domingo, 14 de agosto de 2011

Papa Paulo I

O Papa Paulo I subiu ao trono de Pedro em maio de 757, em uma época particularmente complicada para Roma e a Igreja. Ele era irmão do Papa Estevão II, a quem sucedeu se tornando assim o 93.º papa da Igreja Católica Apostólica Romana. Sua eleição se deu após uma intensa disputa entre os cardeais que desejavam a continuidade da política de Estado implantada por Estevão II e os reformistas liberais que desejavam eleger um Papa não italiano. Esse não foi o único caso na história em que dois irmãos se tornaram Papas. Bento VIII e João XIX também eram irmãos e se tornaram bispos de Roma. De qualquer maneira a eleição de Paulo I levantou a questão da sucessão Papal, onde ficou plenamente afastada a possibilidade de qualquer tipo de sucessão hereditária, como acontecia nas monarquias da época. Os defensores de Paulo I afirmavam que tudo não passava de uma mera casualidade histórica e não uma regra que deveria se seguir dali em diante.

Os Estados Papais sofriam o perigo da presença de Desidério, rei dos Lombardos, nos muros da cidade eterna. Dando sequência às políticas de destruição e conquista de cidades romanas, o monarca bárbaro queria colocar as mãos em Roma, a cidade mais cobiçada daqueles tempos brutais e hostis. Os exércitos do Papa não tinham poder bélico para controlar uma iminente invasão Lombarda e assim Paulo I precisou do apoio de um outro rei poderoso da época chamado Pepino, Rei dos Francos. Sabendo do risco que a cristandade poderia sofrer o rei Pepino jurou lealdade ao Papa, prometendo que iria defender Roma no caso de uma invasão dos Lombardos e o convidando para se tornar padrinho de sua pequena filha Gisela. A aliança entre Roma e os Francos assim se fortaleceu e continuaria por séculos, se intensificando com o reinado de Carlos Magno, futuro herdeiro do império Franco.

Se no campo diplomático Paulo I conseguiu uma certa estabilidade política para Roma, no plano interno resolveu adotar uma forma de governar a cidade de maneira misericordiosa e mais humana. Anistiou condenados à morte, promoveu a humanização das masmorras medievais da cidade e determinou o fim de sofrimentos degradantes aos prisioneiros. Todos deveriam ser tratados com misericórdia. Também determinou que a Igreja se empenhasse em arrecadar fundos para pagar as dívidas daqueles que estavam presos por insolvência pessoal. Para completar sua política de caridade e ajuda aos mais necessitados resolveu promover uma campanha de arrecadação de alimentos para os famintos da cidade. As famílias ricas deveriam criar um fundo de apoio aos mais pobres. Os membros do clero foram orientados a distribuírem a comida pela noite adentro, deixando cestas básicas nas portas das casas mais humildes. Para Paulo I era inadmissível que ainda houvesse fome entre a população romana.

Também empolgado pela vida dos monges mandou construir belas edificações para servirem de monastérios, escolas e hospitais, muitos deles administrados por grupos de religiosos que dedicavam sua vida ao próximo. Assim fundou o convento de São Silvestre no ano de 761. Depois com o apoio de monges gregos ergueu a capela de Santa Petronila, dedicada à filha de Pedro, o primeiro Papa. Usando como base sua política de alianças mandou ainda erguer uma bela igreja em honra à monarquia franca, que ficou conhecida como Igreja dos Reis Francos (onde muitos deles seriam enterrados no séculos seguintes). Também conseguiu selar um tratado de paz entre Francos e Lombardos, evitando um terrível derramamento de sangue, caso os dois reinos entrassem em guerra. Para seu desapontamento porém não conseguiu melhorar as relações com a Igreja Oriental, sediada em Constantinopla, mesmo tendo se empenhado pessoalmente para que isso acontecesse. Paulo I reinou em Roma por exatos dez anos, morrendo de causas naturais em 767. Foi sucedido por Estêvão III, um papa nascido na Sicília, mas sem parentesco com ele e Estevão II, que teve que enfrentar uma grave crise na Igreja Católica com o surgimento de dois anti-papas nos anos seguintes, Constantino e Filipe. A duras penas porém conseguiu manter a unidade dentro da Igreja, fazendo jus ao legado dos irmãos Estevão e Paulo.

Pablo Aluísio.

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