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domingo, 15 de dezembro de 2019

Um Corpo Que Cai

O detetive John 'Scottie' Ferguson (James Stewart) decide se aposentar da polícia depois da morte de um colega de farda. Ele se culpa pela morte do policial, que tentava salvar sua vida quando despencou de uma altura mortal. Diagnosticado com acrofobia (medo mórbido de alturas), Scottie entende que não pode mais atuar como homem da lei. Ao reencontrar um velho amigo da faculdade recebe uma proposta de trabalho. Algo simples, nada muito complexo. Gavin Elster (Tom Helmore) quer contratá-lo para que ele siga os passos de sua esposa, que ultimamente tem apresentado um comportamento estranho, fora dos padrões. Não se trata de traição, mas sim de algo mais misterioso, talvez alguma obsessão. Depois de uma certa hesitação 'Scottie' acaba aceitando o serviço. Afinal não deve ser algo muito complicado de se fazer. Mal sabe ele que está entrando em uma teia de mentiras e conspirações que resultará em um macabro assassinato.

"Vertigo" segue sendo um dos mais cultuados filmes do mestre Alfred Hitchcock. Nessa produção ele inaugurou uma nova vertente em sua filmografia, onde problemas e traumas psicológicos formam uma rede de sustentação para crimes mórbidos e violentos. A fórmula iria se sofisticar com "Psicose", o filme que seria considerado sua maior obra prima. Em "Um Corpo Que Cai" Hitchcock usou como matéria prima um antigo romance policial francês escrito por Pierre Boileau e Thomas Narcejac. Ele mandou seus roteiristas "enxugarem" a trama do livro, cortando aspectos desnecessários, personagens sem importância e subtramas descartáveis, se concentrando apenas na estranha aproximação entre o detetive 'Scottie' Ferguson (James Stewart) e a bela jovem Madeleine Elster (Kim Novak), esposa de seu cliente e amigo.

O velho policial é contratado para segui-la pelas ruas de San Francisco, fazendo um relato de tudo o que ela estaria fazendo. Obcecada por uma mulher suicida que viveu no século XIX chamada Carlotta, ela parece ficar fora de si, em transe, quando sozinha. Visita seu túmulo em um cemitério da cidade, depositando flores em sua homenagem, vai a uma exposição onde está exposto um quadro que a retrata na galeria de arte, visita sua antiga casa, agora transformada em hotel e depois, seguindo um roteiro sinistro e macabro, acaba surtando completamente, tentando se matar nas águas geladas da baia de San Francisco. É justamente nesse ponto que tudo muda. Para salvar sua vida, Fergunson acaba se revelando a ela, criando uma aproximação que acaba se transformando em paixão avassaladora. O que o velho detetive não sabe é que tudo não passa de um jogo de cartas marcadas onde ele é apenas uma peça vital de pura manipulação.

Falar mais seria estragar as inúmeras surpresas do filme do mestre do suspense. O curioso é que Alfred Hitchcock, obcecado pela beleza da atriz Kim Novak, conseguiu arrancar dela uma grande interpretação, a maior de sua carreira. Novak nunca fora considerada uma grande atriz dramática, mas sim apenas mais uma beldade de Hollywood. Com Hitchcock as coisas mudaram. Ele conseguiu extrair dela duas interpretações bem convincentes, tanto na pele da fria, sofisticada e misteriosa Madeleine Elster, como da ordinariamente comum e decepcionante Judy Barton. Em ambas as atuações ela está realmente bem acima da média. Isso demonstra a grande diferença que faz um grande diretor para um filme. Já James Stewart seguiu seu próprio estilo pessoal, a do homem íntegro, honesto, que aqui precisa superar um problema psicológico e traumático que o persegue, surgindo sempre em momentos cruciais. "Um Corpo que Cai" é certamente um dos cinco melhores filmes da filmografia de Alfred Hitchcock, aqui no auge de sua fase criativa. Com uma trama cheia de reviravoltas e um domínio completo da arte narrativa, o veterano mestre conseguiu realmente criar mais uma obra prima clássica da sétima arte. Um item completamente indispensável na coleção de todo grande cinéfilo que se preze.

Um Corpo Que Cai (Vertigo,  Estados Unidos, 1958) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Alfred Hitchcock / Roteiro: Alec Coppel, Samuel A. Taylor / Elenco: James Stewart, Kim Novak, Barbara Bel Geddes, Tom Helmore, Ellen Corby / Sinopse: Policial veterano, agora aposentado, é contratado pelo marido para seguir sua esposa pelas ruas de San Francisco. Ela anda apresentando um comportamento estranho, fora dos padrões. O que começa como um caso banal acaba tomando contornos assustadores. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte e Melhor Som.

Pablo Aluísio.

Anatomia de um Crime

Paul Biegler (James Stewart) é um pacato advogado de interior que divide seu tempo entre seu hobbie preferido (a pesca) e a prática do direito. Ao lado de seu amigo de longa data, Parnell Emmett McCarthy (Arthur O'Connell), ele vai levando sua vida sem grandes sobressaltos. Sua rotina muda porém quando é visitado pela jovem e sensual Laura Manion (Lee Remick) que deseja contratar seus serviços para defender seu marido,  Frederick Manion (Ben Gazzara), um militar acusado de ter assassinado um dono de bar que supostamente teria estuprado sua esposa após uma noite de bebedeiras. Após pensar um pouco Paul decide aceitar o caso, mas de antemão esclarece que inocentar o assassino será extremamente complicado, uma vez que o crime foi cometido na frente de várias pessoas que estavam no bar na noite em que ocorreu a morte do suposto estuprador.

"Anatomia de um Crime" é um dos grandes clássicos do chamado cinema de tribunal. O roteiro e o enredo giram justamente no julgamento de Frederick, na tomada de testemunhas, na tensão do tribunal de júri. Se formos abrir um paralelo com outro filme famoso da era clássica que também lidava com um tema parecido, "O Sol é Para Todos", vamos perceber que "Anatomia de um Crime" é muito mais realista e pé no chão do que o clássico citado. O advogado interpretado aqui por James Stewart não tem o mesmo patamar moral e de dignidade que o do seu colega Gregory Peck. Na verdade ele apenas tenta sobreviver da melhor forma possível e para isso aceita casos praticamente impossíveis como a do militar acusado de homicídio.

Os demais personagens da trama também são extremamente bem construídos. Frederick, o acusado, parece manipular todo o tempo a verdade dos acontecimentos. O mesmo ocorre com sua esposa, Laura, que passa longe de apresentar uma postura digna de uma mulher casada (seguindo, é claro, os padrões morais da época do filme). Com tantos personagens dúbios em cena, o espectador entra literalmente em um estado de incerteza, ora acreditando nas boas intenções do homicida, ora desconfiando dele e de sua mulher, que não parecem se enquadrar no modelo de casal comum e feliz. Tomando assim uma levada tão realista "Anatomia de um Crime" surpreende pela coragem do roteiro que nunca sucumbe aos clichês do gênero. O clímax final bem demonstra isso, ao retratar as falhas que o sistema judiciário americano pode cometer.

É justamente nesse dualismo e nessa crueza que se encontra o maior mérito desse clássico, pois no fundo não existem mocinhos e nem bandidos, mas apenas pessoas que a despeito de procurarem o amparo das leis para se defenderem, procuram acima de tudo apenas escapar delas. James Stewart, como sempre, marca presença, mas o grande mérito do filme em termos de atuação vai para o casal Lee Remick e Ben Gazarra, que passeiam de um lado ao outro da fina linha que separa culpados de inocentes. Outro ponto forte do elenco é a presença de um jovem George C. Scott como assistente da promotoria. Sua tentativa de condenar Frederick é marcante. Em conclusão, fica a recomendação de "Anatomia de um Crime", um brilhante estudo da natureza nem sempre ética e digna do ser humano.

Anatomia de um Crime (Anatomy of a Murder, Estados Unidos, 1959) Direção: Otto Preminger / Roteiro: Wendell Mayes baseado na obra de John D. Voelker / Elenco: James Stewart, Lee Remick, Ben Gazzara, Arthur O'Connell, George C. Scott / Sinopse: Pacato advogado é contratado para defender um militar acusado de homicídio. Ele havia matado um dono de bar que supostamente teria estuprado sua esposa. Verdade ou mentira? Com a palavra final o Tribunal do Júri. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (James Stewart), Melhor Ator Coadjuvante (Arthur O'Connell), Melhor Ator Coadjuvante (George C. Scott), Melhor Roteiro Adaptado (Wendell Mayes), Melhor Fotografia (Sam Leavitt) e Melhor Edição (Louis R. Loeffler).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Flechas de Fogo

Cowboy (James Stewart) encontra jovem índio agonizando no meio do deserto após ser atacado por tropas americanas. O socorre e acaba se tornando amigo da nação Apache liderada pelo chefe Cochise (Jeff Chandler). O problema é que o mesmo grupo está em guerra contra o exército americano pela posse do selvagem território do Arizona. Ciente da situação o personagem de James Stewart se coloca a disposição para servir de intermediário em um tratado de paz entre as nações indígenas e o governo dos Estados Unidos sob a presidência do general Grant. Muito curioso esse western que décadas antes de "Dança com Lobos" tratou a questão indígena de forma muito correta e realista. Há uma preocupação do roteiro em mostrar aspectos da cultura dos Apaches, suas danças, festejos. O filme chega ao ponto de mostrar um homem branco se apaixonando por uma jovem índia, algo bem ousado para os anos 50.

James Steward apresenta sua personagem habitual: homem virtuoso, honesto, de boa índole. O único problema mais visível de Flechas de Fogo é a escalação de Jeff Chandler como o chefe da nação Apache. Chandler tinha traços bem americanos e nem a maquiagem forte ameniza esse aspecto. Curiosamente tirando ele e a jovem índia que se apaixona por Stewart nenhum dos demais indígenas do filme apresentam traços de homem branco - são índios ou descendentes mesmo, puro sangue. O filme foi dirigido pelo veterano cineasta Delmer Daves que faria pelo menos mais dois clássicos de western nos anos seguintes: "A Lei do Bravo" (outro western respeitoso com a causa do nativo americano) e "A Última Carroça". Seu maior sucesso comercial viria como roteirista ainda na década de 50 com o famoso "Tarde Demais Para Esquecer". Enfim, "Flechas de Fogo" (cujo título original é flecha quebrada - símbolo de paz entre os Apaches) vale a pena por ser socialmente consciente e à frente de seu tempo

Flechas de Fogo (Broken Arrow, EUA, 1950) Direção de Delmer Daves / Roteiro de Elliott Arnold (novela), Albert Maltz / Com James Stewart, Jeff Chandler e Debra Paget / Sinopse: Cowboy (James Stewart) encontra jovem índio agonizando no meio do deserto após ser atacado por tropas americanas. O socorre e acaba se tornando amigo da nação Apache liderada pelo chefe Cochise (Jeff Chandler). O problema é que o mesmo grupo está em guerra contra o exército americano pela posse do selvagem território do Arizona.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de abril de 2019

O Preço de um Covarde

Dee Bishop (Dean Martin) é líder de um bando de assaltantes de bancos no velho oeste. Após uma tentativa frustrada de assalto todos são presos pelo xerife July Johnson (George Kennedy). Julgados e condenados à forca, não parece mais haver esperanças para os criminosos até o dia em que chega na cidade o carrasco que vai executar o enforcamento. Homem educado, de gestos gentis, ele logo ganha a simpatia de todos. O único problema é que ele na realidade não é quem afirma ser. Na verdade se trata de Mace Bishop (James Stewart) que tentará de todas as formas evitar que seu querido irmão seja enforcado na cidade. Excelente western com um elenco maravilhoso, além de James Stewart e Dean Martin a ótima produção conta com as presenças da linda Raquel Welch e Andrew Prine. A primeira coisa que chama a atenção é o próprio personagem de James Stewart. Ele é um ladrão, tal como seu irmão, assalta bancos e mente o tempo todo, mas mesmo assim não deixa de ser charmoso e fascinante para os moradores da região. James Stewart geralmente interpretava papéis de homens virtuosos, íntegros, éticos e esse Mace Bishop é uma exceção nessa linha. Sua atuação é mais uma vez muito digna e marcante.

Ao seu lado em cena o cantor Dean Martin, mais uma vez não compromete. É curioso porque muitos decretaram o final de sua carreira no cinema após se separar de Jerry Lewis. Ledo engano. Martin conseguiu superar essa separação e ao longo dos anos construiu uma sólida filmografia com alguns filmes realmente maravilhosos. Aqui ele interpreta o irmão caçula Bishop. No fundo tudo o que deseja é escapar das garras da lei para ter um novo recomeço em algum lugar onde possa finalmente ter paz e tranquilidade. O termo “bandolero” do título original se refere a um vasto território hostil localizado além do Rio Grande (marco geográfico que separa o México dos EUA) que é na realidade uma terra de ninguém, dominado por saqueadores e ladrões mexicanos. É justamente nesse local onde se passará os eventos mais dramáticos de todo o filme. Em conclusão “O Preço de um Covarde” é mais um momento marcante na rica carreira do saudoso James Stewart, um ator diferenciado que aqui surge em cena em um papel incomum. Simplesmente imperdível.  

O Preço de um Covarde (Bandolero!, EUA, 1968) Direção: Andrew V. McLaglen / Roteiro: James Lee Barrett, Stanley Hough / Elenco: James Stewart, Dean Martin, Raquel Welch. George Kennedy, Andrew Prine / Sinopse: Dois irmãos tentam fugir das garras da lei na fronteira entre EUA e México. Após atravessarem o Rio Grande são incansavelmente perseguidos pelo xerife Johnson. O problema é que o vasto território é um covil de ladrões e assassinos mexicanos. Quem conseguirá sobreviver a esse lugar tão hostil?

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de março de 2019

E o Sangue Semeou a Terra

Argumento e Roteiro: O filme mostra as lutas de um grupo de pioneiros que adentram o Oeste americano em busca de terras para lá se estabelecerem. No caminho encontram tribos de índios selvagens e comerciantes de provisões desonestos. O roteiro se foca bastante na briga entre o líder da caravana, Glyn McLyntock (James Stewart), e um comerciante desonesto que recebe por um carregamento de alimentos mas não o entrega no acampamento dos pioneiros na montanha conforme havia sido contratado. Para evitar que seu grupo morra de fome Glyn resolve pegar suas provisões à força, o que gera uma série de conflitos na região. A estória e o roteiro em si são simples e o filme curto, mas tudo muito bem realizado.

Elenco: O destaque fica obviamente com James Stewart em mais um de seus personagens íntegros e honestos. Curiosamente seu Glyn McLyntock também tem um passado nebuloso quando era um assaltante das fronteiras distantes. A caravana de carroças com os pioneiros se torna assim sua redenção pessoal rumo a uma nova vida. Outro ator que chama atenção no elenco é Rock Hudson. Em começo de carreira, ele aqui interpreta um jogador e aventureiro, Trey Wilson. Seu figurino é exótico, com roupas e chapéu em cores incomuns, como lilás. Tudo bem diferente do que estamos acostumados a ver em personagens de filmes de western. Como era muito jovem ainda, sua atuação se mostra muito fraca e vacilante. Rock está sempre com um sorriso no rosto, não importando a situação. Realmente o ator era ainda muito inexperiente e deixa transparecer isso em suas cenas.

Produção: Um dos pontos altos do filme. Apesar de ter cenas feitas em estúdio “E o Sangue Semeou a Terra” foi praticamente quase todo rodado em locações distantes. O Estado americano escolhido para as filmagens foi o bonito Oregon, com muitas montanhas nevadas e rios exuberantes, entre eles o Rio Columbia onde as cenas com o barco “The Queen River” foram realizadas. Já a montanha Hood se destaca por sua beleza natural, sempre ao fundo das cenas. Tudo muito bonito para o espectador se deliciar com as lindas paisagens naturais.

Direção: “E o Sangue Semeou a Terra” foi mais uma bem sucedida parceria entre James Stewart e o diretor Anthony Mann. Aqui eles repetem de certa forma a fórmula que havia dado tão certo em “Winchester 73”, um dos maiores sucessos de bilheteria da dupla. O curioso é que apesar de ambos terem trabalhado em muitos filmes, eles geralmente brigavam bastante durante as filmagens. Não que se odiassem ou algo assim, mas o fato é que criaram uma relação tão próxima de amizade que geralmente diziam o que pensavam um ao outro, sem rodeios. Isso inevitavelmente criavam atritos entre eles. Aqui em “O Sangue Semeou a Terra” o diretor surge acima de tudo econômico e eficiente. Conta sua estória da melhor forma possível mas sem exageros ou afetações. O resultado se mostra muito bom no final das contas.

E o Sangue Semeou a Terra (Bend of the River, EUA, 1952) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Borden Chase, baseado no livro de William Gulick / Elenco: James Stewart, Rock Hudson, Arthur Kennedy, Jay C. Flippen, Julie Adams / Sinopse: O filme narra as lutas de um grupo de pioneiros que vão para o Oeste selvagem em uma caravana de carroças com a intenção de começar uma nova vida em terras distantes. Para vencer em sua jornada, eles terão que lutar contra tribos indígenas hostis e comerciantes de provisões desonestos.

Pablo Aluísio. 

domingo, 20 de janeiro de 2019

Região do Ódio

Temos aqui um clássico filme de western com a dupla James Stewart e Anthony Mann. No enredo Jeff Webster (James Stewart) é um cowboy contratado para levar um grande rebanho de gado para a distante Seattle, quase na fronteira com o Canadá. Chegando lá acaba involuntariamente atrapalhando uma execução na forca de alguns bandidos locais. O fato acaba levando o juiz Gannon (John McIntire) a tomar de posse todo o rebanho sob o título de multa contra seu ato. Webster obviamente entende a verdadeira razão de Gannon, pois ele é um magistrado corrupto que usa a lei em seu proveito próprio, sempre roubando do povo da cidade onde vive. Com medo. todos recuam em relação aos seus atos arbitrários. Mas para Webster as coisas serão diferentes pois ele não vai admitir que seu gado seja roubado dessa forma.

Mais um ótimo western dirigido por Anthony Mann e estrelado pelo ator James Stewart. A parceria cinematográfica entre eles foi responsável por grandes filmes do gênero nas décadas de 1950 e 1960. "Região do Ódio" logo chama a atenção por algumas particularidades. A primeira e mais visível é a bonita fotografia, fruto da linda região onde o filme foi realizado, nas montanhas nevadas da fronteira entre Estados Unidos e Canadá. A beleza natural do local realmente chama a atenção e proporciona ótimas tomadas de cena. Em uma delas a equipe do filme teve a sorte de capturar uma grande avalanche de neve. Imagine a dificuldade que a produção teve em filmar naquele local remoto. Além disso grande parte do enredo se passa numa pequena comunidade de mineradores no pé da montanha, o que faz com que a natureza esteja sempre presente em praticamente todas as cenas.

Outro aspecto muito interessante vem da própria construção psicológica do personagem de James Stewart. Por anos ele interpretou grandes homens de uma integridade acima de qualquer suspeita. Aqui na pele do cowboy Jeff Webster temos uma outra perspectiva. Ele é individualista, até mesmo egoísta, e ciente de que não se deve confiar muito nas pessoas ao redor. Talvez seu único contato mais próximo venha da amizade que tem com o seu pobre amigo de viagem. Mesmo quando parece se importar com mulheres, ele não abaixa a guarda. Só no final, em ótimo clímax, finalmente Stewart recupera, mesmo que indiretamente, a grandeza que sempre foi característica de seus principais personagens no cinema. O grau de injustiça na localidade se torna tão alto que mesmo ele em seu individualismo extremo resolve agir, mostrando aos moradores que apenas a omissão garante a opressão.

"Região do Ódio" também expõe a corrupção generalizada das autoridades e a certeza da impunidade. O grande vilão do filme é o juiz Gannon (John McIntire) que usa a lei e seu poder para tomar os bens de todos na comunidade. Primeiro ele avança no rebanho do personagem de James Stewart e depois, não satisfeito, começa a tomar posse de todas as minas da região. Um verdadeiro ladrão que usa a lei em proveito próprio. No filme pelo menos a população da cidade se revolta contra as várias injustiças. Afinal tudo tem um limite e até os poderosos devem pagar por seus crimes. Enfim, temos aqui um faroeste classe A, uma produção da era de ouro de Hollywood que até hoje se mostra atual e relevante. Um show de cinema com a assinatura de Anthony Mann.

Região do Ódio (The Far Country, Estados Unidos, 1954) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Borden Chase / Elenco: James Stewart, Ruth Roman, Corinne Calvet / Sinopse: O cowboy Jeff Webster (James Stewart) cai em uma armadilha ao levar seu gado para uma região distante. Um juiz corrupto tenciona roubar todo o carregamento, em um absurdo ato de corrupção.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de janeiro de 2019

A Conquista do Oeste

Tinha tudo para ser um grande filme, mas acabou sendo prejudicado por suas próprias pretensões absurdas. Quando a Metro decidiu produzir esse faroeste resolveu que iria realizar "o filme definitivo" sobre o velho oeste. Para isso contratou três grandes diretores do gênero e um elenco milionário que contava com, entre outros astros, James Stewart, John Wayne e Gregory Peck. A promessa era de que haveria mesmo uma super produção vindo. Além disso contava com um novo sistema de exibição chamado Cinerama, que tinha como objetivo dar uma visão completa da cena para o público, com três enormes telas. 

Infelizmente as coisas não foram bem. O excesso de atores, diretores e roteiristas só resultou em um filme longo, arrastado e superficial. Nenhum personagem tinha tempo de se desenvolver bem. Dizia-se na época que a Metro havia juntado três roteiros de três filmes diferentes em um só! Não poderia dar certo mesmo. Além disso o tal sistema de tela tripla cansava o espectador que em determinado momento não sabia nem em que direção deveria olhar. Mais uma experiência para atrair público que não havia dado muito certo. Revisto hoje em dia o filme não se sustenta muito. Todos os elementos estão lá, porém isso não resultou em um grande filme, mas apenas em um filme grande, longo demais, que acaba causando simples tédio.

A Conquista do Oeste (How the West Was Won, Estados Unidos, 1962) Direção: John Ford, Henry Hathaway, George Marshall, Richard Thorpe / Roteiro: James R. Webb, John Gay / Elenco: James Stewart, John Wayne, Gregory Peck, Henry Fonda, Debbie Reynolds, Karl Malden, George Peppard, Eli Wallach, Richard Widmark / Sinopse: São três histórias que se interligam e que contam a história da colonização do velho oeste americano, com seus pioneiros, cowboys, militares e fazendeiros. Todos em busca de uma vida melhor.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

A Águia Solitária

Título no Brasil: A Águia Solitária
Título Original: The Spirit of St. Louis
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder
Elenco: James Stewart, Murray Hamilton, Patricia Smith, Marc Connelly, Arthur Space, Charles Watts
  
Sinopse:
O ano é 1927. O piloto Charles Lindeberg (James Stewart) começa os preparativos de uma aventura ousada, inédita na história até aquele momento. Ele tentará pela primeira vez atravessar sozinho em seu avião "Spirit of St. Louis" o Oceano Atlântico, saindo de Nova Iorque com destino até a capital francesa, Paris. Não será algo fácil de realizar, mas Lindeberg se mostra confiante para atingir seus objetivos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Louis Lichtenfield).

Comentários:
O filme enfoca a travessia do Oceano Atlântico por Charles Lindberg em 1927. Para quem andou esquecendo as aulas de história esse foi um evento histórico. O piloto virou automaticamente herói americano por sua proeza, sendo recebido por incríveis quatro milhões de pessoas quando retornou a Nova Iorque após o êxito de sua famosa aventura! Claro que um filme onde todos sabem como será o final perde um pouco seu atrativo, mas isso é o de menos. O importante é acompanhar como o piloto executou a incrível missão, os desafios que enfrentou e os perigos de se voar em um avião como aqueles em direção à distante Europa. Por seu feito ele foi consagrado, virando uma espécie de símbolo do próprio espírito americano!  Em vista de todo esse clima, digamos, ufanista, não é de se admirar que o filme adote uma postura de reverência com o personagem principal. Para interpretar uma pessoa com toda essa reputação nada mais natural que chamar James Stewart, que naquele momento de sua carreira estava totalmente consagrado, não apenas por seus filmes ao lado de Frank Capra, mas também por uma invejável lista de sucessos que vinha colecionando. Ele personificava também o homem comum, símbolo do sentimento patriota daqueles anos. Por essa razão interpretar heróis ou virtuosos era bem adequado a ele naquele momento de sua carreira!

O roteiro pode ser chamado de burocrático, pois não toma nenhuma grande liberdade com o fato histórico. Vamos acompanhando a travessia e como o filme não poderia se concentrar apenas no que acontecia dentro da pequenina cabine do Spirit St Louis durante duas horas de duração, os roteiristas resolveram intercalar momentos em flashback da vida de Lindberg enquanto ele vai atravessando o oceano. Funciona muito bem uma vez que evita que o espectador fique entediado. O diretor aqui é o consagrado Billy Wilder, famoso por sua fina ironia e cinismo que usava em seus filmes. Porém aqui em "Águia Solitária" nada disso voltou a acontecer. Claro que ele coloca pequenos momentos de humor aqui ou acolá, mas em relação a Lindberg ele não arrisca e adota uma postura de respeito para com seu protagonista. Interessante é que anos depois a figura desse "herói" seria seriamente arranhada pois alguns historiadores afirmariam que ele tinha uma simpatia nada disfarçada pelo regime nazista! Claro que nada disso é mostrado no filme, pois foi algo que só veio a público muitos anos depois, mas mesmo que não fosse o caso duvido muito que alguém fosse mexer em um vespeiro desses na época da realização do filme. Enfim, apesar dos pesares, da longa duração, do ufanismo e da falta de leveza, "Águia Solitária" é um bom entretenimento - e serve também como aula de história.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de abril de 2018

Garota do Interior

Título no Brasil: Garota do Interior
Título Original: Small Town Girl
Ano de Produção: 1936
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: William A. Wellman, Robert Z. Leonard
Roteiro: Ben Ames Williams, John Lee Mahin
Elenco: Janet Gaynor, Robert Taylor, Binnie Barnes, James Stewart
  
Sinopse:
Katherine 'Kay' Brannan (Janet Gaynor) é uma garota nascida no interior, bem no meio rural. Ela acha a vidinha de interiorana muito maçante e complicada de suportar. Certa noite, casualmente, ela conhece o jovem, bonito e rico, Bob Dakin (Robert Taylor). Eles se dão muito bem, mas Bob acaba exagerando na bebida. Sem saber o que está fazendo pede a mão da garota em casamento. No dia seguinte, finalmente sóbrio, descobre que acabou se casando mesmo com ela numa capela local na noite anterior! Seus pais conservadores porém não admitem nem a hipótese de haver uma separação entre eles.

Comentários:
Comédia romântica que hoje em dia vai certamente soar muito pueril. Mesmo assim conseguiu manter o charme mesmo após tantos anos de seu lançamento original. O grande atrativo vem do elenco. Janet Gaynor e Robert Taylor formam o improvável casal de namorados ocasionais que acabam se casando numa noite de bebedeiras e loucuras (o enredo inclusive se parece muito com um fato real que aconteceu na vida de Marilyn Monroe, quando ela se casou bêbada com um amante que mal conhecia no México, para desespero dos executivos do estúdio Fox). Como se pode perceber pela sinopse se trata de uma comédia de erros, brincando o tempo todo com os costumes da época. A atriz Janet Gaynor funcionava muito bem nesse tipo de papel, a da garota espevitada dos anos 20 e 30. Com seus modos nada convencionais ela chocava o público que ia ao cinema oitenta anos atrás, exatamente por fugir daqueles rígidos padrões de comportamento aos quais as mulheres estavam submetidas. Já Robert Taylor era o galã que toda garota sonhava namorar (o que garantia a bilheteria do filme nos cinemas). Por fim e não menos importante é importante salientar a presença do ator James Stewart, ainda dando os primeiros passos em sua carreira, no elenco de apoio. Grande e desengonçado, ele não trazia nenhuma pista de que um dia iria virar um dos maiores nomes da história de Hollywood em sua era de ouro, clássica.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Aeroporto 77

Esse foi mais um filme da franquia de filmes "Aeroporto". Praticamente todos os filmes foram sucessos de bilheteria, repetindo basicamente a mesma fórmula, reunindo um elenco de grandes ídolos do passado ás voltas com problemas (e desastres) em viagens de avião. Aqui temos James Stewart interpretando um milionário chamado Philip Stevens. Ele está promovendo a abertura de um grande museu de arte com sua própria coleção de quadros históricos, alguns deles valendo milhões de dólares. O museu vai funcionar em uma de suas muitas mansões. Ele quer que toda a sua coleção seja apreciada pelo público. Acontece que sua inigualável coleção de arte está do outro lado do país. Assim ele manda um dos seus aviões particulares, um enorme Boeing 747, trazer todos os seus quadros para a costa oeste. Além disso o avião traz ainda um seleto grupo de convidados especiais, críticos de arte, milionários e sua filha, acompanhada do neto que ele mal conhece.

A viagem com tantas obras de arte caríssimas chama a atenção de um grupo de criminosos. Eles se infiltram na tripulação. Seu plano é tomar controle do avião, tirando ele da vista dos radares, o levando para uma velha pista de pouso abandonada desde a II Guerra Mundial. Essa pista fica em uma ilha isolada do Caribe. Eles querem obviamente roubar toda a galeria de arte, onde estão quadros de Renoir, Picasso, Van Gogh, etc. Cada um desses quadros valem milhões de dólares. No começo o plano criminoso sai bem, mas logo o copiloto, que também faz parte da quadrilha, perde o controle do 747 e o grande avião sofre um acidente. O piloto é interpretado por Jack Lemmon. Ele tenta de todas as formas salvar a vida dos passageiros, mas isso não será algo fácil de fazer. O avião cai no mar e vai afundando aos poucos. O roteiro é um clássico da série "Aeroporto". Todos os grande atores do elenco, com exceção de James Stewart e Jack Lemmon, tem poucas chances de desenvolver seus personagens. A grande dama Olivia de Havilland, por exemplo, não tem maiores possibilidades de mostrar seu talento. Ela interpreta uma passageira milionária que no final das contas tenta apenas sobreviver ao desastre. Idem para o "Drácula" Christopher Lee. Casado com uma mulher insuportável ele acaba tendo um final trágico. Enfim, um filme que não decepcionou os fãs do cinema catástrofe. Como foi mais um sucesso de bilheteria abriu espaço para outras produções da mesma linha. Nos anos 70 os filmes "Aeroporto" eram sucessos certos nos cinemas.

Aeroporto 77 (Airport '77, Estados Unidos, 1977) Direção: Jerry Jameson / Roteiro: Arthur Hailey, Michael Scheff / Elenco: Jack Lemmon, James Stewart, Christopher Lee, Olivia de Havilland, George Kennedy, Lee Grant, Joseph Cotten / Sinopse: Grande avião Boeing 747 é sequestrado, sofre um acidene e cai no mar. Enquanto vai afundando o piloto tenta uma forma de salvar as vidas de todos os passageiros. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte (George C. Webb e Mickey S. Michaels) e Melhor Figurino (Edith Head, Burton Miller).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Atire a Primeira Pedra

Título no Brasil: Atire a Primeira Pedra
Título Original: Destry Rides Again
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: George Marshall
Roteiro: Felix Jackson, Gertrude Purcell
Elenco: Marlene Dietrich, James Stewart, Mischa Auer, Charles Winninger, Brian Donlevy, Allen Jenkins

Sinopse:
Após a morte do xerife, o prefeito de uma pequena cidadezinha do Texas resolve nomear Tom Destry Jr (James Stewart) como o novo xerife. Inicialmente desacreditado por todos, aos poucos ele vai ganhando a confiança dos habitatantes do lugar, iniciando também um breve romance com a bela cantora do saloon, Frenchy (Marlene Dietrich).

Comentários:
Depois de "A Mulher Faz o Homem", assinado pelo grande diretor Frank Capra, foi que James Stewart atuou em seu primeiro western. O filme se chamava "Atire a Primeira Pedra". Lançado em 1939, com direção do especialista em filmes de faroeste George Marshall (um dos maiores nomes do gênero em todos os tempos), o filme contava ainda com a estrela Marlene Dietrich. Na época de seu lançamento houve algumas críticas pelo fato do filme não ser um western tão tradicional como todos esperavam. Na verdade a presença de Marlene Dietrich exigia algumas concessões no roteiro como a inclusão de músicas e um espaço maior para o romance entre os principais personagens. O público que lotava os cinemas para assistir filmes de western naquela época queria ver pistoleiros durões, duelos em ruas empoeiradas e muita ação, com tiroteios e batalhas entre soldados e nativos. Nada disso havia no filme. O sucesso acabou sendo apenas mediano. Hoje em dia o filme vale a pena principalmente por seu valor histórico. Afinal reuniu em seu elenco dois mitos do cinema internacional, Stewart e Marlene Dietrich.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

A Loja da Esquina

Título no Brasil: A Loja da Esquina
Título Original: The Shop Around the Corner
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Ernst Lubitsch
Roteiro: Samson Raphaelson, Miklós László
Elenco: Margaret Sullavan, James Stewart, Frank Morgan
  
Sinopse:
Alfred Kralik (James Stewart) é o melhor vendedor de uma loja de variedades em Budapeste, na Hungria. Quando Klara Novak (Margaret Sullavan) é contratada para trabalhar no mesmo estabelecimento começam os atritos. Eles não se dão muito bem e em pouco tempo a convivência começa a se tornar intolerável. O que eles nem desconfiam é que trocam cartas apaixonadas entre eles, em um programa de encontros anônimos. Apaixonados na escrita, mas implicantes no trato pessoal, eles terão uma surpresa e tanto quando suas verdadeiras identidades são reveladas depois de um longo período de troca de correspondências.

Comentários:
Pauline Kael foi uma das mais famosas críticas de cinema da história do jornalismo americano. Ela manteve uma coluna periódica na publicação "The New Yorker" por longos anos. Seus textos eram extremamente influentes e poderia levar um filme ao fracasso completo caso escrevesse uma crítica negativa. Ela era conhecida por sua aspereza e forma ácida com que destruía filmes que não lhe agradassem. Mesmo sendo considerada implacável em suas avaliações ela acabou se rendendo ao charme desse charmoso "The Shop Around the Corner". Na verdade ela se encantou tanto com essa produção que chegou ao ponto de escrever que era uma das melhores comédias românticas da história do cinema americano! Um elogio e tanto partindo de alguém que era conhecida por ser tão pouco generosa na distribuição de elogios cinematográficos. A boa notícia é que ela tinha toda a razão. Esse filme é de fato uma delícia em todos os aspectos. O roteiro é cativante e emociona o espectador não apenas pela singeleza de seu enredo, mas também pelas excelentes atuações da dupla central de atores. James Stewart sempre foi o tipo ideal para dar vida a personagens de uma honestidade de sentimentos fora do comum. Com poucos minutos você já sabe que ele é uma pessoa em que se pode confiar. Margaret Sullavan era outra preciosidade das telas. Simpática, mas também passando a sensação de ser uma mulher dos novos tempos, ela se deu muito bem ao contracenar com Stewart, dando credibilidade à dúbia situação pela qual passa sua personagem. Em suma, um dos clássicos mais charmosos da década de 1940. Uma verdadeira jóia do cinema clássico americano. Simplesmente imperdível para cinéfilos de estilo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Que Papai não Saiba

Título no Brasil: Que Papai não Saiba
Título Original: Vivacious Lady
Ano de Produção: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: George Stevens
Roteiro: P.J. Wolfson, Ernest Pagano
Elenco: Ginger Rogers, James Stewart, James Ellison, Beulah Bondi, Charles Coburn, Frances Mercer

Sinopse:
Peter Morgan, Jr (James Stewart) é um sujeito todo certinho, professor universitário, que se prepara para seguir os passos de seu avô e seu pai, para um dia se tornar reitor da universidade. Durante uma visita a Nova Iorque ele conhece, se apaixona e se casa com Francey Morgan (Ginger Rogers), uma cantora de night clubs. De volta ao lar ele agora terá que encontrar um jeito de contar isso ao seu pai, um sujeito conservador, linha dura e de mente atrasada, que provavelmente terá um choque e uma explosão de raiva quando souber das novidades.

Comentários:
Esse filme foi lançado um ano antes do começo da II Guerra Mundial. Isso significa que a inocência desse tipo de enredo em breve iria desaparecer diante das atrocidades dos campos de batalha (o próprio James Stewart iria para a guerra). É um roteiro romântico, diria até bem bobinho. Toda a estória gira em torno do medo de um jovem nerd em contar para seu pai (um sujeito dominador e prepotente) que havia se casado com uma dançarina de boates! Tudo o que o velho mais abominaria. Diante do pavor da situação ele retorna para sua velha cidade com sua esposa, mas esconde dos pais que ela é casada com ele. Ao invés disso fica o tempo todo mantendo uma mentira, a de que a garota seria na verdade a namorada de seu primo! Como se pode perceber é uma comédia de costumes ao velho estilo. Tudo baseado numa peça teatral. James Stewart era muito jovem quando atuou nessa produção. Ele ainda estava um pouco distante dos clássicos do cinema que iria estrelar. Imaturo, até com um pouco de falta de jeito, seu estilo mais matuto acabou combinando muito bem com seu personagem. Já Ginger Rogers, que se tornaria imortal na história de Hollywood por causa de seus musicais inesquecíveis ao lado de Fred Astaire, estava mais bonita do que nunca! Ela tinha um excelente timing para a comédia e aqui demonstra bem isso. O filme chegou a ser indicado a dois prêmios técnicos no Oscar, o de Melhor Fotografia (Robert De Grasse) e o de Melhor Som (James Wilkinson). O diretor George Stevens, um dos grandes cineastas de Hollywood durante a fase de ouro do cinema clássico americano, aqui dirigiu um de seus trabalhos mais leves e descompromissados, e mesmo assim acabou sendo premiado no Venice Film Festival como melhor diretor estrangeiro. Não tem jeito, mesmo com produções românticas, leves e ingênuas, esses gênios da sétima arte conseguiam realmente se sobressair.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Um Corpo Que Cai

Outro filme que gostei muito de rever recentemente foi "Vertigo" (no Brasil, "Um Corpo Que Cai") também do mestre Alfred Hitchcock. Certa vez durante uma entrevista o cineasta explicou a tênue tese que permeava todo o enredo do filme. Tudo era uma metáfora sobre a diferença entre a realidade e a fantasia, o mundo concreto e o mundo idealizado.

Na estória um detetive aposentado chamado John 'Scottie' Ferguson (interpretado pelo sempre ótimo James Stewart) aceita a proposta de fazer um último serviço de investigação para um velho amigo. O sujeito é um daqueles homens bem sucedidos casados com mulheres bem mais jovens. Ela ultimamente vem apresentando um comportamento estranho, o que acende o alerta na cabeça do maridão. Todas as tardes ela sai por San Francisco, sem rumo certo, com comportamento fora do normal. Ele contrata assim Scottie para seguir seus passos, descobrir onde ela vai, o que faz e com quem anda nesses momentos...

Traição? Nem tanto. A jovem (na pele de Kim Novak, no auge da juventude e beleza) parece ter desenvolvido algum tipo de obsessão em relação a uma parente distante, sua trisavô, que teria se matado. Ela vai até seu túmulo, visita sua antiga casa, passeia por lugares onde ela viveu e por fim tenta se matar nas águas geladas da baía de San Francisco. Para salvá-la Scottie acaba se aproximando dela, nascendo daí uma paixão avassaladora. Tudo parece seguir numa certa normalidade, porém o que o velho detetive nem desconfia é que tudo o que surge na sua frente não é a realidade, mas um mundo de manipulação, onde ele é apenas um instrumento de ilusão numa teia criminosa.

A tese de Alfred Alfred Hitchcock era justamente essa. A diferença entre o que pensamos ser a realidade e aquilo que realmente é. De um lado o mundo real, concreto. Do outro a fantasia, a imaginação, a mentira. Uma metáfora sobre o próprio cinema no final das contas. O roteiro de "Vertigo" tem várias reviravoltas, algumas delas bem intrigantes e surpreendentes, mas o que mais deixa o espectador surpreso mesmo é ver como uma atriz de talento trivial como Kim Novak conseguiu ter um trabalho de atuação tão bom.

Ela no filme interpreta duas personagens, o seu eu real e a máscara que se apresenta para o velho policial de James Stewart. Uma de suas personalidades tem classe, finesse e por ter um comportamento reservado apresenta um ar misterioso e sedutor que se revela irresistível ao tira aposentado. A outra é uma mulher completamente ordinária (no sentido de ser comum), nada sofisticada, chegando ao ponto de ser simplesmente vulgar. Pura decepção. Uma trabalhadora tentando sobreviver em um emprego meramente medíocre. Certa vez Hitchcock disse que atores eram como gado e deveriam ser tratados como gado. Embora seja uma opinião forte, diria até ofensiva, quando vemos atuações como a de Kim Novak nesse filme acabamos entendendo que apesar de ser um jeito bem heterodoxo de direção a coisa parecia mesmo funcionar perfeitamente...

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Janela Indiscreta

Nessa última semana decidi rever dois filmes do mestre Alfred Hitchcock. Fazia bastante tempo desde que os havia assistido pela última vez (alguns deles há mais de vinte anos!) e por essa razão achei uma boa ideia revê-los. Afinal de contas qualquer filme assinado por Hitchcock vale muito a pena rever, sob qualquer ponto de vista. Os dois que escolhi  foram os clássicos absolutos "Um Corpo Que Cai" e "Janela Indiscreta". Em minha memória havia gostado muito mais do primeiro do que do segundo. A impressão que tinha de "Vertigo" era muito mais sólida, mais forte, mais consistente.

Nessa revisão tardia acabei me surpreendendo pois adorei muito mais rever "Rear Window"! Embora "Um Corpo Que Cai" tenha um roteiro bem mais complexo e coeso, com ótimas tomadas externas e variedade maior de situações e cenários (com um ótimo final), "Janela Indiscreta" nos pega por sua extrema criatividade e originalidade. Para quem nunca viu ou não se lembra o filme conta a estória (simples) de um fotógrafo profissional (interpretado pelo grande James Stewart) que fica preso numa cadeira de rodas em seu apartamento após quebrar sua perna. Sem ter o que fazer para passar o tédio ele começa a espiar com uma câmera seus vizinhos de prédio (em uma maravilhosa recriação em estúdio de um típico condomínio de apartamentos residencial de Nova Iorque). Sim, ele se torna um voyeur da vida alheia!

E assim ele vai conhecendo os tipos mais variados. Há uma senhorita muito solitária e deprimida que passa os seus dias a idealizar o encontro romântico de seus sonhos, o jovem casal em lua de mel, a dançarina bonitona que é cortejada por um batalhão de pretendentes, um estranho casal que dorme na sacada de seu apê, usando uma cesta para descer seu cachorrinho de estimação até o pátio lá embaixo e por fim um velho casal que aparenta toda a saturação de um casamento em frangalhos que vai se arrastando por anos e anos. A esposa está inválida sobre uma cama e seu marido, um vendedor cansado da vida, não parece ter mais paciência para cuidar dela. É a massacrante rotina de uma vida ordinária cobrando seu preço.

É justamente sobre eles que as lentes de Stewart começam a prestar mais a atenção pois durante uma noite chuvosa ele acaba se convencendo que o homem matou sua esposa, a cortou em pedaços e colocou seus restos mortais em várias malas que ele vai tirando de seu apartamento aos poucos, durante as madrugadas! Chocante demais para você? Não para o mestre do suspense... Claro que o assassinato deixa alarmado o personagem de Stewart, mas nem seu velho amigo da guerra acredita em sua versão dos fatos. Para o velho tira seu colega está apenas entediado, inventando estórias em sua própria cabeça! Assim o roteiro joga o tempo todo com a dualidade sobre o que de fato estaria acontecendo... Teria havido realmente um crime ou tudo não passaria de uma maluquice na mente entediada do protagonista? Perceba que com tão pouco em mãos o grande Hitchcock acabou criando uma verdadeira obra prima do suspense, inclusive com toques de fino humor negro! E como se isso tudo ainda não bastasse o filme ainda traz a beleza eterna de Grace Kelly no auge de sua juventude e carisma! Dizem que o velho diretor ficou caidinho por ela - completamente apaixonado! Quem poderia condená-lo? Absolutamente ninguém...

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Homem Que Matou o Facínora

“Quando a lenda se torna mais interessante do que o fato, que se publique a lenda”. Essa frase colocada na boca de um dos personagens de “O Homem que Matou o Facínora” resume muito bem esse maravilhoso western, um dos grandes clássicos da história do cinema americano. John Ford, um mestre em extrair grandes lições de histórias aparentemente simples, aqui tem um dos momentos mais inspirados de toda a sua carreira. E diante da obra cinematográfica que ele produziu ao longo da vida isso definitivamente não é pouca coisa!

No filme acompanhamos a chegada do senador Ransom Stoddard (James Stewart) na pequenina cidade onde começou sua carreira política muitos anos antes. Ele vem para o enterro de um velho conhecido, Tom Doniphon (John Wayne). Mas quem seria Tom Doniphon na realidade? Através de flashback somos apresentados aos acontecimentos do passado onde Tom e Ranson tomaram parte em eventos que ficariam na história da região – e que em consequência levaria Ranson a ter uma extremamente bem sucedida carreira política nos anos que viriam. O enredo, como se pode perceber, tem uma inteligente linha narrativa.

John Ford, ao lado da equipe de roteiristas, trabalhou maravilhosamente bem o roteiro, com vários leituras sublimares que apenas um ótimo texto poderia explorar bem. Um dessas mensagens nas entrelinhas é o papel desempenhado pelo próprio personagem de John Wayne. Embora tenha sido creditado como o ator principal do filme (fruto de seu status de grande astro na época) o fato é que seu personagem é meramente coadjuvante na trama, mesmo que não seja um papel secundário qualquer.

Na realidade esse filme é uma parábola da capacidade de se doar pela felicidade de quem se ama. Tom é um rústico cowboy do interior, mas sua paixão pela jovem Hallie (Vera Miles) é tão profunda e sincera que ele deixa de lado até mesmo seus interesses pessoais para proteger Ranson (Stewart) pois é óbvio que Hallie o tem em grande consideração. Embora durão no exterior, Tom (Wayne) é na verdade uma pessoa extremamente altruísta, solidária e leal a ponto de ficar em segundo plano, abrindo mão de seus próprios sonhos pela felicidade da mulher que ama. Falar mais sobre a trama seria tirar parte de seu impacto.

Outro ponto excelente da produção é seu elenco excepcional. Como se não bastasse termos dois mitos em cena, James Stewart e John Wayne, o filme também apresenta um elenco de apoio de respeito, igualmente formado por grandes atores de sua época, a começar pelos que interpretam os bandidos do filme. Liberty Valance, o facínora do título nacional, é interpretado com brilhantismo por Lee Marvin, um ícone dos filmes de western. Ao seu lado, formando o bando de criminosos, está o famoso Lee Van Cleef que estrelaria uma longa série de faroestes nos anos seguintes, com destaque para as produções que rodou na Itália. Em suma, "O Homem Que Matou o Facínora" é um desses faroestes que podemos qualificar, sem medo de exageros, como monumental. É um western que privilegia o lado mais humano de seus personagens. É um exemplo de que mesmo dentro do gênero faroeste seria possível emplacar grandes dramas humanos. Um grande momento nas carreiras de John Wayne, James Stewart e John Ford. Impecável em todos os sentidos. Obra-prima da sétima arte.

O Homem Que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance, Estados Unidos, 1962) Direção: John Ford / Roteiro: James Warner Bellah, Willis Goldbeck baseados na história de Dorothy M. Johnson / Elenco: John Wayne, James Stewart, Vera Miles, Lee Marvin, Lee Van Cleef, Edmond O'Brien, Andy Devine / Sinopse: Ransom Stoddard (James Stewart) é um jovem e idealista advogado recém formado que vai até uma distante cidadezinha do oeste para iniciar sua carreira jurídica. Durante a viagem é assaltado e espancado pelo fora-da-lei Liberty Valance (Lee Marvin). Jurando colocá-lo na cadeia, usando de meios legais, Ransom inicia uma luta pessoal pela implantação da lei e ordem naquela região selvagem. Para isso conta com o apoio da jovem Hallie (Vera Miles) e do durão Tom Doniphon (John Wayne). Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Edith Head).

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Meu Amigo Harvey

Elwood P. Dowd (James Stewart) é um beberrão simpático e agradável que afirma conviver e conversar com um coelho gigante de 1.90m de altura chamado Harvey. Alarmadas sua irmã e sua sobrinha decidem internar Dowd em uma instituição psiquiátrica o que dará origem a inúmeras confusões envolvendo todos. “Meu Amigo Harvey” é um dos mais divertidos filmes da carreira de James Stewart. O argumento inusitado e ímpar foi baseado numa famosa peça teatral americana escrita por Mary Chase. Muito popular na época a peça chegou a ganhar o Pullitzer, um dos mais importantes prêmios da literatura norte-americana. Curiosamente o texto brinca com a existência ou não de Harvey. Em certos momentos o pobre Dowd parece apenas um biruta qualquer mas logo após vários traços da existência real de Harvey surgem em cena, brincando com a tênue linha que separa insanos de sóbrios. O fato do ser imaginário Harvey ser um coelho gigante também atrai muito a criançada e o filme leve e divertido certamente vai agradar a todas as faixas de idade.

James Stewart está maravilhoso no papel do lunático Dowd. Sua caracterização chega a ter um tom muito poético e delicado e a verdade sobre Harvey vai sendo desvendada aos poucos ao longo do filme. Até que ponto a realidade é mais interessante do que a fantasia? E qual é o problema de um adulto afirmar que tem um amigo imaginário em forma de coelho gigante se ele não faz mal a ninguém, pelo contrário, ajuda ao próximo sempre que é preciso? O roteiro levanta muitas questões interessantes além dessas e no final ficamos com um sorriso simpático no rosto, tal a leveza do desenrolar da trama do filme. “Meu Amigo Harvey” foi dirigido pelo cineasta alemão radicado nos Estados Unidos Henry Koster. Seu olhar europeu contribuiu muito para o resultado final transformando Harvey em um dos personagens mais simpáticos do cinema americano e isso mesmo nunca aparecendo em cena. Para os que gostam de lirismo e diversão o filme é mais do que recomendado.

Meu Amigo Harvey (Harvey, Estados Unidos, 1950) Direção: Henry Koster / Roteiro: Mary Chase, Oscar Brodney, Myles Connolly baseados na peça de Mary Chase / Elenco: James Stewart, Josephine Hull, Peggy Dow, Charles Drake, Cecil Kellaway, Victoria Horne, Harvey / Sinopse: Elwood P. Dowd (James Stewart) é um beberrão simpático e agradável que afirma conviver e conversar com um coelho gigante de 1.90m de altura chamado Harvey. Alarmadas sua irmã e sua sobrinha decidem internar Dowd em uma instituição psiquiátrica o que dará origem a inúmeras confusões envolvendo todos.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de julho de 2012

O Último Tiro

No mesmo ano em que Henry Fonda estrelou o clássico “Era uma Vez no Oeste” ele realizou ao lado do amigo James Stewart esse “Firecreek” um de seus melhores westerns. Infelizmente não é de seus trabalhos mais conhecidos hoje em dia, o que é uma injustiça. Muito subestimada a fita tem um excelente roteiro, um argumento excepcional e é muito bem produzida. Na estória acompanhamos a chegada do bando de Bob Larkin (Henry Fonda) na pequenina cidadela de Firecreek. Essa é uma comunidade extremamente pacífica cuja população é formada basicamente por humildes comerciantes e pequenos proprietários rurais, entre eles Johnny Cobb (James Stewart) cuja esposa está em trabalho de parto em seu rancho. Ao visitar a cidade para comprar mantimentos acaba encontrando Larkin e seus facínoras no local. O problema maior para Cobb é que apesar de não ter treinamento e nem experiência responde pela segurança da cidade, servindo no posto de Xerife interino enquanto não é nomeado um oficial da lei pelo Estado. Obviamente Larkin e sua quadrilha não deixarão os moradores em paz após descobrir que o homem responsável pela lei no lugar não é páreo para eles, pistoleiros profissionais.

Assim são colocados em lados extremos o pistoleiro rápido no gatilho, com várias mortes nas costas e um simples e pacato cidadão que apenas quer que a lei e a ordem continue reinando em Firecreek. É a antiga metáfora do cordeiro contra o lobo, que se sacrificará se for necessário para proteger os que lhe são queridos e caros. Assistir Fonda e Stewart no mesmo filme já é um prazer, agora imaginem ver esses dois grandes astros duelando pelo que é certo e justo numa cidade perdida do velho oeste americano! Não existe melhor representatividade da mitologia do velho oeste do que essa. Henry Fonda era um ator extremamente expressivo que conseguia transmitir tudo apenas com um olhar. Seu Bob Larkin é um envelhecido pistoleiro tentando manter a autoridade entre seu grupo de bandidos. Já James Stewart explora muito bem sua imagem de homem trabalhador, ético, honesto, devotado à sua família e íntegro (algo que aliás era parte de sua personalidade real e não apenas um jogo de imagem ou marketing pois ele era exatamente assim). Esse é o melhor filme do diretor Vincent McEveety um veterano da TV que dirigiu entre outros os grandes ícones televisivos Jornada nas Estrelas, Os Intocáveis e Columbo. Sua direção aqui é segura e centrada, tudo resultando em um faroeste realmente excepcional, bem acima da média. Em conclusão podemos classificar “Firecreek” como um belo momento, resultado de mais uma feliz união profissional entre Stewart e Fonda em um faroeste puro sangue que agradará em cheio os fãs e puristas do gênero.

O Último Tiro (Firecreek, Estados Unidos, 1968) Direção: Vincent McEveety / Roteiro: Calvin Clement Sr / Elenco: James Stewart, Henry Fonda, Inger Stevens, Gary Lockwood, Dean Jagger, Ed Begley / Sinopse: Após participar de um tiroteiro Bob Larkin (Henry Fonda) procura por abrigo na pequena cidade de Firecreek com seu bando de pistoleiros. No local acaba entrando em confronto com Johnny Cobb (James Stewart) um simples rancheiro nomeado xerife honorário do local.

 Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O Preço de um Homem

Título no Brasil: O Preço de um Homem
Título Original: The Naked Spur
Ano de Lançamento: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Anthony Mann
Roteiro: Sam Rolfe, Harold Jack Bloom
Elenco: James Stewart, Janet Leigh, Robert Ryan, Ralph Meeker, Millard Mitchell, Aaron Stevens

Sinopse:
Howard Kemp (James Stewart) é um caçador de recompensas que há muito tempo persegue o assassino Ben Vandergroat (Ryan). Ao longo do caminho, Kemp é forçado a lidar com certos sujeitos, entre eles um velho garimpeiro chamado Jesse Tate e um soldado da União dispensado de forma desonrosa. Quando eles descobrem que Vandergroat tem uma recompensa de US$ 5.000 por sua cabeça, a ganância começa a tomar conta deles. Vandergroat aproveita ao máximo a situação, semeando dúvidas entre os dois homens em todas as oportunidades, finalmente convencendo um deles a ajudá-lo a escapar.

Comentários:
Quando você se deparar com qualquer faroeste contando com essa dupla Stewart e Mann, pode assistir ao filme sem nem pensar duas vezes. No mínimo será mais um grande western, isso se não for um clássico absoluto do gênero cinematográfico. É impressionante como eles só fizeram bons filmes. Nunca houve espaço para a mediocridade no trabalho deles em Hollywood. E esse filme só vem confirmar isso. É um daqueles excelentes filmes do passado, com linda direção de fotografia, captando toda a beleza natural onde foi filmado e contando com um elenco muito bom, onde destaco não apenas James Stewart, aqui em um papel um pouco fora do seu habitual, como também da estrela Janet Leigh. De cabelos loiros curtinhos, muito bronzeada, ela convence demais como uma garota durona do velho oeste. Tão durona que na época em que o filme chegou nos cinemas houve quem acusasse sua personagem de ser uma lésbica, isso apesar dela se relacionar com os personagens masculinos do filme. Mas enfim, gostei demais. Esse é um daqueles filmes que não podem faltar na coleção do cinéfilo que aprecia filmes de faroeste. 

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de outubro de 2007

James Stewart / William Holden / Gary Grant


Harvey (1950)
Foto promocional do filme "Meu Amigo Harvey" dirigido por Henry Koster e estrelado por James Stewart. Esse foi um dos filmes mais simpáticos da carreira do ator onde ele interpretava um homem que dizia ter contato com um coelho gigante chamado Harvey que lhe dava conselhos e dicas sobre sua vida pessoal. Diante da afirmação fora dos padrões a própria família do pobre sujeito resolve então que havia chegado o momento de interná-lo em uma instituição psiquiátrica - mas será que ele realmente estaria alucinando? James Stewart está perfeito em seu papel, mesclando ternura, doce ingenuidade e imaginação de uma maneira tão carismática que fica realmente impossível não se solidarizar com ele em cena. O ator inclusive gostava de sempre dizer que esse havia sido um de seus trabalhos preferidos, principalmente pela ingenuidade do enredo, resgatando de certa maneira nossa imaginação infantil. Recentemente o cineasta Steven Spielberg, fã absoluto do filme original, afirmou que adoraria realizar um remake do clássico! Será que o projeto sairá mesmo do papel? Só nos resta esperar. Enquanto esse novo filme não vem leia a resenha completa que publicamos do filme clicando aqui!


Sunset Boulevard (1950)
William Holden brilha na foto promocional do clássico imortal "Crepúsculo dos Deuses". Dirigido por Billy Wilder e contando com um roteiro brilhantemente escrito o filme sondava a mente de uma antiga estrela de Hollywood que agora envelhecida, esquecida e abandonada pela fama e fortuna, tentava criar um mundo próprio em sua mente deteriorada pelas décadas de decadência. Gloria Swanson teve nesse filme uma das mais marcantes atuações de toda a sua carreira, criando um clima sórdido, insano, mas ao mesmo tempo muito comovente da vida de uma estrela cujo brilho simplesmente se apagou. Wilder assim criou um dos momentos mais sensíveis sobre o lado humano da indústria do cinema. Um triste retrato dos antigos mitos que perdem o brilho por causa do tempo, sempre implacável. Um filme realmente inesquecível e obrigatório para todo cinéfilo que se preze. Para ler mais e conhecer o texto completo sobre esse imortal clássico da sétima arte em nosso blog click aqui. 

 

Cary Grant e o Oscar
Não foram poucas as injustiças que a Academia promoveu ao longo dos anos. Nomes como Charles Chaplin, um verdadeiro gênio da sétima arte, nunca foram devidamente premiados por suas verdadeiras obras primas. O mesmo se deu com vários atores de outros gêneros. Um dos mais injustiçados foi o galã Cary Grant. Ele foi pela primeira vez indicado ao Oscar em 1942 pelo papel de Roger Adams no clássico romântico "Serenata Prateada", linda produção dirigida pelo mestre George Stevens. Ao lado de um excelente elenco que incluía Irene Dunne e Beulah Bondi, ele foi solenemente ignorado na noite de premiação. Para muitos o fato de ser um eterno galã das telas o havia prejudicado. Nova oportunidade surgiria dois anos depois com "Apenas um Coração Solitário" de Clifford Odets. Aqui Grant atuava ao lado de dois grandes nomes do meio teatral americano, Ethel Barrymore e Barry Fitzgerald. O filme era um dramalhão daqueles, mostrando um homem que retornava ao lar e encontrava sua família em destroços, tanto física como emocionalmente falando. Pela sinceridade de sua atuação Grant foi apontado como um dos favoritos, mas tudo foi em vão. Ele não levou o cobiçado Oscar para casa. Depois disso mesmo tendo realizado grandes filmes, no total de 76 atuações, Grant nunca mais foi lembrado pela Academia. Só em 1970 o erro de nunca tê-lo premiado foi corrigido ao dar ao ator um prêmio de consolação, pelo conjunto da obra. O ator havia se despedido das telas quatro ano antes com a comédia "Devagar, Não Corra". Nunca a frase "Antes tarde do que nunca" fez tanto sentido. Grant faleceu em 1986 com 82 anos de idade.
 
Pablo Aluísio.