segunda-feira, 13 de junho de 2011

Papa Adriano VI

O Papa Adriano VI, que sucedeu Leão X, herdou um mundo cristão dividido. O protestantismo estava se espalhando em países do norte da Europa, muitas vezes apoiados por monarcas que tinham problemas políticos com a Igreja Católica. O curioso é que inicialmente o reformador Martinho Lutero queria a fundação de uma Igreja Evangélica unida, única, mas isso de fato não aconteceu. Cada príncipe, cada monarca europeu, cada Rei e Rainha, promoveu a fundação de igrejas subordinadas a eles, com dogmas religiosos que lhes agradavam e nada mais. O cristianismo assim passava por uma verdadeira anarquia religiosa promovida pelas monarquias europeias.

Adriano Floriszoon Boeyens, o Papa Adriano VI, era alemão de nascimento. Ele tinha origem humilde, filho de um simples marceneiro e uma dona de casa. Pessoas simples de sua cidade natal, Utrecht. O jovem porém demonstrava ter vocação para o estudo. Por isso seu pai o incentivou a investir numa vida acadêmica, ter educação formal, algo que lhe faltou. Patrocinado pela Marquesa de Borgonha ele fez dos estudos sua vida. Entrou na universidade e se formou em teologia, filosofia e direito canônico. Era um estudante disciplinado, dedicado e fervoroso amigo do saber. Desde cedo se destacou entre os colegas justamente por essas características.

A Igreja Católica mantinha as melhores universidades da época e assim a vida religiosa passou a ser um passo natural em sua vida. Quando se formou se tornou professor dos filhos da alta nobreza, educando os filhos do imperador Maximiliano I. Era um homem erudito, culto e muito respeitado. Justamente o tipo que o Papa Leão X - ele também um erudito - queria ao seu lado em Roma. Assim Adriano foi chamado para o Vaticano e lá se tornou Cardeal, por seus méritos próprios. Não tinha origem aristocrática, mas soube-se fazer sozinho com dedicação e luta no mundo dos estudos. Foi recompensado por isso.

Quando Leão X morreu uma parte dos cardeais queria a eleição de seu primo, também da família Médici, para o trono de Pedro. Dois terços dos cardeais porém formaram um bloco de oposição e resolveram apoiar Adriano, por ser um homem culto, de origem humilde, que não tinha laços com famílias ricas como os Médicis. Assim Adriano foi eleito Papa em 1522, quando curiosamente ele não se encontrava em Roma. Só depois voltou para a cidade, já eleito Papa pelos membros da Cúria Romana. Tinha 63 anos, uma idade considerada avançada para a época pois a expectativa de vida não ia muito além disso.

Como Papa, Adriano VI tentou lutar contra a corrupção na alta cúpula da Igreja Católica. Combateu as indulgências e promoveu reformas éticas em Roma. Como era alemão, com hábitos diferentes e cultura estrangeira, não conseguiu ganhar a confiança do povo romano, apesar de suas medidas de limpeza da Cúria romana. Era considerado um homem duro, de gestos firmes, não condizentes com o que o rebanho estava acostumado. No trato político era austero, o que lhe criou problemas com a nobreza europeia. Também, para muitos historiadores, não levou muito à sério a Reforma Protestante, achando equivocadamente que ela não iria muito longe e que não prosperaria. Infelizmente, como já era uma pessoa idosa para os padrões do século XVI, não ficou muito tempo como Papa, Após um ano de sua subida ao trono morreu no Vaticano. Foi um dos mais breves papados da história. Um outro Papa alemão demoraria a subir novamente ao poder depois de sua morte.

Pablo Aluísio.

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