabe com certeza. O que podemos afirmar com segurança é justamente o que diz o texto biblíco sobre esse momento em que alertado por um anjo, José rumou com a família santa de volta a Israel.
Pablo Aluísio.

domingo, 7 de agosto de 2011

A Profecia de São Malaquias

Não é algo para ser levado muito à sério por católicos, mas vale como curiosidade. Acontece que muitos jornais e programas de TV trouxeram de volta à tona nesse último ano essa velha profecia supostamente escrita por São Malaquias, que teria listado todos os 112 papas que viriam após sua morte em 1094. Segundo os cálculos o Papa Francisco seria o último papa! Depois do surgimento do Último papa haveria o final dos tempos. Malaquias foi um bispo que viveu no século XII, na Irlanda (onde nasceu) e posteriormente na Inglaterra (onde veio a falecer). Segundo alguns São Malaquias teria tido uma visão sobre o fim de Roma, da Igreja Católica e do próprio mundo!

Cada Papa listado por ele teria um nome que o identificaria. João XXIII, por exemplo, seria identificado pelo nome de "Paſtor & Nauta" (pastor marinheiro). João XXIII, que ficou conhecido como o Papa bondoso, teria em seu brasão o símbolo  de Veneza, cidade conhecida por seu porto e seus longos canais. Isso se confirmaria oito séculos depois. O Papa Bento XVI seria o penúltimo papa, segundo a visão de Malaquias, e seria denominado pelo nome de "Gloria Olivae". Seu brasão oficial teria um ramo de oliveira. Depois de ter recebido a profecia o bispo a teria levado ao conhecimento do Papa da época, Inocêncio II, que teria ouvido tudo atentamente para depois mandar arquivar o documento na secular biblioteca secreta do Vaticano.

O documento teria ficado por lá durante séculos, até que alguns pesquisadores tiveram acesso ao texto original. Analisando os nomes dados por Malaquias com os nomes dos respectivos papas eles tiveram algumas surpresas. O Papa Urbano VIII seria identificado como "O Lírio e a Rosa". Como se explicaria esse nome? Urbano VIII era natural de Florença (conhecida também na época como a "Rosa da Itália") e as armas dessa cidade tinham como símbolo um delicado lírio. Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, seria identificado pelo nome de "O Eclipse do Sol". E de fato ele teria nascido durante um eclipse solar, no dia 18 de maio de 1920. "Peregrinus Apostolicus" identificaria o Papa Pio VI, conhecido por suas longas viagens pela Europa. Já Pio XI seria conhecido como "Fides intrepida" ou "fé destemida" uma vez que foi um dos papas mais corajosos da história, criticando abertamente o regime fascista de Mussolini em sua encíclica "Mit brennender Sorge".

Francisco seria então "Petrus Romanus" ou "Pedro, o Romano", o último Papa da lista de Malaquias. O problema desse texto intitulado "Prophetia Sancti Malachiae Archiepiscopi, de Summis Pontificibus" é que a Igreja Católica jamais comprovou sua autenticidade, tampouco lhe deu qualquer valor do ponto de vista teológico. Para os estudiosos da Igreja a profecia sequer pode ser atribuída a Malaquias, mas sim a um monge beneditino chamado Arnold Wion que teria sido o responsável pela publicação original do texto no ano de 1595. Assim a Igreja Católica não dá qualquer aval sobre a tal profecia de São Malaquias. No fundo tudo estaria envolto apenas em boatos e manipulações que teriam sido realizadas ao longo dos séculos. Como eu disse, não pode ser levado à sério, mas serve como mera curiosidade histórica.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Os Anjos Caídos

Em todas as religiões antigas existiram deuses do mal. No Zoroastrismo, por exemplo, havia um deus representando o bem e o outro o mal absoluto. O antagonista e o protagonista. Dentro da religião cristã não é o que acontece. Embora muitos pensem que a figura de Satanás ou Lúcifer ocupe esse papel isso não é absolutamente uma verdade. O diabo não é um deus e tampouco está na mesma esfera do que o Deus único do cristianismo e do judaísmo. Na verdade Satanás não é um Deus, um criador, mas sim uma criatura, um anjo que caiu em desgraça.

Tanto no velho testamento como no livro do Apocalipse essa figura do mal é associada a um anjo, um anjo caído. Apenas isso. E o que seria um anjo caído? Afirma a teologia cristã que um grupo de anjos se rebelou contra Deus. Liderados pelo arrogante e vaidoso Lúcifer (o anjo da luz) eles foram banidos do céu para todo o sempre. Caíram nas fossas infernais e lá permanecerão pela eternidade sem fim. Assim Lúcifer e seus demônios não podem competir com o poder e a glória de Deus pois esse é o grande criador do universo enquanto as legiões do inferno são formadas por criaturas imperfeitas, pecadoras e imundas, os anjos que caíram do céu.

O Velho testamento não fala muito sobre Satã. Ele é mencionado poucas vezes e a tradição o associou à serpente que deu a maçã proibida a Eva no Gênesis. Depois disso ele é citado em passagens esporádicas, geralmente assumindo a função de tentador, um ser que tem como objetivo levar o homem a perder a salvação. Como todo anjo esse não tem o poder de dominar a humanidade, mas apenas tentar os humanos. Outro aspecto interessante é que depois do velho testamento há uma verdadeira explosão de menções ao nome de Satã no novo testamento, inclusive envolvidos em possessões demoníacas.

Jesus não perde muito tempo explicando ou dialogando com esses anjos caídos. Em um trecho apenas afirma que o diabo teria sido homicida desde o começo, desde o início dos tempos. Também qualifica esses seres de imundos e outras denominações equivalentes. Quando Jesus nas escrituras encontra um anjo caído possuindo alguma pessoa ele simplesmente a expulsa em nome de Deus. Assim foi com Maria Madalena que se tornaria a partir daí uma das mais fiéis seguidores de Jesus Cristo em sua caminhada no meio da humanidade. Por fim, no Apocalipse, o destino desses anjos é traçado. Eles serão varridos do universo pelo poder de Deus. A justiça divina se firmará entre todos os que forem salvos pela glória de Deus e seu divino amor irá reger todas as coisas para todo o sempre, amém.

Pablo Aluísio.

O Exorcismo na Igreja Católica

Ao contrário do exorcismo em outras vertentes religiosas cristãs, que é praticado quase diariamente em cultos protestantes, dando origem muitas vezes a acusações de encenações e falsidade, o exorcismo católico é extremamente protegido e resguardado do sensacionalismo público. Um padre católico só pode realizar um exorcismo em uma pessoa após a autorização de seu bispo e isso apenas após serem tentadas todas as outras maneiras de entender a crise pela qual passa a pessoa supostamente possuída por um demônio.

Mesmo com tantas cautelas (deve ser provado, por exemplo, que a pessoa possuída não esteja com algum problema mental), a possessão demoníaca é considerada um fato pela Igreja e seu catecismo. Sobre isso se manifestou o cardeal Jorge Arturo Medina Estevez ao declarar: "Apesar de poucas pessoas realmente serem possuídas pelo demônio (provavelmente apenas uma a cada cinco mil que apresentam sintomas) a questão é que o diabo existe e está agindo no mundo, como bem observou o Papa João Paulo II". O exorcismo católico deve ser realizado em ambiente privado, longe dos olhares de curiosos ou pessoas que só estejam lá para presenciar a extrema agonia de quem passa por esse tipo de experiência. A privacidade é essencial.

Em um texto escrito em latim chamado "De Exorcismis et Supplicationibus Quibusdam" (Do exorcismo e certos suplícios) o Vaticano tratou sobre o tema. Esse trouxe várias recomendações para padres diante de casos supostamente decorrentes de possessão. Vários aspectos devem ser procurados em pessoas que apresentem características de possessão, entre elas o uso de línguas desconhecidas, antigas e extintas, a apresentação de força descomunal e irracional, a aversão completa à palavra de Deus, à presença da Virgem Maria, à objetos sagrados, à imagens de santos e à cruz.

O Cardeal Estevez explica: ""O exorcismo se baseia na fé da Igreja que sustenta que Satã e outros espíritos malignos existem e que sua atividade consiste em desviar os seres humanos do caminho da salvação. A doutrina católica nos ensina que os demônios são anjos que caíram por causa do pecado, que eles são seres espirituais de grande força e inteligência, mas eu gostaria de ressaltar que a influência maligna do diabo e seus seguidores normalmente é exercida pelo engano e confusão. Assim como Jesus é a Verdade, o diabo é o mentiroso por excelência. Ele engana os seres humanos fazendo-os acreditar que a felicidade está no dinheiro, no poder ou no desejo carnal. Ele os engana fazendo-os pensar que não precisam de Deus, que a graça e a salvação são desnecessárias. Ele os engana inclusive diminuindo o sentimento de pecado ou suprimindo-o completamente, substituindo a lei de Deus como critério de moralidade pelos hábitos ou convenções da maioria"

O Catecismo também é claro nessa questão: “Jesus realizou exorcismos e dele a Igreja recebeu o poder e o ofício de exorcizar. De uma forma simples, o exorcismo é realizado na celebração do batismo. O exorcismo solene, chamado ‘o grande exorcismo’, só pode ser realizado por um padre e com a permissão do bispo. O padre deve agir com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo visa à expulsão dos demônios ou à libertação da possessão demoníaca ‘por meio da autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja’”

São Paulo também explica em Efésios 6:12-13: “Porque nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os principados e potestades, contra os governantes das trevas do mundo, contra os espíritos de malícia espalhados nas alturas. Portanto, tomai a armadura de Deus, para que possais resistir ao dia maligno, e havendo feito tudo, permanecer firmes”.

Pablo Aluísio.