Mostrando postagens com marcador Wendy Hiller. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Wendy Hiller. Mostrar todas as postagens

sábado, 22 de agosto de 2020

O Homem Que Não Vendeu Sua Alma

O rei inglês Henrique VIII (1491 - 1547) foi o símbolo máximo do absolutismo. Sua palavra era lei e não importava a natureza de seus atos pois havia o dogma de que o Rei nunca poderia estar errado em suas decisões. Partindo dessa premissa, ele ainda hoje é lembrado pelos diversos crimes que cometeu ao longo da vida, inclusive contra muitas de suas esposas, que ao menor sinal de atrito com o rei eram levadas para a forca, para a decapitação ou então isoladas na famigerada Torre de Londres, uma masmorra medieval. Um dos atos mais conhecidos de seu reinado foi o rompimento definitivo com a Igreja Católica e o Papa. Henrique VIII era casado com Catarina de Aragão, da casa de Espanha. Era uma mulher virtuosa, católica fervorosa, mas tinha dificuldades em gerar o filho varão que iria herdar o trono inglês. Desesperado com a falta do nascimento de um filho homem, que lhe sucedesse, o rei Henrique VIII resolveu então pedir a anulação de seu matrimônio ao Vaticano, mas encontrou forte oposição do Papa e seu clero que consideravam o casamento feito sob as leis da igreja uma união indissolúvel. Após tentar por longos anos pela anulação, Henrique resolveu então tomar uma decisão radical. Rompeu com o Papa e expulsou a Igreja da Inglaterra, tornando propriedade do reino todas as terras, mosteiros, igrejas e bens que pertenciam à Igreja Católica.

É justamente a história dessa ruptura o tema central de “O Homem Que Não Vendeu Sua Alma”. Assim nasceu a Igreja Anglicana, fundada por Henrique VIII, uma nova religião para os ingleses, fortemente atrelada ao Estado absolutista, tendo o próprio rei como autoridade religiosa suprema. Dentro de sua nova instituição anglicana, Henrique poderia casar e se separar quantas vezes quisesse, sem precisar pedir autorização papal, uma vez que ele era o líder espiritual máximo da nova Igreja que fundara. Como todo monarca absolutista daquele período histórico, não haveria mais barreiras para sua vonade pessoal. O casamento seria nulo, se ele assim desejasse. Ele iria se separar quantas vezes quisesse e também mandaria para a morte todas as esposas que ele assim sentenciasse. Obviamente que nem todos aceitaram livremente essa nova postura real. Em uma época em que qualquer oposição poderia ser entendida como alta traição, um influente membro da corte, Thomas Moore (Paul Scofield), resolveu se opor aos desmandos do monarca. Católico praticante, não aceitou a expulsão da Igreja papista de seu país. Esse termo passaria a ser uma ofensa dentro da corte. Sua postura lhe valeu a alcunha de ser o homem que não teria vendido sua alma nesse momento particularmente complicado da história britânica. Thomas Moore era um intelectual de seu tempo e estava ciente de que um monarca com poderes plenos e sem limites levaria a Inglaterra a um impasse histórico. E suas previsões iriam se tornar verdadeiras, como bem foi provado pela história.

Aqui temos um filme historicamente fiel, com ótimas interpretações e reconstituição histórica precisa que inclusive lhe valeram vários prêmios, dentre eles os principais da Academia. Produção requintada, de luxo, com excelente nível técnico e cultural, “O Homem Que Não Vendeu Sua Alma” é além de uma bela aula de história, um ótimo entretenimento, mostrando sem receios os perigos que rondam o chamado Estado absolutista, onde toda uma nação ficava refém dos meros caprichos de um poder real sem freios ou limites. Afinal, como todos bem sabemos, o poder corrompe e o poder absoluto corrompe de forma absoluta àquele que o exerce.

O Homem Que Não Vendeu Sua Alma (A Man for All Seasons, Inglaterra, 1966) Direção: Fred Zinnemann / Roteiro: Robert Bolt / Elenco: Paul Scofield, Wendy Hiller, Leo McKern, Robert Shaw, Orson Welles, Susannah York, John Hurt, Vanessa Redgrave / Sinopse: Henrique VIII (Robert Shaw) resolve romper com a Igreja Católica após o Papa se negar a anular seu casamento com Catarina de Aragão. Seu ato encontra forte resistência do influente nobre e intelectual Thomas Moore (Paul Scofield). Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Paul Scofield), melhor roteiro adaptado, melhor fotografia e melhor figurino. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias melhor filme - drama, melhor diretor, melhor ator - drama (Paul Scofield) e melhor roteiro.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Sei Onde Fica o Paraíso

Título no Brasil: Sei Onde Fica o Paraíso 
Título Original: I Know Where I'm Going!
Ano de Produção: 1945
País: Estados Unidos
Estúdio: General Film Distributors (GFD)
Direção: Michael Powell, Emeric Pressburger
Roteiro: Michael Powell, Emeric Pressburger
Elenco: Wendy Hiller, Roger Livesey, George Carney, Duncan MacKechnie, Ian Sadler, Roger Livesey

Sinopse:
Uma jovem inglesa viaja para uma região distante com o objetivo de se casar com seu noivo mais velho e rico. Quando o tempo os mantém separados em ilhas diferentes, ela começa a ter segundos pensamentos sobre sua situação.

Comentários:
Filme de época, bom drama do passado. Aqui é o que se costuma chamar de roteiro sobre costumes, sobre um tempo que nos dias de hoje já não existe mais. No centro da questão o velho dilema envolvendo mulheres jovens e belas que precisam se casar com homens mais velhos e ricos para manter seu status. Era mais comum em tempos mais antigos. Hoje em dia as mulheres de uma maneira em geral procuram abrir seus próprios caminhos, embora obviamente o velho "golpe do baú" ainda esteja em moda em certas camadas da população mais pobre. No elenco não há nenhum grande astro de Hollywood da época e o filme procura se sustentar basicamente na história que conta, o que no final das contas se revela ser uma boa escolha da direção. Cheio de cenas mais fortes do ponto de vista dramático, o filme se salva mesmo pela beleza dos diálogos e pela dramaticidade do elenco. E a história mostra acima de tudo como era complicada a vida de uma mulher procurando por seu lugar dentro da sociedade. Humilhação e submissão eram coisas comuns naquela época.

Pablo Aluísio.