Com o sucesso espetacular da trilogia “O Senhor dos Anéis” era de se esperar que mais cedo ou mais tarde Hollywood fosse em busca de material dentro dos escritos deixados pelo autor J.R.R. Tolkien para produzir novos filmes baseados em seus livros. A solução encontrada foi adaptar, em uma nova trilogia, o romance “O Hobbit”. Adaptado pela primeira vez em 1977 para um telefilme inglês, “O Hobbit” trazia os acontecimentos que antecediam em muitos anos as aventuras que acompanhamos em “O Senhor dos Anéis”, a obra prima definitiva do escritor. A trama de “O Hobbit” é mais singela e menos pretensiosa do que a de outros textos de Tolkien. De certa forma é até um ensaio da grande obra que marcaria para sempre sua bibliografia. Todos os elementos que fizeram de “O Senhor dos Anéis” tão marcante já podem ser encontrados nesse texto, embora em menor escala. Aqui acompanhamos a rotina de Bilbo (Martin Freeman), um hobbit que leva uma vida mansa e pacifica em seu condado. Sua existência bucólica porem sofre uma completa reviravolta quando o mago Gandalf (Ian McKellen) chega em seu jardim para lhe perguntar se ele estaria interessado em viver uma grande aventura. Mesmo não mostrando nenhum entusiasmo na idéia, pelo contrário, a rejeitando completamente, Gandalf não desiste e em pouco tempo começam a chegar vários anões em sua pequenina casa! Todos fazem parte de uma pretensa companhia ou irmandade que tem como objetivo adentrar o antigo reino dos anões, Erebor, que agora se encontra dominado por um dragão feroz e milenar. Em jogo há inúmeras riquezas e a oportunidade de trazer de volta o antigo lar dos anões.
Muito se falou sobre “ O Hobbit” desde que o projeto foi anunciado. A internet ferveu com especulações e ataques de ansiedade, o que deve ter deixado o diretor Peter Jackson duplamente atarefado (realizando o filme e desmentindo muitos dos boatos sem fundamento que surgiam a cada semana). Todos queriam reencontrar nas telas os seus personagens preferidos. A conclusão pura e simples que chegamos após assistir a esse “O Hobbit” é que se trata realmente de mais um belo exemplar do talento de Jackson atrás das câmeras. Embora o livro original em que se baseia seja bem mais simples do que “O Senhor dos Anéis” Peter Jackson conseguiu novamente realizar um trabalho bonito de se ver, tecnicamente perfeito, onde tudo se encaixa maravilhosamente bem. “O Hobbit” tem excelentes seqüências e um roteiro redondinho que não cansa o espectador apesar de suas quase três horas de duração. Além disso marca a volta aos cinemas de personagens queridos dos fãs como o Mago Gandalf, Gollum (em ótima seqüência ao lado de Bilbo nas profundezas escuras de uma montanha) e claro todo o restante do universo muito rico e carismático da Terra Média com seus elfos, hobbits, anões e orcs! Claro que não se pode comparar ao impacto da trilogia original pois naqueles primeiros filmes tudo soava como novidade mas é inegável que Jackson conseguiu novamente entregar um filme muito bom, que não passa uma sensação de desgaste ou esgotamento sobre todo esse material. Dito isso não teria muito o que criticar aqui – achei o resultado acima das expectativas para falar a verdade. Embora não seja especialista nessa mitologia sempre gostei bastante desses filmes. Penso que Peter Jackson é um cineasta honesto que está trabalhando com algo que realmente gosta, e isso faz toda a diferença do mundo. Que venham os novos filmes dessa nova trilogia. Os fãs da Terra Média certamente agradecem.
O Hobbit – Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, Estados Unidos, 2012) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson, Guillermo del Toro, baseados no livro “O Hobbit” escrito por J.R.R. Tolkien / Elenco: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Christopher Lee, Ken Stott / Sinopse: Um grupo formado por anões, um mago e um hobbit tentará adentrar uma montanha isolada onde em um passado glorioso os anões construíram seu último grande reino na Terra Média. Agora dominado por um feroz dragão o lugar guarda muitos perigos e aventuras para todos aqueles que se atrevem a entrar em seus domínios.
Pablo Aluísio.
O Hobbit
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