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sábado, 2 de abril de 2022

Sobre Café e Cigarros

Título no Brasil: Sobre Café e Cigarros
Título Original: Coffee and Cigarettes
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Asmik Ace Entertainment
Direção: Jim Jarmusch
Roteiro: Jim Jarmusch
Elenco: Cate Blanchett, Alfred Molina, Bill Murray, Roberto Benigni, Steve Buscemi, Iggy Pop, Tom Waits

Sinopse:
Várias pequenas vinhetas mostrando pessoas sentadas em uma mesa, tomando café e fumando cigarros. Todos bem relaxados, fazendo grandes e pequenos questionamentos sobre a vida, a morte, a verdadeira razão da existência humana e claro, sobre a importância de se tomar um bom cafezinho enquanto se traga um cigarro! Filme indicado ao Film Independent Spirit Awards.

Comentários:
Que tal juntar atores profissionais com pessoas comuns, não necessariamente conhecidas, para bater um papo numa mesa de cafeteria? Parece ter sido essa a ideia de Jim Jarmusch para esse filme. E não é que foi uma boa ideia? Livre das amarras de um roteiro muito estruturado as conversas vão fluindo, com muita conversação espontânea. Os atores profissionais improvisaram bastante, colocando muitas vezes seus próprios pensamentos nas conversas. Hoje em dia um filme tão experimental como esse nem seria realizado. Em um mundo do cinema dominado por super-heróis de quadrinhos ia ser muito complicado algum produtor bancar uma ideia tão inovadora e fora do comum!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

A Vida é Bela

Ninguém esperava que Roberto Benigni fosse vencer o Oscar de melhor ator por esse filme. Pois foi justamente isso que aconteceu! Uma zebra e tanto na história da Academia. É incrível que um comediante europeu tenha sido premiado com o mais cobiçado prêmio de cinema do mundo, mas aconteceu. E provavelmente nunca mais venha acontecer de novo. Eu me recordo inclusive que quando seu nome foi anunciado ele reagiu da mesma forma que seu personagem, de maneira muito exagerada! Sim, onde termina a personalidade do ator e começa a interpretação desse seu personagem? Penso que não há muitas linhas dividindo esse aspecto, não no caso de Benigni. Assim para gostar do filme você vai precisar ter ao menos simpatia pelo estilo e pelo tipo de humor que Roberto Benigni faz, caso contrário não vai funcionar muito bem.

Esse filme tem dois atos bem diferenciados em seu roteiro. O primeiro apresenta um humor bem pastelão, diria até mixuruca. É algo até muito inocente, ao estilo humor antigo. ultrapassado. Nesse primeiro ato o personagem principal é apresentado. Um garçom chamado Guido. Um homem meio infantilizado e bobo, mas de bom coração. Já o segundo ato é bem superior. Ele é judeu, vive na Itália durante a II Guerra Mundial e acaba indo parar em um campo de concentração nazista. Ele vai junto do filho de 8 anos. Como explicar uma atrocidade daquelas para uma criança? Para preservar o menino, ele finge que tudo não passa de um grande jogo, cujo prêmio final será um tanque de guerra de brinquedo. Só que como sabemos não é brincadeira o que está acontecendo. É o Holocausto! E como fazer humor em cima de algo tão terrível? Penso que esse filme em particular conseguiu, porque tudo surge um pouco estilizado em cena. O campo de concentração, por exemplo, não é tão realista. Isso poupa o espectador de ter que encarar a triste realidade. E o filme, no final das contas, consegue funcionar. De maneira ampla, olhando o conjunto do filme, gostei do que vi, embora tenha que ressaltar que apenas a segunda parte do filme é realmente marcante.

A Vida é Bela (La vita è bella, Itália, 1997) Direção: Roberto Benigni / Roteiro: Vincenzo Cerami, Roberto Benigni / Elenco: Roberto Benigni, Nicoletta Braschi, Giorgio Cantarini / Sinopse: Durante o regime fascista italiano, um garçom judeu e sua família é enviada para um campo de concentração nazista. Para preservar seu filho daquela situação terrível, o pai faz de conta para ele de que tudo não passaria de um jogo, uma grande brincadeira.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Pinóquio

Título no Brasil: Pinóquio
Título Original: Pinocchio
Ano de Produção: 2019
País: Itália
Estúdio: Le Pacte, Rai Cinema, Canal+
Direção: Matteo Garrone
Roteiro: Matteo Garrone
Elenco:  Federico Ielapi, Roberto Benigni, Rocco Papaleo, Massimo Ceccherini, Marine Vacth. Gigi Proietti

Sinopse:
Após a chegada de um grupo de artistas que apresentam um show de fantoches em sua pequena vila, o artesão Geppetto (Roberto Benigni) decide que vai criar seu próprio boneco de madeira. E assim surge Pinóquio (Federico Ielapi), que ganha vida e se envolve em diversas aventuras.

Comentários:
Bom, uma coisa é certa: se há um povo que pode contar essa história é o povo italiano, já que a obra pertence à cultura dessa nação. E assim temos finalmente a versão do cinema italiano para a fábula do boneco de madeira que sonhava se tornar um menino de verdade. O roteiro procurou ser o mais fielmente possível próximo à literatura. Como se sabe o livro foi escrito por Carlo Collodi em 1883. É um clássico da literatura infantil em todo o mundo, sendo a versão da Disney em animação a adaptação mais conhecida no cinema. Esse filme aqui ganha tintas mais realistas, embora obviamente não se distancie do mundo de fantasia e imaginação de seu autor original. Praticamente tudo que está no livro, está também na tela. E se formos analisar bem o conto de Pinóquio tem como objetivo mesmo ensinar para as crianças o valor do estudo, o respeito aos mais velhos, nunca desobedecendo ordens dadas pelos pais e também o perigo de se mentir, correndo o risco de crescer o nariz ou então virar burrito por confiar em estranhos.

A direção de arte desse filme ficou muito bonita, com ares de vila medieval da Itália do passado. Os personagens, em geral, estão sempre tentando fugir da pobreza e da miséria. Para isso ou se usa da bondade (como o Geppetto, "pai" de Pinóquio) ou então da esperteza (como acontece com a dupla da raposa e do gato, aqui interpretados por ótimos atores italianos). Além de apresentar uma produção realmente belíssima, o filme ainda tem um elenco maravilhoso, passando pelo próprio menino que interpreta o Pinóquio, até a vasta galeria de personagens secundários. Um pouco estranho, algumas vezes até sinistro, esse novo Pinóquio é sem dúvida um filme muito bom, ficando acima inclusive das minhas melhores expectativas.

Pablo Aluísio.