Uma noite cheguei em casa, cansado depois de mais um árduo dia de trabalho e após me deitar em minha reconfortante poltrona do papai, peguei o primeiro cd de Elvis que minha mão alcançou e o coloquei para tocar. Eu nem escolhi, apenas peguei um título qualquer, de forma aleatória. Estava lá, tranquilo, pensando na vida, copo de whisky na mão, quando meu filho mais velho veio para me fazer companhia. Ele olhou para mim e perguntou em sua infinita sabedoria juvenil: "Pai, por que o senhor só toca o mesmo CD de Elvis se tem tantos?" A pergunta me desarmou completamente. Naquele momento eu estava ouvindo um cd ao vivo dos anos 70 que há muito não ouvia. Eu certamente não repito sempre o mesmo disco como supôs meu filho e lhe disse: "Mas meu filho eu não ouço sempre o mesmo disco de Elvis!!" Aí ele me olhou com aqueles grandes olhos azuis e disparou: "Ahh papai, então Elvis só cantava as mesmas músicas!" Olhei para ele e pensei comigo mesmo: "É isso mesmo, bingo!" Nada como a sabedoria do senso comum não é mesmo? Logo cheguei a uma conclusão. Não que eu furasse meus cds os tocando infinitamente, eles é que são praticamente todos iguais entre si! É como aquela história que envolveu Albert Einstein. Um dia sua secretária lhe perguntou porque ele só usava a mesma camisa. Einstein olhou para ela e respondeu: "Não minha querida, eu não uso apenas uma camisa, apenas tenho 50 camisas iguais". Pois é meu filho, eu não ouço apenas o mesmo CD, seu pai é que tem um monte de CDs iguais de Elvis Presley. E a culpa não é minha, é dele, do tal de Elvis!
Se você um dia optou por ter uma coleção de bootlegs do cantor Elvis Presley tem que estar ciente que vai ouvir a mesma música em umas quinhentas versões diferentes no mínimo. Você tem tolerância para algo assim? Você se cansa de uma canção depois de ouvi-la, por exemplo, umas 900 vezes? Não, bem então você tem aptidão para colecionar bootlegs ao vivo de Elvis dos anos 70, caso contrário procure logo outro hobbie. É isso mesmo, ser colecionador de cds desse cantor durante os 70's é literalmente afundar em milhares de "CC Riders", "I Got a womans" e como se isso não bastasse ainda vai ter que aturar milhares de versões vergonhosas de rocks que mudaram o mundo nos anos 50 mas que eram tratados por Elvis com desdém e escárnio no fim de sua vida. Então topa embarcar nessa barca furada? Bem, a primeira dica é realmente comprar logo um belo equipamento de fones de ouvido para curtir sua obsessão sozinho a não ser que você queira que sua esposa ou marido lhe mate em poucas semanas, pedindo o divórcio urgentemente ou então queira sadicamente mesmo ser processado pelo vizinho por tortura mental.
Todos os colecionadores de bootlegs sabem que um dos pecados de Elvis nos anos 70 foi o uso e abuso (pensou de remédios? não, não é isso...) do mesmo repertório, show após show... as mesmas canções repetidas e o pior: muitas vezes até mesmo as mesmas piadas!!! Não resta dúvida que na maior parte do tempo Elvis realmente colocava seu talento e sua banda em controle remoto e ia para o palco cumprir tabela, sem muito esforço e empenho! Esse fato já era notório até mesmo para os fãs que seguiam o cantor quando ele ainda estava vivo e cruzando os EUA de costa a costa. Logicamente estou me referindo ao público mais fiel, aos colecionadores da época mesmo, aqueles que adquiriam todos os concertos nas famigeradas fitas cassete, naquela que pode ser considerada a época jurássica dos Bootlegs! Pois bem... pois saiba que esse pessoal já reclamava dos concertos repetitivos à exaustão apresentados por Elvis durante os 70's.
Muito provavelmente se você adquirisse de dez a vinte cassetes de concertos inéditos naquele tempo das cavernas iria notar pouquíssima mudança entre eles... a mesma e velha ladainha de sempre, o mesmo velho esquema de repetição nauseante: See, See Rider, I Got a Woman, Love Me... e fechando Can't Help Falling in Love. Um amigo de longa data, velho colecionador e fã daqueles tempos pioneiros, relembra que no comércio informal de shows piratas de Elvis o que determinava a valorização ou desvalorização de algum tape era justamente a inclusão ou não de canções novas, que fugissem da rotina. Um concerto banal, repetido, não alcançava boa repercussão. O legal era um show diferente, seja na seleção das canções, seja em algo que acontecesse de diferente com o cantor durante as temporadas ou turnês. Nessa segunda categoria estão certamente o famoso quebra pau entre Elvis e seus fãs "cucarachas" e o tão falado College (estou, é óbvio, me referindo ao verdadeiro concerto e não ao falso que enganou tanta gente por aí... mas essa é outra história).
Pois já nos anos 70 um dos mais famosos e conhecidos da primeira categoria (a dos shows com repertório diferenciado) era justamente a apresentação que aqui foi lançada pelo selo Fort Baxter com o nome de If You Talk In Your Sleep. Ele era uma cerejinha do bolo, uma estrela solitária quando se tornou popular por aqueles tempos. Também não era para menos. Se o fã deseja fugir da repetição constante, se ele não aguenta mais ouvir a milésima versão de See See Rider ou dar mais um sorrisinho amarelo com as piadinhas (também repetidas) durante a execução de I got a Woman, eu recomendo esse Bootleg, um dos mais incomuns da carreira de Elvis Presley.
Ele traz o show realizado pelo cantor no dia 19 de agosto de 1974 em Las Vegas, essa que foi a apresentação inaugural da temporada do cantor nessa cidade durante aquele ano. Pela primeira vez, em bastante tempo, Elvis procurava sair de seu comodismo lendário e apresentar um concerto com algo de novo, com alguma novidade. Não foi uma mudança radical, mas foi uma mudança afinal. Parecia que até mesmo Elvis não aguentava mais se ouvir cantando aquele repertório (que inclusive já tinha até mesmo enchido o saco dos caras da banda do cantor, como muitos mesmo disseram em entrevistas após a morte do cantor).
Assim foram banidas as costumeiras, irritantes e maçantes versões "meia boca" de See See Rider, I Got a Woman e Love Me (tristemente massacrada em muitas apresentações esquecíveis do Rei do Rock durante os 70's)... Só isso já serviria para levantar a orelha dos fãs mais ligados em mudanças. Mas não foi só. Para falar a verdade a mudança foi tão surpreendente que Elvis até mesmo cortou da apresentação a introdução de 2001 - para alguns uma apoteose, para outros de uma breguice intolerável. Enfim, parecia que a partir dessa apresentação Elvis iria mesmo chutar o balde e mudar tudo, mesmo depois de continuar na mesma durante cinco longos anos.
Alguns até mesmo diriam o velho ditado: "antes tarde do que nunca"... Bem, como afirmei antes parecia que uma nova era estava vindo por aí... pelo menos parecia. Eu já conhecia essa apresentação desde 1984, quando morava na Europa. Na época o que tínhamos eram cópias de fitas K7 pra lá de precárias. Mas já dava para perceber que, dentro de suas limitações, a qualidade de som era boa e, bem ao contrário dos toscos "audiences" daqueles tempos, o áudio tinha sido captado diretamente da mesa de som. Era uma qualidade desequilibrada sim, com instrumentos abafando outros instrumentos, defeitos de sonoridade e balanceamento, mas pelo menos tinha uma leve "qualidade sonora" (e isso para quem era fã hardcore de Elvis nos anos 80 fazia toda a diferença do mundo, acreditem!).
Esse tape já era relativamente conhecido entre os norte-americanos
mas para os ingleses ainda era uma novidade lá pelos idos de 1980, 1981.
O que mais atraiu os fãs europeus naqueles distantes anos 80 foi
justamente o singular repertório do cantor nessa noite em Vegas. Para
falar a verdade muitos ficaram mesmo pasmos com a mudança de Elvis.
Canções que de certa forma foram negligenciadas impiedosamente em seus
lançamentos pela RCA ganhavam o merecido reconhecimento por parte de
Elvis e banda. Uma maravilha logo exclamaram os mais exaltados! Porém,
mesma na época eu procurei manter minha fleuma tipicamente britânica. Eu
sempre fui bem discreto nesse aspecto até porque de fãs descabelados eu
quero mesmo uma enorme distância. Realmente o CD trazia algumas
novidades mas não era assim a oitava maravilha do mundo, calminha aí
friends. Isso me lembra mesmo a velha máxima: "Em terra de cego, caolho é
rei".
A primeira vez que o ouvi foi durante uma
reunião de um fã club inglês em Manchester. Sempre achei fãs clubes e
suas "ideologias" de uma besteira sem tamanho, mas naquela época essa
era a única forma de se entrosar e conhecer pessoalmente os grandes
colecionadores, os senhores que ocupavam o ápice da pirâmide alimentar,
os que eram reconhecidamente os verdadeiros tops de linha! Internet?!
Isso não existia meu caro Watson! Ou você estava dentro do círculo dos
grandes colecionadores ou fora, e isso significava um bocado de trato
social para ser bem recebido pelos mestres ou então ser completamente
ignorado por eles (e em razão disso ficar por fora das novidades
carimbadas também!). Eu fiz minha parte e participei de muito chá
beneficiente com a única finalidade de criar laços de amizade e mais do
que tudo, aprender com todas essas feras que tanto admirava.
Mas
voltemos ao tape de 1974. Depois do impacto inicial ele novamente sumiu
do mapa, circulando apenas entre os fãs mais militantes. Foi somente
muitos anos depois desse contato inicial que ele finalmente foi lançado
em CD pelo selo Fort Baxter. Era a última etapa de toda a estrada que um
tape raro deve trilhar antes de perder o título de "raridade". É sempre
assim, o tape é descoberto ou produzido por alguém, circula entre o
alto clero dos colecionadores e depois de um tempo ele é finalmente
negociado para cair nas mãos do povão! Esse é, enfim, todo o círculo
natural desse tipo de gravação. E pensar que tem muito fã por ai que
pensa estar descobrindo o santo graal quando compra um cd desses selos
piratas! Santa inocência Batman...
Vamos nos
concentrar nas três canções que realmente trazem algo de novo nesse cd.
São elas: Down In The Alley, Good Time Charlie Got The Blues e em menor
escala If You Talk in Your Sleep.
Down In The Alley é uma
regravação de uma música do grupo negro The Clovers. Essa é uma velha
banda de Blues que teve uma infinidade de formações nos anos que viriam
após sua fundação e que respeitando suas influências de blues sempre
bebeu direto da fonte dos grandes mestres desse gênero musical. Esse
tipo de Know How foi importante para Elvis porque quando ela a gravou
inicialmente em 1966 esse blues representava antes de tudo em um sopro
de vida no meio da pantanosa produção de Elvis da época, com todas
aquelas canções horríveis falando de mariscos e ostras, uma porcariada
incrível. Para nosso desespero Tom Parker não era Brian Epstein e a
destruiu dentro da discografia de Elvis a lançando no estúpido LP
Spinout. Valha-me Deus! De qualquer forma verdade seja dita: Elvis sabia
muito bem o que prestava e o que era lixo cultural. Parece que ele
realmente gostava dela e se redimiu da bobagem patrocinada por Parker
nessa noite pois a trouxe de volta nesse show de 1974. E a versão ficou
realmente boa? Sim, surpreendentemente é uma boa versão. Talvez seu
pequeno pecado seja novamente em relação aos metais, quase virando o
caldo mas que felizmente se segura. A música em si tem a pegada certa, o
espírito correto e seu senso rítmico, típico dos melhores blues, se
destaca muito bem. Certamente ela deveria ter sido firmada no repertório
de Elvis. Porém como bem sabemos, quando a esmola é muita o cego
desconfia e Down In The Alley iria sumir definitivamente depois dessa
apresentação. Que pena, só podemos lamentar mesmo.
Depois
dela aparece outro blues (primoroso, diga-se de passagem) e também
pouquíssimo utilizado por Elvis Presley nos palcos, "pouquíssimo"
entenda-se uma única vez! "Good Time Charlie Got The Blues" é a canção a
que me refiro. Antes de escrever mais sobre ela quero chamar atenção
para um fato que sequer consigo entender. Pasmem. Com disco novo no
mercado, "Good Times", que vinha derrapando nas paradas mais do que
avião em aeroporto brasileiro, Elvis mal se animava para trazer para os
shows as canções desse LP, que se não era uma maravilha pelo menos era
muito mais interessante do que seus discos do ano anterior, "Raised On
Rock" e "Elvis", ambos de 1973 e ambos facilmente esquecíveis. Como
tornar um álbum de sucesso se nem ao menos se tem disposição de se
trabalhar pelo menos de duas a três músicas do novo disco? De todas as
músicas apenas "My Boy" teve uma repercussão maior por parte de Elvis,
sendo até que bem utilizada em 1973 para depois ser negligenciada em 74 e
só voltando novamente aos repertórios em 1975. Fora ela o resto das
canções desse disco naufragado foram a pique junto com o restante do
álbum, caindo em um desmerecido esquecimento por parte do público e do
próprio Elvis. Embora algumas delas, como Spanish Eyes, fossem
utilizadas esporadicamente elas jamais entraram de forma habitual em
seus concertos. "Good Times" certamente merecia um destino melhor.
Mas
vamos voltar ao blues em questão. Essa música, "Good Time Charlie Got
The Blues", que tem uma letra simples e pra variar bem melancólica e
nostálgica, tratando sobre tristeza, despedidas e solidão, ganhou uma
belíssima versão de estúdio na voz de Elvis. É um daqueles momentos de
Elvis em que se deve saborear cada nuance de seu vocal, de forma calma,
complementada, introspectiva. E aqui está também seu grande problema.
Veja, esse tipo de arranjo nunca daria certo para uma plateia como as
que existiam em Las Vegas ou nos shows de Elvis pelos EUA. Essa canção
exige introspecção, sensatez e sensibilidade. Ela é feita para se mexer
internamente com quem a ouve, definitivamente ela não foi composta para
se rebolar na frente da caipirada red neck dos States! Las Vegas? Não
havia lugar pior no mundo para cantá-la. Me perdoe os gringos mas poucas
pessoas são mais estúpidas do que o americano médio! E Las Vegas estava
cheio deles! Será que riqueza interior e introspecção seria encontrado
naquela plateia formada por americanos calvos de meia idade, cheios de
valores comprados no mercado barato da esquina, novos ricos esbanjando
dinheiro nos cassinos com suas esposas e seus cabelos escorrendo laquê,
maquilagens que fariam corar Alice Cooper e com os botões de seus
vestidos bregas explodindo de tão gordas?! Claro que não, muito longe
disso. Se a versão ao vivo fracassou foi simplesmente porque era o
momento errado para um público que nada tinha a ver com seu sentimento e
que estava mais preocupada em encher a pança jantando lá na frente de
Elvis. Quer situação mais sem graça que essa? Elvis deve ter se tocado e
nunca mais a cantou ao vivo. Um perda, só podemos lamentar mais uma
vez.
A terceira canção que merece ser destacada aqui é
"If Your Talk in Your Sleep" do disco "Promised Land". Esse disco é na
minha opinião bem irregular em termos de qualidade. Particularmente não
gosto muito dessa canção mas nem por isso tiro seus méritos. Essa pelo
menos ainda teve uma sobrevida um pouco melhor nos palcos, sendo
utilizada em praticamente toda essa temporada em Las Vegas, sendo
descartada pra sempre depois. Aqui como sempre temos uma versão quase no
ponto, quase do mesmo nível do estúdio. Não que Elvis estivesse no
ponto ótimo nessa apresentação em particular, mas sim que a versão do
estúdio nunca me deixou plenamente satisfeito. Acho ela, pra ser bem
sincero, mal gravada, com Elvis levemente disperso e preguiçoso. Como a
melodia vai por esse lado tudo vira uma tremenda sopa de repetição e
tédio. Seguramente não vai figurar entre os melhores momentos de Elvis,
nem nos palcos e nem muito menos nos estúdios. Mas vale o registro por
ter sido rara nos palcos, menos rara é verdade, mas se a compararmos com
as mais manjadas até que fica em posição confortável.
O
resto do disco não traz grandes mudanças. Poucas novidades? Certamente.
Porém se formos levar em conta o que acontecia com Elvis nessa época
está mais do que bom. Para não dizer que não falei das flores vou
destacar apenas algumas canções, que se não são novidades absolutas e
nem tampouco relevantes no quesito "raridade" devem pelo menos ser
citadas, principalmente por serem boas versões ou por acabarem, de uma
forma ou outra, nos chamando a atenção. Entre elas devo confessar que
"Promised Land" está bem menos apática do que de costume, "Polk Salad
Annie" mantém um certo interesse, "Love Me Tender" está um pouco acima
de sua mediocridade habitual e "I'm Leavin" junto a "Bridge Over
Troubled Water" salvam a lista das canções "manjadas" do repertório.
Depois
desse "susto" em que Elvis tentou mudar alguma coisa nos palcos tudo
voltou a ser como antes, para nossa tristeza. Elvis não mais tentou
fazer mudanças significativas no repertório, seu show continuou pobre no
aspecto cênico e sem nenhuma qualidade tecnológica por trás, tudo muito
simples e nada digno de um artista tão importante quanto ele. Tudo
seria como sempre foi, as mesmas músicas, os mesmos arranjos, as mesmas
luzes, os mesmos equipamentos técnicos básicos, enfim, tudo de acordo
com a mente "circense - caça níqueis" do "genial" Coronel Tom Parker. E
assim foi até 1977. Até sua última turnê Elvis levou sua vida na estrada
da mesma forma que começou lá em 1969, desde sua estreia de volta aos
palcos. Além disso Elvis continuou preso ao famigerado circuito de shows
em cassinos hotéis, se apresentando para os mesmos públicos quadrados e
contando as mesmas piadas. Seu talento, que considero único no mundo,
novamente foi jogado pelo ralo musical do século que passou.
Se
tudo "dançou" no atacado, pelo menos temos alguns poucos momentos no
varejo que ainda valem algo realmente. Como essas pequenas preciosidades
ao vivo que aqui tratei. Talvez as únicas canções que não fariam meu
filho ter a sensação de já ter ouvido esse cd muitas e muitas vezes
antes. Certamente as tocarei mais de agora em diante, quem sabe meu
filho um dia venha até mim e fale: "Poxa pai, ainda bem que o senhor
comprou outro disco ao vivo de Elvis, aquele eu não agüentava mais
ouvir!" Sábias palavras meu filho... sábias palavras...
Erick Steve e Pablo Aluísio.
Avaliação:
ResponderExcluirProdução: ★★★
Arranjos: ★★★
Letras: ★★★
Direção de Arte: ★★★
Cotação Geral: ★★★
Nota Geral: 7.4
Cotações:
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★★★ Bom
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