segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Crônicas de Marlon Brando - Parte 24

James Dean entrou para a história como o grande rebelde do cinema americano, o maior de todos os tempos. Até o roqueiro Elvis Presley que viria a surgir muitos anos depois, também seria associado a um rebelde, tal como fora Dean antes dele. Todos eles tiveram grande importância dentro da chamada nascente cultura jovem americana que teve seu auge nos anos 1950. O fato real porém é que nenhum deles foi o original nesse estilo de ser. O primeiro rebelde de Hollywood e da cultura pop foi mesmo Marlon Brando. Ele ditou uma forma de ser única, que ninguém ainda havia visto  na capital do cinema antes de seu surgimento. O próprio Brando foi rebelde desde os primeiros anos de sua vida. Era algo natural de sua personalidade. Mesmo nas escolas por onde passou ele aprontou e muito. Odiava disciplina e seguir ordens. Fazia pouco das convenções sociais e não ligava para regras de comportamento. Agir assim naqueles anos era algo que chocava as pessoas.

A imagem do jovem rebelde, de casaco de couro, óculos escuros, andando com uma moto possante pelas madrugadas foi criada por Marlon Brando e isso não foi uma invenção de marketing dos estúdios ou algo parecido. Era o próprio jeito de ser do ator. Brando não ligava para a moda, estava sempre vestido de forma muito simples, com camisetas brancas e sua moto era praticamente sua segunda pele, companheira constante.

Ele não dava bola para eventos sociais e desdenhava prêmios como o Oscar. Para Brando a arte não era uma competição e categorias como "Melhor Filme" ou "Melhor Ator" eram absurdas pois não havia como medir que obra de arte seria melhor do que a outra. Por ser um cara tão anti convencional Brando acabou fazendo escola. O próprio James Dean era obcecado pela personalidade de Brando e esse por sua vez foi grande influência para o primeiro grande mito do rock americano, Elvis Presley.

O curioso é que Brando não tinha boa impressão de nenhum de seus "seguidores". Para Marlon o jovem James Dean apenas procurava lhe imitar, ou imitar aquilo que ele achava que era o verdadeiro jeito de ser do ator. Já sobre Elvis, Brando tinha uma visão bem mais crítica. O achava sem qualquer talento como ator, apenas um cantor que era explorado pelo cinema e nada mais. Pelo visto o rebelde Brando não poupava ninguém, nem mesmo seus dois mais famosos seguidores.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. "Brando tinha uma visão bem mais crítica. O achava sem qualquer talento como ator,"
    Ironicamente, o filme em que o Ekvis se mostrou melhor ator foi justamente um filme cujo personagem principal foi pensado para o Marlon Brando, mas que foi dispensando por ele; o filme é Flaming Star que caiu no colo do Elvis e esse fez bonito no papel do mestiço socialmente deslocado. A vida é maquiavélica.

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  2. Em seu livro de memórias, Brandou falou sobre os dois. Sobre Dean ele o qualificou como um jovem perturbado. Sobre Elvis, ele disse que era um cantor, não um ator. Deixou transparecer que não gostava deles.

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