quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Deus dos Judeus e o Deus dos Cristãos

Esse é um aspecto polêmico, mas vale a reflexão. Antes de mais nada é importante frisar que estou nesse texto tratando de um aspecto teológico, ou seja, não é minha intenção criticar qualquer tipo de crença ou fé alheia. Dito isso vamos para a análise. A primeira é uma afirmação que não está livre de controvérsias. O Deus dos judeus não é o mesmo Deus dos cristãos. O Deus dos cristãos é Jesus. Jesus é Deus dentro da doutrina cristã. Deus se fez homem na figura de Jesus. O Deus dos  judeus é apenas Deus, o eterno. Os judeus não acreditam que Jesus era Deus. Não acreditam nem que ele era o Messias. Assim muitos confundem esse tema. Jesus por ser judeu seguia em parte as leis do judaísmo e tecnicamente o Deus que ele adorava seria o mesmo Deus dos cristãos. Será mesmo? Não se deve confundir as bases do Judaísmo com as bases do Cristianismo. O Judaísmo é uma religião, o Cristianismo é outra. As regras de uma doutrina religiosa não valem necessariamente para a outra. Nem o Deus de uma das religiões é o mesmo da outra. Duvida? Então vamos lá.

Quem acha que o Deus do Judaísmo é o mesmo do Cristianismo nunca refletiu muito a fundo sobre os fundamentos do próprio cristianismo. Teologia é importante, justamente por essa razão, é algo importante para a vida! Assim vamos expor as bases de cada religião aqui. Jesus é Deus na doutrina do cristianismo (católico e protestante). Para o Judaísmo Jesus não é Deus. Ele foi apenas um judeu que viveu no século I e que tinha sua própria visão religiosa. Nada mais do que isso. Se Jesus é Deus dentro do cristianismo e não é Deus dentro do judaísmo, logo chegamos na conclusão lógica que as duas grandes religiões do mundo ocidental não seguem a mesma divindade. O Deus de uma religião não é o mesmo Deus da outra religião.

Claro que existirão aqueles que dirão que o Deus que Jesus adorou foi o mesmo Deus do judaísmo tradicional. Isso porém vai até um determinado momento histórico. Com a morte de Jesus e a crença em sua ressurreição temos uma clara ruptura entre o Judaísmo tradicional e a nova religião que nascia. Uma expressão muito interessante que expressa isso diz que a cruz de Jesus rasgou a cortina do templo, ou seja, sua morte e ressurreição rompe definitivamente com as amarras e leis do velho Judaísmo tradicional. O próprio Jesus ao longo de sua vida pregou vários temas que fugiam ao que era imposto pelas autoridades do templo. Basta lembrar do evento em que ele disse "Que atire a primeira pedra quem nunca pecou!" ao impedir o apedrejamento de acordo com as leis judaicas ou então quando rompeu com uma velha tradição sobre o não consumo de alimentos por parte dos judeus em determinado dia da semana. Nesse dia Jesus disse: "O que torna impuro os homens não é que entra de sua boca, mas o que sai dela!".

Então o que vemos é um Jesus que não estava disposto a seguir cada detalhe secundário da doutrina do judaísmo, muito longe disso. E por parte das autoridades do templo ele tampouco era o Messias e para sustentar essa posição alegavam e traziam de volta as antigas profecias que diziam o que o verdadeiro Messias deveria fazer. Não há salvação nesse ponto. O cristianismo apresenta muitos laços históricos com o judaísmo, mas em termos de identificação as semelhanças logo param e param justamente na figura de Jesus, o Deus dos cristãos. A Trindade, por exemplo, algo tão vital na crença dos cristãos não é também aceita pelos judeus. As diferenças são enormes e não cabe aqui expor todas elas.

O Judaísmo tem seus dogmas, doutrinas religiosas e sistema de crenças próprios. O cristianismo também. Não são ambos idênticos e por essa razão não são a mesma religião. Por isso vejo com espanto quando algum líder religioso cristão levanta regras do velho Judaísmo para criticar outras vertentes do cristianismo. Do ponto de vista teológico isso não faz o menor sentido. Um exemplo vem da tão falada idolatria dos católicos em relação às imagens. Ora, essa é uma velha regra do Judaísmo que sequer deveria ser levada em conta dentro do cristianismo. Pior do que isso, os católicos não veneram imagens, como já bem expliquei aqui no blog. Mesmo que adorassem imagens, não haveria em si mesmo nenhum problema. O catolicismo tem seus próprios dogmas religiosos, suas próprias doutrinas. Não segue literalmente tudo o que o velho Judaísmo prega. Como um evangélico pode levantar uma regra do velho Judaísmo contra os católicos se os judeus sequer acreditam que Jesus é o Messias? Não faz muito sentido não é mesmo?

Além disso a ignorância impera em muitos setores. O idolatrismo condenado pelos judeus era bem outro. Primeiro só se referia a idólatras dentro do próprio Judaísmo e segundo que os textos antigos se referem a cultos de idolatria onde havia até mesmo sacríficios humanos de crianças. Quem pode comparar algo assim tão terrível com a arte sacra dos católicos? É simplesmente absurdo. Dessa forma fica então esses aspectos que levantei para pura reflexão. Pense sobre tudo o que leu e reflita sobre tudo o que eu escrevi.

Pablo Aluísio.

Um comentário:

  1. Catolicismo em Maria
    O Deus dos Judeus e o Deus dos Cristãos
    Todos os direitos reservados.

    ResponderExcluir