Dos nove filmes que concorreram ao Oscar de Melhor Filme desse ano, esse era o último que faltava assistir em minha lista. É mais uma adaptação do famoso livro "Little Women" da escritora Louisa May Alcott. Nem preciso dizer que é um clássico absoluto da literatura. Já havia assistido a outras versões, inclusive ao bom filme feito nos anos 1990, mas devo dizer que realmente essa é a melhor adaptação já feita para o cinema. O roteiro é muito bem escrito, estruturado de uma forma que passado e presente convivem muito bem. E tudo é tão ágil que faz com que o filme se desenvolva de forma excepcional. Você nem perceberá as duas horas de duração do filme passando.
A história conta a vida de quatro jovens irmãs durante a guerra civil americana. Os homens foram para o campo de batalha, inclusive o pai das meninas. Elas então precisam sobreviver naqueles tempos duros, mas sem perder a graça e a felicidade da juventude que possuem. É um tempo para se tornarem mulheres felizes.
Cada uma delas tem sua própria personalidade, muito bem construída pelo roteiro. Jo (Saoirse Ronan) é a mais inteligente e sagaz. Ela quer ser escritora e começa a vender seus contos para um jornal local. Sua independência e forte personalidade a torna imune aos conceitos e caminhos que uma mulher da época precisava seguir. Ela não pensa em casamento e quer ter uma vida livre. Meg (Emma Watson) é a mais tradicional. Adora vestidos e bailes e planeja arranjar um bom casamento em seu futuro. É a mais bonita e promissora entre as irmãs. Amy (Florence Pugh) quer ser pintora. É uma garota bonita, também com personalidade explosiva. Para a tia é a única que pode se salvar, arranjando um casamento com um homem rico. Por fim há a tímida Beth (Eliza Scanlen), Pianista talentosa, terá o destino mais trágico entre as irmãs.
O filme, como não poderia deixar de ser, é uma delícia de se assistir. As jovens atrizes "duelam" entre si (no bom sentido, claro). Quem se sai melhor é justamente Saoirse Ronan. Eu já sabia que ela iria ofuscar suas colegas de elenco. Muito talentosa, já demonstrava que era excelente atriz quando era apenas uma garotinha de olhos grandes. Curiosamente Emma Watson não se destaca. Ela até pode ser uma celebridade e a mais famosa entre as garotas, mas aqui, no quesito puramente de atuação, ela fica até bem apagadinha. Ser celebridade e ser uma grande atriz são coisas diversas. Quem me surpreendeu foi a inglesa Florence Pugh. Dona de uma dicção perfeita (assista o filme legendado) ela tem as melhores cenas ao lado da grande Meryl Streep, que faz o papel de sua tia conservadora. Enfim, um filme realmente ótimo. Um dos melhores do ano. Aqui sim, tivemos uma indicação mais do que merecida.
Adoráveis Mulheres (Little Women, Estados Unidos, 2019) Direção: Greta Gerwig / Roteiro: Greta Gerwig, baseada no romance escrito por Louisa May Alcott / Elenco: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, Meryl Streep, Timothée Chalamet, Bob Odenkirk, Tracy Letts / Sinopse: Durante a guerra civil americana, quatro jovens vão tentando levar uma vida normal, dentro da medida do possível, tentando realizar seus sonhos, procurando o amor em suas vidas. Filme Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Figurino (Jacqueline Durran). Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Saoirse Ronan), Melhor Atriz Coadjuvante (Florence Pugh), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora Original (Alexandre Desplat).
Pablo Aluísio.
Adoráveis Mulheres
ResponderExcluirNota: 9.5
Pablo Aluísio.
Eu acho que a mulher, a despeito de todo o encanto que elas emanam, a atração invejável que despertam, é um dos seres que tem uma das vidas mais sofridas do planeta. Histórias como essa desse Adoráveis Mulheres são um documento como a mulheres foram relegas por milênios e sub-gente e só se tornavam importantes quando o homens sumiam, nesse caso, em guerras. Tudo sempre conspirou pra isso, desde as convenções sociais fomentadas pela tradição religiosa, até o machismo mais vil e covarde.
ResponderExcluirSomente nos últimos 60 anos isso vem mudando através de uma nova filosofia de vida, mas ainda está bem lento.
Belas observações Serge. Já em relação ao filme, não deixe de assistir. É um dos melhores do ano mesmo. Bela produção, elenco muito bom e um roteiro inteligente. Cinema de primeira qualidade.
ResponderExcluirEu não sou o Roberto Carlos, mas ainda sou um amante à moda antiga, do tipo que ainda manda flores. Essas roupas antigas, das mulheres dos dois últimos séculos, sempre valorizaram demais as mulheres. Havia um mistério envolvido nelas. As mulheres dos dias de hoje não deixam mais nada para a imaginação. Prefiro as roupas vitorianas.
ResponderExcluirErick, meu caro:
ExcluirConcordo com você sobre o mistério das vestimentas virorinas das mulheres, porém, a revelação desses mistérios talvez não fossem o que esperamos. Olhe as Playboys da década de "70 que já dá pra se ter uma ideia de como seria a coisa no século 19.
Serge Renine.
Lord Erick,
ResponderExcluirEra uma questão de elegância. As mulheres do passado eram muito elegantes. Outro dia vi uma série de fotos das ditas mulheres vitorianas. Realmente os vestidos eram enormes e cheios de firulas. Para a mulher porém deveria ser bem desconfortável. Havia espartilhos e outros acessórios inconvenientes. Não era algo prático.
Serge, meu caro,
ResponderExcluirNão confunda as mulheres vitorianas com as mulheres dos anos 70. Essas eram herdeiras da revolução sexual dos anos 60, das feministas, com seus hábitos de higiene bem questionáveis. As mulhers vitorianas eram lindas, cheirosas, elegantes. As mulheres dos anos 70 não depilavam nem as axilas. kkkkk
Tomara que voce tenha razão.
ExcluirDom Pablo,
ResponderExcluirSim, havia espartilhas e outras coisas que davam trabalho para as mulheres, mas vamos convir, a beleza tem seu preço. A elegância tem seu preço. A mulher para ser glamorosa precisa pagar esse preço. Caso contrário vira uma riponga nojenta.
Bom, não deixa de ser um ponto de vista.
ResponderExcluirVocê viu o filme? O que achou?
Dom Pablo, assisti ao filme. Gostei bastante. Vi no cinema, há mais ou menos um mês. Eu digo para você que concordo com praticamente tudo o que vc escreveu, mas devo dizer também que esse roteiro vai cair melhor para quem já conhece a obra literária, quem já leu o livro. Para quem não leu e não for muito esperto vai ficar perdido algumas vezes. O roteiro vai e vem para o passado e o presente e nem sempre as pessoas vão pegar essas mudanças. Roteiro inteligente. Por outro lado é precioso perguntar: todo mundo vai pegar e seguir direitinho a história? Vai ter gente se perdendo.
ResponderExcluirEu entendo. Sim, é um filme que exige uma certa atenção do espectador. Tem que prestar atenção na linha narrativa do filme.
ResponderExcluirDom Pablo,
ResponderExcluirO roteiro é muito bem estruturado. Exige uma certa sofisticação cinematográfica do espectador. E se tiver lido o romance original será melhor ainda.
Quando assisti ao Poderoso Chefão, que é uma obra prima, eu já tinha o livro duas vezes, e, pra mim, dava a impressão que eu estava vendo a estória em flashes. Fiquei com a impressora que sem ler o livro ficava difícil entender completamente o filme devido ao monte de informções do livro que não tem no filme.
ExcluirMas acho que só sente isso quem leu o livro.
Serge Renine.
Correção: impressão
ExcluirE outra coisa, Dom: essa Emma Watson é uma farsa! Ela é celebridade, etc, mas na hora do "vamos ver", de mostrar que é atriz de verdade, deu uma flopada. Nesse filme aqui ela contracena com outras jovens atrizes como ela, só que com um diferencial: elas são verdadeiramente talentosas.
ResponderExcluirFicou meio vergonhoso para a Emma Watson. Isso é uma verdade que todos que forem assistir ao filme vão perceber. Volte para Harry Potter queridinha... kkkkkkkkk
ResponderExcluirEmma Watson entrou em terreno pantanoso aqui. Todas as colegas, as irmãs do filme, eram mais talentosas do que ela. No quesito "ser atriz de verdade" ela ficou em último lugar nesse filme.
ResponderExcluirAu adorei esse filme. Dei nota 10 tão facilmente! Assim que sair o DVD vou comprar para minha coleção.
ResponderExcluirÓtimo filme para se ter na coleção. Aliás todos os filmes que concorreram ao Oscar esse ano merecem fazer parte de qualquer coleção de filmes.
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