domingo, 25 de agosto de 2013

Sem Dor, Sem Ganho

Daniel Lugo (Mark Wahlberg) é um personal Trainer em Miami. Apesar de trabalhar em uma das melhores academias da cidade ele se sente frustrado pois percebe que jamais conseguirá ter fama e dinheiro naquele emprego. Em sua visão distorcida ele é um vencedor e merece muito mais do que aquilo que possui. Para tornar o sonho americano uma realidade ele começa a criar uma ideia mirabolante na cabeça. Um de seus clientes costuma lhe contar a vida de luxos e riquezas em que vive e isso desperta a cobiça de Lugo. Assim Danny resolve se unir a um ex-presidiário convertido ao cristianismo, Paul Doyle (Dwayne Johnson), e a um outro amigo fisiculturista, Adrian Doorbal (Anthony Mackie), para dar início a um plano criminoso. Eles planejam sequestrar o empresário para forçar ele a passar todo o seu dinheiro e patrimônio para o grupo. O problema é que o trio além de não ter noção sobre nada ainda consegue cometer todos os erros possíveis e imagináveis na execução do sequestro. Depois, sedentos por mais dinheiro, cometem um erro grosseiro contra o chamado Rei do Pornô da cidade e sua esposa. Algo que sai completamente errado. A partir daí acabam virando alvo do departamento de polícia de Miami que junto a um experiente detetive (interpretado por Ed Harris) pretende colocar o grupo criminoso atrás das grades. 

Duas coisas chamam a atenção nesse filme "Sem Dor, Sem Ganho". A primeira é a de que a história é baseada em fatos reais. Esse grupo de fisiculturistas de Miami cometeu todos os tipos de chantagens, extorsões e homicídios possíveis, mesmo sem ter qualquer noção de como isso seria feito. A cada erro cometido eles tinham que dar um jeito na base do improviso, levando a outros crimes e mais a outros, numa montanha russa sem fim. O curioso de tudo isso é perceber que a Polícia de Miami levou muito tempo para se interessar pelo caso. Enquanto isso eles começaram a levar uma vida de luxos e excessos na parte rica da cidade. Olhando sob um ponto de vista crítico o trio nada mais queria do que levar uma vida de ricaços, mesmo que isso significasse cometer todos os tipos de crimes. A segunda coisa que chama muito a atenção é o fato do filme ter sido dirigido por Michael Bay. Nada de Transformers ou monstros destruindo cidades. Aqui Bay ousou sair de sua linha tradicional, se contentando em lidar com uma história real, sem nenhum traço de efeitos digitais em excesso. Infelizmente também comete seus exageros ao mostrar tudo de forma histérica, alucinada, em certos momentos. O que salva o filme no final das contas é a diversão pois Bay resolve injetar uma dose extra de humor negro no desenvolvimento do que mostra na tela. O resultado é sem dúvida seu melhor trabalho no cinema até o momento, quem diria...

Sem Dor, Sem Ganho (Pain & Gain, Estados Unidos, 2013) Direção: Michael Bay / Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Mark Wahlberg, Dwayne Johnson, Anthony Mackie, Ed Harris / Sinopse: Um grupo de fisiculturistas de Miami resolve subir na vida a todo custo. Após sequestrar um empresário bem sucedido eles começam a cometer uma série de crimes sem fim. Apenas um detetive obstinado poderá deter a gangue de criminosos.

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de agosto de 2013

O Fugitivo

O Dr. Richard Kimble (Harrison Ford) é um respeitado cirurgião que se vê envolvido numa trama diabólica. Ele é acusado injustamente de ter assassinado a própria esposa. Para piorar várias evidências apontam para sua participação no crime. Como ninguém acredita em sua versão não resta outra alternativa para o médico senão escapar da prisão, se tornando assim um fugitivo que ao mesmo tempo em que tenta fugir das garras da lei procura pelo verdadeiro autor da morte de sua mulher. Temos aqui uma adaptação de uma famosa série americana que bateu todos os recordes de audiência em sua exibição original na TV CBS naquele país. Nos episódios televisivos o personagem do Dr. Kimble era interpretado pelo ator David Janssen que fez fama e fortuna com o papel. Exibida em quatro temporadas, que durou de 1963 a 1967, "O Fugitivo" parou os Estados Unidos em seu episódio final quando finalmente os telespectadores ficaram finalmente conhecendo a identidade do verdadeiro criminoso.

Já essa adaptação para o cinema da antiga série cumpre seus objetivos. Embora fosse extremamente complicado adaptar uma estória que durou tantos episódios na TV o resultado final se mostrou bem satisfatório. O diretor do filme, Andrew Davis, optou por valorizar mais a ação do que propriamente os dramas pessoais dos personagens (que era o forte da série). O resultado é um filme ágil, movimentado e bem articulado. Outro ponto alto é o trabalho de Tommy Lee Jones, fazendo o tipo durão e obstinado, estilo de interpretação que iria sedimentar seu caminho para o sucesso anos depois. Já Harrison Ford segue em frente em uma das melhores fases de sua carreira quando conseguiu emplacar vários sucessos de bilheteria em sequência. Enfim, não resta dúvida que "O Fugitivo" é um ótimo entretenimento, com o melhor do cinema de ação do cinema americano da década de 90.

O Fugitivo (The Fugitive, Estados Unidos, 1993) Direção: Andrew Davis / Roteiro: Jeb Stuart, David Twohy / Elenco: Harrison Ford, Tommy Lee Jones, Sela Ward, Julianne Moore / Sinopse: Adaptação para o cinema da famosa série de TV da década de 60, "O Fugitivo". Aqui Harrison Ford interpreta o personagem Dr. Richard Kimble (Harrison Ford), um respeitado cirurgião que é acusado injustamente de matar sua própria esposa.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Brigada 49

Depois de 11 de setembro de 2001 os bombeiros americanos, que já tinham status de salvadores e guardiões da sociedade, ganharam ainda mais credibilidade junto ao público em geral se tornando verdadeiros heróis. De fato os atos de bravura e heroísmo que todo o mundo presenciou naquela manhã no WTC consolidaram ainda mais na mente das pessoas essa imagem. Não tardaria para o cinema explorar esse filão. Um dos mais interessantes filmes feitos sobre os bombeiros americanos foi esse "Brigada 49". O foco do roteiro não se concentrava apenas nas cenas de ação, salvamentos e incêndios mas também na vida pessoal desses profissionais. Assim o argumento acaba girando em torno de dois personagens principais, o veterano capitão Mike Kennedy (John Travolta) e o bombeiro Jack Morrison (Joaquin Phoenix, como sempre atuando bem).

Como não poderia deixar de ser vários bombeiros reais se uniram aos atores para dar maior veracidade nas cenas de fogo. Uma delas causou até mesmo transtorno na cidade de Baltimore. Acontece que um dos incêndios do filme foi tão bem recriado e encenado que moradores locais chegaram ao ponto de chamar os bombeiros de verdade da cidade, que foram prontamente acionados, chegando no set de filmagens pensando tratar-se de um evento real. Travolta está como sempre em seu modo habitual. Meio sem levar muita coisa à sério, mas sem prejudicar o filme. Ele chegou a improvisar diversas cenas, criando e  usando muitos cacos, como na sequência em que bebe em um bar da cidade. Em termos de elenco o destaque vai mesmo para Joaquin Phoenix que se preparou para seu papel, passando mais de um mês fazendo treinamento de fogo com os bombeiros da décima brigada de Baltimore. Enfim, temos aqui um bom entretenimento. Para finalizar quero deixar a dica da série "Chicago Fire" que atualmente está em exibição nos EUA e no Brasil pelos canais a cabo. O mesmo universo dos bombeiros é explorado tal como vemos nesse filme. Dessa forma se o assunto lhe chama a atenção então não deixe de conferir também o seriado do canal ABC.

Brigada 49 (Ladder 49, Estados Unidos, 2004) Direção: Jay Russell / Roteiro: Lewis Colick / Elenco: John Travolta, Joaquin Phoenix, Morris Chestnut, Robert Patrick, Balthazar Getty, Jay Hernandez / Sinopse: A vida e o cotidiano de dois bombeiros da Brigada 49. Suas lutas profissionais e pessoais são mostradas nesse filme realizado em homenagem a esses profissionais que arriscam todos os dias suas vidas em benefício da sociedade.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Último Grande Herói

Arnold Schwarzenegger foi um dos mais populares atores de filmes de ação da década de 80. Rivalizando com Stallone ele colecionou uma série de grandes sucessos de bilheteria. Tudo caminhava muito bem até que Arnold resolveu que queria suavizar um pouco sua imagem de herói de ação durão e violento. Primeiro ele realizou a divertida comédia "Irmãos Gêmeos" e outras pequenas fitas centradas em muito bom humor. O que Schwarzenegger não dizia publicamente era que tinha pretensões políticas e por isso procurava cada vez mais trocar as atuações truculentas por personagens divertidos, bem humorados, com charutão acesso e largo sorriso no rosto. Sua aposta mais ousada nessa direção foi esse "O Último Grande Herói". Um filme diferente, com uma idéia peculiar, que procurava satirizar os próprios filmes de ação que fizeram a fama do ator austríaco.

O problema é que "O Último Grande Herói" exigia uma cumplicidade muito grande do público. E os espectadores que sempre foram fãs das fitas de Arnold Schwarzenegger não compraram a idéia de ver um filme em tom de sátira descarada onde o antigo herói de ação tentava tirar onda em cima do mesmo filão que o tornou um astro. Assim o estúdio ficou com uma dinamite nas mãos. Uma produção de quase 100 milhões de dólares, com campanha de marketing agressiva (até ônibus espaciais da Nasa foram alugados para divulgar o filme) que simplesmente foi rejeitado pelo público de forma veemente. O fracasso foi enorme e "Last Action Hero" afundou de forma estrondosa. O prejuízo obviamente respingou feio na credibilidade de Arnold Schwarzenegger, que deixou de ser infalível (e imbatível) nas bilheterias. Já o diretor John McTiernan pagou caro pelo péssimo retorno comercial. Aclamado como um dos melhores cineastas de ação viu sua carreira afundar junto com o filme. Ficou a lição: nunca cuspa no prato que um dia comeu!

O Último Grande Herói (Last Action Hero, Estados Unidos, 1993) Direção: John McTiernan / Roteiro:  Zak Penn, Adam Leff / Elenco: Arnold Schwarzenegger, F. Murray Abraham,  Anthony Quinn / Sinopse: Um jovem fã de filmes de ação acaba entrando em um mundo paralelo onde passa a viver grandes aventuras ao lado de seu grande ídolo.

Pablo Aluísio.

A Noite dos Arrepios

Na década de 80 surgiram alguns filmes deliciosamente trashs que tentavam, pelo menos em intenção, recriar o clima de antigos filmes de terror sci-fi dos anos 50. Um dos maiores exemplos desse tipo de produção foi esse "A Noite dos Arrepios", um terror com claro sabor da década de 50 que conseguiu ganhar certa notoriedade entre os fãs de terror - chegando inclusive a ser lançado nos cinemas brasileiros na época! A cena de abertura já mostrava bem a intenção do filme. Um casal de namorados numa noite qualquer de 1959 acaba ficando surpresa com uma forte luz vinda do espaço. Procurando investigar do que se trata o jovem acaba desencadeando uma série de eventos que colocará toda a humanidade em perigo! Vinte sete anos depois dois estudantes acabam encontrando em um laboratório o corpo do jovem namorado da década de 50. Ele havia sido exposto a um processo de congelamento após uma série de estudos para entender o que teria acontecido. Não precisa ser vidente para descobrir que algo muito sinistro se encontra naquele corpo há muito armazenado.

Os monstros espaciais aqui não se parecem nada com os Aliens da famosa série de Sigourney Weaver. Para falar a verdade mais parecem pequenos vermes, sanguessugas, do que qualquer outra coisa. O diretor de "A Noite dos Arrepios" foi Fred Dekker, nome bem conhecido de quem acompanhou os filmes de terror da época. Ele dirigiria entre outros alguns episódios do ótimo "Contos da Cripta" e em 1993 assumiria a franquia Robocop ao dirigir o terceiro filme da série. Assim fica a dica desse divertido e saudosista "A Noite dos Arrepios", um filme dos anos 80 com as nuances dos antigos filmes de monstros vindos do espaço da década de 50. Mais nostalgia impossível.

A Noite dos Arrepios
(Night of the Creeps, Estados Unidos, 1986) Direção: Fred Dekker / Roteiro: Fred Dekker / Elenco: Jason Lively, Tom Atkins, Steve Marshall / Sinopse: Estranhas criaturas vindo do espaço começam a dominar uma pequena cidade americana. Garotas, seus namorados chegaram, só que eles estão mortos!

Pablo Aluísio.

Bem-vindo aos 40

Pete (Paul Rudd) está vivendo a semana que antecede seu aniversário de 40 anos. Casado, com duas filhas, uma menor e uma adolescente, ele passa por várias crises. A primeira é emocional. A paixão pela esposa parece ter desaparecido. As brigas são cada vez mais comuns e pouco sobrou do antigo relacionamento. Agora tudo é rotina (e das mais chatas). Para manter a chama sexual acessa apela para o uso frequente de Viagra, o que piora ainda mais para o seu lado já que ela se sente ofendida com isso. A outra crise é financeira. Desempregado, ele resolveu abrir uma gravadora especializada em veteranos do rock, um selo retrô. O problema é que com a Internet praticamente mais ninguém paga por música e assim ele vai percebendo que sua empresa em breve irá abrir falência. Para piorar ele e sua esposa não conseguem abrir uma boa linha de diálogo com sua filha adolescente revoltada que passa os dias no computador assistindo a série "Lost". Como se tudo isso não fosse complicado o suficiente sua mulher (que também tem mais de 40 anos mas nega a idade) acaba descobrindo que está grávida! Confusão pouca é bobagem.

Apesar da sinopse cheia de drama e problemas esse "Bem-vindo aos 40" investe mesmo é no humor. Muitas vezes aquele tipo de hilariedade que nasce da desgraça alheia, é verdade, mas mesmo assim humor, bem divertido aliás. Como convém aos filmes assinados por Judd Apatow, esse aqui também apela em certos momentos (Piadas sobre flatulência? Confere! Escatologia? Confere!) mas no geral todos esses pecados são cometidos em nome da diversão. O personagem Pete, interpretado pelo ator Paul Rudd, já deu as caras no cinema antes, no filme "Ligeiramente Grávidos". Só que lá o casal era mero coadjuvante do enredo principal e aqui eles ganham muito mais destaque, afinal de contas o filme é todo centralizado neles, nas pequenas tragédias cotidianas e na chatice de um casamento que já deu o que tinha que dar. Por falar em coadjuvantes dois nomes do elenco de apoio no filme ajudam a manter o interesse. O primeiro é John Lithgow como um pai ausente por anos que mal conhece sua filha. Cirurgião rico e famoso ele não leva o menor jeito para relacionamentos familiares. Outro destaque vai para Megan Fox. Ela interpreta uma funcionária de uma lojinha de roupas gostosona (pra variar) que acaba confessando para a patroa que também é garota de programa (mas segundo suas próprias palavras isso não seria prostituição pois ela só faz "no máximo" uns 30 ou 40 programas por ano!). Bem engraçado. Depois de assistir um filme assim você vai entender porque o número de divórcios não pára de crescer lá nos EUA e aqui no Brasil. Como diria o ditado ser casado é como matar um leão todos os dias. Haja paciência!

Bem-vindo aos 40 (This Is 40, Estados Unidos, 2012) Direção: Judd Apatow / Roteiro: Judd Apatow / Elenco: Paul Rudd, Leslie Mann, Megan Fox, John Lithgow, Maude Apatow / Sinopse: Homem chega aos 40 anos cheio de problemas financeiros, familiares e emocionais. Tentando sobreviver a maré ruim ele resolve dar uma festa para si mesmo em seu aniversário.

Pablo Aluísio.

Uma Noite Alucinante

"Evil Dead - A Morte do Demônio" foi um filme quase amador escrito e dirigido pelo jovem Sam Raimi que acabou virando cult ao longo dos anos. O filme foi rodado com um orçamento minúsculo - estimado em pouco mais de 300 mil dólares - e contou com o apoio de amigos e parceiros de Raimi. Com o advento do mercado de vídeo a fita acabou sendo redescoberta por uma nova geração de fãs de terror que começaram a idolatrar o violento e tenso filme. Assim em 1986 Raimi foi procurado por um grande estúdio para rodar a mesma estória, só que com melhores condições técnicas e orçamento bem generoso. O melhor em termos de maquiagem e efeitos especiais foi colocado à disposição do cineasta. Fazer um remake totalmente fiel porém não estava nos planos de Sam Raimi, então ele optou por injetar algo dentro do novo filme que quase não existia no original: humor!

Sim, o diretor entendeu que um pouco de humor negro não faria mal a essa nova produção e assim ele reescreveu e inseriu diversas cenas de puro absurdo gótico para criar uma linha de diálogo mais aberta com o público jovem que iria conferir o novo filme nas telas de cinema. Cenas como um olho voando em direção a boca de um dos personagens ou uma mão decepada com vontade própria ganharam um inédito tom de comédia no filme. Para estrelar o novo Evil Dead Raimi convocou novamente seu parceiro e amigo do primeiro filme, o ator Bruce Campbell. Canastrão assumido, Campbell ajudou muito na nova concepção de Raimi para "Uma Noite Alucinante". A trama era praticamente a mesma do primeiro filme, com algumas modificações. Novamente incautos colocavam as mãos no chamado livro dos mortos liberando demônios das profundezas do inferno. A diferença porém vinha nas cenas absurdamente insanas e na melhor produção, com melhores e mais bem elaborados efeitos especiais. O filme acabou fazendo grande sucesso de bilheteria, se tornando também um campeão de locações no mercado de vídeo depois. Isso acabou abrindo as portas de uma terceira sequência, ainda mais maluca do que essa mas isso é um outra história...

Uma Noite Alucinante (Evil Dead II, Estados Unidos, 1987) Direção: Sam Raimi / Roteiro: Sam Raimi, Scott Spiegel / Elenco: Bruce Campbell, Sarah Berry, Dan Hicks / Sinopse: Sequência remake do filme "Evil Dead" de 1981. Aqui um jovem desavisado acaba liberando terríveis forças do mal ao colocar as mãos em um livro amaldiçoado perdido em uma cabana isolada no meio da floresta.

Pablo Aluísio.

Velocidade Máxima

Certamente um dos mais populares e bem sucedidos filmes de ação da década de 90. "Velocidade Máxima" (ou simplesmente "Speed", seu título original) mostrava que para se realizar um belo filme de adrenalina não se precisava de efeitos especiais de última geração ou produção milionária, bastando apenas ter uma boa ideia por trás. E é justamente isso que o roteiro explora. Na trama um sociopata decide promover um ato de terrorismo diferente. Ao invés de simplesmente detonar alguma bomba em um lugar a esmo como um terrorista qualquer ele decide colocar um artefato explosivo que ligado a um ônibus se torna acionado se o veículo diminuir sua velocidade abaixo dos 80 km/h. Isso seria complicado em qualquer lugar do mundo mas em Los Angeles a situação se torna ainda mais extrema e caótica. Com avenidas e ruas com tráfego intenso se torna quase impossível manter essa velocidade constante, o que torna tudo ainda mais desesperador.

Após a morte do motorista o volante é colocado nas mãos de uma passageira comum, Annie Porter (Sandra Bullock), que ao lado do oficial de polícia Jack Traven (Keanu Reeves) tentará manter todos a salvo. Sandra Bullock e Keanu Reeves contracenam praticamente sozinhos o tempo inteiro, dentro do ônibus, passando por diversas situações estressantes, no limite. O veterano Dennis Hopper também acrescenta bastante com sua presença, ora histérica, ora irascível mas que no final se revela bem divertida. "Speed" logo caiu nas graças do público e assim que estreou nos Estados Unidos se tornou imediatamente um campeão de bilheteria. O diretor holandês Jan de Bont foi aclamado como um gênio dos filmes de ação! Tudo de fato corria muito bem para ele, a ponto de dirigir outra fita bem interessante logo após o sucesso desse filme chamado "Twister" sobre um grupo de caçadores de furacões. Infelizmente o cineasta cometeu um grave erro pois aceitou rodar a continuação de "Velocidade Máxima" que se tornaria um dos maiores fracassos comerciais da década! Mas isso falaremos em um outra oportunidade em breve, até lá!

Velocidade Máxima (Speed, Estados Unidos, 1994) Direção: Jan de Bont / Roteiro: Graham Yost / Elenco: Keanu Reeves, Dennis Hopper, Sandra Bullock, Jeff Daniels / Sinopse: Um terrorista resolve instalar uma bomba em um ônibus na cidade de Los Angeles que explodirá assim que o veículo diminuir sua velocidade. Agora, um policial e uma simples passageira farão de tudo para evitar que a situação se transforme em uma grande tragédia.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador

Lasse Hallström, talentoso cineasta sueco que realizou o brilhante "Minha Vida de Cachorro ", teve o melhor momento em sua carreira no cinema americano nesse muito terno e comovente "What's Eating Gilbert Grape" em 1993. O filme que agora completa 20 anos merece passar por uma revisão por parte dos cinéfilos. A trama gira em torno da família de Gilbert Grape (Johnny Depp). Ele é um jovem normal que pretende seguir em frente com sua vida mas que não consegue criar um caminho próprio por causa de problemas familiares. Seu irmão, Arnie Grape (Leonardo DiCaprio), é deficiente mental e precisa de cuidados especiais. Sua mãe tem problemas emocionais e sofre de uma obesidade sem controle. Suas irmãs não são menos problemáticas. Uma é solitária e triste e a outra rebelde e bem agressiva. No meio de tantos conflitos Gilbert tenta levar uma vida normal.

"Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador" tem vários méritos cinematográficos. Em termos de elenco temos uma interpretação brilhante de Leonardo DiCaprio que lhe valeu inclusive indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro. Foi o primeiro filme que chamou a atenção do grande público para seu trabalho. Muitos consideram até hoje seu melhor trabalho de atuação física no cinema. Johnny Depp também está muito bem, curiosamente fazendo um papel bem atípico de sua carreira, a de um jovem comum. Sem maquiagem pesada e sem interpretar um personagem bizarro (tão comum em seus filmes posteriores) Depp mostra seu talento natural. O roteiro também se revela muito delicado, colocando as várias questões humanas envolvidas na trama com rara sensibilidade. O filme fez bastante sucesso no mercado de vídeo na época e hoje, como já foi escrito, merece uma revisão. Um excelente drama mostrando a vida de uma família americana tipicamente interiorana que certamente vai agradar aos mais sensíveis. Se ainda não viu não deixe passar em branco, principalmente se você for um fã dos atores Leonardo DiCaprio e Johnny Depp. Esse é um filme que vale a pena conhecer.

Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador (What's Eating Gilbert Grape, Estados Unidos, 1993) Direção: Lasse Hallström / Roteiro: Peter Hedges / Elenco: Johnny Depp, Leonardo DiCaprio, Juliette Lewis, Mary Steenburgen, John C. Reilly, Darlene Cates, Laura Harrington, Mary Kate Schellhardt / Sinopse: O filme narra a conturbada vida familiar de Gilbert Grape (Depp) que tenta levar uma vida normal em meio a inúmeros problemas familiares.

Pablo Aluísio. 

Dexter

Estamos vivendo um momento excelente na história das séries americanas. O leque de opções que se abriu com o surgimento de canais a cabo é simplesmente fenomenal. Não é à toa que até mesmo a poderosa indústria de cinema dos EUA sentiu um certo baque por causa da enorme popularidade de séries extremamente bem sucedidas e inovadoras produzidas atualmente por emissoras de TV. E falar sobre esse contexto sem citar "Dexter" é simplesmente impossível. Essa é uma série que fiz questão de assistir praticamente todos os episódios até hoje, do primeiro ao último, com disciplina religiosa. Acho "Dexter" uma das melhores produções surgidas nos últimos anos. Tudo aqui se encaixa perfeitamente bem, tanto em termos de atuação (Michael C. Hall como Dexter é simplesmente perfeito) como em relação aos roteiros dos episódios, sempre muito bem escritos e trabalhados. E pensar que todo esse universo surgiu apenas de um bom livro, "Darkly Dreaming Dexter" de Jeff Lindsay, que de fato trazia todos os contornos do personagem já bem delineados mas que olhando sob um ponto de vista bem crítico não chega a ser nada excepcional.

Para quem ainda não conhece (acho que poucos) a série "Dexter" conta a estória de um garotinho que viu sua mãe ser morta de forma violenta e bárbara. Resgatado de uma poça de sangue ele é criado como se fosse filho por um policial que esteve envolvido nas investigações daquele crime sanguinário. Logo na infância seu pai adotivo descobre que Dexter tem todas as características que o tornarão no futuro um serial killer. Para evitar que pessoas inocentes venham a se tornar vítimas dele, o ensina uma espécie de código a seguir. Entre eles só eliminar criminosos cruéis que de uma forma ou outra escapem das mãos da justiça. O tempo passa e Dexter se torna perito na Miami Metro Police, local ideal para ele dar vazão a sua irresistível vontade de matar. Lá, entres os inúmeros casos criminais, ele seleciona aqueles que devem pagar com sua vida pelos crimes cometidos. Ao seu lado trabalham sua irmã mais jovem, a desbocada mas competente Debra Morgan (interpretada por Jennifer Carpenter, atriz que foi esposa de  Michael C. Hall durante vários anos). Claro que Dexter por ter se tornado um grande sucesso e por ter até o momento oito temporadas sofreu com um certo desgaste ao longo de todo esse tempo mas mesmo em seus mais fracos momentos a série ainda mantém um padrão de qualidade realmente admirável. O personagem principal, apesar de ser um assassino em série, tem um carisma excepcional, o que talvez explique todo esse sucesso de audiência. Em tempos passados provavelmente "Dexter" jamais seria produzido por um canal de TV aberta mas no momento em que vivemos, emissoras como a Showtime não tem esse receio. Sorte para todos nós que somos fãs desse cativante matador.

Dexter (Dexter, Estados Unidos, 2006 - 2013) Direção: John Dahl, Steve Shill, Keith Gordon / Roteiro: Jeff Lindsay, James Manos Jr, Scott Buck / Elenco: Michael C. Hall, Jennifer Carpenter, David Zayas, James Remar, C.S. Lee, Lauren Vélez, Desmond Harrington, Julie Benz / Sinopse: Dexter (Michael C. Hall) é um serial killer que trabalha no Metro Miami Police, onde escolhe suas vítimas pelos crimes que elas cometeram e não foram punidas.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada

Quando as Crônicas de Nárnia pintou pela primeira vez nas telas havia uma grande esperança da Disney em transformar os livros em mais uma franquia milionária do cinema americano ao estilo de "O Senhor dos Anéis". O resultado comercial porém ficou bem abaixo do esperado. Mesmo assim o estúdio não desistiu de novas adaptações, sendo esse "As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada" uma espécie de despedida dos livros do cinema. Agora com co-produção da Fox, as aventuras dos garotos Edmund, Lucy e Caspian (além do primo Eustace) se passam no navio Peregrino da Alvorada, que cruzando os mares de Nárnia tenta reunir sete espadas mágicas que vão vencer o terrível mal que ameaça se alastrar por toda a terra mágica. Não faltaram elementos de fantasia que fazem a festa do público alvo infanto-juvenil. Assim lá estão dragões, serpentes monstruosas do mar, minotauros e tudo o mais que a imaginação pensar.

Embora passe longe de ser fiel aos livros que lhe deram origem, esse último filme da franquia "As Crônicas de Nárnia" é bem realizado, tem um ritmo muito bom e não deixa o clima de aventura mágica cair no marasmo. Como sou da velha geração achei a trama bem parecida com os antigos filmes do marujo Simbad das mil e uma noites. Outra referência, principalmente para o público mais jovem, é a franquia bilionária "Piratas do Caribe", muito embora, em essência esses filmes tenham um simbolismo bem mais forte e presente, fruto da pena talentosa de seu autor, C.S. Lewis. Aliás é bom prestar atenção na cena final do filme pois lá fica bastante clara as reais intenções do autor dos livros, pois Nárnia nada mais é do que uma grande adaptação simbólica dos valores mais caros ao cristianismo. Muitos não conseguem captar esse detalhe mas os estudiosos da obra de Lewis há muito já decifraram toda a simbologia que o escritor quis passar aos mais jovens. Assim assista, se divirta e o mais importante de tudo: saiba ler nas entrelinhas do que verá na tela.

As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada (The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Treader, Estados Unidos, 2010) Direção: Michael Apted / Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely, baseados na obra de C.S. Lewis / Elenco: Georgie Henley, Skandar Keynes, Ben Barnes / Sinopse: Após entrar em  um quadro de aquarelas representando um navio em alto mar os garotos voltam para a terra mágica de Nárnia, onde viverão grandes aventuras.

Pablo Aluísio.

Quando o Amor Acontece

Depois do enorme fracasso comercial de "Velocidade Máxima 2" a atriz Sandra Bullock tentou juntar os pedacinhos de sua carreira nesse filme romântico despretensioso. Aqui ela interpreta Birdee Pruitt, uma mulher que descobre estar sendo traído pelo marido com sua melhor amiga. De repente ela vê seu mundo desmoronar após a revelação. Sem pensar duas vezes resolve acabar o casamento, indo morar novamente com sua mãe, em sua casa em Smithville, Texas, para tentar um recomeço em sua vida. Após os problemas inerentes ao divórcio ela finalmente redescobre o amor ao conhecer um novo homem em sua vida. O cowboy bonitão que surge em sua vida é interpretado pelo cantor (e dublê de ator) Harry Connick Jr.

O interessante nesse "Quando o Amor Acontece" não vem tanto do fato de Bullock estar nesse tipo de produção, afinal é nesse estilo mesmo que ela consegue seus melhores resultados comerciais. O fato que chama a atenção é a direção do ator Forest Whitaker. Ele mostra muito talento em conduzir uma estorinha até banal mas com bastante eficiência. Ao custo de 30 milhões de dólares (orçamento de um filme médio em Hollywood) ele conseguiu entregar um produto honesto, sem nenhuma pretensão, que conseguiu reerguer o prestígio de Sandra Bullock perante os estúdios. Foi também um novo caminho para a atriz que aqui assumiu parte da função de produtora, através de sua própria companhia, a Fortis Films. O resultado é agradável, nada excepcional, mas que no final das contas entrega aquilo que o público (feminino em sua maioria) deseja e espera. Está de bom tamanho.

Quando o Amor Acontece (Hope Floats, Estados Unidos,1998) Direção: Forest Whitaker / Roteiro: Steven Rogers / Elenco: Sandra Bullock, Harry Connick Jr., Gena Rowlands / Sinopse: Após descobrir que seu marido a está traindo com sua melhor amiga, Birdee Pruitt (Bullock) decide voltar para a casa de sua mãe em uma pequena cidadezinha do Texas. Lá tentará reencontrar o amor e um novo caminho para sua vida.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de agosto de 2013

O Dia Depois de Amanhã

Mais um exemplar do cinema pipoca fast food de Roland Emmerich. Aqui tudo o que importa são os efeitos digitais de última geração, aliado a um fiapo de roteiro que com bastante verniz pseudocientífica tenta trazer alguma credibilidade ao argumento que só serve como desculpa para um desfile de recriações digitais de um mundo assolado por um inverno global sem limites. O enredo gira em torno dos esforços de um grupo de cientistas que tenta alertar as autoridades de uma nova idade do gelo que se aproxima no planeta Terra. A nova mudança climática obviamente destruirá as principais cidades do mundo, principalmente aquelas localizadas no hemisfério norte. Assim temos cenas e mais cenas de catástrofes mundiais, com as cidades literalmente sendo engolidas por um frio arrasador.

Roland Emmerich não tem jeito mesmo. Ele faz parte de um grupo de novos diretores (nem tão novos é bom frisar) que planejam, executam e montam seus filmes dentro de computadores de última geração. As cenas com atores reais duram poucas semanas, uma vez que o filme acaba sendo produzido mesmo dentro de avançados softwares de última geração. Se é muito eficaz para os estúdios o mesmo não se pode dizer dos resultados artísticos. Tudo soa muito artificial, sem alma, com muito sensacionalismo em cada momento, em cada tragédia. Roland Emmerich não é tão histérico quanto Michael Bay, por exemplo, mas mantém a característica básica dessa linha de diretores que seguem uma cartilha já bem conhecida: toneladas de efeitos especiais e roteiros mínimos. Boas atuações? Diálogos inspirados? Esqueça. Isso aqui meu caro é cinema fast food para ser consumido em salas de shopping center pos adolescentes barulhentos. Não dá para levar à sério um cinema desse estilo.

O Dia Depois de Amanhã (The Day After Tomorrow, Estados Unidos, 2004) Direção: Roland Emmerich /  Roteiro: Roland Emmerich / Elenco: Dennis Quaid, Jake Gyllenhaal, Emmy Rossum / Sinopse: O Planeta Terra passa por uma nova era de gelo levando ao colapso o mundo tal como conhecemos.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de agosto de 2013

Crônicas de uma Loja de Penhores

Uma loja de penhores localizada no Sul dos Estados Unidos se torna um elo de ligação de três contos (ou crônicas) de tipos bem característicos da região. No primeiro segmento três viciados em metanfetamina resolvem fazer um assalto. Um deles porém acaba penhorando a espingarda que seria usada pelo trio. Sem alternativas eles resolvem cometer o crime usando um arco e flecha antigo, o que dará origem a inúmeras confusões. Na segunda estoria um casal em lua de mel entra na loja de penhores e descobre, para surpresa do marido, o seu anel do primeiro casamento à venda. Sua esposa, que usava o anel, estava há muitos anos desaparecida. Procurando por pistas ele acaba indo parar numa fazenda distante, onde vive um psicopata que tem a terrível mania de deixar suas vítimas presas como se fossem animais. Por fim, na última crônica, um cover balofo e fracassado de Elvis Presley resolve penhorar seu medalhão em troca de alguns trocados para chegar em seu próximo compromisso: uma feirinha de gado travestido em parque de diversões de quinta categoria numa cidadezinha perdida. Cansado de tantos fracassos ele resolve então fazer um pacto com o diabo numa encruzilhada (uma velha lenda sulista) onde troca sua alma pelo talento e o carisma do próprio Elvis Presley!

Esse "Crônicas de uma Loja de Penhores" me surpreendeu de forma bem positiva. O roteiro, usando e abusando do chamado humor negro, mostra um grupo de personagens em momentos chaves de suas vidas. A melhor das três estorias é a do cover de Elvis, interpretado por Brendan Fraser. Ele se sai muito bem interpretando uma verdadeira caricatura do cantor real. Sem tirar sua roupa de palco em nenhum momento ele percebe que as coisas andam muito mal quando não consegue nem trocar um ingresso de sua apresentação por um cafezinho numa pequena lanchonete de beira de estrada. Sua garota também o deixa no meio da estrada, cansada de tantos shows em lugares vagabundos. O fato de todos o confundirem com um mágico ou uma imitação do Liberace torna tudo ainda mais divertido e engraçado. O conto sobre o anel roubado conta com dois bons atores, Matt Dillon (interpretando Richard, o marido em busca de sua esposa desaparecida) e Elijah Wood (como um pervertido que trata as mulheres como objetos em seu grande rancho). Até Paul Walker, conhecido ator de filmes de ação, se sai bem ao fazer um dos viciados chapados que tentam cometer um roubo pra lá de desastrado. Enfim, recomendo sem receios esse filme. É divertido, irônico e mantém a atenção do começo ao fim. Vale realmente a pena. 

Crônicas de uma Loja de Penhores (Pawn Shop Chronicles, Estados Unidos, 2013) Direção: Wayne Kramer / Roteiro: Adam Minarovich / Elenco: Paul Walker, Brendan Fraser, Elijah Wood, Matt Dilon, Vincent D'Onofrio / Sinopse: Uma pequena loja de penhores no sul dos EUA se torna o elo de ligação de três contos passados na região.

Pablo Aluísio.

A Letra Escarlate

Um bom drama histórico que marcou bastante a carreira da atriz Demi Moore mas que hoje em dia anda bem esquecido. O enredo se passa no distante ano de 1666 em Massachusetts, na época uma pequena e isolada colônia inglesa no novo mundo. É lá que vive Hester Prynne (Demi Moore), uma mulher respeitável, casada com um médico da localidade, o Dr. Roger Chillingworth (Robert Duvall). Após esse desaparecer no meio da floresta, supostamente morto por índios, Hester resolve consumar sua paixão pelo reverendo Arthur Dimmesdale (Gary Oldman). Ambos há muito nutriam uma paixão mútua que não conseguia se tornar realidade pelo fato dela ser casada. Agora, com o marido desaparecido, ela resolve seguir em frente, indo de acordo com seus sentimentos. Desse tórrido romance acaba surgindo uma gravidez inesperada que choca a sociedade local, levando Hester a ser marginalizada por seus pares. Ela se recusa a revelar o nome do pai o que a estigmatiza como adúltera. Condenada pelas absurdas leis e costumes locais ela agora terá que usar em suas roupas uma chamativa letra "A" bordada, a indicando como adúltera perante toda a sociedade.

Um dos méritos de "A Letra Escarlate" é que ele desmistifica uma série de bobagens históricas que foram repetidas durante séculos, se tornando quase verdades absolutas. Sempre se disse, por exemplo, que as primeiras colônias inglesas no novo mundo eram símbolos de harmonia e liberdade. Afinal esses colonos tinham ido ao novo mundo para fugir do absolutismo de seu país, além da sempre severa perseguição religiosa. A verdade porém é que mesmo nesses novos povoados não havia de fato tanta liberdade como se suponha. Pelo contrário. A rigidez moral dos puritanos muitas vezes desembocava em repressão e violência, física ou moral, para quem ousasse ultrapassar certas fronteiras ou limites. Olhando sob um ponto de vista atual existia de fato muito preconceito e discriminação nessa suposta moral puritana que imperava entre os membros mais proeminentes das elites locais. O filme resgata isso de forma muito elucidativa. O diretor foi o talentoso Roland Joffé (de "A Missão" e "Os Gritos do Silêncio"). A produção também é acima da média com uma ótima reconstituição histórica aliada a uma história que diz muito sobre a posição da mulher naqueles anos.

A Letra Escarlate (The Scarlet Letter, Estados Unidos, 1995) Direção: Roland Joffé / Roteiro: Douglas Day Stewart, baseado na novela de Nathaniel Hawthorne / Elenco: Demi Moore, Gary Oldman, Robert Duvall / Sinopse; Jovem mulher fica estigmatizada durante o período colonial americano ao engravidar de um pastor puritano numa colônia isolada no novo mundo.

Pablo Aluísio.