quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Um Refúgio

O filme se passa na Guerra Civil americana. Logo na introdução os produtores colocaram uma frase do general da União William Sherman, um dos mais notórios e infames carniceiros daquele conflito que devastou os Estados Unidos. Na opinião de Sherman a guerra sempre seria um lugar de crueldade e violência, não importando as outras coisas que se atribuíam a ela. Nesse ponto ele tinha razão, haja visto que ele promovia todos os tipos de atrocidades por onde passava. Foi certamente uma figura histórica desprezível. Pois bem, o filme mostra uma fazenda no sul prestes a ser invadida pelas tropas de Sherman. Sua tática era destruir não apenas os exércitos confederados, mas também o espírito dos sulistas. Para isso valia de tudo, até mesmo crimes de guerra como estupros, assassinatos à sangue frio e violência irracional. E é justamente isso que ocorre quando dois batedores do exército da União chegam em um pequeno povoado do sul.

Ao se depararem com a bela Augusta (Brit Marling) eles resolvem persegui-la, indo até sua fazenda no meio rural. O pior é que Augusta está praticamente indefesa. Os homens da casa foram embora lutar na guerra e lá ficaram apenas ela, sua irmã mais jovem que está doente e uma escrava negra. Os yankees estão chegando com toda a brutalidade conhecida e Augusta precisa defendê-las! Para isso conta apenas com um velho rifle e muita coragem. O roteiro explora basicamente essa situação e o faz muito bem.

Obviamente em temos de guerra era de se esperar por muita violência e isso certamente você encontrará no filme. Há inclusive cenas de estupro e assassinatos sumários. O ponto de vista de uma mulher, civil, tentando sobreviver a uma guerra insana como aquela, é o grande triunfo desse roteiro, porque ao invés de explorar as grandes batalhas ele foca sua ponto de vista para o medo e a agonia de quem está fora do campo de batalha, em casa, mas que teve que lidar com tudo após a própria guerra chegar em sua porta. Um bom filme, valorizado por algumas belas cenas como a que está no poster, com Augusta vendo o horizonte vermelho por causa das explosões no front de batalha.

The Keeping Room (Estados Unidos, 2014) Direção: Daniel Barber / Roteiro: Julia Hart / Elenco: Brit Marling, Hailee Steinfeld, Sam Worthington / Sinopse: Três mulheres tentam sobreviver em uma velha casa de fazenda do sul quando os primeiros soldados da União chegam na região durante a Guerra Civil Americana. Em tempos de vida ou morte apenas as mais fortes conseguirão sobreviver.

Pablo Aluísio.

Fúria em Alto Mar

Quando o filme começa dois submarinos, um americano e um russo, atravessam o mar embaixo de grossas camadas de gelo. De repente algo acontece com o submarino russo que vai ao fundo. Depois a embarcação americana é igualmente atacada por um torpedo e afunda. O que teria acontecido? Para a missão de investigação e resgate é enviado o capitão Joe Glass (Gerard Butler). Ele não tem muito experiência de comando, mas conta com uma boa tripulação em um submarino nuclear de última geração. Assim começa esse "Fúria em Alto Mar" que tinha tudo para dar certo. Boa produção, elenco muito bom, efeitos digitais bem feitos. Tudo parecia se encaixar. O problema vem do roteiro. É um velho problema desses novos filmes de Hollywood. Os roteiristas subestimam completamente a inteligência dos espectadores e começam a forçar a barra com situações bobas, juvenis, inverossímeis ao extremo.

Tudo bem fazer um filme sobre submarinos. Esse é aliás um dos estilos de filmes de guerra mais consagrados. O problema é fazer um filme bobo. Para se ter uma ideia do tamanho da bobagem, em determinado momento a missão do submarino comandado pelo personagem de Butler passa a ser ir até um dos mais seguros portos da marinha russa, onde está metade da frota daquele país, para resgatar o próprio presidente russo de um golpe militar! Que bobagem! Com isso nem mesmo a mais bem feita produção e nem mesmo o melhor elenco conseguem escapar da vergonha alheia. Se tivessem apostado numa trama adulta e séria, esse seria um grande filme sobre a marinha. Do jeito que ficou só aborrece e causa decepção!

Fúria em Alto Mar (Hunter Killer, Estados Unidos, 2018) Direção: Donovan Marsh / Roteiro: Arne Schmidt, Jamie Moss / Elenco: Gerard Butler, Gary Oldman, Common, Alexander Diachenko, Michael Nyqvist / Sinopse: Joe Glass (Gerard Butler) é o capitão de um submarino americano que é enviado para uma missão extremamente perigosa, que poderá até mesmo causar uma guerra nuclear entre as potências mundiais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

A Última Estação

Excelente filme que conta a história das últimas semanas de vida do escritor russo Leon Tolstói (Christopher Plummer). Ele ficou mundialmente conhecido ao escrever verdadeiras obras primas da literatura mundial como Guerra e Paz (1869) e Anna Karenina (1877). No filme seu editor e amigo de longa data manda um jovem rapaz chamado Valentin (James McAvoy) para trabalhar como seu secretário particular. Uma vez na casa de Leon Tolstói ele passa a vivenciar tudo o que estava acontecendo em sua vida pessoal, inclusive seu conturbado relacionamento com a esposa, Sofya (Helen Mirren), uma mulher de temperamento forte e explosivo. Um dos aspectos mais interessantes é que o velho escritor tinha planos de levar em frente um movimento baseado em uma nova forma de encarar a vida. Entre as coisas que pregava estava o desprendimento de coisas materiais. O problema é que ele próprio era um conde, membro da elite e da nobreza russa, vivendo em uma bela mansão, com muitos servos trabalhando em sua propriedade rural. Até que um dia ele acaba brigando com a esposa e decide colocar em prática seus ensinamentos, com consequências trágicas. Tudo o que se vê na tela foi baseado em fatos históricos reais.

Além de ter um ótimo roteiro, esse filme ainda conta com um elenco primoroso, a começar por Christopher Plummer, com longa barba grisalha e quase irreconhecível em sua caracterização de Tolstói; Helen Mirren dispensa maiores apresentações, uma das grandes damas do cinema atual. E completando o elenco de talentos temos até mesmo Paul Giamatti como o amigo de longa data e editor de Leon Tolstói. Ele tem uma posição interessante no meio de tantos personagens marcantes, porque no fundo almeja que o velho escritor doe todos os direitos autorais de sua obra para a humanidade, algo que enfurece a esposa do autor, afinal esse seria o grande tesouro para a família dele. Enfim, ótimo filme que conta uma história que se não fosse baseada em tudo o que aconteceu, poderia facilmente se passar por mais um romance escrito pelo próprio Tolstói.

A Última Estação (The Last Station, Inglaterra, Alemanha, Rússia, 2009) Direção: Michael Hoffman / Roteiro: Michael Hoffman, Jay Parini / Elenco: Christopher Plummer, Helen Mirren, James McAvoy, Paul Giamatti / Sinopse: No fim de sua vida, o escritor russo Leon Tolstói (Christopher Plummer) decide colocar em prática tudo aquilo que pregou em vida na sua obra literária. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Helen Mirren) e Melhor Ator (Christopher Plummer). Também indicado ao Globo de Ouro e ao Screen Actors Guild Awards nas mesmas categorias.

Pablo Aluísio.

Bel Canto

Um filme fraco, apesar de contar com um bom elenco. Na estória um grupo de pessoas influentes da alta sociedade se reúne para a apresentação da cantora lírica Roxanne Coss (Julianne Moore). Tudo acontece em Lima, no Peru. No meio do concerto um grupo de guerrilheiros de esquerda invade o lugar e toma todas as pessoas presentes de reféns. Exige como resgate a libertação de todos os presos políticos do país, além da presença do presidente da república. Duas reivindicações impossíveis de serem cumpridas. Enquanto o impasse ocorre todos os reféns ficam nas mãos dos guerrilheiros. E aí começa o grande erro do filme. O roteiro começa a simpatizar com o grupo criminoso. Eles são retratados como revolucionários de boa índole! Como assim? São sequestradores que ameaçam pessoas inocentes de morte! A cantora até mesmo começa a ensinar e dar aulas de canto para um dos paramilitares. A partir daí o filme despenca por causa de todas as suas péssimas intenções.

Mal realizado e com um roteiro absurdo desses tudo vai por água abaixo. Não há salvação. Nem o bom elenco salva o filme. Julianne Moore já fez tantos filmes bons ao longo de sua carreira que esse aqui vai se tornar apenas uma mancha em sua filmografia. Christopher Lambert, que chegou a ser bem popular nos anos 80, ressurge para um papel de refém sem maior importância. Até Ken Watanabe não tem muito o que fazer. Enfim, um filme realmente fraco e sem mensagem. Pura perda de tempo.

Bel Canto (Estados Unidos, 2018) Direção: Paul Weitz / Roteiro: Paul Weitz, Anthony Weintraub / Elenco: Julianne Moore, Ken Watanabe, Christopher Lambert, María Mercedes Coroy, Sebastian Koch / Sinopse: Roxanne Coss (Julianne Moore) é uma cantora lírica americana que vai se apresentar em Lima, no Peru e lá acaba refém de um grupo guerrilheiro de esquerda.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Operação Final

Esse filme da Netflix conta a história da captura do oficial nazista da SS Adolph Eichmann. Após o fim da II Guerra Mundial ele conseguiu fugir com sua família para a Argentina. Uma vez no novo país adotou uma nova identidade e começou a trabalhar numa fábrica da Mercedes-Bens em Buenos Aires. A vida do carrasco nazista seguiu em tranquilidade até que no começo dos anos 1960 um grupo de agentes israelenses conseguiu localizá-lo. A partir daí começaram os planos para raptá-lo com o objetivo de levá-lo para Israel onde finalmente seria julgado por seus crimes de guerra. Eichmann era conhecido como o "Arquiteto do holocausto" porque ele organizou de forma matemática e administrativa a matança dos judeus nos campos de extermínio. Era um homem frio e calculista que se empenhou pessoalmente na chamada "solução final", onde os judeus seriam exterminados de maneira industrial em campos de concentração e de extermínio espalhados por toda a Europa. Sua função era deixar a máquina de matança dos nazistas funcionando da maneira mais eficiente possível.

Embora seja um filme até pequeno em termos de orçamento, seu grande triunfo vem da presença do ótimo ator Ben Kingsley, Ele interpreta o nazista, trazendo de volta sua pesonalidade metódica, uma espécie de burocrata da morte em série. Jogando o tempo todo com um de seus raptores no cativeiro ele chega até mesmo a despertar a simpatia de um deles! E isso partindo de uma pessoa que viu sua própria irmã e sobrinhos sendo mortos em caminhões de gás nas florestas da Polônia. Um bom retrato de um dos grandes monstros da barbárie nazista.

Operação Final (Operation Finale, Estados Unidos, 2018) Direção: Chris Weitz / Roteiro: Matthew Orton / Elenco: Ben Kingsley, Oscar Isaac, Mélanie Laurent, Lior Raz / Sinopse: Em 1961, o Mossad, o serviço secreto do Estado de Israel, consegue localizar o paradeiro do criminoso de guerra nazista Adolph Eichmann. Ele vive escondido na Argentina. Assim uma operação é planejada com o objetivo de trazê-lo de volta a Israel, onde finalmente seria julgado pelos seus crimes cometidos no holocausto.

Pablo Aluísio. 

Aliens, o Resgate

Revi ontem esse pequeno clássico da ficção. Na verdade me lembro de ter assistido o filme no cinema, em seu lançamento original. Depois disso devo ter revisto na TV e foi só. Provavelmente fazia mais de 20 anos que tinha visto pela última vez. A mente esquece e muitas vezes ao revermos filmes assim e tudo volta soar como boa novidade - pelo menos em nossa mente esquecida. O filme continua muito bom, muito bem realizado. E para minha surpresa resistiu bem ao tempo, coisa rara em filmes de ficção. Os efeitos especiais não envelheceram, a não ser em pequenos trechos, pontuais, quando as naves sondam o planeta infestado pelos aliens. Alguns detalhes do enredo havia esquecido. Por exemplo, quando o filme começa a Ripley (Sigourney Weaver) descobre que ficou 57 anos hibernando em sua pequena nave de fuga. O filme assim começa onde "Alien, o Oitavo Passageiro" terminou. Ela fugiu da nave mãe e ficou vagando pelo espaço. Agora é resgatada, quase por acaso, por um missão de exploradores. Aliás detalhe importante: no mesmo planeta onde tudo aconteceu no primeiro filme a companhia mineradora fundou uma colônia com mais de 150 habitantes. Claro, péssima ideia.

E é justamente para lá que Ripley retorna após a companhia descobrir que os colonos não entraram mais em contato. O que aconteceu? A tenente então desce novamente naquele lugar esquecido, mas dessa ela não está só. Agora vai com um grupo de fuzileiros altamente armados. E aqui vem o grande diferencial do primeiro filme para esse segundo. O diretor James Cameron deixou o clima de suspense do "Oitavo Passageiro" de lado e investiu na ação, na porrada. Afinal nessa época a moda era mesmo os filmes de ação como "Rambo" e "Comando Para Matar". Sim, Cameron injetou muitos litros de testosterona em seu filme.

Outro aspecto que o diretor turbinou foi a concepção dos próprios aliens. Agora não existe apenas um alienígena, mas dezenas deles, todos provindos de um ninho de aliens. Aliás Cameron também colocou na jogada a própria rainha-mãe das criaturas, que vê desesperada a Ripley tocando fogo em seus ovos com um lança-chamas. Porém temos que dizer também que o filme não é apenas porrada e ação. James Cameron em seu roteiro criou também a personagem de uma menina, a única sobrevivente da colônia. Ela serviu para trazer mais humanidade para Ripley. E também abriu um aspecto subliminar interessante no enredo, mostrando dois lados maternais, a da própria Ripley e obviamente a da rainha-mãe dos aliens. Tudo sutilmente jogado enquanto o massacre de aliens e humanos acontece. "Aliens, o Resgate" é bem isso, tudo potencializado, tudo elevado à nona potência.É seguramente o filme mais violento da série.

Aliens, o Resgate (Aliens, Estados Unidos, 1986) Direção: James Cameron / Roteiro: James Cameron, David Giler / Elenco: Sigourney Weaver, Michael Biehn, Carrie Henn, Paul Reiser, Lance Henriksen, Bill Paxton / Sinopse: Após ficar décadas vagando pelo espaço, Ripley (Weaver) é resgatada. Após se recuperar decide partir para uma missão de resgate no planeta onde tudo aconteceu no primeiro filme. Lá a companhia fundou uma colônia de humanos, que agora não entra mais em contato. A missão de Ripley e seus fuzileiros é descobrir o que teria acontecido. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhores Efeitos Sonoros (Don Sharpe) e Melhores Efeitos Especiais (Stan Winston, Robert Skotak, John Richardson e Suzanne M. Benson).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Mogli: O Menino Lobo

A animação original fez parte da minha infância. Porém havia muitos anos que tinha assistido e me lembrava muito pouco. Foi bem gratificante então assistir a essa nova versão, com atores em carne e osso e bichinhos falantes construídos com a mais moderna computação gráfica. Pois é, o estúdio Disney teve essa grande ideia, a de fazer novas versões de suas antigos clássicos da animação, agora no estilo mais convencional. Em breve teremos "O Rei Leão" e "Dumbo". Basta assistir a esse "Mogli: O Menino Lobo" para entender que vem coisa muito boa por aí! O filme é uma maravilha tecnológica. Venceu inclusive o Oscar de melhores efeitos especiais. É de uma perfeição técnica de encher os olhos. Ok, tudo o que diz respeito à marca Walt Disney é extremamente bem feito, mas esse aqui subiu um ponto na escala. Como se sabe na fábula do Mogli há muitos personagens animais, que falam e interagem como se fossem seres humanos. Nessa versão eles não são caricatos, mas sim mais próximos da realidade. Excelente escolha.

Some-se a isso o fato de que o elenco de dubladores, todos astros em Hollywood, fizeram um trabalho de pura perfeição. Eu nem havia prestado atenção nesse time antes de ver o filme, mas bastou o urso Baloo abrir a boca para reconhecer imediatamente a voz de Bill Murray! Muito divertido. E o que dizer de um Rei orangotango chamado Louie com trejeitos de Christopher Walken? Impossível não reconhecer o estilo único dele falar. Até mesmo a cobra Kaa ficou perfeita na interpretação vocal de Scarlett Johansson! Enfim, tudo muito bem realizado numa nova versão que ficou excelente, em todos os aspectos cinematográficos.

Mogli: O Menino Lobo (The Jungle Book, Estados Unidos, 2016) Direção: Jon Favreau / Roteiro: Justin Marks, baseado na obra do escritor Rudyard Kipling / Elenco: Neel Sethi, Bill Murray, Ben Kingsley, Christopher Walken, Scarlett Johansson, Idris Elba, Lupita Nyong'o / Sinopse: Após a morte de seu pai, o menino Mogli passa a ser criado por lobos. Sua vida na floresta é feliz, até a chegada do tigre Shere Khan que não aceita sua presença na selva. Ele quer vingança contra todos os homens e também seus "filhotes".

Pablo Aluísio.

O Mistério do Relógio na Parede

O filme conta a estória de um garoto que vai morar com o tio depois da morte de seus pais em um acidente de carro. O tal tio, interpretado pelo ator Jack Black, passa longe de ser um sujeito normal, dentro dos padrões. Ele mora numa velha casa, com fama de ser mal assombrada. Afirma que é apenas um mágico, porém o tempo vai revelando sua verdadeira face, pois na verdade ele é um bruxo, tal como se fosse um Harry Potter adulto. Aliás a comparação com o universo de Harry Potter vem bem a calhar pois fica fácil entender desde as primeiras cenas que o filme visa atingir mesmo o público fã de Potter. O problema é que passa longe de ser igual. Apesar do universo de magia e bruxaria estar em todos os lugares daquela velha mansão, o filme não consegue ter o mesmo carisma. Em determinado momento fica óbvio que faltam boas ideias, repetindo clichês cansativos. A produção é de primeira linha, com o melhor em termos de efeitos digitais, design de produção, cenários, carros antigos (o filme se passa nos anos 1950), etc. Só que tudo isso só serve para transformar o filme em algo bonito de se ver em termos puramente estéticos. Em termos de enredo tudo é um tanto vazio e desprovido de interesse. Também faltou maior sutileza ao diretor Eli Roth.

Para o cinéfilo mais veterano sobra o elenco para manter o interesse. Temos aqui a volta de Kyle MacLachlan, ator que teve uma certa popularidade nos anos 80 e 90. Ele andava muito sumido. Esse filme o traz de volta ao mercado do cinema. Cate Blanchett continua com sua conhecida elegância, mesmo em uma personagem até muito secundária, com pequenos toques de humor que nunca foi sua especialidade. Por fim há Jack Black. Conhecido por ser um comediante espalhafatoso, aqui ele está bem mais contido. É aquela espécie de ator do tipo "ame ou deteste". Nesse filme pelo menos poliram um pouco seus conhecidos exageros. Então é isso, um filme feito para os mais jovens, ali na faixa dos 13, 15 anos. Para quem for mais velho tudo vai soar meio chatinho.

O Mistério do Relógio na Parede (The House with a Clock in Its Walls, Estados Unidos, 2018) Direção: Eli Roth / Roteiro: Eric Kripke / Elenco: Jack Black, Cate Blanchett, Kyle MacLachlan, Owen Vaccaro / Sinopse: Garotinho vai morar com o tio após a morte dos pais. Ele vive numa velha casa, com fama de ser assombrada. Aos poucos o aspecto de magia que vive naquela velha casa vai revelar um outro universo para aquele jovem.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Legítimo Rei

Esse filme conta a história de Robert, The Bruce. Ele foi Rei da Escócia em um período muito turbulento da história de sua nação. Quando o filme começa Robert (Chris Pine) está ao lado do pai jurando lealdade ao Rei inglês Eduardo I. Após uma longa guerra os escoceses se rendem. O monarca inglês tenta ser benevolente, apaziguando os ânimos entre o povo orgulhoso da Escócia, só que os tributos continuam pesados, massacrando o povo, fomentando uma nova rebelião. Quando pedaços do corpo de William Wallace (o rebelde retratado no filme de Mel Gibson, "Coração Valente") são expostos por toda as cidades escocesas a rebelião explode novamente. Robert, The Bruce, se coroa Rei da Escócia e parte para uma nova guerra contra os ingleses, mesmo sem ter um exército organizado e mesmo sem ter o total apoio dos outros clãs escoceses. Uma rebelião sem muita organização, mas com muita vontade de finalmente expulsar os ingleses de suas terras.

Gostei de praticamente tudo nesse filme. O roteiro é sóbrio e tenta explicar (com sucesso) o contexto político daquela era. Os figurinos e os cenários também são extremamente corretos do ponto de vista histórico. Não é uma produção de encher os olhos como "Coração Valente", por exemplo, mas todos os elementos estão bem encaixados. É o primeiro filme produzido pela Netflix que me deixou plenamente satisfeito. Como gosto de história medieval a situação só melhorou em meu ponto de vista. E como curiosidade final os historiadores ingleses fizeram recentemente uma reconstrução facial desse Robert, The Bruce, através de seus restos mortais. Ficou bem interessante. Isso demonstra que ele foi acima de tudo uma figura histórica importante para os habitantes das terras altas escocesas. No mais, assista ao filme sem receios. Ele é muito bom.

Legítimo Rei (Outlaw King, Reino Unido, Estados Unidos, 2018) Direção: David Mackenzie / Roteiro: Bathsheba Doran, David Mackenzie / Elenco: Chris Pine, Stephen Dillane, Rebecca Robin, Billy Howle / Sinopse: Após celebrar a paz com o Rei da Inglaterra Eduardo I, Robert, The Bruce, Conde de Carrick, chefe de um importante clã da Escócia decide liderar uma nova revolta contra a presença dos ingleses em sua nação, dando origem a uma nova e sangrenta guerra.

Pablo Aluísio.

Uma Mulher Exemplar

Filme baseado em fatos reais, na história da pintora Catherine Weldon. Após ficar viúva, ela decide pegar o primeiro trem rumo ao oeste. Seu objetivo é pintar um retrato do famoso líder tribal Touro Sentado, o mesmo chefe nativo que comandou o ataque contra a sétima cavalaria, levando a morte o general Custer e todos os homens de sua companhia. Obviamente sua presença não é bem recebida. Os únicos brancos que vivem naquela região distante são militares, membros da cavalaria, que obviamente odeiam Touro Sentado e a sua nação Sioux. É um bom filme que procura contar essa história que nem é muito conhecida hoje em dia, embora os quadros pintados por Catherine Weldon sejam bem valorizados no meio cultural. O roteiro, embora pensado em termos históricos, também apresenta momentos de pura ficção, romance, principalmente ao colocar a pintora no centro das decisões políticas que eram tomadas naquela ocasião com a criação de reservas indígenas, etc.

Porém o que mais em incomodou foi a falta de uma caracterização melhor em relação aos dois personagens principais. Quando Catherine decidiu ir para o oeste, ela já era uma senhora idosa, bem mais velha do que a atriz Jessica Chastain. O mesmo acontecia com Touro Sentado, que naquela época também já era um ancião, uma pessoa de idade avançada, vivendo seus últimos dias. No filme porém os dois são retratados como pessoas jovens. A pior caracterização é a do chefe indígena, aqui interpretado pelo ator Michael Greyeyes. Ele é alto, forte, esbanjando saúde. Ora Touro Sentado era um senhor já debilitado pela saúde quando encontrou Catherine. Era de baixa estatura e estava morrendo. Assim assista ao filme, aprenda sobre seu enredo histórico, mas não deixe o senso crítico de lado. Nem tudo que acontece na tela, aconteceu de fato na história real.

Uma Mulher Exemplar (Woman Walks Ahead, Estados Unidos, 2017) Direção: Susanna White / Roteiro: Steven Knight / Elenco: Jessica Chastain, Michael Greyeyes, Ciarán Hinds, Sam Rockwell, Louisa Krause, Boots Southerland / Sinopse: Após ficar viúva, a pintora Catherine Weldon decide viver uma verdadeira aventura, indo até o velho oeste para encontrar e pintar um retrato do lendário cacique Sioux Touro Sentado.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de dezembro de 2018

Constantine: Cidade dos Demônios

Se você só conhece o personagem John Constantine daquele filme estrelado pelo Keanu Reeves e não tem tempo e nem paciência para ler os quadrinhos originais (que contam com um título mensal e dezenas de encadernados no Brasil), uma boa dica é assistir a essa animação lançada nos Estados Unidos. Chegou ao mercado lá fora como DVD especial e depois foi devidamente "picotada", sendo exibida na TV em episódios de curta duração. Esse tipo de lançamento tem sido cada vez mais comum, o que não deixa de ser uma boa oportunidade para ver esse tipo de personagem em seu universo original.

O Constantine original e um inglês loiro, com barba por fazer. Fumando um cigarro atrás do outro não se parece em nada com o visual de surfista havaiano do Keanu Reeves. Aqui ele resolve ajudar um amigo. Sua filha está em coma no hospital e ele pede para Constantine verificar se existe alguma causa sobrenatural exercendo poder sobre a menina. E obviamente existe, um demônio, velho conhecido dele, que agora quer um "favorzinho" em troca da alma da garota. E assim começa o combate entre o mal e o bem. E não vai ser algo bonito de se ver. Achei uma boa animação, bem realizada, tentando manter o espírito dos quadrinhos.

Constantine: Cidade dos Demônios (Constantine: City of Demons, Estados Unidos, 2018) Direção: Doug Murphy / Roteiro: J.M. DeMatteis, Steve Bissette / Elenco: Matt Ryan, Damian O'Hare, Laura Bailey / Sinopse: Animação onde John Constantine precisa enfrentar um demônio que está agindo em Los Angeles, exercendo possessão sobre uma garotinha indefesa, filha de um amigo.

Pablo Aluísio.

Alfa

Gostei do filme. Pensei que sinceramente não iria curtir já que o tema por si só não era muito fácil. No começo me lembrei de "A Guerra do Fogo", só que o enredo desse novo filme se passa um pouco mais à frente da história, há 20 mil anos. Um grupo de humanos decide sair para a caça. Entre eles está o líder e seu filho, um jovem adolescente, ainda inexperiente. A caçada vai ser seu ritual de passagem, só que ele cai de um penhasco e é dado como morto. Porém todos estavam enganados. Ele consegue sobreviver e ao lado de um lobo faz a longa jornada de volta para casa.

O filme tem, como era de se esperar, muita computação gráfica, mas que não toma conta do filme, pelo contrário, funciona apenas como ferramenta de narrativa. Outro ponto positivo é que o filme também mostra o momento em que o homem começou a domesticar animais, aqui representado pelo lobo que acompanha o protagonista em sua jornada e que depois é aceito dentro da tribo da qual faz parte. O roteiro é simples, conta uma história visceral e funciona perfeitamente. Também tem um belo visual, afinal dentro de um computador de última geração você consegue criar qualquer coisa, desde animais extintos (com destaque para a chamada megafauna da era do gelo) passando pela natureza daqueles tempos antigos, indo parar no próprio lobo que nas horas certas passa sentimentos até mesmo bem humanos.

Alfa (Alpha, Estados Unidos, 2018) Direção: Albert Hughes/ Roteiro: Daniele Sebastian Wiedenhaupt, Albert Hughes / Elenco: Kodi Smit-McPhee, Jóhannes Haukur Jóhannesson, Marcin Kowalczyk / Sinopse: Há vinte mil anos um jovem guerreiro precisa sobreviver ao ser deixado para trás numa Europa pré-histórica, com animais selvagens e clima hostil e inóspito, às vesperas de uma nova era glacial.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O Último Golpe

Nunca havia assistido a esse filme de Clint Eastwood. Realmente não é dos seus mais conhecidos, tendo feito pouco sucesso comercial em seu lançamento, o que fez com que Clint rompesse com a United Artists. Na época ele acusou o estúdio de não ter divulgado bem o filme. Pois bem, se trata de um road movie, onde Clint interpreta um ex-assaltante de bancos que agora se passa por pastor numa pequenina igreja de interior. Sua farsa cai por terra quando um velho conhecido, membro de um bando do que ele fez parte no passado, volta para acertar contas. Na fuga ele acaba conhecendo um jovem que se diz chamar Lightfoot. Esse personagem é interpretado por Jeff Bridges, em boa atuação que lhe valeu até mesmo uma indicação ao Oscar (o que sinceramente achei um pouco demais). Juntos eles acabam indo atrás do dinheiro do último roubo, que ficou escondido numa escola histórica, localizada numa cidadezinha.

O filme obviamente aposta bastante na ação. O roteiro escrito pelo diretor Michael Cimino não está preocupado em fazer arte, mas sim em divertir o público, por isso o filme apresenta bastante humor e aquele ritmo frenético que me fez inclusive lembrar dos filmes de Burt Reynolds nos anos 70 como "Agarre-me se puderes". É bem naquela levada. No geral achei interessante, bem realizado, movimentado, um veículo para Eastwood fazer sucesso novamente nos cinemas. Não pode ser considerado um dos melhores filmes de sua carreira, um clássico, etc, mas diverte sim e nem envelheceu tanto como se poderia pensar.

O Último Golpe (Thunderbolt and Lightfoot, Estados Unidos, 1974) Direção: Michael Cimino / Roteiro: Michael Cimino / Elenco: Clint Eastwood, Jeff Bridges, Geoffrey Lewis, George Kennedy, Gary Busey / Sinopse: O ladrão de banco Thunderbolt (Eastwood) se une ao jovem Lightfoot (Bridges) para roubar um banco de uma pequena cidade. Ao mesmo tempo tenta descobrir o paradeiro do dinheiro roubado em seu último assalto. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Jeff Bridges).

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de novembro de 2018

O Agente Secreto Matt Helm

Esse filme pode ser explicado em poucas frases, até porque a intenção dos produtores eram bem simples de entender. Eles quiseram apenas apertar um botão, transformando Dean Martin em James Bond. Isso mesmo. O roteiro, as armas modernas, a trama de espionagem, tudo parece uma cópia mais pobre e mais escrachada dos filmes de 007. Provavelmente a única coisa que parece se salvar é o próprio carisma imbatível de Dean Martin. Veja que enredo: Dean Martin interpreta um agente da contra espionagem americana chamado Matt Helm. Como disfarce ele se passa por fotografo, o que lhe dá a oportunidade de trabalhar com muitas mulheres bonitas! Claro, ele dá em cima de todas e invariavelmente se dá bem em suas cantadas (tempos politicamente incorretos aqueles!). A intenção é sempre levar a próxima garota bonita para a cama. Depois as descartar, sem maiores problemas.

Pois bem, a boa vida de Helm chega ao fim quando uma organização criminosa decide fazer uma sabotagem no lançamento de um foguete rumo ao espaço. Eles querem usar o foguete para contaminar uma grande área da costa oeste dos Estados Unidos com radiação. Para salvar o dia, então o indiscreto Matt Helm sai de sua alcova, cercado de lindas garotas, para desmantelar os planos do malvadões.

Tudo cheira a chanchada. Fica óbvio desde o começo que Dean Martin está apenas se divertindo no papel. Ele chega a tirar onda com seu amigo Frank Sinatra. Numa cena, enquanto dirige um carro, a garota ao seu lado liga do rádio e Sinatra surge cantando um de seus sucessos ao que Martin diz: "Esse cantor é péssimo, mude de estação!". O filme inclusive tem uma longa trilha sonora, só com músicas obviamente cantadas por Dean Martin. Também tem números de dança em excesso, com dançarinas de Las Vegas, o que me fez pensar que Dean Martin andou prometendo espaço demais para essas starlets no filme. Aliás todo rodado nos arredores de Las Vegas (onde Dino poderia continuar cantando de noite nos cassinos enquanto de dia rodava as cenas do filme de dia), esse primeiro Matt Helm não é para ser levado à sério de jeito nenhum. Sendo encarado dessa forma, até que é um passatempo divertido.

O Agente Secreto Matt Helm (The Silencers, Estados Unidos, 1966) Direção: Phil Karlson / Roteiro: Oscar Saul / Elenco: Dean Martin, Stella Stevens, Daliah Lavi / Sinopse: Para salvar a América de uma tragédia nuclear, apenas um homem poderia ser chamado, o agente secreto Matt Helm, interpretado pelo cantor Dean Martin. Filme baseado nos romances de espionagem escritos por Donald Hamilton.

Pablo Aluísio.

As Aventuras de Marco Polo

Um filme sobre o lendário Marco Polo, ainda mais sendo interpretado por Gary Cooper, certamente me deixou muito interessado. Pena que nada correspondeu ás expectativas. Tudo bem, se trata de um filme de aventuras do final da década de 1930, porém o roteiro, a produção e até mesmo os figurinos deixaram muito a desejar. O filme começa quando o pai de Marco Polo decide enviá-lo para uma longa jornada em direção à China. O objetivo é abrir uma rota comercial entre Veneza e o império chinês. Marco Polo é escolhido para liderar essa expedição. Importante lembrar que Marco Polo é considerado o primeiro europeu a ter contato com a civilização chinesa, isso ainda no século XI. Ele então embarca em seu aventura, mas as coisas começam muito mal. Durante uma tempestade no Mediterrâneo seu navio afunda. Ele é salvo por milagre, chegando a uma praia no Oriente Médio. Depois disso decide percorrer a jornada a pé mesmo, atravessando desertos, montanhas nevadas e todos os perigos.

O filme é historicamente incorreto. Afinal é apenas uma aventura de matinê e não estava mesmo nada programado para ser algo sério, de acordo com os fatos históricos. O figurino de  Gary Cooper é péssimo, algo que nada tinha a ver com as roupas da época, dos venezianos de seu tempo. Para piorar o roteiro logo derrapa em muitos clichês, envolvendo um bondoso imperador chinês, sua linda filha e um grão-vizir maléfico. Superficial, parece mesmo um produtor feito para adolescentes. Nem o romance entre Cooper e a filha do imperador consegue decolar. Por fim, para piorar tudo, o filme se passa na China, mas poucos são os atores orientais. Noventa por cento dos chineses que desfilam na tela são americanos com maquiagem para puxar os olhos. Assim sobra pouco para elogiar essa fraca aventura do passado.

As Aventuras de Marco Polo (The Adventures of Marco Polo, Estados Unidos, 1938) Direção: Archie Mayo / Roteiro: Robert E. Sherwood, N.A. Pogson  / Elenco: Gary Cooper, Sigrid Gurie, Basil Rathbone / Sinopse: Jovem, irresponsável e mulherengo, o veneziano Marco Polo é enviado por seu pai para a mais ambiciosa jornada de seu tempo. Ele deve chegar na China para estabelecer laços comerciais com aquela distante nação do oriente.

Pablo Aluísio.