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terça-feira, 4 de abril de 2023

O Morro dos Maus Espíritos

Título no Brasil: O Morro dos Maus Espíritos
Título Original: The Shepherd of the Hills
Ano de Lançamento: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Harold Bell Wright, Grover Jones
Elenco: John Wayne, Betty Field, Harry Carey, Beulah Bondi, James Barton, Samuel S. Hinds

Sinopse:
Western dramático mostrando os dramas e lutas de uma família de pioneiros que vivem nas colinas do Missouri durante a colonização do velho oeste dos Estados Unidos. Um estranho misterioso, mas agradável, chega nessa região e faz amizade com uma jovem do interior, que não se sente bem com seu noivo que jurou encontrar e matar seu próprio pai.

Comentários:
John Wayne começou a fazer sua carreira estrelando filmes menores de faroeste para as matinês. Eram filmes bem simples, com produções modestas. Esse aqui é um faroeste muito mais ambicioso, elegante e melodramático. Uma maneira de fazer grande cinema, como se dizia na época. Mostra a vida de pioneiros vivendo nas colinas, criando ovelhas e pequenos rebanhos e seus dramas da vida social. John Wayne é o jovem impetuoso e cabeça quente. Um homem que deseja se casar e começar seu próprio rancho, ter sua vida, só que ele precisa antes superar muitos problemas do passado, inclusive traumas familiares. Como se pode perceber, é um personagem com complexidade psicológica, nada a ver com os pistoleiros e cowboys superficiais de seus primeiros filmes. Enfim, eis aqui um dos primeiros grandes filmes da carreira de John Wayne. Com preciosa direção do cineasta Henry Hathaway, esse é sem sombra de dúvidas um clássico do western norte-americano. 

Pablo Aluísio.


sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Férias de Amor

Clássico drama romântico de Hollywood em seus tempos de ouro. A história é bem interessante. Após fracassar na universidade, Hal Carter (William Holden) começa a vagar a esmo pelo país. Viajando em vagões de carga, ele acaba chegando numa pequena cidade em busca de um velho colega que conheceu em seus anos como estudante universitário. A comunidade é pequena, dada a celebrações tradicionais, como um picnic anual onde todos os moradores se divertem. Hal vê ali uma oportunidade de arranjar um emprego na empresa do pai do amigo, mas comete um erro fatal ao se envolver romanticamente com sua namorada e futura noiva, a bela Madge Owens (Kim Novak). A decisão acaba trazendo consequências trágicas para todos os envolvidos. A primeira impressão sobre "Férias de Amor" é a de que se trata de um filme romântico ao velho estilo, como era bem comum na década de 1950. Mas isso é uma visão superficial. O roteiro é muito bem escrito e trabalha excepcionalmente bem com todos os personagens que povoam a cidadezinha do Kansas onde a história é passada. Esse é o melhor ponto positivo desse filme. O roteiro consegue ser muito bom, apesar de ter que dar conta de vários, dezenas de personagens. Cada um deles tem seu próprio espaço dentro da história que é no fundo um espelho do que seria a própria sociedade da época.

E entre os moradores daquela cidadezinha temos os mais diversos tipos de pessoas e seus próprios dramas pessoais. Existe aqui uma coleção de bons personagens em cena. Há a professora solteirona, frustrada, que tenta se agarrar ao sonho de um dia vir a se casar, embora procure não demonstrar isso para ninguém. Há também seu namorado, um comerciante solteirão como ela, que não se decide em se casar ou não, pois considera que isso já é tarde demais para ele naquela altura de sua vida. No núcleo central temos as duas irmãs, a mais jovem é uma adolescente inteligente que irá para a universidade em breve. Ela no fundo sente uma pontinha de inveja de sua irmã mais velha, a linda Madge (Novak). Essa por sua vez é incentivada a entrar em um relacionamento com o jovem rico da região, mas no fundo não gosta dele. Sua mãe, muito interesseira, quer que ela se case e tenha uma vida de dondoca rica.

E entre tantos personagens diversos, o protagonista interpretado pelo ator William Holden obviamente se destaca. Ele é um sujeito bipolar que tenta encontrar seu lugar no mundo, mas sem muito sucesso. Seu romance com a atriz Kim Novak é um dos pilares do filme. Foi o que tornou essa produção um sucesso de bilheteria na época. Os dois astros realmente passam muita química juntos, em boas cenas românticas.. É um casal que deu certo no cinema. E some-se a essa boa escolha de elenco, a boa direção de Joshua Logan, considerado pela crítica da década de 1950 como um dos mais talentosos cineastas daqueles tempos áureos do cinema americano. É um belo trabalho de direção, atuação e até mesmo romantismo ao velho estilo. Um filme que merece o status que tem na história do cinema clássico.

Férias de Amor (Picnic, Estados Unidos, 1955) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Joshua Logan / Roteiro: Daniel Taradash, William Inge / Elenco: William Holden, Kim Novak, Betty Field / Sinopse: Um homem sem rumo na vida acaba indo parar numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos, onde acaba se envolvendo com a mulher errada dentro daquela comunidade interiorana. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor direção (Joshua Logan) e melhor música (George Duning). Vencedor do Oscar nas categorias de melhor edição (Charles Nelson e William A. Lyon) e melhor direção de arte (William Flannery e Jo Mielziner). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de melhor direção (Joshua Logan).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

O Homem de Alcatraz

Título no Brasil: O Homem de Alcatraz
Título Original: Birdman of Alcatraz
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: John Frankenheimer
Roteiro: Guy Trosper
Elenco: Burt Lancaster, Karl Malden, Thelma Ritter, Neville Brand, Betty Field, Telly Savalas 

Sinopse:
A história do filme é baseada em fatos reais, com roteiro adaptado do livro escrito por Thomas E. Gaddis. Robert Stroud (Burt Lancaster) é um prisioneiro federal que cumpre pena na prisão de morte em Alcatraz, na Baía de San Francisco. Ele ficou famoso ao se tornar, de forma completamente autodidata dentro da prisão, uma autoridade sobre assuntos científicos envolvendo pássaros.

Comentários:
Esse filme é maravilhoso, se tornando até mesmo emocionante. Ele mostra, através da história real de um prisioneiro americano em Alcatraz, a capacidade do ser humano em superar adversidades. O protagonista supera o fato de sofrer uma condenação à morte para tentar se tornar um homem melhor. Durante uma manhã um passarinho pousa na janela de sua cela. O animal está ferido. Então ele começa a tratar a ave. Isso inicia um interesse pessoal dele por ciência, por biologia. Ele então começa a estudar os pássaros, estudando dia e noite, se tornando um dos maiores experts no assunto em seu país. Assim começa uma campanha fora da cadeia para que ele não seja executado, afinal ele se mostra completamente recuperado, virando mesmo um homem sábio dentro da cadeia, mostrando que nem as paredes de uma prisão podem cercear o desejo de um homem em busca do conhecimento e da ciência. O filme é perfeito como obra cinematográfica em si, embora tenha sofrido diversas críticas em seu lançamento original por supostamente romancear demais a personalidade de Robert Stroud. Na vida real ele era sim extremamente inteligente, com alto QI, algo que o roteiro do filme deixa bem claro, porém tinha também uma personalidade perigosa e violenta, um tanto diferente do bondoso personagem interpretado por Burt Lancaster. Isso porém não apaga o fato de que esse é um grande filme. Como puro cinema é nota 10 com louvor. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Burt Lancaster), melhor ator coadjuvante (Telly Savalas), melhor atriz coadjuvante (Thelma Ritter) e melhor direção de fotografia (Burnett Guffey).

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Nunca Fui Santa

Título no Brasil: Nunca Fui Santa
Título Original: Bus Stop
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Joshua Logan
Roteiro: George Alverod
Elenco: Marilyn Monroe, Don Murray, Atthur O´Connell, Betty Field, Eileen Heckart, Hope Lange

Sinopse:
Baseado na peça teatral escrita por William Inge, o filme "Nunca Fui Santa" conta a história de Cherie (Marilyn Monroe). Ela é uma cantora de bares e cabarés que conhece o caipira e peão de rodeios Bo (Don Murray). Ele se apaixona imediatamente por ela e deseja que Cherie venha para Montana para viver ao seu lado numa bela fazenda, onde pretende se casar e constituir uma família, mas ela não está tão certa sobre isso. Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Don Murray). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Atriz (Marilyn Monroe).

Comentários:
Um filme de transição dentro da filmografia de Marilyn Monroe. Assim que voltou de Nova Iorque ela exigiu melhores roteiros e melhores papéis para si. Marilyn havia brigado com a Fox, brigado com os produtores e estava bem insatisfeita com os filmes que a Fox lhe indicava. Assim ela fundou sua própria produtora e disse para a imprensa que não mais faria personagens de loiras burras (as mesmas que a tinham consagrado no passado). Depois disso foi para Nova Iorque e se matriculou no Actors Studio. Obviamente a Fox ficou em pânico com medo de perder sua estrela de maior bilheteria. Negociações foram feitas e Marilyn conseguiu maior controle de seus filmes. Disse para a imprensa que não faria mais comédias bobas. O irônico disso tudo é que depois de toda essa confusão Marilyn acabou estrelando justamente esse "Nunca Fui Santa" onde ela interpretava uma personagem muito parecida com as demais, em mais uma comédia romântica (embora houvesse também pinceladas de drama dentro do roteiro).

Tenho que dar o braço a torcer e dizer que apesar de "Nunca Fui Santa" ser uma comédia até banal, nessa vez pelo menos Marilyn se esforçou muito para dar ao público uma interpretação melhor. Ela faz caras e bocas nas cenas mais "dramáticas". O problema é que seu estilo está em total descompasso com seu parceiro de cena, o ator Don Murray, que parece estar em um filme dos três patetas. Enquanto ele é totalmente caricatural, Marilyn parece estar em um dramalhão de Douglas Sirk! Desnecessário dizer que o resultado final fica mesmo confuso. Apesar disso gostei do filme, pois é o roteiro é bem feito e rápido (pouco mais de 90 minutos), com boas cenas externas e um ato final que lembra bastante a linguagem puramente teatral (quando eles param na tal parada de ônibus que dá nome ao título original). Por fim uma curiosidade: Marilyn parece drogada em várias cenas - mas pelo menos nesse caso o roteiro serve de desculpa (já que ela estaria supostamente com sono por não dormir à noite).

Pablo Aluísio.