quinta-feira, 8 de março de 2012
Os Especialistas
Um dos problemas de "Killer Elite" é sua duração excessiva. É muita metragem para pouca estória. Eu sou da opinião que filmes de ação devem primar pela agilidade, pela rapidez. Filmes que não tem o que contar e que duram tanto como esse aqui geram no espectador a sensação de impaciência e nada mais. Público de filme de ação gosta de uma coisa só, não tem paciência para enrolação. Talvez a inexperiência do diretor Gary McKendry justifique isso. Com apenas 3 filmes em seu currículo a impressão que tive é que ele não soube chegar ao corte ideal, trazendo dinamismo para o argumento em si. Enfim, "Os Especialistas" deveria ser menos longo, com menos enrolação e Robert De Niro deveria ter vergonha na cara e manter a dignidade de uma filmografia tão importante como a dele. Fazendo filmes desse naipe só conseguimos ficar com vergonha alheia de sua presença insignificante em cena.
Os Especialistas (Killer Elite, Estados Unidos, 2011) Direção: Gary McKendry / Roteiro: Matt Sherring baseado no livro de Ranulph Fiennes / Elenco: Jason Statham, Clive Owen, Robert De Niro / Sinopse: Assassino profissional (Jason Statham) tem como missão cumprir uma série de mortes. Ele realiza os assassinatos por estar sendo chantageado por um xeique do Oriente Médio que sequestrou seu melhor amigo.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 7 de março de 2012
Melancolia
Obviamente a crise existencial e o estado de depressão que se abatem sobre alguns personagens se sobressaem durante o filme mas em nenhum momento Lars impõe qualquer tese ou dogma em razão dessas situações. Não defende nenhuma verdade absoluta ou algo parecido. Ele apenas disserta, de forma até didática, sobre a finitude da vida humana (levada é claro a grandes proporções, a proporções universais). O filme tem imagens belíssimas, como a chuva de granitos que se abate sobre mãe e filho, que expressa como poucas vezes vi, a insuportável dor de saber de que simplesmente não há para onde fugir, para onde se esconder. Lars realizou um filme tão belo que em muitos momentos temos a sensação de estarmos assistindo a pinturas em movimento! Mas é bom frisar, tudo mostrado sem complicação, sem simbolismos inacessíveis (como ocorreu com Anticristo). Assim recomendo Melancolia a todos que gostam de cinema e até mesmo para aqueles que não gostam muito do estilo de Lars Von Trier. Melancolia pode ser assistido sem nenhum problema por qualquer pessoa, basta apenas apreciar uma boa estória. Melancolia é acima de tudo uma obra prima da simplicidade.
Melancolia (Melancholia, Estados Unidos, 2011) Direção: Lars von Trier / Roteiro: Lars von Trier / Elenco: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland / Sinopse: A vida de um grupo de pessoas é afetada de forma absoluta por um evento de proporções cósmicas.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 6 de março de 2012
Sexo Sem Compromisso
Natalie Portman continua linda e carismática. Sua personagem não tem qualquer profundidade ou possibilidade de dar a ela alguma chance de atuar melhor. Sem material bom em mãos não a culpo por no final dar ao seu público apenas uma interpretação de rotina, no controle remoto. De fato esse papel não fará nenhum diferença em sua filmografia. Já Ashton continua o mesmo ator medíocre de sempre, repetindo até a exaustão seu tipo que vem interpretando desde o seriado "That´s 70 Show". Aliás ele só consegue interpretar esse personagem mesmo, do tipo sujeito "meninão abobado" que mesmo envelhecido na idade mais parece um adolescente boboca. Não quero afirmar nada mas me parece que o Ashton no fundo só sabe fazer ele mesmo nas telas. A sensação que tenho é que ele é mais uma celebridade vazia do que um profissional de verdade. Ator não é, pelo visto. Em suma,"Sexo Sem Compromisso" não entrega o que promete. Não é em essência uma boa comédia romântica e nem muito menos desenvolve os bons temas que estão em seu roteiro. No fundo é apenas talento desperdiçado da grande atriz Natalie Portman. Do jeito que ficou o filme é que é sem compromisso, vazio, destituído de qualquer importância. Dispense sem sentimento de culpa.
Sexo Sem Compromisso (No Strings Attached, Estados Unidos, 2011) Direção Ivan Reitman / Roteiro: Elizabeth Meriwether, Michael Samonek / Elenco: Natalie Portman, Ashton Kutcher, Kevin Kline / Sinopse: Emma Kurtzman (Natalie Portman) é uma jovem médica que certa noite aceita fazer sexo casual com Adam Franklin (Ashton Kutcher) . Embora não queira nada mais além disso o casal acaba se aproximando para algo mais, conforme os encontros vão se sucedendo.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 5 de março de 2012
Para Sempre
O filme é estrelado por Rachel McAdams que parece ter alcançado melhores papéis depois do sucesso de "Meia Noite em Paris". Ela é bonita e carismática e se sai bem. O que faltou mesmo a ela em cena foi um partner melhor, pois o tal de Channing Tatum não ajuda. Ele definitivamente não está bem em seu personagem pois aparece travado, sem expressividade, apático. Para quem vive um momento tão delicado em sua vida era de se esperar do papel grandes momentos de dramaticidade mas Tatum não consegue disponibilizar nada para o público, uma decepção! Ele não tem presença e surge sempre de forma tosca em suas intervenções. Melhor se sai Scott Speedman como o antigo namorado de Paige. O antigo galã de Felicity acaba roubando a cena do bobão Tatum. O filme foi dirigido por Michael Sucsy que é praticamente um novato no mundo do cinema. Já o conhecia da ótima produção da HBO, "Grey Gardens". Ainda não foi nesse "Para Sempre" que ele conseguiu despontar mas quem sabe nos anos que virão não possa desenvolver um trabalho melhor. Em conclusão "Para Sempre" não é um excelente romance mas é mediano, passável e indicado para os mais românticos. Se é o seu caso arrisque, possa ser que você venha a gostar.
Para Sempre (The Vow, Estados Unidos, 2012) Dureção: Michael Sucsy / Roteiro: Jason Katims, Abby Kohn / Elenco: Rachel McAdams, Channing Tatum, Sam Neill, Scott Speedman / Sinopse: A jovem Paige (Rachel McAdams) sofre um série acidente de carro e perde sua memória mais recente. Ela esquece dos últimos anos de sua vida, embora não tenha perdido a lembrança sobre sua família, seus pais e seu antigo namorado. O problema central é que ela não se lembra de seu marido, nem do casamento, absolutamente nada que envolva esse relacionamento.
Pablo Aluísio.
The Beatles - Help!
Help não é revolucionário em nada, é um disco comercial até a medula (na Holanda sua capa vinha com uma enorme propaganda da Shell). Sim, é um produto para vender - e vendeu. Mesmo assim não deixa de ser um produto bem feito e coeso. As letras são tipicamente ié, ié, ié - "ela ama você, você me ama, todos se amam" conforme foi dito ironicamente pelo próprio John Lennon anos depois. Algumas faixas são tapa buracos mas há também grandes preciosidades no LP, entre eles aquela que talvez seja a melhor música da história do grupo, a bela "Yesterday" que é tão bem composta e executada que resistiu até mesmo à sua hiper-ultra-comercialização com mais de (dizem) mil regravações! Até cantor brega tem sua versão "iesterdei" para tocar em churrasco de casamento. Como sou chato e mala velha destaco como obras primas aqui apenas a já citada "Yesterday", "You're Going to Lose That Girl" (o trabalho de vocalização entre eles é brilhante e os arranjos pra lá de charmosos) e "Dizzy Miss Lizzy" (sim, embora nem seja uma música dos Beatles associo sua presença a um grito de socorro de Lennon pelo fim dessa fase engomadinha). Já "Help" e "Ticket to Ride", bem mais conhecidas, não me empolgam. Alguém ainda aguenta ouvir explicações de que "Help" é um pedido de socorro de Lennon afogado pela fama? Ou seria socorro pelo abuso de drogas pois ele mesmo admitiu que os Beatles por essa época tomavam drogas até no café da manhã! Estava deprimido porque ficou rico e famoso?! Faz-me rir senhor Ono! Lennon era um chorão mesmo vou te contar! Já "Ticker to Ride" me soa repetitiva e sem direção. É uma canção pop para tocar nas rádios e nada mais. Pop comercial descartável. Finalizando quero dizer que "Help" não é revolucionário, não é a sétima maravilha do mundo e nem mudou a vida como a conhecemos. Também não foi o marco zero da história da música como alguns beatlemaníacos querem fazer crer. Faz parte da fase Ié, Ié, Ié. É um álbum pop comercial (com baixo teor roqueiro pra falar a verdade) que vale por algumas pequenas (e grandes) obras primas e só. No final é bem melhor do que o filme que sendo bem sincero nem precisava existir de tão ruim que é.
The Beatles - Help! (1965)
1. Help!
2. The Night Before
3. You've Got to Hide Your Love Away
4. I Need You
5. Another Girl
6. You're Going to Lose That Girl
7. Ticket To Ride
8. Act Naturally
9. It's Only Love
10. You Like Me Too Much
11. Tell Me What You See
12. I've Just Seen A Face
13. Yesterday
14. Dizzy Miss Lizzy
Pablo Aluísio.
Colega de Quarto
Completando o elenco um presente para os fãs de Titanic, a presença de Billy Zane, fazendo o papel de um professor de moda que ora aparenta ser gay, ora parece ser "pegador". Um personagem divertido. Enfim, o filme não é nenhuma maravilha do gênero suspense, tem clichês a torta e a direita (até cena de ataque de psicopata no chuveiro como em Psicose tem) e cara de produção que vai parar direto em DVD mesmo, mas consegue manter o interesse por causa do elenco de gatinhas com olhos de mangá! É um "Greek encontra Pânico" no final das contas. Para os que gostam de seriados americanos não deixa de ser no mínimo curioso.
Colega de Quarto (The Roommate, Estados Unidos, 2011) Direção: Christian E. Christiansen / Roteiro: Sonny Mallhi, Nick Bylsma / Elenco: Minka Kelly, Leighton Meester, Cam Gigandet / Jovem estudante (Laighton Messter) se torna obcecada por sua colega de quarto (Minka Kelly) e começa a interferir de forma violenta em sua vida pessoal.
Pablo Aluísio.
domingo, 4 de março de 2012
A Promessa
O elenco é excepcionalmente bom. Jack Nicholson deixa seus personagens de sorriso maluco para trás e aqui interpreta um sujeito sério, um tanto angustiado e pouco amistoso. Seu trabalho é contido e na minha opinião de excelente nível. Já o elenco coadjuvante conta com nomes especiais. O principal deles é Mickey Rourke. Contracenando pela única vez ao lado de Jack em uma cena muito tocante (embora de curta duração). Vanessa Redgrave, Helen Mirren, Harry Dean Stantom e Benicio Del Toro também marcam presença, com participações pequenas mas importantes dentro da trama. É isso, "A Promessa", dez anos após seu lançamento, merece ser revisto mais uma vez pois funciona tanto como policial como drama existencial. Assista!
A Promessa (The Pledge, Estados Unidos, 2001) Diretor: Sean Penn / Roteiro: Jerzy Kromolowski, Mary Olson, baseado em livro de Friedrich Dürrenmatt / Elenco: Jack Nicholson, Benicio Del Toro, Aaron Eckhart, Harry Dean Stanton, Mickey Rourke,Vanessa Redgrave, Helen Mirren / Sinopse: Jerry Black (Jack Nicholson) é um policial aposentado que resolve solucionar por conta própria o último caso de sua carreira envolvendo um serial killer pedófilo especializado em assassinar garotinhas de nove anos.
Pablo Aluísio.
sábado, 3 de março de 2012
Fúria Sobre Rodas
Além dos tiros e explosões em excesso o filme tem um dos scripts mais ofensivos que já ouvi. Todo diálogo contém uma profusão de palavrões de baixo nível de deixar qualquer white trash de cabelos em pé. Há cenas absurdamente toscas, como aquela em que Nick se envolve em um tiroteio enquanto transa com uma loirinha qualquer. Mulher objeto é apelido! Em outra bebe tranquilamente champagne em um crânio de um de seus antagonistas. Os efeitos são ridiculamente mal feitos e de mal gosto - mais parece um filme amador feito em pc de quarto de nerd! E para completar a presepada o ator resolveu usar uma ridícula peruca loira que deixa tudo ainda mais ruim. No final fica a dúvida: Qual é a razão que levou Cage a se envolver numa bomba dessa magnitude? Se você gosta de filmes ruins, faça bom proveito e se esbalde!
Fúria Sobre Rodas (Drive Angry, Estados Unidos, 2011) Direção: Patrick Lussier / Roteiro: Todd Farmer, Patrick Lussier / Elenco: Nicolas Cage, Amber Heard, William Fichtner / Sinopse: Milton (Nicolas Cage) retorna do inferno para resolver alguns assuntos inacabados!
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Hanna
A melhor coisa desse filme é a presença das boas atrizes Saoirse Ronan e Cate Blanchett. A Ronan faz o papel de Hanna. É uma jovem atriz bem talentosa que já tnha me chamado a atenção desde que a vi pela primeira vez em "Desejo e Reparação". Depois disso ela ainda fez bons filmes como "Um Olhar no Paraíso". É muito promissora e sempre mostra boa presença e carisma. Já Cate Blanchett repete de certa forma o mesmo papel de espiã do mal que havia feito em "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal". Até o modelito do cabelo é igual. Mesmo assim por sua bela presença em cena consegue deixar o espectador interessado, se o roteiro fosse melhor provavelmente teria brilhado mais. "Hanna" é isso, um thriller de ação nada original mas que pode ser um passatempo sem maiores compromissos se você não exigir muito. No final das contas o que mais me deixou admirado aqui foi saber que um diretor tão cult como Joe Wright (dos filmes "Desejo e Reparação" e "Orgulho e Preconceito") acabou dirigindo uma fitinha de ação como essa! Estará ele atrás do sucesso em Hollywood a qualquer preço? Quem sabe...
Hanna (Hanna, Estados Unidos, 2011) Direção de Joe Wright / Roteiro: Seth Lochhead, David Farr / Elenco: Saoirse Ronan, Cate Blanchett, Eric Bana / Sinopse: Jovem criada em uma floresta distante de nome Hanna (Saoirse Ronan) descobre que na verdade faz parte de um projeto ultra segredo do governo para a criação de super soldados do futuro.
Pablo Aluísio.
Caça às Bruxas
Confesso que a primeira hora de "Caça às Bruxas" não é ruim, muito pelo contrário. Até os 60 minutos iniciais o filme caminha bem, a jornada que leva a garota acusada de ser a bruxa para o monastério prende a atenção. Existem sequências bacanas como a travessia de uma ponte antiga e o ataque de lobos famintos. Além disso sempre fica a dúvida se a garota é ou não uma bruxa. O problema realmente é o desfecho do filme. Não vou contar nada mas vamos acompanhando lentamente a mediocridade dominar a cena. Para falar a verdade faltou sutileza aos realizadores, faltou inteligência no roteiro. O que parecia até mesmo um bom filme acaba virando um sub Van Helsing e isso realmente leva tudo a perder. Em resumo não foi dessa vez que o Nicolas Cage tirou o pé da cova em sua carreira.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 1 de março de 2012
O Poder e a Lei
"The Lincoln Lawyer" tem um bom elenco mas infelizmente há um sério problema na dupla central de atores. Matthew McConaughey apresenta um bom trabalho, inclusive trazendo para sua atuação vários maneirismos de advogados que quem atua na área conhece muito bem. A advocacia não consiste apenas em um bom desempenho processual mas também em um fino tato para lidar com todos os tipos de clientes. Nesse ponto Matthew se saí muito bem. O problema de "O Poder e a Lei" no quesito atuação tem nome: Ryan Phillippe. Sua caracterização do cliente em cena é pobre e medíocre. Esse papel que deveria ser um dos trunfos do roteiro, por causa de sua complexidade, não encontra nenhum respaldo na fraca interpretação de Ryan Phillippe. Sem profundidade, vazio em sua performance o ator quase leva tudo a perder. Fiquei imaginando Kevin Spacey nesse tipo de papel, certamente assim teríamos uma pequena obra prima em mãos mas infelizmente não é isso que acontece. De qualquer forma, mesmo com esse sério problema, o filme consegue prender a atenção, mesmo que tenha um clímax um pouco apressado - e mal direcionado. Certamente "O Poder e a Lei" não pode ser comparado com os grandes filmes de tribunal do passado mas de maneira em geral pode se tornar um bom entretenimento caso você não exija muito.
O Poder e a Lei (The Lincoln Lawyer, Estados Unidos, 2011) Direção: Brad Furman / Roteiro: John Romano baseado no livro de Michael Connelly / Elenco: Matthew McConaughey, Marisa Tomei, Ryan Phillippe / Sinopse: Mick Haller (Matthew McConaughey) é um advogado criminalista que é contratado para defender o jovem Louis Roulet (Ryan Phillippe) de família rica e tradicional na cidade.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Blade Runner - O Caçador de Andróides
Não poderia deixar passa em branco o aniversário de lançamento de Blade Runner. O filme estreou há exatos 30 anos. É assustador como o tempo passa rápido! E é justamente sobre o tempo que Blade Runner lida em seu roteiro. Na trama um grupo de Replicantes (seres artificiais que são criados para os trabalhos pesados que os humanos não querem mais fazer) se revoltam e tentam fugir. Seu tempo de vida (ou existência) é muito curto, eles possuem uma consciência e se ressentem pelo fato de que em breve simplesmente deixarão de existir. Harrison Ford (no auge de sua popularidade) interpreta um Blade Runner, uma espécie de caçador futurista desses seres que ousam se rebelar contra seus mestres (e criadores) humanos. O filme foi um fracasso de bilheteria em sua estréia e aos poucos foi ganhando o status que hoje possui. Na época não tive a oportunidade de assistir Blade Runner nos cinemas (era jovem demais para isso) mas ainda alcancei sua repercussão quando foi lançado com grande pompa no mercado de vídeo (ainda no sistema do antigo VHS). É engraçado porque aluguei o filme mesmo sendo aconselhado a não fazer por amigos que tinham achado o filme "chato" demais. Uma opinião bem normal para um grupo de garotos da década de 80. Mesmo assim assisti e tive uma boa impressão.
Claro que por ser muito jovem não consegui na época compreender e captar todas as nuances do roteiro, seu aspecto existencial e sua carga filosófica mas não esqueci do impacto das belas imagens e da estória pouco convencional. Seu clímax também me impressionou bastante. Era algo realmente novo, diferente e aquilo tudo me marcou, ficando em meu inconsciente por anos e anos. Só muito tempo depois quando revi a produção numa idade mais adulta pude entender o excelente subtexto do filme, sua mensagem intrínseca sobre a efemeridade da vida, do dilema de sabermos sobre a finitude de nossa existência e a passageira experiência que no fundo se resume a nossa vida material. Quando se é muito jovem a questão da brevidade de nossas vidas é algo completamente sem importância. Os jovens realmente possuem essa idéia vaga de que são eternos e indestrutíveis. Isso só vai ganhando maior foco depois com o passar dos anos, quando a morte e sua possibilidade vai ficando cada vez mais presente. O que antes era algo muito remoto começa a rondar, inclusive no cessar de vidas de nossos parentes mais próximos e queridos. E isso é algo que os Replicantes do filme entendem bem pois sua existência é muito curta e eles convivem com isso desde muito cedo. Retratados como vilões os Replicantes de Blade Runner lutam apenas por uma existência digna no pouco tempo que lhes restam. De certo modo eles são mais virtuosos e profundos que os humanos que os perseguem. A proximidade com a finitude de suas existências leva ao enriquecimento interior. E no meio de todas essas questões metafísicas e existenciais está o tempo, implacável. Philip K. Dick, morto antes da finalização do filme, sabia muito bem disso e tentou passar através de seus escritos essa mensagem. Essa é em essência a grande mensagem do filme. A vida é um presente, um singular momento dentro da existência do universo, mas ao mesmo tempo é muito efêmera, passageira, fugaz. Embora cruel o fato é que todos devem aproveitar cada minuto de suas vidas pois ele pode ser o último. Assista Blade Runner e reflita sobre isso.
Blade Runner (Blade Runner, Estados Unidos, 1982) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Hampton Fancher, David Webb Peoples baseado na novela "Do Androids Dream of Electric Sheep?" de Philip K. Dick / Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, Daryl Hannah, Sean Young / Sinopse: Rick Deckard (Harrison Ford) é um caçador de andróides que sai no encalco de Roy (Rutger Hauer), um Replicante fugitivo.
Pablo Aluísio.
Entre Dois Amores
Completando o clima de nostalgia só mesmo um grande cineasta do porte de Sydney Pollack poderia se sair tão bem com um material como esse. Sua direção me lembrou das técnicas de Howard Hawks ou John Ford. Tanto cuidado em sua produção se refletiu imediatamente na noite do Oscar. O filme venceu nas categorias Melhor Filme, Diretor, Roteiro Adaptado, Fotografia, Trilha Sonora Original, Direção de Arte e Som. Como se não bastasse a fita teve ótimo resultado comercial com uma bilheteria que ultrapassou os 200 milhões de dólares (um excelente número para a década de 1980). "Entre dois Amores" é isso, um filme contemporâneo com o charme e o estilo dos antigos clássicos. O resultado final é não menos do que ótimo.
Entre Dois Amores (Out Of Africa, Estados Unidos, 1985) Direção de Sydney Pollack / Roteiro de Kurt Loedtka baseado no livro de memórias de Karen Blixen e Judith Thurman / Elenco: Robert Redford, Meryl Streep, Klaus Maria Brandauer / Sinopse: Karen Blixen (Meryl Streep) vai até a distante África administrar e gerir uma fazenda de café. Para isso terá que enfrentar inúmeras adversidades no local. Lá conhece e se apaixona por Denys (Robert Redford) um aventureiro e caçador que atua próximo de sua plantação.
Pablo Aluísio.
Albert Nobbs
Se não fosse por essa infeliz coincidência Glenn Close certamente teria levado o prêmio da Academia. Seria mais do que merecido uma vez que o projeto da produção foi fruto de muito empenho pessoal da própria atriz. Lutando por financiamento ela foi à luta para levar esse texto para as telas. Está inclusive creditada como uma das roteiristas. Sua história com Albert Nobbs vem de longe pois há muitos anos Close interpretou o mesmo papel no teatro. Certamente pela riqueza do texto ela sabia que tinha uma potencial obra prima em mãos. Seus esforços são dignos de aplausos. Tudo é de muito bom gosto no filme - figurinos, reconstituição de época, cenários, tudo impecável. O elenco de apoio também está brilhante com destaque para Janet McTeer que também recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor atriz coadjuvante por seu papel de Mr. Page. Em conclusão é isso, "Albert Nobbs" traz excelentes questões sobre identidade sexual, abandono, sonhos, projetos de vida, pobreza e de quebra mostra que a estratificada sociedade britânica pode ser tão cruel como a de qualquer outro país periférico do terceiro mundo. Está mais do que recomendado.
Albert Nobbs (Albert Nobbs, Reino Unido / Irlanda, 2012) Direção: Rodrigo García / Roteiro: Glenn Close, John Banville baseado no conto de George Moore / Elenco: Glenn Close, Mia Wasikowska, Aaron Johnson, Janet McTeer / Sinopse: No Século XIX Albert Nobbs (Glenn Close) é um garçom de um hotel na cidade de Dublin. Lá conhece Hubert Page (Janet McTeer), um trabalhador que eventualmente faz serviços no hotel onde trabalha. Para sua surpresa descobre que assim como si próprio o Sr. Page também tem um grande segredo a esconder.
Pablo Aluísio.
Rango
De qualquer forma o que me fez mesmo gostar de Rango são as várias citações e referências aos clássicos filmes de western. Não é segredo para ninguém que sou fã do gênero, então ver todos aqueles personagens e cenas que nada mais são do que homenagens aos grandes flmes de faroeste me fez manter ainda mais o interesse no que viria a acontecer. A estorinha obviamente é bobinha, derivativa mas mesmo assim mantive a atenção. Enfim, Rango é um ótimo passatempo para a criançada e servirá até mesmo para apresentar os pequenos aos ícones dos antigos bang bangs. Só por isso já vale a pena.
Rango (Rango, Estados Unidos, 2011) Direção: Gore Verbinski / Roteiro: John Logan, John Logan / Elenco: Johnny Depp, Isla Fisher, Timothy Olyphant / Sinopse: Rango (voz de Johnny Depp) é um réptil de estimação que após um acidente vai parar numa estrada no meio do deserto. Lutando pela sobrevivência vai parar em uma cidadezinha habitada por pequenos animais como ele. Todos são controlados por um poderoso manda chuva local que detém o bem mais precioso de lá: a água!
Pablo Aluísio.