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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Constantino e o Cristianismo - Parte 1

Uma das figuras mais mal interpretadas e caluniadas da história foi o imperador romano Constantino. Até hoje repetem-se falácias sobre ele, de como teria fundado a igreja católica e como teria promovido a fusão entre o nascente cristianismo com o paganismo romano. Ambas as afirmações não são verdadeiras. Assim defende o historiador americano Theodore Shoebat  em seus novos artigos. Segundo o pesquisador essas falsas informações e deturpações históricas surgiram pela primeira vez dentro de estudos de autores anti-cristãos, em especial Franz Cumont, que tinha um claro objetivo de atacar a Igreja Católica de seu tempo.

O que muitos não percebem é que Cumont introduziu esta teoria a partir de uma perspectiva anti-cristã. Ele escreveu que o cristianismo tomou de seus adversários as suas próprias armas, e usou-as, resultando que os melhores elementos do paganismo foram transferidos para a nova religião.

Com isto dito, nós podemos concordar que as crenças que tentam provar que Constantino havia criado sua própria igreja a misturando com o paganismo, foi produzido originalmente por inimigos da Fé e não por seguidores cristãos. O objetivo era claro: causar mais divisões dentro da Igreja, separando os cristãos que odiavam Constantino contra os defensores da nova Igreja romana que se oficializava. As alegações porém são falsas pois de fato a Igreja Católica não foi fundada pelo imperador romano como tanto se propaga ao longo desses últimos séculos.

Para refutar a idéia de que Constantino criou uma nova igreja e mostrar que a Igreja não se alterou após - ou foi suplantado por ele, é importante ao pesquisador ir atrás de livros históricos escritos antes do surgimento do imperador dentro do cristianismo. Entre as fontes primárias que podem ser citadas estão obras escritas por Eusébio, Tertuliano, Santo Ambrósio, Santo Irineu, Firmicus, São Justino Mártir e complementando Santo Agostinho.

Isso é importante porque mostra que temos de olhar para as fontes originais da Igreja, não para textos anti-cristãos, escritos contra a Igreja ou que se basearam neles como a doutrina protestante.

Uma das acusações mais freqüentes é que Constantino fundou, ou pelo menos ajudou a estabelecer, uma igreja oficial do império, e então começou a massacrar cristãos que não aceitavam os dogmas da nova fé católica. Esse conflito teria dado origem a segmentos desvinculados de Roma.

As evidências apresentadas sobre esse fato se apóiam em um decreto do imperador que listava uma série de seitas que dali em diante seriam consideradas hereges. Com isso estariam proibidas de promover reuniões religiosas e pregar sua visão particular do cristianismo.

Acontece que muitas das seitas descritas e listadas por Constantino pouco ou nada tinham a ver com o cristianismo. A maioria delas pregava um tipo misto de tradições religiosas, algumas pagãs e outros cultos como aqueles que adoravam Mitra - com rituais sangrentos onde touros eram sacrificados em nome da deusa romana. Perceba que basta ler o decreto do imperador para entender que ele na realidade não promoveu uma fusão entre paganismo e cristianismo dentro da religião católica mas justamente o contrário pois proibiu diversas seitas que faziam justamente isso.

Pablo Aluísio.

Constantino e o Cristianismo - Parte 2

Cinco das seitas listadas já tinham rompido com a Igreja Católica muitos anos antes de Constantino surgir em cena como Imperador. Essas seitas negavam dogmas cristãos e muitas delas chegavam ao ponto de negar inclusive a ressurreição de Jesus Cristo. Outras pregavam que Cristo não teria existência terrena, apenas espiritual e que na realidade não tinha sexo, sendo um tipo de híbrido celestial, metade homem e metade mulher. Outras pregavam que Maria não seria a virgem descrita nas escrituras e que teria feito sexo diretamente com Deus. Eram ideias bizarras que a Igreja Católica desde muito cedo combateu dentro do cristianismo.

Policarpo que havia estado pessoalmente com alguns dos apóstolos originais de Jesus Cristo contestou diretamente e duramente muitas dessas visões alternativas do cristianismo. Isso prova que a Igreja, bem antes de Constantino, já existia como comunidade organizada, com vários pensadores procurando uma uniformidade de pensamentos e dogmas, organizando e separando aquilo que era considerado o verdadeiro cristianismo e aquele que era simplesmente heresia. Mesmo sem nada oficial, a Igreja (que anos depois receberia o título de católica) já existia plenamente, com organização e harmonia do ponto de vista teológico.

Como poderia os Valentinianos, uma das seitas combatidas pelos primeiros cristãos, ser considerada um vertente dentro do cristianismo se eles estavam ensinando uma doutrina falsa, sendo condenados por um homem que tinha sido nomeado diretamente pelos próprios Apóstolos? Policarpo lutou bravamente contra sua visão distorcida do cristianismo. E esse pensamento seria seguido pelo Imperador Constantino depois mas certamente ele não o teria criado pois não tinha as bases históricas e teológicas para tanto.

O que isso prova? Que o Cristianismo como movimento intelectual e de fé já existia muitos séculos antes de Constantino e que esse mesmo grupo daria segmento à sua fé, originando depois o que hoje conhecemos como Igreja Católica.

Constantino era um político e como tal precisava de apoio dos grupos mais fortes dentro da sociedade romana. Entre eles estava justamente a dos cristãos. Quando Constantino oficializou o Cristianismo ele já estava em todos os setores da sociedade romana. Já havia altos funcionários do império que eram cristãos, assim como senadores, soldados e generais. Constantino apenas se rendeu aos fatos. Ele certamente não criou o cristianismo como movimento e nem como Igreja, essa já existia muito anos antes dele surgir. Constantino apenas oficializou uma situação de fato. A religião que estava predominando era o cristianismo em todas as camadas da população de Roma e do Império. Não havia outra saída.

Pablo Aluísio.