Mostrando postagens com marcador Donna Reed. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Donna Reed. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Caminhos Sem Fim

Caminhos Sem Fim
Muitos cinéfilos só conhecem Alan Ladd pelo clássico do western "Os Brutos Também Amam". Visão superficial de um bom ator que atuou em diversos gêneros cinematográficos ao longo de sua carreira. E em seus anos de Hollywood ele também fez muitos filmes de gângters. De certa forma sua filmografia estava cheia dessas produções. O típico criminoso que Ladd interpretava porém era diferente daqueles personagens de James Cagney ou Edward G. Robinson. Ao invés do gângster durão que agredia e ameaçava quem cruzasse seu caminho, Ladd estava mais habituado a interpretar o bandido social, que havia entrado no mundo do crime por não ter outra saída a seguir na vida. Havia sempre um misto de decepção consigo mesmo e melancolia nessa trajetória. O arrependimento e a redenção estavam sempre presentes nos roteiros. 

Nesse filme em questão, ele não interpretava um gângster, mas sim um jornalista. seu personagem passa a trabalhar como repórter investigativo no caso de uma mulher que foi assassinada. Seu corpo foi encontrado no lado sul da velha Chicago, em um tempo em que a cidade era infestada e dominada por gângsters como Al Capone. Os policiais parecem não querer solucionar o crime e ele então começa a descobrir que figurões da cidade estariam envolvidos com a morte da vítima. Só que seu personagem era um sujeito frágil, corroído pelo alcoolismo. Sua vulnerabilidade pessoal iria se acentuar ainda mais ao se envolver nesse crime. Um filme muito bom, mostrando toda a sofisticação intelectual que imperava nos roteiros da Hollywood clássica, mesmo em filmes policiais como esse. Bons tempos para o cinema.

Caminhos Sem Fim (Chicago Deadline, Estados Unidos, 1949) Direção: Lewis Allen / Roteiro: Warren Duff, Tiffany Thayer / Elenco: Alan Ladd, Donna Reed, June Havoc / Sinopse: Jornalista investigativo com problemas de alcoolismo descobre o  envolvimento de figurões da cidade na morte de uma jovem na velha Chicago dos anos 1930. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

A Felicidade Não se Compra

O diretor Frank Capra passou sua carreira tentando levantar a moral do povo americano. Isso em uma época de grande crise econômica. Estou me referindo a grande depressão que assolou os Estados Unidos. Diante de milhões de desempregados e pessoas sem esperança ele abraçou o otimismo perante a vida. Ele tentou trazer uma mensagem nova e poitiva em seus filmes. Esse é um dos seus clássicos natalinos, sempre reprisado nos Estados Unidos nessa época do ano. Conta a história de um homem que sempre sonhou em ir embora da pequena cidadezinha onde nasceu. Ele tinha planos de ir para a universidade e dali ir para o mundo, viver uma vida sem limites e sem fronteiras. Só que conforme o tempo passa, seus planos vão fracassando em série. Ele não consegue ir embora da cidade por causa do pai, que falece precocemente. Ele precisa então tomar conta desse seu negócio que nunca esteve indo muito bem. Também conhece uma jovem da região e se casa com ela tendo filhos. Então seus sonhos de grandeza, que cultivou na juventude, vão desaparecendo com o tempo. 

Quando a idade vai chegando, ele vai percebendo que nada daquilo que havia planejado deu certo. Ele continua na mesma cidade, onde sempre esteve, levando uma vida de certa forma medíocre. Seu irmão mais jovem acaba realizando seus sonhos, pois consegue ir para universidade e acaba se tornando um herói de guerra. Quando o negócio que herdou de seu pai finalmente vai à falência, ele pensa em acabar com tudo, pensa em se matar. Neste momento crucial de sua vida, surge um desconhecido. Ele é na realidade um anjo, mas não se parece em nada com aqueles anjos loiros de cabelos encaracolados que vemos nas igrejas. É um senhorzinho que quer apenas ganhar suas asas e para isso deve ajudar aquele homem desesperado. Então ele mostra como seria o mundo sem a sua existência. Mostra que ele torna a vida das demais pessoas melhores e que faria muita falta neste mundo. Um filme bonito, simpático e, de certa forma, bem inocente. Mas cuja mensagem conseguiu sobreviver à prova do tempo.

A Felicidade Não se Compra (It's a Wonderful Life, Estados Unidos, 1946) Direção: Frank Capra / Roteiro: Frank Capra / Elenco: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore / Sinopse: O filme conta a história de um homem que tenta se matar na noite de Natal. Em sua visão, sua vida não deu muito certo e todos os seus planos foram por água abaixo. Então, surge em sua vida um anjo que vai tentar evitar que isso aconteça e mostrar a ele que sua existência tem valor e importância, principalmente para as outras pessoas que vivem ao seu lado.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

A um Passo da Eternidade

Título no Brasil: A um Passo da Eternidade
Título Original: From Here to Eternity
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Fred Zinnemann
Roteiro: Daniel Taradash, James Jones
Elenco: Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Donna Reed, Frank Sinatra, Philip Ober

Sinopse:
Um grupo de militares americanos, a maioria deles da Marinha (U.S. Navy) estão levando suas vidas enquanto trabalham em navios ancorados no porto de Pearl Harbor, no Havaí. Então. sem nenhum aviso, são surpreendidos por um ataque massivo da Força Aérea Imperial do Japão, se tornando o estopim da entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial.

Comentários:
Esse clássico do cinema americano é até hoje considerado o filme definitivo do ataque japonês ao porto militar de Pearl Harbor. Até aquele momento o governo americano não tinha intenção de entrar na Guerra. Depois do ataque, que matou milhares de militares dos Estados Unidos, a entrada se tornou inevitável. O grande mérito desse roteiro não foi apenas mostrar o ataque em si, em cenas realmente memoráveis, algumas tiradas de arquivo, filmagens reais, mas também de individualizar aqueles militares, mostrando a vida deles antes do ataque, suas paixões, planos, a vida que ia seguindo normal até aquele dia que o próprio presidente Roosevelt diria que "entraria para a infâmia". Dando rosto e história a cada um desses personagens o filme humanizou a face das vítimas do ataque. O filme foi um grande sucesso de público e crítica, sendo premiado em 8 categorias do Oscar. Até hoje é considerado um dos maiores clássicos da história de Hollywood.

Pablo Aluísio. 

 

terça-feira, 21 de junho de 2022

Traição Heróica

Título no Brasil: Traição Heróica
Título Original: They Rode West
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Phil Karlson
Roteiro: DeVallon Scott, Frank S. Nugent
Elenco: Robert Francis, Donna Reed, May Wynn

Sinopse:
O médico Dr. Allen Seward (Robert Francis) é designado para trabalhar em um forte do exército americano localizado perto do território Comanche. Ao chegar lá se depara com uma situação aflitiva, vários soldados e nativos da região estão ficando doentes, morrendo sem nenhuma explicação. Os curandeiros atribuem isso a um castigo dos deuses, mas Seward tem outra visão do que poderia estar acontecendo, um surto de malária está se abatendo sobre todos os que vivem naquela região. 

Comentários:
Western muito interessante que ao invés de se concentrar apenas em tiroteios envolvendo cowboys, xerifes, índios e soldados da cavalaria, mostra as dificuldades enfrentadas por um médico em um posto avançado do exército americano na fronteira mais distante do velho oeste. O roteiro explora não apenas sua busca por uma cura mas também as tensões que se criam com seu trabalho. Seus superiores são militares durões que não querem saber de detalhes científicos e os índios do local estão submersos em crendices e superstições das mais variadas. Não tarda para que culpem a presença do homem branco naquele território como causa da morte dos guerreiros. Assim enquanto o Dr. Allen Seward (Francis) tenta procurar por soluções, nativos e cavalaria ficam em pé de guerra por causa das inúmeras mortes que estão ocorrendo. Apesar de ser apenas mais um faroeste B da Columbia dos anos 50 esse aqui se sobressai pelo inteligente roteiro e por trazer um ponto de vista bem peculiar para os filmes da época. Diverte mas também instrui. Pequena jóia rara cinematográfica do período.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Aventura Sangrenta

Título no Brasil: Aventura Sangrenta
Título Original: The Far Horizons
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Pine-Thomas Productions
Direção: Rudolph Maté
Roteiro: Della Gould Emmons, Winston Miller
Elenco: Fred MacMurray, Charlton Heston, Donna Reed, Barbara Hale, William Demarest, Eduardo Noriega

Sinopse:
Após comprar o território da Louisiana, o governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Thomas Jefferson, decide enviar uma expedição de exploração e reconhecimento daquelas terras. Os militares são comandados pelo capitão Meriwether Lewis (MacMurray) e pelo tenente William Clark (Heston). Na jornada eles encontram tribos nativas prontas para a guerra.

Comentários:
Esse filme retrata os primórdios da conquista do Oeste, ainda em uma fase bem primitiva da história. Para se ter uma ideia a expedição Lewis / Clark foi provavelmente a primeira a entrar em contato com muitas das nações indígenas que viviam no oeste selvagem. O pretexto oficial de catalogar e reconhecer o vasto território da Louisiana era apenas parte da missão. Os militares iriam também para o Oeste, em busca da conquista da outra costa. A intenção era chegar até o Oceano Pacífico para reinvidcar todas as aquelas terras habitadas pelos índios americanos. O roteiro porém não se resume a isso. Ele também desenvolve muito bem a delicada relação pessoal entre os dois comandantes da expedição. Eles tinham disputado a mesma mulher antes da viagem e essa tensão continuava em alta durante a viagem rumo ao Oeste. E a situação piorava muito quando Clark decidia se envolver com uma bonita nativa chamada Sacajawea (interpretada pela atriz Donna Reed). Como se já não fosse insulto suficiente roubar a mulher que ele era apaixonado, o tenente ainda arranjava uma amante nativa no meio do caminho. Era muito ofensivo, na visão de Lewis. Enfim, grande filme, ótimo entretenimento e de quebra o espectador ainda conhece um capítulo importante da história dos Estados Unidos, naquele momento ainda uma jovem nação.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de dezembro de 2019

A Um Passo da Eternidade

O soldado Robert E. Lee Prewitt (Montgomery Clift) é transferido para uma base militar no Havaí após ter alguns problemas com oficiais no quartel onde servia. Lá ele fica sob o comando do Sargento Milton Warden (Burt Lancaster). Prewitt tem fama de bom boxeador, mas não quer voltar aos ringues. Como o Comandante do grupo é fã do esporte ele tenta convencer o soldado a lutar de qualquer jeito ao lhe impor uma rígida disciplina militar. Seu objetivo é forçar Previtt a lutar na competição militar, mas ele resiste bravamente. Nesse ínterim, o Sargento Milton decide começar um caso extraconjugal com a bela Karen Holmes (Deborah Kerr); O problema é que ela é a esposa de seu Capitão!

"A Um Passo da Eternidade" é um dos clássicos mais famosos da história do cinema americano. O que o distingue dos demais filmes de guerra da época é que o roteiro do filme procura desenvolver o máximo possível o aspecto mais humano dos personagens em cena. O papel de Clift é um exemplo. Ele é um novato que sofre todos os tipos de humilhações dentro da base. Mesmo assim resiste ás provocações para demonstrar seu ponto de vista. Ao se envolver com a dançarina de cabaré Lorene Burke (Donna Reed) ele procura acima de tudo uma redenção em sua vida, algo que valha a pena lutar. O enredo gira em torno dele, mas o filme não se resume a isso pois tem como pano de fundo o grande ataque japonês ao porto americano de Pearl Harbor, fato que ocasionou a entrada dos EUA na II Guerra Mundial. O argumento assim tenta dar um rosto e uma história para os milhares de militares americanos que estavam no Havaí nesse grande bombardeio das forças do império japonês.

Baseado no romance best-seller de James Jones, "A Um Passo da Eternidade" é, em essência, um filme sobre relacionamentos humanos, paixões, rivalidades nas vésperas de um dos maiores acontecimentos da história norte-americana. Além do filme em si ser um marco, a produção ficou conhecida também por várias histórias de bastidores. Uma das mais conhecidas envolveu o cantor Frank Sinatra. Na época ele estava em um péssimo momento na carreira. Após ter um problema vocal suas vendas despencaram e assim Sinatra ficou sem muitas alternativas. Ao descobrir que a Columbia faria "A um Passo da Eternidade" resolveu lutar pelo papel de Angelo Maggio, um soldado boa praça que é vítima de um guarda sádico (interpretado pelo sempre ótimo Ernest Borgnine). O drama para Sinatra começou quando o diretor Fred Zinnemann o recusou para o filme. Segundo afirmam alguns livros o chefão mafioso Sam Giancana, atendendo a um pedido desesperado de Sinatra, colocou Zinnemann contra a parede para que ele escalasse o cantor em decadência. O fato acabou sendo utilizado em "O Poderoso Chefão" em uma cena em que um cantor italiano pede ajuda a Don Vito Corleone para que ele fosse escalado para um filme importante.  A cena é impactante quando uma cabeça de cavalo decepada é colocada ao lado da cama de um cineasta famoso.

De qualquer modo, seja lá como entrou no filme, o fato é que Sinatra conseguiu voltar ao auge. Ele venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua atuação e o filme acabou se tornando o grande premiado de seu ano, levando para casa ainda mais sete prêmios. Uma consagração praticamente completa na mais prestigiada premiação do cinema mundial. Burt Lancaster também foi indicado ao Oscar de melhor ator, mas não venceu. Havia um certo preconceito contra ele, por ser um astro de filmes de ação e aventura na época. Já Montgomery Clift foi completamente esquecido em mais uma daquelas famosas injustiças da Academia. A consolação para Lancaster veio pelo fato de ter feito a cena mais famosa de sua carreira, quando beija Deborah Kerr na beira da praia. Um momento considerado extremamente ousado para a época, com sensualidade à flor da pele.

A Um Passo da Eternidade (From Here to Eternity, Estados Unidos, 1953) Direção: Fred Zinnemann / Roteiro: Daniel Taradash baseado no romance de James Jones / Elenco: Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Frank Sinatra, Donna Reed, Ernest Borgnine, Philip Ober / Sinopse: Nas vésperas do ataque japonês à base de Pearl Harbor, fato que levou os Estados Unidos a entrarem na II Guerra Mundial, um grupo de soldados vivem seus dramas pessoais em um regimento do Havaí. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção (Fred Zinnemann), Melhor Roteiro (Daniel Taradash), Melhor Ator Coadjuvante (Frank Sinatra), Melhor Atriz Coadjuvante (Donna Reed), Melhor Fotografia em Preto e Branco (Burnett Guffey), Melhor Som (John P. Livadary) e Melhor Edição (William A. Lyon). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção (Fred Zinnemann) e Melhor Ator Coadjuvante (Frank Sinatra),  

Pablo Aluísio. 

domingo, 10 de novembro de 2019

A Última Vez Que Vi Paris

Helen Ellswirth (Elizabeth Taylor) é uma americana que vive em Paris ao lado de sua irmã Marion (Donna Reed) e seu pai, James (Walter Pidgeon), um velho espirituoso e excêntrico que apesar de estar na ruína financeira não deixa o jeito de ser típico de milionários generosos. No dia em que Paris é libertada do domínio nazista Helen acaba conhecendo o jovem soldado americano Charles Wills (Van Johnson) e se apaixona por ele. O problema é que Charles, assim como Helen, não tem um tostão. Mesmo assim iniciam um breve romance que logo vira casamento. Charles resolve abandonar o exército e se emprega como correspondente jornalístico em Paris para um jornal europeu. Logo nasce sua primeira filha e ele dá início ao seu sonho de ser um grande escritor. Infelizmente porém seus textos vão sendo recusados um após o outro pelas editoras. Vendo seu sonho fracassar e começando a ter problemas com as bebidas, Charles começa a ver seu sonho Parisiense naufragar. “A Última Vez Que Vi Paris” é um dos clássicos românticos da carreira de Elizabeth Taylor. Aproveitando o cilma romântico de uma das cidades mais famosas e românticas do mundo o filme foi o último de Liz antes de começar as filmagens do grande sucesso de sua carreira, o mitológico Giant (Assim Caminha a Humanidade).

O roteiro foi baseado no famoso livro do escritor F. Scott Fitzgerald (o mesmo autor dos clássicos “O Grande Gatsby”, “Suave é a Noite” e “O Último Magnata”). O enredo é essencialmente construído em torno do amor atribulado dos personagens Helen e Charles. Ela é uma americana que tenta ser feliz ao lado do marido que agora vivencia o desmoronamento de seus sonhos literários. A impossibilidade de realizar seu sonho de tornar-se escritor trará conseqüências trágicas para o casal. Elizabeth Taylor está belíssima em cena. Com seu visual clássico, cabelos negros e olhos azuis, ela impressiona pela bela presença. Van Johnson não convence muito como personagem trágico mas felizmente não compromete. Uma das surpresas do elenco é a excelente atuação de Walter Pidgeon. Suas ironias e tiradas cômicas são realmente muito espirituosas e bem escritas, uma pena que o roteiro não o explore mais.

Outra curiosidade é a presença de um jovem Roger Moore, fazendo um desportista que seduz e tenta conquistar o coração de Helen (Elizabeth Taylor). O jeito sutilmente canastrão que iria usar anos depois na série James Bond já é bem visível aqui em cena. A recepção de "A Última Vez Que Vi Paris" em seu lançamento foi controversa. Alguns críticos acusaram o filme de tentar ser um novo "Casablanca", usando inclusive dos clichês do clássico de Michael Curtiz. Outros focaram seu alvo em Van Johnson, considerado exagerado em cena. Quem se saiu ilesa das resenhas negativas foi justamente Liz Taylor.  No mais o filme aproveita bastante a ótima ambientação de Paris, com todos os seus monumentos e pontos turísticos, além da música, sempre presente e evocativa. “A Última Vez Que Vi Paris” é isso, um romance dramático ambientado no pós Guerra em plena cidade luz que naquele momento histórico renascia para nunca mais se apagar. 

A Última Vez Que Vi Paris (The Last Time I Saw Paris, EUA, 1954) Direção: Richard Brooks / Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein e Richard Brooks baseados na obra de F. Scott Fitzgerald / Elenco: Elizabeth Taylor, Van Johnson, Walter Pidgeon, Donna Reed, Roger Moore / Sinopse: Jovem soldado se apaixona por americana que mora em Paris durante as comemorações do dia de libertação da cidade das forças alemãs. Após se casarem ele tenta emplacar uma carreira de escritor de sucesso mas as coisas acabam não indo do jeito que planejava.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Mombasa, a Selva Negra

Título no Brasil: Mombasa, a Selva Negra
Título Original: Beyond Mombasa
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: George Marshall
Roteiro: James Eastwood, Richard English
Elenco: Cornel Wilde, Donna Reed, Christopher Lee, Ron Randell, Leo Genn
  
Sinopse:
Quando o americano Matt Campbell (Cornel Wilde) chega à África para se unir ao seu irmão em uma exploração de minas de ouro, descobre que ele foi brutalmente assassinado. As suspeitas recaem sobre guerreiros leopardos provenientes de uma tribo remota que jamais fez contato com a civilização. A explicação não convence muito Campbell que resolve ir até o lugar da morte de seu irmão para investigar. Assim é formado um grupo que adentra a selva, não sem antes passar por inúmeros desafios e perigos nessa aventura em direção ao coração do continente negro.

Comentários:
Um bom filme de aventura passado na África selvagem. O roteiro foge um pouco da pura temática de homens brancos ocidentais sobrevivendo aos desafios do continente africano para também investir no mistério da morte do protagonista do filme. Quem o teria matado? Teria sido o caçador Gil Rossi (Christopher Lee, em um papel bem diferente em sua carreira), um especialista em safáris que teria muito a ganhar com a morte do irmão de Matt? Ou o próprio sócio dele, Eliot Hastings (Ron Randell), para se apoderar das riquezas da mina de ouro recém descoberta? Até mesmo o missionário evangélico Ralph Hoyt (Leo Genn) poderia ter cometido o crime por ter interesses na região! Como se vê o roteiro segue nessa linha ao estilo Agatha Christie onde o espectador precisa descobrir a identidade do verdadeiro assassino no meio daquelas pessoas que formam o grupo de expedição que vai até as regiões mais distantes da África. Dentre elas também não podemos nos esquecer da Antropóloga Ann Wilson (Donna Reed) que está naquele continente justamente para estudar as origens da humanidade. 

O roteiro, que foi escrito baseado no conto "The Mark of the Leopard" de James Eastwood, também abre espaço para um pouco de romance e até mesmo humor, como era bem comum em filmes como esse na época. Há até margem para algumas tiradas irônicas quando, por exemplo, o personagem interpretado por Cornel Wilde satiriza a visão romântica que os americanos tinham da África. Ao descer de um barco ele encontra casualmente uma turista que reclama dos mosquitos e do mal cheiro da região, ao qual responde: "Estava esperando pelo quê? Humphrey Bogart?" - uma clara referência ao filme "Uma Aventura na África" que ajudou na formação dessa visão romântica e boba daquelas terras inóspitas. Outra fato digno de nota é que parte do filme foi rodado nas ruínas da cidade antiga de Gedi, no Quênia. As origens dessa comunidade antiga até hoje são debatidas, sendo que alguns historiadores acreditam que teria sido o primeiro posto comercial árabe na África da história, algo que se perdeu nas areias do tempo. Enfim, fica aqui a dica de "Mombasa, a Selva Negra" para quem gosta de filmes nesse estilo, com bastante elementos de aventura e mistério.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de maio de 2016

Mombasa, a Selva Negra

O filme em questão se chama "Beyond Mombasa" (no Brasil ele recebeu o título de "Mombasa, a Selva Negra"). É curioso perceber que o cinema americano, muito provavelmente influenciado pelo sucesso dos filmes de Tarzan, tenha produzido uma série de filmes de aventuras na África. Alguns desses filmes hoje em dia são considerados clássicos absolutos da sétima arte enquanto outros só estavam tentando se transformar em entretenimento lucrativo.

É justamente o caso desse aqui. Dirigido por George Marshall, que era um cineasta especializado em faroestes como "A Conquista do Oeste" e "O Irresistível Forasteiro", a fita tinha a proposta de divertir o público e não se tornar uma obra de arte ou qualquer coisa parecida. É o que o público brasileiro da época costumava chamar de filme de selva ou filme de aventuras na África. Esse tipo de produção ficou tão popular que acabou se tornando um gênero próprio como os filmes de western, ficção ou terror. Infelizmente esse tipo de fita hoje em dia está em franca decadência, até porque a própria figura do caçador branco já não tem mais nenhum charme ou apelo. Ao invés disso os caçadores hoje em dia são vistos como figuras desprezíveis, justamente por causa da consciência ecológica que predomina nos dias atuais.

Pois bem, o filme é estrelado pela dupla Cornel Wilde e Donna Reed. Aqui temos um diferencial onde a "mocinha" era muito mais conhecida do que o "mocinho". De fato, Donna Reed era quase uma estrela da Columbia, enquanto Cornel nunca chegou a ser um astro de primeira grandeza. Na verdade hoje em dia, mesmo entre grupos de cinéfilos, poucos se lembram de seu nome. Falecido em 1989, Wilde se notabilizou em filmes B de aventuras, sejam eles passados na África, na II Guerra Mundial ou em um campo de prisioneiros. Ele geralmente interpretava protagonistas mais farofeiros, que eram quase anti-heróis. O exemplo vem até mesmo desse Mombasa onde ele desfila seu repertório de cantadas baratas (praticamente cantadas de pedreiro) para cima da inteligente, bela e equilibrada Donna Reed. No mundo real ele seria solenemente esnobado, mas os roteiristas deram uma colher de chá para seu personagem e no final ele conquista a garota (ficou meio forçado e falso, mas era algo da época).

Wilde interpreta basicamente um americano que vai à África para trabalhar ao lado de seu irmão numa mina de ouro. Chegando lá vem o choque. Ele foi assassinado. Rezava a lenda na região de que guerreiros leopardos o teriam matado, mas Wilde não acredita nessa versão. A ganância por ouro não era algo que interessasse aos selvagens, aos nativos, mas sim ao homem branco ocidental. Dessa maneira o roteiro explora a real identidade do assassino que poderia ser qualquer um ali, visando justamente colocar as mãos na fortuna. É curiosa essa associação entre fazer fortuna em regiões selvagens. Isso é do centro mesmo desse tipo de filme, haja vista que há quase sempre nesses roteiros um tesouro perdido ou algo semelhante. No geral é um filme bom, divertido e com boas cenas. Exatamente como desejou o diretor George Marshall. Não é como "Uma Aventura na África" ou "Entre Dois Amores", filmes conceituados e premiados. É uma aventura B, típica dos anos 50. Bem ao estilo pura diversão realmente. No meu caso gostei e me diverti. Então está valendo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Punidos Pelo Proprio Sangue

Richard Widmark foi um astro do cinema em sua época. Um astro diferente, pois não raro interpretava anti-heróis. Esse faroeste foi um dos sucessos comerciais de sua carreira, onde foi dirigido pelo mestre John Sturges, com roteiro baseado na novela de western escrita por  Frank Gruber. Era comum esse tipo de adaptação pois a literatura de faroeste era uma das mais populares, vendendo milhares de livros todos os anos. O gênero não existia apenas no cinema, mas em novelas, livros, contos publicados em jornais de grande circulação, etc. E qual é a história contada nesse filme de western? Jim Slater (Richard Widmark) é um cowboy em busca de suas origens. Há muitos anos tenta encontrar seu pai mas em vão. Até que seguindo pistas ele chega numa velha cidade do oeste americano. Lá descobre que seu pai foi morto numa emboscada apache nas montanhas rochosas. Embora o relato seja digno de acreditar, Slater resolve ir mais a fundo e sai em busca de testemunhas do que aconteceu. Além disso há rumores que seu pai carregava uma bela quantia em ouro que havia descoberto na mina em que trabalhava. Teria sido morto mesmo por Apaches ou a cobiça dos homens brancos da região falou mais alto?

O excelente cineasta John Sturges não assinava bobagens. E quando o tema era o velho oeste a coisa ficava muito mais séria. Aqui temos um faroeste com um roteiro extremamente bem escrito e ótimas atuações. Ele se empenhou bastante na realização desse filme, dando inclusive retoques no roteiro. Queria reforçar o aspecto de mistério de seu enredo. Infelizmente o título nacional entrega a solução do mistério que ronda toda a trama, mas nada podemos fazer sobre isso - pelo visto não é de hoje que temos títulos nacionais equivocados não é mesmo?

Pois bem, o enredo se passa no Arizona em 1870 e isso significa cidadezinhas empoeiradas no meio do deserto hostil. Richard Widmark passa o tempo todo com um figuro marrom (me lembrou até do famoso pioneiro Daniel Boone) e cai de amores pela mocinha Donna Reed (jovem e bonita, de cabelos curtos). O ator interpreta um verdadeiro personagem dúbio, ora agindo como mocinho, ora como vilão. No geral é um bom faroeste, movimentado, com perseguições de diligências, tiroteios em saloons e brigas no meio da areia do deserto. A fotografia foi valorizada, pois a região onde tudo foi filmado era bem bonita, com longas encostas montanhosas. Enfim, para matar saudades de Richard Widmark e seu estilo durão, com personagens que oscilavam entre o bem e o mal.

Punidos Pelo Proprio Sangue (Backlash, Estados Unidos, 1956) Estúdio: Universal International Pictures / Direção:  John Sturges / Roteiro: Frank Gruber, Borden Chase / Elenco: Richard Widmark, Donna Reed, William Campbell / Sinopse: Durante o velho oeste americano um homem desconhecido chega em uma pequena cidade do interior em busca de respostas, sobre a morte de seu pai. Ele quer saber tudo o que aconteceu para se vingar do assassino cuja identidade terá que descobrir.

Pablo Aluísio.