Depois de mais esse fracasso Rock tinha que procurar por gêneros mais populares que resgatassem seu prestígio junto aos produtores. Voltou aos filmes de guerra no correto "Tobruk" e depois veio o que tanto esperava desde os tempos em que havia trabalhado ao lado de Kirk Douglas: um convite para atuar ao lado do mito John Wayne. O filme se chamava Jamais Foram Vencidos. O roteiro explorava as feridas deixadas pela sangrenta guerra civil tanto do lado da União como dos confederados.
Rock interpretava esse derrotado Coronel confederado chamado James Langdon que após o fim da guerra juntava seus últimos resquícios de orgulho pessoal para recomeçar sua vida. Em sua autobiografia o ator Rock Hudson relembrou que inicialmente ficou um pouco receoso de trabalhar ao lado de Wayne, afinal o velho ator era considerado um símbolo do conservadorismo mais reacionário do Partido Republicano. Embora nunca tivesse assumido ser gay até aquele momento muita gente em Hollywood sabia de sua opção sexual. Rock tinha receios de que isso se tornasse uma barreira entre ele e Wayne durante as filmagens. Para sua agradável surpresa John Wayne foi um colega gentil e agradável durante todo o tempo em que trabalharam juntos.
Logo que foram apresentados John Wayne disse que havia sabido que ele, Rock, era um bom jogador de Bridge (um popular jogo de cartas da época). Rock confirmou sorrindo a informação. Aquele era um excelente gancho para iniciar uma boa amizade com John Wayne. E assim foi. Poucos sabem, mas a realização de um filme significa também muitas horas de espera para os atores. Enquanto tudo é preparado o elenco fica na espera, muitas vezes por horas a fio. Rock e Wayne aproveitavam esse tempo ocioso para jogar cartas ou xadrez, já que Wayne era um verdadeiro viciado do tabuleiro. Bom jogador, Rock acabou vencendo várias partidas de Wayne, o que o deixou surpreso já que o velho cowboy se considerava um bom jogador. O mais importante de tudo isso porém foi o fato de que ambos se deram bem, mesmo estando em lados opostos em termos políticos e ideológicos. Rock se considerava de certo modo um liberal, enquanto Wayne era o símbolo do conservadorismo americano. Ele era gay e Wayne representava o máximo da masculinidade em Hollywood. Nada disso impediu de serem bons amigos durante todo o período de filmagem.
A despedida de Rock Hudson dos faroestes se daria alguns anos depois com Inimigos à Força. Corria o ano de 1973 e a carreira do ator já começava a dar claros sinais de desgaste. Como havia sido um galã por toda a vida, agora Rock enfrentava problemas de arranjar filmes por causa da idade e da perda de um de seus maiores atributos: a beleza. Isso levaria Rock para o mundo da TV. Sem trabalho em Hollywood a solução foi entrar no mercado de séries televisivas. E até que ele não se saiu mal. A série policial McMillan & Wife fez sucesso e apresentou Rock para toda uma nova geração. Assim Hollywood resolveu capitalizar mais uma vez em cima justamente dessa popularidade trazida pela TV. Rock surgia com o mesmo visual que tinha na série, com um longo bigode. Ao seu lado outra estrelinha da TV, Susan Clark, integrava o elenco. Dividindo o estrelado do filme havia também outro veterano, o cantor e ator Dean Martin, naquela altura já meio debilitado por causa de seu conhecido alcoolismo. Era um bom faroeste para a época, porém não marcou muito dentro do gênero. Um adeus um tanto opaco de Rock ao mundo do Western. Mesmo assim pelos filmes que fez ao longo de todos os anos é inegável que Rock deixou sua marca nesse gênero cinematográfico tão amado e querido pelos fãs de cinema em geral.
Pablo Aluísio.