Título no Brasil:
Jackie
Título Original: Jackie
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox Searchlight Pictures
Direção: Pablo Larraín
Roteiro: Noah Oppenheim
Elenco: Natalie Portman, Peter Sarsgaard, John Hurt, Billy Crudup
Sinopse:
Filme baseado em fatos reais. Anos após o assassinato de seu marido, a ex-primeira dama Jackie Kennedy (Natalie Portman) aceita receber a visita de um jornalista para uma entrevista. Ela aceita dar uma entrevista em sua própria casa, em Massachusetts. Enquanto suas lembranças vão se atropelando em sua memória ela vai recordando momentos bons e trágicos de sua vida, como a vida na Casa Branca, as aparições públicas na TV, os grandes bailes e, é claro, o dia trágico em que seu marido, o presidente JFK, foi morto em Dallas durante uma parada em carro aberto pelas ruas da cidade. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Natalie Portman), Melhor Figurino (Madeline Fontaine) e Melhor Música (Mica Levi). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Natalie Portman).
Comentários:
"Jackie" é um filme sobre o luto. Explico. Inicialmente o roteiro mostra Jackie recebendo um jornalista em sua casa. Ela não tem a menor intenção de falar do dia da morte de seu marido JFK. Ela sabe que o jornalista está mesmo em busca dessa informação. Porém antes de qualquer coisa ela procura ter o controle sobre tudo o que será dito e publicado. Aquela seria uma das primeiras entrevistas dela para a imprensa e por isso Jackie Kennedy, que também era uma jornalista de profissão, procura manter tudo sob o seu estrito controle. Só que nem tudo sai como planejado e ela, tomada pela emoção, acaba falando e revelando memórias do dia em que JFK foi assassinado em Dallas. Assim o filme apresenta uma linha narrativa principal - com Jackie e o jornalista em sua casa - e vários flashbacks representando tudo o que ela estava relembrando naquele momento. O interessante é que o roteiro não parece muito disposto a desenvolver outros aspectos que não sejam o sensacionalismo do assassinato, das primeiras reações após a morte do presidente e dos preparativos do funeral. Tanto isso é verdade que há uma cena que até achei de mau gosto quando a cabeça de John literalmente explode após levar o tiro certeiro dado pelo assassino Lee Oswald. Achei desnecessário, explícita demais e um tanto desrespeitosa à memória do presidente. Depois do tiro fatal acompanhamos tudo o que aconteceu depois, com Jackie desnorteada, em estado de choque, sem saber mesmo o que fazer (o que era naturalmente muito compreensível).
Há também uma certa dose de frivolidade na primeira dama quando ela começa a exigir um funeral como o que foi feito para a morte do presidente Lincoln. Aliás é bom que se diga que apesar dos elogios da crítica em geral, não consegui apreciar muito a interpretação da atriz Natalie Portman nesse filme. Achei até que ela soa muito forçada em determinados momentos. Um exemplo disso acontece nas cenas em que Portman interpreta Jackie durante um programa para a TV onde se procurava mostrar o interior da Casa Branca para o povo americano. Ela fala de modo estranho, nada natural, em uma caracterização que pouco lembra a primeira dama, que sempre foi conhecida por ter uma personalidade forte e segura de si mesma. Assim o que temos no final é um longo filme de luto, mostrando basicamente os momentos que antecederam o enterro de JFK. Claro que do ponto de vista de detalhes históricos tudo é mais do que interessante. Ficamos sabendo até mesmo que Jackie se envolveu na escolha do lugar de sepultamento do presidente, dos preparativos do desfile fúnebre, com direito a um cavalo não montado representando a ausência do presidente (apesar dele nunca ter tido um em vida, como bem salienta um dos personagens) e por fim um longo diálogo que ela trava com um padre (interpretado pelo sempre excelente John Hurt, recentemente falecido). É uma ode à dor, ao luto e a um dos momentos mais impactantes da história dos Estados Unidos, tudo visto sob o estrito ponto de vista de Jackie. Se você aprecia esse tipo de espetáculo, digamos, mórbido, certamente vai gostar. De minha parte esperava mesmo por algo mais abrangente sobre a vida da protagonista.
Pablo Aluísio.