quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Elvis Presley - FTD Made In Memphis

Ao analisarmos um CD temos que levar em conta vários fatores intrínsecos e extrínsecos. Fatores extrínsecos são aqueles inerentes a aspectos externos do disco, tais como direção de arte, critérios de seleção musical e marketing. Critérios intrínsecos dizem respeito ao conjunto da obra em si, ao valor musical das próprias faixas, das músicas enfim. Só após colocar todos esses aspectos em relevo é que podemos sintetizar nossa opinião e darmos uma análise isenta e correta do ponto de vista material. No caso desse novo lançamento da FTD (Follow That Dream) verificamos que os problemas surgem logo no começo da avaliação. A primeira grande constatação é de que falta um critério mais relevante para justificar sua confusa seleção musical. Colocar em um mesmo CD canções de épocas distintas da carreira de Elvis, mesmo que sob o fraco pretexto de que todas foram gravadas em Memphis (Made in Memphis), é no mínimo tenebroso. 

Aliás esse foi um aspecto bastante debatido e levantado entre os colecionadores mais conceituados, ou seja, a fragilidade do critério seletivo desse CD, da escolha errática, equivocada e pouco criteriosa do repertório. O fã de longa data de Elvis Presley sabe que uma coletânea sem valor é aquela que simplesmente amontoa várias canções desse artista sem nenhum laço mais relevante as unindo, com o único propósito de vender para os leigos de forma fácil, rápida e certa. Se isso vale para a discografia oficial de Elvis, vale também para os chamados discos alternativos, como esses do selo FTD. Causou-me grande admiração a falta de critério desse lançamento, principalmente porque os lançamentos anteriores, praticamente todos eles, sempre respeitaram a ordem das sessões, a organização que sempre deve se ter em vista em se tratando da obra de um artista tão complexo e multifacetado como Elvis. Misturar em um mesmo produto canções produzidas em 1969 no American Studios com faixas gravadas no Stax em meados dos anos 70 causa arrepios e perplexidade entre os especialistas. O fato de se tratar de um CD essencialmente de takes alternativos só agrava a situação de desconforto.

Partindo do que foi exposto chegamos logo à conclusão que nesse ponto o CD deixa a desejar, pois não há um bom critério de seleção que justifique sua existência. Uma das primeiras coisas que levo em conta quando um novo título de Elvis chega em minhas mãos são sem dúvida os critérios organizacionais utilizados. Se há mistura de faixas de momentos diversos da carreira de Elvis, já perde pontos logo no primeiro momento em que analiso seu valor. Isso é justamente o que ocorre aqui. Qualquer pessoa, com o mínimo conhecimento sobre Elvis, sabe muito bem que ele evoluiu nitidamente ao longo dos anos, o Elvis de 1969 no American, por exemplo, pouco se assemelha ao Elvis da fase final de sua carreira. É importante que se respeite a ordem cronológica histórica das sessões em que as canções foram gravadas ou então, pelo menos, que se respeite o disco oficial em que foram unidas pela primeira vez, fora disso, quando se misturam músicas de períodos distintos, fica sempre um inconfundível cheiro de bagunça e desorganização no ar, ou na pior das hipóteses de falta de conhecimento daquele que organizou a coletânea (o que certamente não é o caso aqui). De qualquer maneira essa união causa certamente perplexidade aos estudiosos do tema em questão. O segundo ponto negativo é a direção de arte, uma das mais fracas dessa coleção. Usando como base e fundamento fotos amadoras tiradas por fãs, que são apenas interessantes, o CD perde pontos significativos no critério visual, em sua beleza estética, que se é um fator extrínseco, e sem dúvida o é, não é menos importante se formos considerar e levar em conta a opinião dada pelos colecionadores e consumidores logo após seu lançamento. Se um livro não pode ser julgado pela capa, um CD muito menos, temos que nos curvar, infelizmente, ao mundo narcisista em que vivemos para dar a devida importância à beleza externa do produto e nesse ponto o CD Made In Memphis também perde pontos nesse aspecto. Não é mal feito ou mal elaborado, nada disso, é apenas banal e corriqueiro. Essas são apenas observações iniciais. Seguindo em frente na análise, vamos agora verificar cada faixa e julgá-la em seus valores intrínsecos, ou seja, deixemos os aspectos apenas periféricos para entrar naquilo que é mais importante, o valor artístico das faixas e sua importância dentro da discografia do artista.

O CD abre com três takes alternativos do American Studios, sendo In The Guetto a primeira delas. Essa canção tem grande importância na carreira de Elvis Presley porque foi uma resposta por parte dele às constantes críticas de que seu material dos anos 60 era infantil e bobo, apolítico e supérfluo, passando à margem de tudo o que ocorria dentro da conturbada sociedade daquela época. Realmente, se formos levar em conta as trilhas sonoras de seus últimos filmes, temos que dar razão à opinião daqueles que atacavam Elvis. O grande valor sempre dado às músicas do American provêm justamente disso, do salto qualitativo imenso que representou para a carreira do cantor. Depois do American Elvis foi novamente valorizado e colocado no patamar a que ele sempre teve direito. A faixa é praticamente idêntica à oficial, exceto pela ausência do acompanhamento vocal (que era quase sempre adicionado depois, pelo menos no que diz respeito a essa sessão em particular). Já as seguintes, You'll Think Of Me e Who I Am apresentam modificações. A primeira é, do ponto de vista de arranjos, bem próxima da versão que conhecemos, mas é nitidamente diferente, principalmente pelo deslocamento do refrão e de uma ou outra pequena modificação feita por parte de Elvis. A segunda é um dos grandes momentos de Elvis no American. Na primeira tentativa temos uma levada bem mais lenta que a do take definitivo que foi para o disco. Depois de uma pequena pausa, Elvis recomeça já em sua velocidade normal. Apesar de não ter sido a escolha de Elvis, a primeira tentativa me pareceu bem interessante (pena que dure tão pouco!). O que mais impressiona é saber que esse é apenas o take 4!!! Isso nos dá uma ideia de como Elvis conseguia ótimos resultados no menor tempo possível, pois apesar de ser um dos primeiros takes alternativos, ele é praticamente perfeito, com mínimas alterações em relação ao que foi escolhido para o material definitivo que iria fazer parte do disco oficial.

As três seguintes são do disco Raised On Rock / For Ol'Times Sake de 1973. Esse é um dos patinhos feios da discografia de Elvis. Quase nunca freqüenta a lista dos melhores álbuns de sua carreira (nem se a lista for limitada aos anos 70), suas canções não tiveram boa resposta por parte do público na época de seu lançamento, Elvis pouco usava de seu repertório durante os concertos e como não traz nenhum grande momento musical marcante ou sucesso eterno foi aos poucos sendo deixado de lado e esquecido. Particularmente gosto do álbum, principalmente por trazer o reencontro entre Elvis e a dupla Leiber e Stoller, meus compositores preferidos. Para minha felicidade as duas faixas alternativas estão aqui. O take 5 de If You Don't Come Back é praticamente idêntico à versão do LP. O solo de guitarra está bem interessante, pena que como se trata de um ensaio, bem no meio de sua execução a música acaba repentinamente. Já Three Corn Patches (take 5 e 6) traz um Elvis pouco ligado e interessado na gravação, nada empolgado e apenas passeando pelos versos. Mais uma vez o que salva a canção é um belo solo de guitarra que inexiste na versão oficial do disco. Aqui nesse registro podemos ter uma ideia de todos os problemas que Elvis vinha passando na ocasião. Quando esse disco foi gravado, em julho de 1973, Elvis estava passando por todos os problemas legais decorrentes do pedido de divórcio por parte de Priscilla. Além de muito deprimido com toda a situação, Elvis ainda tinha que cumprir uma agenda lotada de shows e providenciar material novo de estúdio para a RCA. Diante de tantas circunstâncias agravantes só nos resta constatar como Elvis estava fadigado, não é à toa que ele nem mesmo compareceu em algumas das noites programadas para as sessões desse disco, tendo que providenciar material gravado em sua casa de Palm Springs depois para completar o disco. A faixa seguinte, a última do Raised On Rock, é Find Out What's Happening (take 7). A curiosidade fica por conta do murmurinho das vocalistas de Elvis ao fundo quando a música acaba, passando a imagem de que elas realmente deveriam conversar um bocado entre si! Se era assim nos estúdios, imagine nos bastidores das excursões!

As três canções seguintes foram lançadas no mesmo disco, Promised Land. Assim como o disco anterior, esse também foi gravado nos estúdios Stax em Memphis. Porém, ao contrário do Raised On Rock, ele sempre foi considerado um disco mais coeso e de melhor qualidade técnica. It's Midnight retrata bem isso. Na 11ª tentativa, Elvis e seu grupo produzem uma belíssima versão de uma canção que por si só já é linda. Poderia muito bem entrar na versão final do disco, sem nenhum problema, sendo inclusive superior em certos aspectos e em determinados momentos à versão oficial. A mesma situação se repete depois com Thinking About You, que conta com um ótimo dedilhado e um belíssimo arranjo, um dos melhores dos anos 70. Mais um exemplo da grande capacidade de Elvis em gravar material inédito rapidamente! Em apenas três tentativas Elvis praticamente fecha e chega na versão original e definitiva. Não há praticamente nenhuma diferença entre essa versão e a que entrou no LP. Compare as duas e perceba bem o que estou afirmando. Fechando a parte de "Promised Land" do disco chegamos ao conhecido country You Asked Me To. Essa é bastante recomendada para quem gosta de sentir como foi a gravação, como estava o clima dentro dos estúdios. Aqui podemos ouvir Elvis relaxado, conversando e rindo bastante. Charlie Hodge novamente comparece também com sua conhecida risada e Elvis também se diverte muito! O que é mais interessante é que Elvis não desafinava nem mesmo quando estava dando suas conhecidas gargalhadas! Isso é o que eu chamo de brincadeira no tom certo!

As seis faixas seguintes são todas das Jungle Sessions. Muito já se escreveu sobre essas sessões. Para alguns um retrato triste de um artista na fase final de sua vida, absorto totalmente num estado tão deplorável que mal tinha ânimo para se dirigir a um estúdio de verdade e gravar seu último disco; para outros um momento precioso e raro que captou os últimos registros fonográficos da genialidade ímpar de Elvis Presley, mesmo que sob condições adversas. Qualquer posicionamento extremado aqui nessa questão é condenável. Nem podemos destituir essas faixas de sua qualidade inerente e nem podemos também celebrar a total falta de profissionalismo por parte de Elvis na gravação dessas músicas. O fato dele realmente não ter entrado em um estúdio da RCA demonstra inequivocamente seu desinteresse pela qualidade final dessas gravações. Outro fator que também pouco ajudou foi a incrível sucessão de fatos bizarros que antecederam sua descida à Jungle Room. Mas a despeito de todos os problemas que cercaram o registro dessas faixas não podemos ficar menos do que surpresos com o produto final, pois se há um ponto fora de qualquer divergência é a constatação que o material, apesar de tudo, é de excelente nível. As três primeiras faixas desse conturbado período, Solitaire, She Thinks I Still Care e Moody Blue são sintomáticas nesse sentido. A primeira traz Elvis conferindo e dando uma geral na letra e na harmonia antes das gravações e fazendo uma pequena piada com o cantor Neil Sedaka. Quando o take realmente começa podemos notar como Elvis rapidamente entra no espírito da faixa. Em poucos segundos ele sai de um estado de animação e brincadeira para assumir rapidamente o tom melancólico e pesado que a canção exige. Depois ainda afirmam que ele não era um bom ator! She Thinks I Still Care sempre foi uma das minhas preferidas, apesar de sempre ter dado preferência à versão alternativa mais ao estilo blues (que pode ser conferida na caixa "Essential Elvis 70's"). Essa versão que está presente nesse CD é ainda mais introspectiva que a do disco oficial e apesar disso não deixa de ser bem interessante, principalmente pela presença mais incisiva de teclados. A versão de Moody Blue pouco traz alterações relevantes, fato que se repete nas três últimas faixas dessas sessões, Bitter They Are, Harder They Fall, Love Coming Down e  For The Heart são praticamente idênticas ao material que já conhecemos tão bem, tirando é óbvio as devidas proporções. De todas elas destaco apenas For The Heart. É uma bela música que retrata muito bem e de forma cristalina o caminho que Elvis vinha tomando em seus últimos anos.

O antes aclamado Rei do Rock ia cada vez mais direcionando sua carreira para um tipo de música mais centrada em suas raízes, leia-se country music. Essa guinada nem sempre era bem vista por um grupo determinado de fãs, justamente àqueles que se tornaram seus admiradores nos anos 50 e eram basicamente órfãos da primeira geração do Rock'n'Roll. Essa situação de desconforto nunca foi totalmente superada. Apesar de Elvis ter realmente deixado seu velho estilo de lado, principalmente em suas sessões de estúdio dos anos 70 (com exceções como Promised Land), é inegável que o country sempre o acompanhou e fez grande parte de sua fase inicial também. Para explicar essa situação a melhor resposta mesmo tenha sido justamente àquela dada pelo próprio Elvis. Quando questionado porque não gravava mais rocks Elvis sempre respondia que não encontrava mais material de qualidade desse ritmo e que para ele nem sempre seria proveitoso trazer à tona velhas músicas dos anos 50, por exemplo. Depois de ouvir todos os takes alternativos do CD finalmente chegamos na parte realmente importante desse CD do selo FTD. O mais interessante desse lançamento talvez seja mesmo as músicas que Elvis gravou de forma caseira na casa de Sam Thompson em Memphis. Aliás se formos analisar bem, chegaremos à conclusão que a única razão da existência desse título do selo FTD se encontra justamente nesses registros. Foi a forma encontrada por Ernst Jorgensen para lançar esse material. São cinco canções, Baby, What You Want Me To Do, I'm So Lonesome I Could Cry, See See Rider, Spanish Eyes e That's All Right, todas gravadas em novembro de 1973. Ninguém aqui seria tolo o bastante para partir para uma avaliação de suas qualidades técnicas, muito longe disso, pois sua importância transcende esse tipo de atitude. O que importa é a oportunidade única de se ouvir Elvis em um momento de descontração ao lado de pessoas que desfrutavam de sua intimidade na época. Elvis vinha se recuperando de vários problemas de saúde, inclusive estivera hospitalizado vários dias e ainda se encontrava em um período de convalescença. Foi justamente nessa situação que ele e Linda Thompson resolveram visitar a casa de Sam logo na primeira semana de novembro daquele mesmo ano. Elvis, Linda e Rick Stanley (filho de Dee, a madrasta de Elvis e guarda costas de plantão) foram lá com a intenção de fazer uma visita de cortesia, conversar um pouco e se descontrair para esquecer um pouco seus problemas pessoais e de saúde. O que era para ser apenas um encontro casual e de amenidades acabou mudando de foco quando Elvis começou a promover uma animada "sessão" ao lado de seus anfitriões (estavam presentes também os pais de Sam Thompson e sua esposa, Louise). Elvis deu uma canja e nem se importou ao perceber que Sam havia ligado seu pequeno gravador para deixar registrado para a história aquela "performance" do Rei do Rock. Aliás ele chegou mesmo a brincar com o fato ao dizer de forma jovial: "Ladies and Gentleman, this is being recorded tonight live for a new album..."

O clima de descontração fica evidente até mesmo por pequenas coisas que são lembradas pelo próprio Sam em seu depoimento, como o latido de seu velho cachorro, o telefone tocando ao fundo (nada mais do que a cozinheira de Graceland avisando que o jantar estava pronto!), as piadas e as conversas triviais entre os presentes. O Tape finaliza com um poema declamado pelo próprio Elvis. Se você pensa que é algo muito profundo ou sério esqueça, Elvis dá sua pequena contribuição e todos caem na gargalhada (com destaque para Linda, que perde logo a compostura e mais me parece uma hiena histérica, para dizer a verdade!). Depois de ouvir essas faixas você pode se perguntar: teriam elas algum valor realmente? Na minha forma de ver as coisas, sim, certamente. Para um fã elas são interessantes pois trazem um Elvis totalmente à vontade, praticamente em casa, num clima familiar e ameno. Quem conhece a história de Elvis sabe que isso não é pouca coisa. Principalmente em seus últimos anos Elvis realmente quase nunca abria mão de sua privacidade. Não deixa de ser um momento raro podermos ouvir, mesmo que por um mínimo espaço de tempo, Elvis em seus momentos de descontração e privacidade. Só isso já seria um argumento bastante forte para demonstrar que essas faixas são realmente preciosas. Talvez elas teriam muito mais relevância se fossem músicas inéditas, canções que não fizessem parte de nenhum de seus álbuns. Como são muito conhecidas e sempre fizeram parte de seus shows e discos de estúdio o interesse decai para os colecionadores. Mas, em seu contexto, elas são muito bem-vindas.

Se há uma grande contribuição desse lançamento, ele certamente é a prova de que os responsáveis pelo catálogo de Elvis, Ernst Jorgensen e Roger Semon, estão correndo atrás, indo em busca de coisas inéditas deixadas pelo imortal cantor. Ainda não se chegou a um grande achado, a um grande tesouro perdido, mas quem sabe se no futuro não seremos brindados com um conjunto de faixas realmente inéditas, um verdadeiro registro de valor imensurável para os fãs e estudiosos em geral? Só nos resta esperar e torcer para que esse dia chegue. Enquanto ele não vem, não deixe de ouvir esse novo lançamento do selo FTD. Ele pode ser encarado muito bem como um ensaio de algo muito valioso que ainda está por vir. O saldo final do disco não deixa de ser positivo. Apesar de todas as observações que escrevi aqui, não posso retirar desse novo lançamento da FTD seus méritos. Qualquer novo material envolvendo o nome de Elvis sempre será recebido como um grande evento por todos os que se interessam pela obra e pela vida desse grande ícone cultural de nosso tempo. Que venham sempre e sempre novos lançamentos, novos registros inéditos, pois assim o interesse em torno do nome de Elvis sempre se renovará, sempre terá um inegável sabor de novidade! Que Elvis renasça em todos esses títulos, nesse e nos anos que virão pela frente e que sua chama seja sempre reacendida pelos admiradores desse fenomenal artista.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Caro Pablo, gostei muito de sua análise deste CD. Obrigado pela postagem. Também percebi que você é um fanelvis bem centrado, preferindo a moderação às posições mais extremadas, como eu. Tenho minhas preferências mas em geral gosto de tudo que se relaciona ao rei. Do rock ao gospel. Apenas procuro curtir sua voz maravilhosa e talento, e se em um momento ou outro ele estava melhor ou não, bom, isso é a grande beleza de ser humano. Viva Elvis!

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