quinta-feira, 29 de setembro de 2022

James Dean - Hollywood Boulevard - Parte 18

Depois da decepção amorosa com Pier Angeli, Dean resolveu voltar à sua velha rotina. Acabaram-se os dias de ternos engomadinhos e cabelos penteados. Ele estava de volta ao seu modo Rebelde. Para esquecer a ex-namorada resolveu cair de cabeça em coisas que gostava de fazer. Uma delas era correr. Nos anos 1950 havia uma série de corridas amadoras em pistas profissionais realizadas geralmente nos fins de semana, principalmente no circuito de Los Angeles. Dean se achou nessas competições. Ele imediatamente se inscreveu em duas corridas, comprou um carro esporte novinho e se preparou para seu primeiro grande teste.

James Dean chamou logo a atenção, mas não pelos motivos certos. Os demais corredores se assustaram com seu estilo ousado demais, quase suicida de competir. Dean se mostrou um adversário ferrenho, que não se intimidava diante de ultrapassagens perigosas e quase impossíveis. Para ele a segurança na pista vinha em segundo lugar pois o que ele almejava mesmo era vencer, acima de tudo.  Sujo de graxa, roupa suada e imunda, Dean achou o máximo o clima que rolava nesse tipo de corrida esporte. Decidiu que iria participar sempre que fosse possível e iria investir em carros melhores e mais velozes, principalmente os da sua marca preferida, a alemã Porsche.

Também resolveu que era hora de reunir sua turma. Durante seu namoro com Pier Angeli, Dean ficou meio isolado pois sua namorada não conseguiu gostar muito de seus amigos. A turminha de Jimmy Dean realmente era formada por jovens fora dos padrões. A maioria deles era de bissexuais que estavam dispostos a se envolver com homens e mulheres, de acordo com seus desejos, fugindo das amarras moralistas de sua época. Certamente não era o tipo de gente que uma católica tradicional como Angeli estava acostumada a frequentar. Nos fins de semana esse grupo de jovens atores se reunia na badalada praia de Malibu para divertidas e extravagantes festas à beira da piscina. Era um meio onde tudo parecia valer, mas Dean conseguiu ultrapassar todas as barreiras, afinal ele era competitivo e não queria ficar atrás de ninguém. Nessas festinhas ele começou a criar o hábito de práticas masoquistas. Dean, sabe-se lá o porquê, começou a associar prazer sexual com dor física. Assim pedia para que seus amantes apagassem seus cigarros em seu peito. A prática bizarra acabou dando a James Dean um apelido no mínimo curioso entre a turma: O cinzeiro humano!

Também começou a sair com outras atrizes de seu interesse. Uma delas foi a loira Ursula Andress. Nascida em Ostermundigen, Suíça, ela era mais uma atriz européia exótica que Hollywood tentava transformar em estrela. O relacionamento de James Dean com ela porém foi bem diferente do que ele teve com Pier Angeli. Com Andress, Dean conseguiu ser ele mesmo, o que não foi lá muito bom para o namoro. Ursula começou a achar que seu novo namorado era bem estranho e nada fiel. A um jornalista deixou subentendido o bissexualismo do ator ao declarar: "Dean se relaciona com tudo... com qualquer um!". Como estava sendo cotado para ser um dos futuros astros da Warner tudo foi logo abafado para esconder maiores escândalos. Aos amigos Dean confidenciou que Andress não era "uma mulher para ser levada à sério, pois não passava de uma companheira de farras". Como nenhum deles estava disposto a abaixar a cabeça para o outro, o breve romance logo chegou ao fim.

Além das corridas e festas, James Dean também criou uma outra paixão por essa época: as touradas! Tudo começou em Nova Iorque quando ele foi presenteado com uma capa de um famoso Matador mexicano, um conhecido toureiro das arenas espanholas. Dean achou o máximo aquele presente e começou a pesquisar sobre sua vida. Logo estava fascinado pelo violento esporte. Todo fim de semana Dean procurava cruzar a fronteira até o México para assistir algumas competições. Acabou inclusive encontrando outro apreciador delas dentro do mundo do cinema ao conhecer o diretor Budd Boetticher, que havia dirigido vários faroestes de sucesso com Randolph Scott. Dean e Budd tinham gostos parecidos e se envolviam em longas conversas relembrando os grandes toureiros da história. A capa, ainda com sangue do último touro trucidado na arena, era levada por Dean a todos os lugares. Ele a colocava sobre os ombros e ia com ela para onde quer que fosse, mesmo que em hotéis sofisticados de Hollywood. Era um dos privilégios de ser uma celebridade na capital mundial do cinema.

Pablo Aluísio.

11 comentários:

  1. Publicado originalmente como "James Dean - Os Primeiros Dias em Hollywood - Parte 4" por Pablo Aluísio.

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  2. O comentário depreciativo do James Dean a respeito da Ursula Andress rivaliza com o do Elvis, que tentando convencer a Pricilla que não havia nada entre eles na filmagens do Seresteiro de Acapulco, soltou essa pérola: "Pri, como você pode achar que eu possa ter interesse nessa Ursula, ela tem os ombros mais largos que os meus". É mole?

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  3. Pois é, quem escreveu isso foi Priscilla em seu livro de memórias. O Elvis estava obviamente dizendo uma desculpa esfarrapada para a namorada, enquanto isso fazia suas aventuras amorosas em Hollywood. Já o Dena, bom, ele era bissexual. Assim a carga de atração que uma mulher exercia sobre ele só tinha eficácia de 50 por cento, vamos dizer assim.

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    1. É verdade, porém tem uma cena no Seresteiro de Acapulco que filmam a Úrsula Andress por trás saindo de um piscina e ela tinha uma bunda bem esquisita e uns ombros bem largos, e mesmo no icônico biquíni de O Satânico Dr. No, o corpo dela não parecia tão grande coisa pra se tornar o mito que se tornou.

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    2. Se formos comparar com a beleza da mulher brasileira, realmente ela ficava devendo no quesito "corpo bonito". Ela não tinha o corpo esteticamente perfeito. Sob esse ponto de vista foi mesmo uma mulher superestimada.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Pablo:
    Esta na Netflix o filme "Blonde", com a Ana de Amas, mesmo sem tanta semelhança fisica, fazendo a Marilyn Monroe mais sofrida e sensual que já se viu no cinema. Se foi como é mostrado no filme, não é a toa que ela parecece uma louca.

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  6. O Elvis estava errado. A música lhe deu uma "imortalidade" que o cinema não deu ao James Dean, que vem sido esquecido há muitos anos pelas novas gerações, enquanto o Elvis é ouvido todos os dias no mundo todo.
    A música venceu.

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  7. A Marilyn teve uma vida dura. Ela era a garotinha pobre, filha de uma mãe solo com problemas mentais. E sobre James Dean você tem toda razão. Para conhecer ele hoje em dia tem que se ter cultura de cinema. Ele fez apenas 3 filmes. Os jovens nem sabem quem ele foi. Já Elvis, bem a sua música está no ar.

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  8. Veja "Blonde", você vai ficar assustado.

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