sexta-feira, 3 de maio de 2013

Coriolano

O general romano  Caius Martius Coriolanus (Ralph Fiennes) precisa enfrentar uma revolta popular dentro de Roma por falta de alimentos. Ao mesmo tempo precisa também deter uma rebelião numa nação bárbara comandada pelo rebelde Tullus Aufidius (Gerard Butler). Após voltar dessa campanha vitoriosa seu nome começa a ser cogitado para ser o novo cônsul de Roma, uma vez que é um militar brilhante. O problema é que Coriolanus é um nobre patrício que não tem intimidade e nem vocação para a política. Além disso tem uma visão elitista que considera a plebe romana um mal para o Estado. Sua falta de visão e arrogância logo se tornam um enorme obstáculo para sua ascensão política que se dará no meio de um verdadeiro caos popular. Irascível, o veterano militar não tem paciência e nem diplomacia para se tornar o ocupante do cargo mais poderoso da República Romana.

“Coriolanus” é uma adaptação da peça de William Shakespeare, um texto muito interessante que lida com a verdadeira essência dos homens públicos. Aqui o diretor e ator Ralph Fiennes preferiu trazer o contexto histórico em que passa o enredo para os nossos dias. Embora o texto original tenha sido preservado, com várias referências ao mundo clássico da Roma Republicana, o mundo em que se passa a estória é o atual. Assim ao invés de togas e figurinos da época os personagens vestem ternos e modernas roupas de combate. As legiões do exército romano foram substituídas por tanques modernos e as armas são fuzis automáticos de última geração. Eu particularmente considero esse tipo de opção artística um equívoco porque soa muito estranho ver pessoas do mundo atual declamando versos clássicos escritos pela pena de Shakespeare há séculos. No fundo se trata de uma tentativa (até louvável) de acostumar o público mais jovem com as peças do famoso autor inglês. No elenco o destaque vai para a dama Vanessa Redgrave no papel de Volumnia, mãe de Coriolanus, personagem que terá um grande destaque no desfecho do filme. Suas cenas são as melhores em termos de atuação. Em suma fica a recomendação, mesmo com reservas, dessa produção bem intencionada.

Coriolano (Coriolanus, Estados Unidos, 2011) Direção: Ralph Fiennes / Roteiro: John Logan baseado na peça de William Shakespeare / Elenco: Gerard Butler, Ralph Fiennes, Lubna Azabal, Vanessa Redgrave / Sinopse: O general romano Caius Martius Coriolanus (Ralph Fiennes) terá que enfrentar inúmeras rebeliões populares ao mesmo tempo em que combate uma nação bárbara inimiga liderada por Tullus Aufidius (Gerard Butler).

Pablo Aluísio.

A Mosca

Na década de 1950 o cinema de ficção americano deu origem a uma série de filmes maravilhosamente nostálgicos onde conviviam lado a lado o medo das novas tecnologias com a criação de monstros sedentos de sangue. Um dos mais significativos nesse sentido foi o clássico “A Mosca da Cabeça Branca" de 1958. O enredo era um charme. Um cientista em busca da possibilidade de transportar matéria entre dois pontos eqüidistantes acabava entrando em sua própria máquina. Era sua tentativa de transformar o teletransporte em uma realidade. Por um erro porém um inseto, uma mosca, entrava dentro do compartimento na mesma hora em que a experiência era realizada. Diante da situação de ter dois corpos diversos para transportar a máquina de teletransporte acabou criando uma fusão entre o DNA humano e o da mosca, criando nesse processo um monstro. O cientista assim via se transformando no inseto aos poucos, vendo seu organismo passar por um terrível processo de transformação. No filme original a mudança acontecia na cabeça e nas mãos do cientista apenas, já nesse remake realizado praticamente trinta anos depois, já na década de 1980, a fusão se tornava completa transformando o corpo do cientista em uma matéria disforme, apodrecida, deformada.

O diretor David Cronenberg criou assim uma obra aterrorizadora que chamou muito a atenção em seu lançamento por causa da maquiagem perfeita do monstro. Desnecessário dizer que a fita logo se tornou um grande sucesso de bilheteria nos cinemas e depois repetiu o êxito quando chegou nas locadoras de fitas VHS (no auge do sucesso do videocassete). O ator Jeff Goldblum passou certamente por um processo dos mais dolorosos pois a maquiagem pesada em determinado momento do filme tomou conta de todo o seus corpo. Eram horas e horas de maquiagem, o que no final acabou valendo muito a pena haja visto o resultado que vemos nas telas. É curioso que “A Mosca” mesmo sendo produzido em uma era pré-digital consegue ser muito mais verossímil e convincente do que os filmes atuais feitos com tecnologia de computação gráfica. A sensação de se ver algo real, na tela, mesmo que seja uma maquiagem cinematográfica, causa certamente maior impacto no público. Assim não deixe de ver esse pequeno clássico do cinema de terror dos anos 80 – e por favor esqueça sua péssima continuação, “A Mosca 2” que realmente é um horror de filme (no mal sentido).

A Mosca (The Fly, Estados Unidos, 1986) Direção: David Cronenberg / Roteiro: George Langelaan, Charles Edward Pogue / Elenco: Jeff Goldblum, Geena Davis, John Getz / Sinopse: Cientista tenta chegar ao teletransporte mas por um erro acaba tendo seu DNA fundido a de uma mosca que adentrou a máquina no momento em que se realizava seu teletransporte de matéria. Agora terá que lidar com as terríveis transformações pelas quais passa seu novo organismo.

Pablo Aluísio

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros

No mesmo ano em que Steven Spielberg filmou “A Lista de Schindler” ele surgiu com esse “O Parque dos Dinossauros”, dois filmes completamente diferentes, com propostas diversas. Com Schindler Spielberg tentava manter sua imagem de cineasta socialmente consciente, que procurava tratar de temas relevantes para a história. Ao dirigir filmes assim Spielberg queria efetivamente ser levado a sério. Era também sua grande aposta para finalmente vencer o Oscar de Melhor Direção e quem sabe até de Melhor Filme. Já em “O Parque dos Dinossauros” a situação era bem diferente, esse era um filme pop por excelência, voltado para o lado Peter Pan de sua carreira. Aqui Spielberg voltava para suas origens, voltando a ser o cineasta de obras feitas para o público infanto-juvenil. Jurassic Park partia de uma premissa interessante (embora fosse pura pseudociência como convém aos livros escritos por Michael Crichton), explorando a possibilidade de um dia a ciência conseguir vencer a barreira dos milênios para trazer de volta à vida os dinossauros do passado remoto de nosso planeta. O caminho encontrado seria manipular geneticamente os resquícios de DNA preservados em âmbar, dentro de insetos que supostamente teriam picado dinossauros na pré-história.

A tese cientifica era realmente tentadora – e bem bolada – mas o fato é que Jurassic Park não se trata de um filme cientifico mas sim de uma diversão blockbuster feito para as grandes platéias. Provavelmente foi a primeira vez que percebi o poder de marketing dos grandes estúdios. Acontece que nos meses que antecederam o lançamento do filme aconteceu um súbito interesse nesses animais que sempre povoaram a imaginação da humanidade. De repente os dinossauros estavam nas revistas, na TV, nos jornais, isso com uma intensidade fora do comum. Ora não era preciso ser gênio para entender que tudo era um muito bem elaborado plano de publicidade dos diretores do filme de Spielberg. Deixando isso de lado é fato incontestável que Jurassic Park é realmente um produto muito bem realizado com efeitos digitais revolucionários que trouxe de voltas às telas, com extrema fidelidade, todos esses seres pré-históricos. O roteiro não era grande coisa mas o impacto de todos aqueles efeitos digitais deixaram isso em segundo plano. A fórmula se tornou certeira e Spielberg conquistou o maior sucesso de bilheteria de sua carreira (superando até mesmo “E.T. O Extraterrestre”, sua obra prima artística e comercial). Revisto hoje em dia o filme já não causa tanto impacto mas mantém o carisma original. Não restam dúvidas que é certamente um dos mais queridos filmes do eterno Peter Pan do cinema americano.

Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros (Jurassic Park, Estados Unidos, 1993) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Michael Crichton, David Koepp, baseados no livro "Jurassic Park" de Michael Crichton / Elenco: Sam Neill, Laura Dern, Jeff Goldblum, Richard Attenborough  Samuel L. Jackson / Sinopse: Através de engenharia genética um cientista consegue recriar os dinossauros da era pré-história, os trazendo de volta à vida depois de milênios de sua extinção. Agora ele tentará ganhar muito dinheiro os exibindo em um parque temático localizado numa ilha distante – mas as coisas não sairão bem como planejado.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Pretty Baby – Menina Bonita

Essa semana, para minha surpresa, me deparei com esse filme sendo exibido em um canal a cabo pelo período da tarde. Sem falsos moralismos acredito que esse definitivamente não seja o horário adequado para a exibição dessa película. O motivo? Basta dar uma lida na sinopse para descobrir. O filme narra a vida de uma garota de apenas 12 anos, Violet, interpretada por Brooke Shields. A estória se passa em New Orleans no começo do século XX. Tudo estaria tudo bem se não fossem as circunstâncias que rondam a vida da jovem. Ela é filha de uma prostituta, interpretada por Susan Sarandon. Vive dentro de um bordel decadente e lascivo. Como se não bastasse tem sua virgindade leiloada sem pudores durante uma noite. Entre os clientes que dão seus lances estão políticos (um senador depravado), empresários, homens de negócios e até mesmo sujeitos que passam a imagem de serem acima de qualquer suspeita dentro da sociedade. A cena do leilão é tratada com fina naturalidade, o que deixa tudo ainda mais perturbador.

O filme ainda trata sobre um improvável romance envolvendo a garotinha e um homem bem mais velho que ganha a vida vendendo fotos de nudismo das prostitutas – clicando inclusive a própria mãe da personagem de Brooke Shields. O filme tem nudez moderada (apenas seios à mostra) mas pelo tema forte e complicado do ponto de vista moral só deveria ser exibido tarde da noite, em um horário mais adequado para sua proposta. Aqui obviamente não se trata de censura mas de bom senso apenas. Tirando as questões morais de lado é importante ainda chamar a atenção para a postura do filme sobre o tema de que trata. As prostitutas, as doenças, a vida sacrificada e explorada, tudo vai surgindo na tela com se fosse algo muito natural na vida daquelas personagens. O diretor Louis Malle parece muito à vontade em contar essa estória. Algumas das mulheres nasceram em bordéis e não conseguem ver outra vida pela frente. A dona do estabelecimento, uma cafetina destruída pela vida e pelo tempo, mais parece uma personagem saída dos filmes de Fellini. Brooke Shields a estrela juvenil repudiou o filme alguns anos depois afirmando que não deveria ter feito algo assim. Olhando para trás devo concordar. O filme é bom, não restam dúvidas, mas seu tema é forte demais para uma atriz tão jovem quanto Brooke era na época. De uma forma ou outra vale a pena ser redescoberto nem que seja para vermos como a prostituição infantil era terrivelmente encarada como algo normal naquele passado distante.

Pretty Baby - Menina Bonita (Pretty Baby, Estados Unidos, 1978) Direção: Louis Malle / Roteiro: Polly Platt / Elenco: Brooke Shields, Keith Carradine, Susan Sarandon / Sinopse: Garota de 12 anos, filha de uma prostituta, tem sua virgindade leiloada no bordel onde vive. Ao mesmo tempo começa a ter sentimentos por um homem bem mais velho, um fotógrafo de nudismo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 30 de abril de 2013

O Iluminado

Outro grande clássico do cinema baseado em um livro de autoria do mestre Stephen King. Aqui o cenário é desolador, um hotel isolado em baixa estação, durante um rigoroso inverno. É para lá que vão Jack Torrence (Jack Nicholson) e sua familia. Após o lugar ficar completamente isolado durante uma tempestade de neve tudo começa a mudar. O que começa como um trabalho normal, de rotina, logo se revela assustador pois o grande hotel parece ter vida própria, com várias manifestações sobrenaturais ocorrendo pelos corredores. Jack também começa a manifestar um comportamento fora do comum, obviamente influenciado por forças que não consegue compreender. Vários são os motivos que tornaram “O Iluminado” uma obra prima. Todo filme é a soma dos talentos envolvidos e aqui certamente não faltam grandes nomes. A direção de Stanley Kubrick é, como sempre, inovadora e assustadoramente perturbadora. O cineasta conseguiu criar um excelente clima sombrio utilizando-se apenas dos cenários daquele imenso local que a todo momento parece esconder algo misterioso. Kubrick não cai em armadilhas fáceis e aposta em um terror psicológico, soturno. Também se utiliza com extrema inteligência da chamada câmera subjetiva, onde o espectador se coloca numa visão em primeira pessoa. Andar por aqueles corredores, vendo tudo como um espectador privilegiado (e aterrorizado) fez toda a diferença do mundo.

Além da direção inspirada “O Iluminado” conta com a preciosa e insuperável interpretação de Jack Nicholson. É fato que esse livro já ganhou várias adaptações depois dessa mas nenhuma conseguiu superar a sobrenatural atuação de Nicholson. Seu personagem começa a estória como um bom homem, equilibrado, que vai aos poucos perdendo a razão, se tornando obcecado, submerso em si mesmo, até beirar as raias da loucura completa. Apenas um grande ator conseguiria trazer para as telas a profundidade de um papel assim e Nicholson, talentoso como sempre foi, consegue isso com rara sensibilidade. Por fim temos que elogiar o texto original de Stephen King. Aqui em seu trabalho ele conseguiu criar uma obra assustadora, muito eficiente no quesito sustos e medo, mas também com uma bela trama em aberto, que leva o espectador / leitor a parar para pensar e entender tudo aquilo que assistiu / leu. O final, que Kubrick soube utilizar com raro brilhantismo, reflete muito bem esse aspecto. Em suma, “O Iluminado” é certamente um dos maiores filmes de terror já feitos. Essencial na coleção de todo fã do gênero que se preze.

O Iluminado (The Shining, Estados Unidos, 1980) Direção: Stanley Kubrick / Roteiro: Stanley Kubrick, Diane Johnson, baseados no livro The Shining de Stephen King / Elenco: Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers / Sinopse: Escritor e sua família ficam completamente isolados em um hotel fora de estação durante uma tempestade de neve. Presos no local logo começam a notar o surgimento de várias manifestações sobrenaturais no local.

Pablo Aluísio.

Carrie, a Estranha

Vem remake novo por aí (Deus nos ajude!) desse grande clássico moderno dos filmes de terror. “Carrie, a Estranha” marcou época por vários motivos mas principalmente por causa de seu roteiro bem trabalhado, por seu clima de tensão e desconforto e por sua refinada direção de arte que consegue mesclar o grotesco e o belo em doses generosas. Na trama conhecemos Carrie (Sissy Spacek), uma garota de 17 anos pretensamente normal que logo descobre que a escola e a vida não são fáceis. Sofrendo de bullying no colégio, a jovem e tímida Carrie acaba se tornando o alvo preferido de piadas e chacotas de seus colegas de classe – um bando de garotos e garotas sem valores morais, só interessados em si mesmo e em suas grotescas atitudes com os não populares. Para piorar o que já é bem ruim em sua vida escolar Carrie ainda tem que lidar com uma mãe fundamentalista, fanática religiosa, que não consegue pensar ou agir racionalmente. Passando pelas dificuldades da adolescência, tendo que entender sua própria sexualidade sem contar com sua mãe obsessiva (que acha que tudo é pecado) Carrie vai chegando ao seu limite.

O filme é baseado em mais um best seller de Stephen King, o mestre da literatura de terror. Como sempre ocorre King se aproveita do cotidiano de lugares tipicamente americanos para desenvolver suas tramas de terror e suspense. Em Carrie ele foi genial porque conseguiu unir os anseios da uma juventude complicada com eventos sobrenaturais, tudo com um toque que beira a genialidade. Aqui tudo funciona maravilhosamente bem, desde a direção talentosa de Brian De Palma (em uma época particularmente inspirada de sua carreira), até a interpretação na medida de Sissy Spacek no papel de Carrie. O curioso é que a famosa cena final do baile quase foi cortada da versão final pelo estúdio por ser considerada na época “sangrenta demais” (mal sabiam eles no que o cinema de terror iria se transformar nos próximos anos). Hoje em dia Carrie é considerado um pequeno clássico moderno do terror, um filme que marcou época e que está prestes a ser destruído (será mesmo?) por mais um remake oportunista! Melhor rever o original.

Carrie, a Estranha (Carrie, Estados Unidos, 1978) Direção: Brian De Palma / Roteiro: Lawrence D. Cohen, baseado no livro de Stephen King / Elenco: Sissy Spacek, Piper Laurie, Amy Irving, John Travolta,  Nancy Allen / Sinopse: Carrie é uma garota de 17 anos que sofre de todo tipo de abuso, em casa e na escola. Com poderes sobrenaturais de telecinese ela finalmente se vingará de todos quando chegar ao seu limite de tolerância.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Zodíaco

O Zodíaco foi um dos mais famosos assassinos seriais da história americana. Com requintes de sadismo ele matava geralmente jovens casais que se atreviam a namorar em lugares remotos e distantes. Ao que tudo indica era um frustrado emotivo-sexual que se vingava dos pombinhos que encontrava pela frente. Outro fato que chama atenção no modo de agir do Zodíaco é que ele parecia ter uma atração doentia pela atenção da mídia, enviando cartas para jornais e para a polícia, onde usando de um texto cifrado ameaçava cometer novos crimes. Também gostava de se vangloriar de seus crimes, provocando e desafiando os investigadores a descobrirem sua verdadeira identidade. Nunca foi preso e mesmo após todos esses anos até hoje não se sabe quem foi o assassino do Zodíaco. Tudo o que diz respeito aos seus crimes segue sendo um mistério. Assim como aconteceu com Jack o Estripador, esse serial killer conseguiu escapar das garras da lei. Como é uma história em aberto (não poderia ser de outra forma) a estrutura do roteiro dessa produção não se propõe a dar uma resposta definitiva aos crimes mas sim apenas mostrar o processo de investigação dos policiais envolvidos.

Por essa razão talvez também o filme tenha desagradado a tantas pessoas. Não foram poucas as pessoas que qualificaram o filme como inconclusivo, sem final ou clímax. Burocrático também foi outro adjetivo muito usado pela crítica em relação a esse “O Zodíaco”. Eu já penso de modo bem diferente. A história real já é intrigante por si só e para quem se interesse por crimes famosos e ciência forense o roteiro traz muito conteúdo e informação. Claro que não se trata de um filme tradicional no gênero, com começo, meio e fim conclusivo. O problema é que se trata de uma obra baseada numa história real e essa não chegou ao seu final, as investigações nunca chegaram a uma solução definitiva – e por isso o filme segue essa estrutura. Não poderia ser diferente. No saldo final tudo é muito interessante, Fica assim a dica de mais esse filme sobre assassinos seriais. Por ser tão próximo dos fatos reais essa produção acabou se tornando uma das mais indicadas para quem deseja estudar a mente e os mistérios que rondam a existência desses criminosos na vida real. 

Zodíaco (Zodiac, Estados Unidos, 2007) Direção: David Fincher / Roteiro: James Vanderbilt, baseado no livro de Robert Graysmith / Elenco: Jake Gyllenhaal, Mark Ruffalo, Robert Downey Jr, Anthony Edwards / Sinopse: Na década de 1960 surge nos Estados Unidos um novo serial killer que se autodenomina “O Zodíaco”. Matando jovens casais de namorados, sua captura logo vira uma questão de honra para o Departamento de Polícia de San Francisco.

Pablo Aluísio.

Transformers: O Lado Oculto da Lua

Michael Bay é certamente o cineasta mais destemperado do cinema americano atual. Não há mais limites para seus exageros. Os filmes de Bay foram crescendo em megalomania nos últimos anos até chegar em um ponto em que acredito que ele não saiba mais fazer qualquer outro tipo de filme que não seja desse tipo – onde a metade da terra é destruída numa orgia desenfreada de efeitos digitais. Aqui Bay mistura fatos históricos com pirotecnia elevada à nona potência para criar mais um blockbuster sem muita noção, mas que certamente agrada aos fãs mais jovens, principalmente aqueles viciados em videogames. Para um público que vive conectado 24 horas por dia a receita deve ser muito bem-vinda, familiar até. Na “trama” acompanhamos um rocambole que mistura missão Apollo com espaçonaves caídas na lua, segredos milenares envolvendo os Transformers, um equipamento de grande tecnologia e a luta para se apoderar de todo esse poder. Esqueça todo tipo de lógica, basta dizer que o objetivo final dos Decepticons é trazer seu moribundo planeta para cá, escravizar os bilhões de seres humanos e reviver seus dias de glória quando eram considerados “deuses”! Para frear seus planos a humanidade só conta com o apoio dos Autobots, liderados por Optimus Prime.

O enredo soa maluco demais para você? Pois é, mas no final das contas quem liga para isso? Bay sabe que coisas como roteiro, lógica e argumento inexistem em praticamente toda a sua filmografia. Ao invés disso ele investe pesadamente em efeitos digitais. Olhando sob esse aspecto realmente não há o que criticar pois “Transformers” traz o que há de mais sofisticado nesse quesito. As cenas de ação são tantas e em tal número que não é incomum o espectador perder completamente o fio da meada do que se passa na tela, no meio daquele quebra pau de metais retorcidos e aço voando para todos os lados. Não existe nenhum personagem bem desenvolvido, nem os humanos, o tal de Shia LaBeouf continua muito ruim. A correria é tamanha que nem sabemos direito o nome de seu personagem! O pior é que isso não faz a menor diferença! De bom e engraçado mesmo apenas algumas piadinhas sobre o meio corporativo das grandes empresas e as participações especiais de John Malkovich e do astronauta Buzz Aldrin mas isso é o de menos. Tudo no fundo não passa de mera desculpa para se utilizar de toneladas de efeitos especiais a todo momento. Esqueça todo o resto, o novo Transformers se resume a apenas isso mesmo. Game Over. 

Transformers: O Lado Oculto da Lua (Transformers: Dark of the Moon, Estados Unidos, 2011) Direção: Michael Bay / Roteiro: Ehren Kruger / Elenco: Shia LaBeouf, Rosie Huntington-Whiteley, Josh Duhamel, John Malkovich, Frances McDormand, Patrick Dempsey, Buzz Aldrin, Kevin Dunn, John Turturro / Sinopse: Após uma nave espacial cair na lua a NASA envia uma expedição para descobrir do que se trata a espaçonave. Nesse meio tempo os Decepticons planejam dominar todo o planeta Terra.

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de abril de 2013

O Expresso da Meia-Noite

É um dos filmes mais viscerais já realizados. Roteirizado por Oliver Stone, em inicio de carreira, “O Expresso da Meia-Noite” não procurava amenizar a realidade barra pesada que se propunha a mostrar. Na trama o ator Brad Davis interpretava um americano preso na Turquia com uma quantidade considerável de drogas. As leis daquele país sobre esse tipo de conduta se mostrariam mais duras do que ele jamais ousaria imaginar. Preso, espancado, despido de sua dignidade humana, o personagem sofre uma verdadeira viagem ao inferno dentro do sistema penitenciário turco com seus métodos bárbaros e rígidos no trato com os prisioneiros. O filme tem uma carga emocional muito pesada, mostrando em detalhes diversas torturas, espancamentos e agressões tanto físicas quanto psicológicas. O ator Brad Davis se expõe com coragem a um roteiro que não tem medo de colocar o dedo na ferida. Essa acabou sendo sua melhor atuação na carreira. Infelizmente Davis foi mais uma vítima precoce do surgimento da AIDS no mundo. Ao vê-lo em cena não podemos chegar a outra conclusão: perdeu-se realmente um grande talento dramático pois sua atuação é muito marcante. Um trabalho memorável mesmo.
    
O impacto que “O Expresso da Meia-Noite” causou na época acabou abrindo as portas de Hollywood para Oliver Stone. Embora o filme fosse dirigido pelo extremamente talentoso Alan Parker (um dos meus cineastas preferidos), Stone é quem acabou se destacando na mídia pois seu roteiro recebeu várias menções honrosas e elogios no lançamento do filme nos EUA. A história pessoal de Oliver Stone também comoveu a imprensa. Veterano do Vietnã ele admitiu em entrevistas que estava familiarizado com violações de direitos humanos por causa de sua experiência como militar americano no sudeste asiático. Chegou ao ponto de dizer que muitas das cenas mais violentas de “O Expresso da Meia Noite” eram claramente inspiradas em fatos que vivenciou no meio do conflito nas selvas vietnamitas. A conclusão a que se chega é que “O Expresso da Meia Noite” é de fato um filme forte, violento e nada pueril. Um retrato visceral de um mundo cruel e hostil que merece ser redescoberto pelas novas gerações de cinéfilos. 

O Expresso da Meia-Noite (Midnight Express, Estados Unidos, 1978) Direção: Alan Parker / Roteiro:  Oliver Stone baseado no livro escrito por Billy Hayes e William Hoffer / Elenco: Brad Davis, Irene Miracle, Bo Hopkins / Sinopse: Billy Hayes (Brad Davis) é preso transportando drogas para dentro da Turquia. Preso, torturado e violado em seus direitos humanos ele tentará de todas as formas sobreviver ao inferno do sistema penitenciário daquele país.

Pablo Aluísio.

O Hobbit

Com o sucesso espetacular da trilogia “O Senhor dos Anéis” era de se esperar que mais cedo ou mais tarde Hollywood fosse em busca de material dentro dos escritos deixados pelo autor J.R.R. Tolkien para produzir novos filmes baseados em seus livros. A solução encontrada foi adaptar, em uma nova trilogia, o romance “O Hobbit”. Adaptado pela primeira vez em 1977 para um telefilme inglês, “O Hobbit” trazia os acontecimentos que antecediam em muitos anos as aventuras que acompanhamos em “O Senhor dos Anéis”, a obra prima definitiva do escritor. A trama de “O Hobbit” é mais singela e menos pretensiosa do que a de outros textos de Tolkien. De certa forma é até um ensaio da grande obra que marcaria para sempre sua bibliografia. Todos os elementos que fizeram de “O Senhor dos Anéis” tão marcante já podem ser encontrados nesse texto, embora em menor escala. Aqui acompanhamos a rotina de Bilbo (Martin Freeman), um hobbit que leva uma vida mansa e pacifica em seu condado. Sua existência bucólica porem sofre uma completa reviravolta quando o mago Gandalf (Ian McKellen) chega em seu jardim para lhe perguntar se ele estaria interessado em viver uma grande aventura. Mesmo não mostrando nenhum entusiasmo na idéia, pelo contrário, a rejeitando completamente, Gandalf não desiste e em pouco tempo começam a chegar vários anões em sua pequenina casa! Todos fazem parte de uma pretensa companhia ou irmandade que tem como objetivo adentrar o antigo reino dos anões, Erebor, que agora se encontra dominado por um dragão feroz e milenar. Em jogo há inúmeras riquezas e a oportunidade de trazer de volta o antigo lar dos anões.

Muito se falou sobre “ O Hobbit” desde que o projeto foi anunciado. A internet ferveu com especulações e ataques de ansiedade, o que deve ter deixado o diretor Peter Jackson duplamente atarefado (realizando o filme e desmentindo muitos dos boatos sem fundamento que surgiam a cada semana). Todos queriam reencontrar nas telas os seus personagens preferidos. A conclusão pura e simples que chegamos após assistir a esse “O Hobbit” é que se trata realmente de mais um belo exemplar do talento de Jackson atrás das câmeras. Embora o livro original em que se baseia seja bem mais simples do que “O Senhor dos Anéis” Peter Jackson conseguiu novamente realizar um trabalho bonito de se ver, tecnicamente perfeito, onde tudo se encaixa maravilhosamente bem. “O Hobbit” tem excelentes seqüências e um roteiro redondinho que não cansa o espectador apesar de suas quase três horas de duração. Além disso marca a volta aos cinemas de personagens queridos dos fãs como o Mago Gandalf, Gollum (em ótima seqüência ao lado de Bilbo nas profundezas escuras de uma montanha) e claro todo o restante do universo muito rico e carismático da Terra Média com seus elfos, hobbits, anões e orcs! Claro que não se pode comparar ao impacto da trilogia original pois naqueles primeiros filmes tudo soava como novidade mas é inegável que Jackson conseguiu novamente entregar um filme muito bom, que não passa uma sensação de desgaste ou esgotamento sobre todo esse material. Dito isso não teria muito o que criticar aqui – achei o resultado acima das expectativas para falar a verdade. Embora não seja especialista nessa mitologia sempre gostei bastante desses filmes. Penso que Peter Jackson é um cineasta honesto que está trabalhando com algo que realmente gosta, e isso faz toda a diferença do mundo. Que venham os novos filmes dessa nova trilogia. Os fãs da Terra Média certamente agradecem.

O Hobbit – Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, Estados Unidos, 2012) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson, Guillermo del Toro, baseados no livro “O Hobbit” escrito por J.R.R. Tolkien / Elenco: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Christopher Lee,  Ken Stott / Sinopse: Um grupo formado por anões, um mago e um hobbit tentará adentrar uma montanha isolada onde em um passado glorioso os anões construíram seu último grande reino na Terra Média. Agora dominado por um feroz dragão o lugar guarda muitos perigos e aventuras para todos aqueles que se atrevem a entrar em seus domínios.

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de abril de 2013

O Silêncio dos Inocentes

Outro filme ícone sobre serial killers foi esse excelente “O Silêncio dos Inocentes”. Aqui temos um roteiro mais cerebral que investe muito mais no choque de personalidades entre a agente do FBI Clarice Sterling (a sempre ótima Jodie Foster) e o psicopata Hannibal Lecter (Anthony Hopkins, no papel de sua vida). Um dos grandes trunfos do roteiro é o próprio desenvolvimento do personagem Hannibal. Sujeito culto, inteligente, apreciador de boa música e artes, ele aparenta ser uma pessoa de fino trato. Por baixo de sua elegância e sofisticação porém se esconde um predador frio e cruel, capaz de cometer as maiores barbaridades com suas vítimas. Hannibal assim se revela como uma síntese da personalidade de muitos psicopatas e assassinos em série da vida real pois muitos deles são exatamente como o personagem retratado no filme, pessoas acima de qualquer suspeita, educados, elegantes no trato social mas verdadeiras feras insanas quando finalmente conseguem colocar as mãos em suas presas.

Anthony Hopkins já tinha muita bagagem quando foi escalado para dar vida ao psicopata Hannibal. Ator de muito talento já tinha garantido seu espaço na história do cinema com obras realmente marcantes mas foi apenas com esse personagem que ele conseguiu se tornar conhecido do grande público. A partir de “O Silêncio dos Inocentes” se tornou um astro de primeira grandeza, capaz inclusive de estrelar outros blockbusters do cinema americano. Já Jodie Foster já era bem conhecida do público. Na realidade ela cresceu na frente das câmeras, conseguindo fazer a complicada transição de atriz mirim para uma carreira adulta. Talentosa atriz e também cineasta de mão cheia ela quase não entrou no filme pois estava envolvida em tantos projetos paralelos na época que sentiu que essa personagem não traria muito para sua carreira. Apenas por amizade ao diretor Jonathan Demme resolveu aceitar o papel. A chance de contracenar com Hopkins também pesou em sua decisão de participar do filme. Curiosamente, apesar de todo o sucesso de bilheteria de “O Silêncio dos Inocentes”, Jodie nunca mudou de opinião sobre seu trabalho aqui. Em entrevistas esclareceu que achou uma experiência válida mas que não acredita que o filme tenha trazido muito para sua carreira com um todo. De uma forma ou outra fica a recomendação dessa produção que realmente marcou época e segue sendo um dos melhores retratos de criminosos seriais da história do cinema.

O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, Estados Unidos, 1991) Direção: Jonathan Demme / Roteiro: Ted Tally, baseado no romance escrito por Thomas Harris / Elenco: Jodie Foster, Anthony Hopkins, Lawrence A. Bonney, Kasi Lemmons / Sinopse: Uma agente do FBI tenta contar com a colaboração de um infame psicopata preso para tentar encontrar o rastro de um serial killer à solta na sociedade. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor (Jonathan Demme), Melhor Atriz (Jodie Foster), Melhor Ator (Anthony Hopkins) e Melhor Roteiro Adaptado (Ted Tally).

Pablo Aluísio.

A Hora do Espanto 2

Alguns filmes são tão bons e tão especiais que não precisam de seqüência. Seus enredos já são perfeitamente fechados em si, não havendo nenhuma razão racional para se levar em frente o tema. Foi o caso de “A Hora do Espanto”, considerado por muitos um dos melhores filmes de terror da década de 80. Infelizmente como se tornou um grande sucesso acabou virando também vítima de seu próprio êxito. O enredo de “A Hora do Espanto” era esperto, bem conduzido e único. Foi então que resolveram tentar apostar no grande sucesso do filme original para a produção dessa continuação desnecessária, sem qualquer charme ou razão plausível de existência. A trama e o roteiro eram tão oportunistas e picaretas que deixaram muitos fãs do primeiro filme completamente envergonhados. Não havia uma boa estória e nem um gancho para levar adiante tudo. Criaram uma nova vampira que seria supostamente a irmã do vampiro do primeiro filme (que vergonha meu Deus!), tudo embalado com efeitos especiais ruins e atuações medíocres.

Desnecessário esclarecer que “A Hora do Espanto II” foi um desastre em todos os aspectos. A tal vampira que surgia nesse enredo tão batido (Ele estava em busca de vingança?! Que novidade!!!) foi interpretada pela fraca atriz Julie Carmen que simplesmente não consegue dizer a que veio durante todo o filme. A intenção do roteiro era transformar essa personagem numa criatura da noite sensual e perigosa, uma versão feminina e barata do personagem feito por Chris Sarandon no primeiro filme. Bom, isso ficou apenas na intenção mesmo pois os resultados se mostraram muito ruins. A atriz falha em ser sensual e voluptuosa, se tornado ao invés disso apenas caricata, com muitas caras e bocas, sem esquecer é claro daqueles terríveis penteados armados da década de 80. Hoje soa tudo ridículo. Curiosamente no time dos vampiros malvados quem acabou se destacando foi um personagem secundário, Bozworth (Brian Thompson), um vampiro gourmet, apreciador de insetos nojentos que os devora como se fossem iguarias finas. Antes de comer ainda os cita pelo seu nome cientifico! Nonsense? Claro que sim, porém a coisa mais sem sentido mesmo em “A Hora do Espanto II” é a sua própria existência. Fuja desse filme como um vampiro foge da cruz!

A Hora do Espanto 2 (Fright Night 2, Estados Unidos, 1988) Direção: Tommy Lee Wallace / Roteiro: Tom Holland, Tim Metcalfe / Elenco: Roddy McDowall, William Ragsdale, Traci Lind, Julie Carmen, Brian Thompson / Sinopse: Após os acontecimentos do primeiro filme a dupla formada por Peter Vincent (Roddy McDowall) e Charley Brewster (William Ragsdale) se vê novamente às voltas com novos vampiros que agora estão sedentos não apenas de sangue mas de vingança também.

Pablo Aluísio. 

Rocky III

“Rocky III” foi uma produção nitidamente de transição dentro da série de filmes sobre o boxeador mais famoso do cinema. Aqui já não se vê mais a preocupação de Stallone em desenvolver profundamente os personagens e nem a trama. Na verdade esse filme seria mais pop, mais centrado na luta em si do que em qualquer outro aspecto. É certo que “Rocky III” não é tão pop quanto “Rocky IV”, o filme pop por excelência da franquia, mas mesmo assim se formos comparar com os dois primeiros filmes a diferença será logo notada. Dessa vez o grande antagonista é novamente um boxeador negro, com cara de poucos amigos e sedento pela fama e glória de ser o número 1. Interpretado pelo carismático Mr. T (da série de TV de sucesso “Esquadrão Classe A”), o personagem James "Clubber" Lang em certos aspectos lembrava e muito a arrogância e o jeito abusado de ser de um dos mais famosos lutadores da história, Cassius Clay. Embora Stallone nunca tenha admitido isso o fato é que tudo leva a crer que Clubber nada mais seja do um espelho de Clay em seus tempos áureos.

O roteiro se concentra nas lutas – todas excelentes e extremamente bem coreografadas. Stallone em excelente forma física e no auge da carreira resolveu apostar também em outros aspectos do filme, um deles a sua trilha sonora. Comprou os direitos da música "Eye of the Tiger" do Survivor e a lançou em single que virou um hit instantâneo, se tornando a canção definitiva do personagem até os dias de hoje. Tão marcante se tornou que conseguiu até mesmo ser nomeada ao Oscar na categoria “Melhor Canção Original”, perdendo infelizmente para outro também enorme sucesso daqueles anos, a marcante "Up Where We Belong" de “A Força do Destino” (An Officer and a Gentleman). A nota triste é que alguns dos personagens mais marcantes da série também deram adeus aqui em “Rocky III”. Mas isso é o de menos, o que vale mesmo aqui é ver as ótimas seqüências de boxe, tudo embalado ao som da imortal música do “Olho do Tigre”.

Rocky III – O Desafio Supremo (Rocky III, Estados Unidos, 1982) Direção: Sylvester Stallone / Roteiro: Sylvester Stallone / Elenco: Sylvester Stallone, Talia Shire, Burt Young, Carl Weathers, Burgess Meredith, Mr. T / Sinopse: Rocky Balboa (Stallone), o campeão de pesos pesados, resolve finalmente se aposentar. Após anunciar sua decisão surge um novo desafiante, um pugilista negro arrogante e ofensivo chamado Clubber Lang (Mr. T) que desafia Rocky publicamente para uma última e decisiva luta pelo título mais importante da categoria do boxe mundial.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Blade

Já que os personagens de quadrinhos estão em alta ultimamente no mundo do cinema que tal relembrar de um dos mais improváveis sucessos desse universo? Se trata de “Blade”, personagem de segundo escalão que nunca conseguiu se destacar nem nas revistas em quadrinhos. Também pudera, se tratava de um herói incomum, meio homem, meio vampiro, um morto-vivo amaldiçoado que habitava o universo do submundo em plena década de 70. Tudo muito exagerado, gore e sujo. Blade era uma espécie de vira-lata no meio do panteão Marvel com todos aqueles heróis virtuosos e cheios de moralidade Made in USA. Ele não era alto, loiro e nem bonitão, pelo contrário era um personagem negro, feio e com cara de poucos amigos. Uma mudança de paradigma certamente. Blade era nitidamente encarado como um recurso de último mão, vindo do gueto, quando não havia mais nenhuma outra estória para publicar nas revistas – quase um tapa-buraco mesmo. Talvez por ser tão sem importância o anúncio de seu filme tenha causado tanta surpresa na época. Se por um lado isso era ruim também era bom pois dava muito mais liberdade para os realizadores, sem aquela legião de leitores “especialistas” pegando no pé o tempo todo!

Os vampiros hoje estão na moda mas “Blade” foi realizado muitos anos antes disso. Era uma produção modesta com nenhuma pretensão de se tornar um blockbuster. Se desse um pequeno lucro já estava de bom tamanho. Os efeitos eram em pequeno número e serviam basicamente à estória, ao enredo e não o contrário. Para o papel principal o ator Wesley Snipes foi contratado. Ele estava longe de ser um astro e sua carreira era formada basicamente por filmes de ação de segunda linha que faziam mais sucesso no mercado de vídeo do que nas salas de cinema. O curioso de tudo é que quando chegou nas telas “Blade” começou a surpreender. Foi alcançando posições e mais posições entre os mais vistos e em pouco tempo estava desbancando grandes produções de estúdios rivais. De fato olhando para trás “Blade” é de certa forma o grande responsável pelo boom de adaptações dos personagens Marvel que viria a seguir. Ele mostrou que havia todo um mercado ávido em consumir os personagens desse universo. Seu sucesso abriu as portas para o Homem de Ferro, o Capitão América, Thor e todos os demais. Quem diria que um vampiro underground conseguiria realizar tal feito? Então se você está hoje assistindo ao novos filmes da Marvel agradeça a ele, ao Blade!

Blade, O Caçador de Vampiros (Blade, Estados Unidos, 1998) Direção: Stephen Norrington / Roteiro: David S. Goyer / Elenco: Wesley Snipes, Kris Kristofferson, Stephen Dorff / Sinopse: Blade, um sujeito dividido entre o mundo dos homens e dos vampiros precisa deter uma nova ameaça que vem diretamente das trevas para o mundo dos vivos. Agora ele lutará para sobreviver ao caos que se instala.

Pablo Aluísio.

Seven

Filmes sobre psicopatas geralmente costumam ser muito bons, principalmente quando o roteiro explora a mente desses assassinos de forma inteligente e original. É uma longa tradição em Hollywood a produção desse tipo de filme, basta lembrar do clássico “Psicose” do mestre Hitchcock para entender bem esse aspecto. Aqui em “Seven – Os Sete Crimes Capitais” temos um exemplo mais recente de uma obra cinematográfica que aborda o tema de forma maravilhosamente bem executada. Embora conte em seu elenco com um jovem Brad Pitt a verdade pura e simples é que a grande estrela de “Seven” é seu roteiro muito bem trabalhado e estruturado. Na trama um serial killer mata suas vítimas com requintes de crueldade, tentando reviver nas mortes os chamados sete pecados capitais, a saber: Luxúria, Gula, Preguiça, Ira, Inveja, Cobiça e Vaidade. Em cada assassinato o psicopata deixa sua marca, numa clara tentativa de punir suas vitimas por serem pecadores desses sete pecados capitais.

Para investigar as mortes é designada uma dupla de policiais, formada pelo veterano tenente William Somerset (Morgan Freeman) e pelo novato detetive David Mills (Brad Pitt), jovem e explosivo tira com sede de novas experiências. O roteiro, muito bem escrito, explora um dos tipos de serial killers mais interessantes que existem para a dramaturgia, os chamados “assassinos religiosos” que geralmente encontram base para seus crimes em textos litúrgicos, onde imprimem uma interpretação mais do que pessoal ao que lêem nesses livros. A direção de arte é um dos grandes trunfos de “Seven” pois todas as cenas dos crimes mais parecem quadros macabros da mente do assassino. No fundo é apenas uma das várias assinaturas que o cineasta David Fincher vai deixando pelo caminho. Um dos últimos diretores realmente autorais do cinema americano da atualidade, Fincher faria sua obra prima alguns anos depois em “Clube da Luta”. Assim fica a recomendação de “Seven” um filme inteligente e perturbador nas medidas certas. Grande momento do chamado filão de filmes sobre assassinos em série.

Seven – Os Sete Crimes Capitais (Se7en, Estados Unidos, 1995) Direção: David Fincher / Roteiro: Andrew Kevin Walker / Elenco: Brad Pitt, Morgan Freeman, Gwyneth Paltrow / Sinopse: Assassino em Série começa a executar suas vítimas usando como modelo os sete pecados capitais. Cada um dos crimes procura reproduzir as sete infrações religiosas. Para descobrir a autoria dos assassinatos dois policiais, um veterano e um novato, entram em campo.

Pablo Aluísio.