Essa semana, para minha surpresa, me deparei com esse filme sendo exibido em um canal a cabo pelo período da tarde. Sem falsos moralismos acredito que esse definitivamente não seja o horário adequado para a exibição dessa película. O motivo? Basta dar uma lida na sinopse para descobrir. O filme narra a vida de uma garota de apenas 12 anos, Violet, interpretada por Brooke Shields. A estória se passa em New Orleans no começo do século XX. Tudo estaria tudo bem se não fossem as circunstâncias que rondam a vida da jovem. Ela é filha de uma prostituta, interpretada por Susan Sarandon. Vive dentro de um bordel decadente e lascivo. Como se não bastasse tem sua virgindade leiloada sem pudores durante uma noite. Entre os clientes que dão seus lances estão políticos (um senador depravado), empresários, homens de negócios e até mesmo sujeitos que passam a imagem de serem acima de qualquer suspeita dentro da sociedade. A cena do leilão é tratada com fina naturalidade, o que deixa tudo ainda mais perturbador.
O filme ainda trata sobre um improvável romance envolvendo a garotinha e um homem bem mais velho que ganha a vida vendendo fotos de nudismo das prostitutas – clicando inclusive a própria mãe da personagem de Brooke Shields. O filme tem nudez moderada (apenas seios à mostra) mas pelo tema forte e complicado do ponto de vista moral só deveria ser exibido tarde da noite, em um horário mais adequado para sua proposta. Aqui obviamente não se trata de censura mas de bom senso apenas. Tirando as questões morais de lado é importante ainda chamar a atenção para a postura do filme sobre o tema de que trata. As prostitutas, as doenças, a vida sacrificada e explorada, tudo vai surgindo na tela com se fosse algo muito natural na vida daquelas personagens. O diretor Louis Malle parece muito à vontade em contar essa estória. Algumas das mulheres nasceram em bordéis e não conseguem ver outra vida pela frente. A dona do estabelecimento, uma cafetina destruída pela vida e pelo tempo, mais parece uma personagem saída dos filmes de Fellini. Brooke Shields a estrela juvenil repudiou o filme alguns anos depois afirmando que não deveria ter feito algo assim. Olhando para trás devo concordar. O filme é bom, não restam dúvidas, mas seu tema é forte demais para uma atriz tão jovem quanto Brooke era na época. De uma forma ou outra vale a pena ser redescoberto nem que seja para vermos como a prostituição infantil era terrivelmente encarada como algo normal naquele passado distante.
Pretty Baby - Menina Bonita (Pretty Baby, Estados Unidos, 1978) Direção: Louis Malle / Roteiro: Polly Platt / Elenco: Brooke Shields, Keith Carradine, Susan Sarandon / Sinopse: Garota de 12 anos, filha de uma prostituta, tem sua virgindade leiloada no bordel onde vive. Ao mesmo tempo começa a ter sentimentos por um homem bem mais velho, um fotógrafo de nudismo.
Pablo Aluísio.
Pretty Baby - Menina Bonita
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