domingo, 5 de junho de 2011

João Paulo II e Anna Teresa Tymieniecka

A imprensa mundial vem divulgando com até certo exagero sobre a longa e produtiva amizade envolvendo o Papa João Paulo II e a escritora e filósofa americana Anna Teresa Tymieniecka. Tudo porque supostas cartas "secretas" teriam sido encontradas em uma biblioteca pública na Polônia. Pois bem, para os que conhecem mais a fundo a biografia de Karol Wojtyla isso não é nenhuma novidade. A amizade deles jamais foi secreta ou escondida, muito pelo contrário, o Papa e Anna trabalharam juntos e ela muitas vezes revisou textos de base filosófica que foram escritos por Wojtyla.

Não existe qualquer problema na colaboração intelectual entre um clérigo e uma estudiosa. Claro que após trinta anos de amizade e convívio o Papa tenha criado uma certo sentimento de proximidade maior com Anna, porém afirmar que disso surgiu algo que seja nem ao menos parecido com um relacionamento amoroso é uma bobagem sem tamanho. Uma bobagem sem qualquer fundamento histórico é bom frisar e deixar bem claro. O Papa e a escritora cultivaram uma amizade de bases intelectuais e não existe qualquer problema nisso.

As correspondências duraram de junho de 1973 até abril de 2005. Como Karol Wojtyla tinha uma personalidade cativante e carismática é possível que em algum momento de sua amizade com Anna Teresa Tymieniecka ela tenha confundido um pouco os sentimentos que tinham por ele, porém isso jamais abriu margem para que o Papa tenha de alguma forma rompido seus votos de celibatário. Tanto isso é verdade que mesmo os que leram atentamente todas as cartas jamais encontraram qualquer vestígio de que João Paulo II e Anna tenham tido algum tipo de envolvimento de natureza amorosa.

No final a situação toda foi bem resumida pelo sacerdote polonês Adam Boniecki, que era bem próximo ao Papa na época em que ele mantinha amizade com Anna. Ele disse: "Algumas mulheres acabam se apaixonando pelos sacerdotes. Isso sempre cria um problema! Tymieniecka traduziu para o inglês um dos livros de Karol Wojtyla e o tornou conhecido nos meios universitários americanos. Mas essa tradução gerou tensões entre eles." - E para superar os erros eles começaram a se corresponder com mais frequência e com a constante troca de cartas o relacionamento se tornou mais pessoal e próximo, porém nunca ultrapassando certos limites. Com sua peculiar ironia Adam terminou a questão dizendo: " Se estava apaixonada pelo cardeal Wojtyla, não era a única!".

Pablo Aluísio 

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