Calem Ware (Randolph Scott) é um xerife numa pequena cidade do velho oeste. Habitualmente ele tem que lidar com forasteiros, arruaceiros e bêbados em geral. Mas não é só a isso que se resume a vida de um homem da lei naquele ambiente hostil. Por ter um passado de muitos duelos ele também tem que enfrentar a presença de vários pistoleiros que de um jeito ou outro querem acabar com sua fama de rápido no gatilho. “Obrigado a Matar” mostra o cotidiano de um xerife naqueles tempos onde o colt era a única autoridade que realmente era respeitada. O roteiro é excelente e mostra alguns dias na vida desse homem da lei. Sem família, morando numa pensão, muitas vezes sem remuneração adequada, ele tem que diariamente se impor aos valentões que chegam na cidade. Uma das regras que determina é a proibição de usar armas dentro da comunidade. Isso obviamente lhe traz todo tipo de problema com os facínoras que não aceitam ser desarmados. Outro aspecto muito bem retratado no filme é a vida pessoal do xerife. Ele tem um longo relacionamento com uma atriz de teatro, Tally Dickenson (Angela Lansbury), mas sua vida amorosa é prejudicada pela vida que leva. Afinal qual mulher não ficaria apreensiva em se relacionar com um homem que a qualquer momento pode ser alvejado por algum bandido? Não é definitivamente um romance de sonhos.
Randolph Scott está muito bem em seu papel. Após matar um pistoleiro que o desafia, ele volta para sua delegacia e podemos sentir toda a tensão e stress que passa naquele momento. É um dos personagens mais humanos interpretados pelo ator. Ao contrário de xerifes durões de outros filmes que nada sentem, esse aqui tem crises de consciência após matar mais um criminoso. Em essência é um bom homem, cheio de grandes valores e virtudes que tem que lidar com a escória da sociedade. Outro momento marcante de “Obrigado a Matar” acontece em um saloon, onde Scott é atingido na cabeça por um tiro certeiro. Em determinado momento quase acreditei que assistiria ao primeiro filme de Scott onde o eterno mocinho morreria na cena seguinte! Felizmente em pouco tempo as coisas voltam ao normal. Em suma, “Obrigado a Matar” tenta trazer o lado mais humano desses profissionais que tentaram durante todo o período do velho oeste americano trazer alguma lei e ordem nas cidades onde atuavam. Verdadeiros heróis da colonização do oeste bravio e selvagem que recebem nessa produção uma merecida homenagem.
Pablo Aluísio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário