sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Elvis Presley - Elvis One Night In Vegas

É interessante notar como o mundo dá voltas! Quando Elvis Presley foi para Las Vegas no final dos anos 60 muitos torceram o nariz! Vários segmentos de fãs estranharam muito o fato do cantor marcar sua volta aos palcos justamente no local onde ele tinha sido tão mal recebido nos anos 50. Outros temiam que Elvis perdesse sua identidade em Las Vegas, que acabasse se tornando um clone indigesto de Frank Sinatra ou Dean Martin pois ambos reinavam absolutos na cidade há muitos anos. Será que para se adaptar ao estilo cafona da cidade Elvis iria novamente fazer concessões descabidas como na época em que ficou exilado em Hollywood?! Por essas e outras razões muitos achavam que Las Vegas iria sepultar de vez a carreira de Elvis. O próprio Elvis não tinha certeza se sua volta, justo em Las Vegas, seria uma boa opção! Naquela época ele ainda tinha bem vivo em sua memória o desastre e o fracasso ocorrido no Hotel Frontier anos atrás. Então porque o Coronel resolveu levar Elvis para Las Vegas de uma vez por todas? Simples. Tom Parker queria assegurar a Elvis um local seguro para sua volta, um local onde ele teria controle absoluto de tudo o que iria acontecer. Para o Coronel os tempos eram outros, as chances de Elvis naufragar em Vegas como ocorreu nos anos 50 seriam mínimas porque ele próprio estava muito distante daquele artista de outrora. O Coronel queria transformar Elvis, deixar para trás a experiência ruim dos anos em Hollywood e transformar o cantor em algo mais coerente com seu tempo, com aquela nova década que vinha nascendo.

Para Tom Parker o futuro de Elvis estava no estilo dos concertos que eram apresentados em Vegas naqueles anos. E que tipo de show era esse? Ora, basta apenas conhecer um pouco o plantel que reinava ali para se ter uma ideia precisa do que Tom Parker queria para Elvis. Talvez o paradigma mais significativo seja mesmo o grupo liderado por Sinatra, Dean Martin e Sammy Davis Jr. Claro que havia outros artistas em Las Vegas, como por exemplo Tom Jones, mas esses, na maneira de pensar de Tom Parker, eram de segundo escalão! O Coronel era da velha escola e queria que a carreira de Elvis se espelhasse na de Frank Sinatra. Isso sim seria um bom posicionamento artístico para um cantor como Elvis, na visão de Tom Parker! Ele queria para Elvis tudo aquilo que caracterizava o estilo Las Vegas de ser: refinamento, elegância, luxo, brilho, riqueza, platéia selecionada, ótimos arranjos de orquestra, popularidade diante de uma faixa etária um pouco mais elevada e elitizada. Para Tom Parker Las Vegas era o máximo de sofisticação que um astro poderia querer naquele momento. Mas isso era o que o Coronel pensava, e o resto do mundo, o que achava de Las Vegas naqueles anos? Para os demais, principalmente os jovens, Las Vegas era o símbolo máximo da cafonice da classe média norte americana e se tornar um artista de cassinos seria o fim da picada para um dos verdadeiros pais do Rock'n'Roll. Um jovem do final dos anos 60 e início dos anos 70 nunca iria a Las Vegas para assistir seus ídolos, pois certamente eles nunca estariam lá, fazendo temporadas em hotéis cassinos daquela cidade fundada por mafiosos!

Alguém já imaginou os Beatles ou os Doors tocando em Las Vegas? Não havia a menor possibilidade disso acontecer, pois se apresentar em Las Vegas naqueles tempos era coisa de artistas ultrapassados, que tinham deixado o auge de sua popularidade há muito tempo, como o próprio Frank Sinatra, por exemplo. Era um sinal de decadência artística se apresentar em Las Vegas durante aqueles anos. Nenhum grupo musical ou cantor da moda, que estivesse na crista da onda, liderando as paradas musicais, iria se apresentar naquele lugar, de jeito nenhum! Mas o mundo dá voltas! Hoje se apresentar em Las Vegas é uma honra, um lugar disputado a tapa pelos grandes astros, inclusive as estrelas da juventude. Las Vegas não cheira mais a naftalina e ternos baratos, não é mais símbolo de caretice e cafonice (talvez até seja um pouco, mas em menor escala do que antes). Agora pense um pouco e raciocine sobre quem foi uma das pessoas que ajudaram a modificar essa imagem de Vegas durante esses anos? Isso mesmo meu caro, Elvis Presley. Quando ele foi para lá todos pensavam que seria o fim para o antes aclamado Rei do Rock. Mas sua incrível capacidade de sobreviver aos erros que eram cometidos por Tom Parker sempre fazia a diferença. Elvis foi para Las Vegas, enfrentou a concorrência acirrada dos velhos artistas que lá reinavam, conseguiu preservar sua identidade tanto pessoal como musical e virou símbolo de toda uma década.

De repente ver e ouvir Elvis Presley em Las Vegas se tornou um grande programa. De repente não era mais vergonhoso se apresentar em um cassino, de repente ir para Las Vegas e encarar uma temporada de shows diários não era mais demérito para nenhum artista, de nenhum segmento musical, seja ele jovem ou não. Hoje Vegas é um dos maiores centros de diversão do mundo. Os cassinos são verdadeiros templos ao lazer, à riqueza e ao hedonismo desvairado que caracteriza a cultura norte-americana. Astros e bandas da atualidade sempre fazem questão de encaixar apresentações em suas turnês naquela cidade. O sucesso de Elvis em Las Vegas foi tão avassalador que até hoje, quase trinta anos após sua morte, é praticamente impossível um turista não esbarrar em algum cover do artista pelas ruas da cidade (bem, o mundo não é perfeito, não é mesmo?) No aspecto profissional Las Vegas significou muito para Elvis, mas no aspecto pessoal talvez a cidade tenha sido demais para ele. Se antes Elvis sentia-se pressionado, agora com a obrigação de fazer dois shows por noite a coisa iria desandar de vez. O ritmo frenético dessas temporadas iria cobrar um alto preço e em pouco tempo Elvis iria sentir-se totalmente exaurido pela loucura da cidade. Os efeitos dessa ciranda iriam aparecer durante as apresentações do cantor, mas isso ainda iria demorar um pouco.

One Night In Vegas é um CD precioso porque captura as primeiras apresentações de Elvis na cidade. Ainda não havia os vários problemas que iriam atingir o ídolo nos anos que viriam. Elvis estava empolgado e determinado a fazer grandes concertos. O tédio que iria tomar conta de Elvis em muitas temporadas futuras estava ainda longe de acontecer. Havia para a organização Presley, naquele momento, a sensação de se estar fazendo algo pioneiro, importante. Elvis nas primeiras três temporadas naquela cidade estava extremamente bem, extremamente profissional e o mais importante de tudo: altamente motivado como artista. Era a chance que ele vinha procurando, uma forma de apagar de uma vez por todas aquele festival de filmes classe B e suas trilhas sonoras horríveis que ele vinha apresentando. Outra questão importante: fisicamente Elvis estava muito bem, em boa forma, bronzeado e esbanjando vitalidade. Aqui entramos em um aspecto relevante: a imagem de Elvis Presley. Sigam meu raciocínio. Elvis foi um grande fenômeno de massa, um grande produto visual da mídia do século XX. Ao afirmar isso não estou de maneira alguma minorando o valor de seu talento, nada disso, apenas estou demonstrando uma coisa que é muita óbvia até: a imagem de Elvis foi um dos grandes fatores que o levaram a se tornar o que era. Não há como negar isso.

As primeiras fãs de Elvis nem sequer tinham conhecimento de sua importância musical, eram acima de tudo tietes que viam nele o namorado ideal, o homem perfeito. Essas fãs não queriam saber se ele tinha fundido gêneros musicais e sido um dos incentivadores e fundadores de um novo idioma musical. Nada disso. Elas eram fãs porque Elvis era, na visão delas, um homem lindo, perfeito, maravilhoso. E não se enganem, mesmo que muitas dessas fãs nunca tenham chegado a entender a importância musical de Elvis, elas foram muito importantes. Criaram fãs clubes, divulgaram o trabalho de Elvis e o ajudaram a se transformar no ídolo que é hoje. Quando elas iam aos seus shows em Las Vegas, por exemplo, elas queriam ver Elvis no auge da beleza física, só isso, nada mais. Muitos fãs da nova geração não conseguem entender direito esse aspecto. Geralmente um jovem fã de Elvis dos dias atuais ouve os shows que ele fez em Vegas ou nas turnês e chega a conclusão apressada que, por exemplo, aquela sim tinha sido uma bela apresentação de Elvis e ponto final. Mas eles esquecem que um concerto de Elvis não se resumia apenas nessa questão musical, era muito mais do que isso, um show de sucesso de Elvis também tinha que contar com aquilo que era o mais importante para suas fãs: um bom aspecto visual, Elvis tinha que estar ótimo no aspecto físico.

Uma boa apresentação era aquela em que ele aparecia no palco bonito e esbelto, uma má apresentação era aquela em que ele aparecia gordo e ofegante! É simplório demais? São critérios sem valor? É frívolo pensar assim? Sim, com certeza. Ninguém deve avaliar um artista apenas por sua aparência física, sem dúvida que não! Mas para as fãs dos anos 70 que lotavam seus concertos isso era tudo o que importava. Outra coisa que sempre devemos levar em conta: os novos fãs, de hoje, já cresceram com aquela imagem de Elvis muito acima do peso, nenhuma foto de Elvis gordo irá chocar um jovem fã atualmente, pois certamente ele terá centenas de imagens de Elvis no final de sua carreira. A Internet facilita tudo isso! Mas para uma fã de Elvis nos anos 70 essa facilidade não existia. Geralmente elas tinham visto Elvis nos cinemas e só. Imagine a reação dessas tietes quando Elvis aparecia numa distância de poucos metros delas, no palco, pela primeira vez, com um visual muito distante do que elas imaginavam, fora de forma e bastante obeso! Era um choque! Mesmo que ele cantasse perfeitamente bem e fosse muito bem sucedido no quesito puramente musical, as fãs só iriam falar depois de seu péssimo estado físico, pois isso era o mais importante para todas elas!

Então, mesmo sendo uma frivolidade essa questão do aspecto de simples aparência, temos que colocar na balança tudo o que acontecia na época antes de afirmar que tal temporada de Las Vegas foi ótima, perfeita, apenas por aquilo que ouvimos! Uma temporada de sucesso não dependia apenas disso, temos que levar em conta a reação das fãs de Elvis, o que elas viram e presenciaram, o clima que envolveu as apresentações, o contexto em que elas se desenrolaram e tudo mais. Agindo de maneira diversa chegaremos a uma visão tão simplista como a das fãs de Elvis nos anos 70 que resumiam tudo em sua forma física e coisas do gênero. Infelizmente essa velha mentalidade ainda sobrevive! Muitos fãs ainda se incomodam com textos que toquem no aspecto da obesidade descontrolada de Elvis em seus últimos anos, por exemplo, ou que afirmem que tal projeto que o cantor participou em sua carreira era realmente horrível e nada condizente com seu talento. Se uma pessoa se incomoda com um artigo afirmando que Elvis estava gordo, fora de forma, em determinada época, isso significa que esse fato ainda é importante para ela. Ora, essa é a velha mentalidade das tietes dos anos 70 que julgavam Elvis apenas por sua aparência física ou amavam todos os seus filmes apenas por ele estrelar algumas dessas pérolas do absurdo! O fã mais consciente já passou dessa fase de se importar com o que os outros acham ou pensam! Se jornalistas escrevem algo que venha de alguma forma comprometer a imagem de Elvis, que seja! Tanto faz!

Quem estudou e se interessou sobre a vida do cantor a ponto de dedicar horas e horas sobre isso não vai se importar mais se alguém escreve algo que ele sabe que não tem importância. O que tem relevância é a opinião pessoal de cada um, seu senso e seu juízo de valor. Isso não significa que o admirador de longa data deve se isolar em si mesmo, nada disso, pelo contrário, ele deve levar em consideração todos os tipos de opiniões e descartar aquelas que não possuem embasamento maior. Sem uma visão crítica da carreira de Elvis estaremos certamente engrossando fileiras ao lado dessa forma caduca e arcaica de ser fã de Elvis Presley, de ficar se importando com o que os outros pensam ou pior, de tentar impor sua visão pessoal aos outros, mesmo que muitas vezes se saiba que se está errado! Cada um que tire suas próprias conclusões! Como afirmei antes, o mundo dá voltas e não devemos andar em direção ao passado mas sim ao futuro, devemos priorizar o fã que estuda Elvis Presley com dedicação, equilíbrio e racionalidade. O conhecimento sempre liberta no final das contas. Mas deixemos esses aspectos periféricos de lado e voltemos ao CD em questão.

A primeira constatação feliz sobre esse lançamento da FTD é sua boa direção de arte, seu design e projeto gráfico. As capas, contracapas e encartes internos dos CDs desse selo possuem uma qualidade irregular e inconstante. Temos capas interessantes, medianas e sofríveis. Curiosamente as capas que acompanham os CDs que trazem os primeiros shows de Elvis em Vegas são bem interessantes, vide "Polk Salad Annie" ou "All Shook Up". Aqui podemos perceber claramente que existe uma preocupação em trazer um produto de bom gosto estético e mesmo que elas não sejam muito originais, podemos perceber a clara intenção de se disponibilizar algo agradável aos olhos do colecionador. Enfim, uma qualidade artística bem razoável, muito longe dos piores momentos da FTD como as péssimas, horrorosas, capas de CDs como "The Jungle Sessions" e "Dragon Heart", que sempre foram motivo de chacotas e piadas entre os colecionadores. Se há alguma crítica mais interessante a se fazer sobre o conceito da capa, talvez seja essa idéia de se colocar as imagens como se estivessem sendo exibidas em uma televisão! Seria uma forma de homenagear a nova geração que nunca assistiu That's The Way It Is em um cinema? Pode ser. De qualquer maneira é uma tentativa de se fazer algo novo, inovador e só por isso ganha pontos, certamente. E por falar nesse filme a primeira grande pergunta que nos surge quando ouvimos esse CD é justamente essa: você gosta do filme documentário Elvis, That's The Way It Is ? Se sua resposta for afirmativa então esse é o seu CD!

A "trilha sonora" oficial do filme em questão nunca foi considerada realmente uma trilha honesta e sabem a razão? Ora, basta ouvir o disco. O Coronel fez uma salada indigesta naquele disco juntando músicas de estúdio (inéditas na época) com canções gravadas ao vivo e até mesmo "falsas" versões ao vivo (tinham sido gravadas em estúdio e o Coronel resolveu acrescentar palmas no final para tapear os fãs mais desavisados!). Que coisa mais absurda! Um dos grandes momentos de Elvis nos cinemas mal teve um disco oficial de respeito. Coisas de Tom Parker. Uma trilha sonora correta do ponto de vista discográfico deveria trazer exatamente as versões que fizeram parte do filme ou talvez um álbum duplo trazendo as músicas de estúdio em um dos LPs e o outro totalmente ao vivo com pelo menos as canções mais representativas dos concertos que entraram no filme. Mas nada disso aconteceu. Talvez com medo de produzir um disco duplo e sofrer prejuízos financeiros, Parker e a RCA tomaram a decisão de prestigiar as gravações de Nashville e colocar poucas versões ao vivo com o clima real do filme. Nesse processo se perdeu a chance de se colocar no mercado uma verdadeira trilha sonora do filme, algo que merecesse realmente esse título! O disco mais perfeito seria algo muito próximo desse CD da FTD.

Com boa qualidade sonora, bem acima da média do selo FTD, One Night In Vegas consegue capturar com honestidade essa temporada de Elvis em Las Vegas, a mesma que todos assistimos no filme. Os critérios que faltaram no disco oficial podem ser encontrados aqui! Embora o CD traga em sua essência apenas o show de abertura da temporada (realizado no dia 10 de agosto de 1970) e parte dos ensaios que aconteceram seis dias antes, não podemos deixar de registrar que o espírito, a idéia que deveria ter sido aproveitada na trilha original era essa mesma, capturar o clima das apresentações e trazer aquilo que foi apresentado nos cinemas, até mesmo porque isso sim seria uma trilha sonora de verdade! Das 23 faixas, dez foram retiradas exatamente do projeto original da trilha que conhecemos, muitas com ótimas versões ao vivo. Essa apresentação de Elvis, que é preciosa por vários motivos, serve também para demonstrar um padrão de concerto maravilhoso que Elvis utilizava nos palcos em seus primeiros shows em Las Vegas e que infelizmente ele deixou para trás depois. Era o padrão de se realmente divulgar os discos novos, com material inédito de estúdio, durante os concertos ao vivo. Nunca mais Elvis apresentaria dez músicas novas de seu último disco nos shows que iria realizar! Uma pena! A razão de Elvis perder nos anos seguintes o interesse em promover seus discos pode ser encontrada em vários fatores: como eram músicas novas provavelmente elas não teriam a mesma reação do público como seus velhos sucessos, além disso é fato notório que Elvis tinha um sério problema em esquecer as letras das novas canções no palco, fato que às vezes o fazia levar uma folha de papel de segurança com aquelas letras mais difíceis de memorização.

Aliada a tudo isso pode-se ainda citar a própria falta de empolgação e animação por parte de Elvis, que sempre estava mais envolvido com algum problema pessoal que ocupava seus pensamentos totalmente e o fazia negligenciar, muitas vezes, sua carreira artística! Esse estado de falta de renovação em seus shows, a ausência de vontade por parte dele em fazer mudanças significativas em seu repertório, acabou fazendo com que houvesse um estacionamento de mudanças nas listas de canções que iria apresentar dali para frente. O CD abre com Opening Riff que, como o próprio nome sugere, nada mais é do que o tema inicial de abertura dos shows de Elvis nessa temporada. Ele ainda não estava utilizando o famoso tema de 2001 para abrir suas apresentações, essa idéia só iria surgir depois. Aliás muitos acham curioso Elvis ter escolhido esse arranjo de orquestra da canção clássica Also Spratch Zarathustra para abrir suas apresentações! Afinal qual era o motivo? Além de ser uma abertura evocativa da posição de Elvis, um arranjo "digno de um rei", vamos colocar assim, ainda havia o lado místico que envolvia esse tema e o próprio fato de Elvis ter sido um fã incondicional de livros de ficção científica. De qualquer forma essa abertura, mesmo sem 2001, empolga, principalmente pela ótima participação do baterista Ronnie Tutt. Ligando a ela temos That's All Right e logo podemos perceber o pique que iria dominar toda a apresentação! Essa segunda temporada de Elvis em Las Vegas no ano de 1970 é interessante porque ela trouxe um Elvis já totalmente à vontade com o International Hotel, sem os problemas que surgiram na primeira temporada de 69 e sem a pressão de fevereiro onde muitos afirmaram que Elvis não iria conseguir mais o mesmo sucesso de sua estreia nos palcos de Las Vegas. Essa terceira temporada já traz para todos os envolvidos aquela sensação que o projeto de levar Elvis para temporadas nessa cidade era um projeto vitorioso. Por essa razão podemos perceber claramente um Elvis Presley bem menos tenso do que nas duas primeiras temporadas, além disso Elvis esbanja versatilidade, carisma e empolgação. Sem dúvida essa temporada é uma das melhores.

E o repertório do show continua com um medley símbolo da temporada de 1969, Mistery Train / Tiger Man. A ideia dos maestros Gleen Spreen e Felton Jarvis, que fizeram esse arranjo, unindo essas músicas, foi muito feliz. A primeira é um símbolo dos anos de Elvis na Sun Records e a segunda surgiu para Elvis mais nitidamente no especial na NBC em 1968. Duas canções que representam dois momentos distintos da carreira de Elvis, distintos, mas extremamente ligados entre si por uma palavra muito bem-vinda: sucesso! O Medley é fantástico e foi usado na abertura do filme That's The Way It Is e agora finalmente podemos ouvir a canção na íntegra. Tecnicamente ela é superior às versões de 1969, notadamente a versão oficial do disco Elvis In Person at The International Hotel Isso é facilmente explicado porque a banda de Elvis em 1970 estava muito mais entrosada, não só pelas temporadas anteriores mas também pelos shows que eles vinham apresentando em diversas cidades pelos Estados Unidos afora. Eles não estavam mais tentando se encontrar aqui como acontecia muitas vezes nos shows da primeira temporada de Elvis. Eles já tinham acertado o tom certo, correto e estavam chegando certamente em um ponto ótimo nos concertos. No que diz respeito a esse medley podemos facilmente perceber que ele está com a levada certa, menos intensa da que ouvimos em 1969. Essa pegada é bem mais fiel ao arranjo das versões oficiais que conhecemos. Pela fidelidade de harmonia leva o prêmio de melhor versão desse medley.

Nos CDs da FTD, às vezes, notamos coisas que não deveriam ser creditados nos encartes como por exemplo, Elvis Talk! Um minuto de conversa fiada de Elvis com a plateia e nada mais. Ernst precisava creditar algo como isso? Certamente não, é um excesso de preciosismo! Aqui Presley brinca um pouco, comenta o fato da MGM estar filmando em Las Vegas e outras coisas sem importância. Charlie Hodge novamente dá suas conhecidas gargalhadas. Ele era uma espécie de amortecedor do grupo de Elvis. Não importava se a piada fosse sem graça ou fora de foco, Elvis sempre podia contar com as risadas incontroláveis de Charlie Hodge para morrer de rir de seus monólogos. Depois ainda o acusam de nada fazer de importante na banda de Elvis, isso é uma injustiça, o Charlie sempre mantinha o clima bom para Elvis durante os shows. Quando Elvis soltava alguma piadinha sem graça e todos ficavam olhando uns para os outros sem saber direito como agir, Charlie prontamente caia na risada para descontrair o clima rapidamente. Não se enganem, isso era muito importante e por isso não subestimem a função de Charlie durante os concertos. Elvis sentia a necessidade de ter alguém no palco junto que fosse íntimo o bastante para interagir com ele nesses momentos. Como Elvis não podia levar a máfia de Memphis com ele para os concertos, então ele levava alguém com Charlie. Com sua maneira divertida de ser e agir ele acabou salvando Elvis muitas vezes do constrangimento total.

I Can't Stop Loving You é outro clássico da temporada de 69. Elvis iria usar essa canção infinitas vezes nos anos que viriam. Quem ouve a versão original de Don Gibson nota nitidamente as inúmeras alterações que foram promovidas por Elvis e seus produtores. Ficou melhor? Hä controvérsias. O fã da época que foi na loja e comprou o disco From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis certamente levou um susto. Ali estava uma grande ruptura na sonoridade de Elvis Presley. Tirando a experiência do uso de arranjo de metais no NBC Special, poucas e ocasionais vezes Elvis tinha usado arranjos de orquestras em suas gravações. Mas quando ele foi para Las Vegas a orquestra veio com força total, ocupando todos os espaços, para muitos de forma exagerada e pesada! Essa canção certamente é uma das mais significativas desse momento de transição. Perceba que ela começa sem o uso massificado dos metais mas eles vão aos poucos tomando conta do arranjo da canção e no final toma completamente o controle! Mais ou menos o que estava acontecendo com Elvis quando ele foi para Las Vegas.

Love Me Tender, uma canção da primeira fase de sua carreira, por exemplo, sofreu muitas vezes por ter que se adaptar nessas novas mudanças promovidas por Elvis e Felton Jarvis no aspecto de arranjo. Aqui ela não está tão prejudicada como no NBC Special e serve mais como tema de fundo para Elvis sair beijando suas fãs! Para quem gosta da gravação pioneira e bem mais "primitiva" da versão original o estilo Las Vegas até que não a desfigurou totalmente a ponto de a torná-la irreconhecível. Depois dela surge a primeira canção do projeto That's The Way It Is: The Next Step Is Love. Essa é uma versão ao vivo de alto nível e posso até mesmo afirmar que está muito mais bem executada do que a versão oficial de estúdio que saiu na trilha sonora da época. Aquela não tinha a espontaneidade necessária e nem a fluidez que valorizasse sua melodia. Aqui Elvis está mais à vontade, à solta, sem a preocupação de ser tão perfeito na contagem de tempo como ouvimos no master. O resultado final é excelente.

Words, outra da temporada de 1969 também segue o nível da faixa anterior. São duas faixas dessa mesma canção: uma bela versão ao vivo e uma gravada durante os ensaios da temporada, que é bem mais fraquinha. Fique, é claro, com a primeira. É muito bom ouvir essas primeiras temporadas de Elvis em Las Vegas porque ele sempre estava disposto a apresentar bom material e a se apresentar corretamente. Claro que havia brincadeiras e piadas como as que seguem após a música terminar. Aqui Elvis se diverte com a microfonia do equipamento (que pode ser ouvida em alguns momentos da canção) e brinca: "Yes Kirk!" (como se estivesse atendendo ao capitão Kirk de Jornada nas Estrelas em seu equipamento de comunicação).

I Just Can Help Believen' que vem logo a seguir é maravilhosa! A versão original seria gravada no dia 11 e seria usada como tema de abertura do disco com a trilha sonora oficial. A versão que está presente nesse CD, gravada no dia 10, não é melhor do que a que foi apresentada no dia seguinte, nesse ponto a escolha da versão do dia 11 foi acertada, mas isso não significa que essa não seja também fantástica em todos os aspectos. Nada mal para seu debut no repertório de Elvis nessa temporada. Infelizmente Elvis não a levou adiante e ela praticamente sumiu das apresentações após essa temporada. Muito provavelmente, como bem podemos notar ao assistir o filme That's The Way It Is, Elvis tenha ficado com algum tipo de desconforto na memorização de sua letra. De qualquer maneira ela logo seria descartada, o que é uma pena! Something dos Beatles teria vida mais longa dentro dos shows de Elvis, tendo sido utilizada até mesmo no Aloha From Hawaii. Porém verdade seja dita: essa versão de Elvis nunca decolou, nunca foi tecnicamente boa! Quem conhece a versão oficial do disco Abbey Road logo nota que o arranjo não é muito feliz. Elvis se deu muito melhor com outras versões dos Fab Four como Yesterday (a versão do disco On Stage é nostálgica e moderna na medida certa) e Hey Jude (uma das melhores versões que já ouvi dessa canção, gravada em 1969 no American e só lançada anos depois no disco Elvis Now). Aqui o que estraga mesmo é o arranjo de metais, coisa que Harrison nunca nem sequer imaginou usar em sua música, não nessa base. Esse naipe ao estilo Las Vegas não cai bem em nenhum momento da canção e o saldo é negativo. Essa mesma opinião também é totalmente válida para a versão do Aloha que, diga-se de passagem, consegue ser bem pior que essa que ouvimos aqui. Em poucas palavras, Something com Elvis soa desnecessária e desconfortável o posicionando numa constrangedora posição de cover dos Beatles!

Sweet Caroline é bem mais interessante. Originalmente apresentada por Neil Diamond, a música se encaixou muito bem na lista de músicas que Elvis apresentava naquele momento. Ela tinha aparecido na vida musical de Elvis na temporada anterior, de fevereiro de 1970. Tanto que foi lançada oficialmente no disco On Stage, February 1970 que trazia dez canções gravadas ao vivo (sete delas sendo registradas nessa segunda temporada da carreira de Elvis). Divertida e suave na medida correta. O primeiro grande momento do CD vem logo a seguir, a inigualável You Lost That Lovin' Feeling, uma autêntica pedigree da segunda temporada de 70 com Elvis em Vegas. Assim como aconteceu com I Just Can't Help Believen e The Next Step is Love, essa versão também marca a estréia da música em concertos de Elvis Presley. Só esse fato já justificaria a importância desse CD, pois não é sempre que podemos ouvir, com uma qualidade sonora tão boa, as primeiríssimas versões de canções tão importantes para a carreira de Elvis como aqui, em um só CD! Isso certamente nunca mais iria se repetir depois como já escrevi antes. De qualquer forma, apesar de sua perfeição técnica, a RCA resolver escolher como oficial a que Elvis apresentou dois dias depois, no dia 12 e a lançou no disco oficial da trilha sonora. Essa master pode rivalizar cabeça a cabeça com essa versão de estréia que ouvimos aqui nesse CD. A oficial pode até ser executada com mais leveza, pois Elvis está nitidamente bem mais relaxado nela, mas a primeira versão da canção também tem suas virtudes, entre elas a preocupação de Elvis em ser tecnicamente perfeito do primeiro ao último acorde, objetivo alcançado majestosamente por ele aqui nesse momento ímpar.

Existem duas versões de You Don't Have To Say You Love Me no CD. A primeira foi gravada ao vivo e faz parte do show do dia 10 e a segunda é uma versão de estúdio, na realidade um ensaio que Elvis promoveu antes da estreia da temporada. A primeira coisa que sempre me chamou atenção nessa música é a sua péssima versão master que saiu no disco oficial. Até hoje não consigo entender como Felton Jarvis, tão preocupado com qualidade como ele era, conseguiu deixar passar de seu crivo pessoal uma versão tão ruim como aquela. Seguramente é a pior faixa da trilha oficial, não no sentido de ser a pior canção em suas qualidades melódicas e de letra, nada disso, mas em qualidade técnica de gravação, basta apenas ouvir a master para entender o que quero dizer. A música é extremamente mal gravada, com péssima vocalização por parte de Elvis. Essas versões que ouvimos nesse CD finalmente redimem essa música. A versão ao vivo que você ouve nesse CD é muito boa, bem executada, com Elvis envolvido, com ótimo acompanhamento tanto do grupo TCB como pela orquestra. Tecnicamente boa, sem maiores máculas, poderia ter entrado facilmente no disco oficial da trilha sonora sem maiores problemas. Já a versão de ensaio é bem mais leve do que a exagerada e descabelada versão do disco That's The Way It Is. Essa seria a velocidade mais adequada para a canção, porém infelizmente Elvis a canta no controle remoto, com o freio de mão puxado, sem maior envolvimento, de qualquer forma ela serve para demonstrar como poderia ter sido bem gravada se Elvis e seu grupo tivessem achado o tom certo. Aqui Elvis tenta por três vezes chegar num resultado mais satisfatório e depois meio que desiste em seguir adiante.

Outra que aparece com duas versões diferentes é Bridge Over Troubled Water. A versão do ensaio não acrescenta muito. Muita brincadeira e conversação ao fundo prejudicam Elvis, atrapalhando sua interpretação e sua concentração. A qualidade sonora não é tão boa, aliás é bem fraca, também não poderia ser diferente pois muitos desses arquivos ficaram encostados por um longo tempo e só depois foram resgatados. Novamente o grupo e Elvis não se empenham muito, até porque tudo não passa de um ensaio rápido. A versão dura poucos minutos e o corte final está muito mal feito pois deveria ter sido deixado a parte final da canção para sabermos como Elvis a termina. Aqui Ernst faz um corte final equivocado como podemos notar se o compararmos com outros títulos. Já a versão ao vivo é mais do que preciosa, é um achado maravilhoso. Elvis está insuperável aqui. Aliás pode-se afirmar que, com raríssimas exceções, todas as versões de Bridge Over Troubled Water dessas temporadas iniciais são de excelente nível. No disco com a trilha sonora original temos outras das picaretagens de Tom Parker. Ao invés dele determinar que Felton Jarvis escolhesse uma boa versão ao vivo ele preferiu maquiar a versão de estúdio acrescentando "falsas" palmas! Outro problema que sempre chamou atenção foi a elevação gradual do volume da faixa oficial, que começava bem introspectiva, quase sussurrada e ia aumentando gradualmente seu volume até um final apoteótico. Para alguns a montagem até que era interessante mas outros se incomodavam com isso. No Brasil tentaram modificar isso e lançaram um disco em que eles fizeram uma tentativa mal sucedida de mudar artificialmente seu formato original. O problema é que como não tiveram acesso ao master original fizeram tudo sem respeitar o procedimento adequado e necessário para esse tipo de mudança. Resultado: a nova equalização "Made in Brazil" ficou horrível, mal feita e virou motivo de piadas lá fora! Sinceramente, poderiam ter passado sem esse papelão!

As duas últimas grandes novidades do show são respectivamente Patch It Up e I've Lost You. Patch It Up sempre foi excessivamente badalada ou melhor dizendo, superestimada, supervalorizada além da conta. Existem aqueles que acham essa canção maravilhosa, à prova de falhas, impecável, que é uma super música cheia de energia, etc e tal. Mas convenhamos, para quem gravou tantos clássicos roqueiros nos anos 50, Patch It Up é uma paródia apenas, uma sombra do que Elvis produziu em seu passado. Na verdade é uma música que supervaloriza aspectos secundários como vocalização feminina e uso de naipe de metais para criar uma falsa áurea de energia. Na verdade é uma canção muito fraca, tanto em termos de melodia como em termos de letra, essa aliás inexiste de tão tola! Essa versão até que é boa, Elvis tenta mesmo balançar o público com ela, mas parece que realmente não deu muito certo, pois mesmo que Elvis tenha comprado a ideia durante seus primeiros shows dessa temporada, ela logo foi colocada de lado e descartada totalmente. Embalar pode até embalar, mas convencer mesmo, jamais. I've Lost You é bem melhor e gosto dela. Tem belo ritmo, belo arranjo e Elvis novamente se empenha para mostrar para todos sua "nova gravação" como ele mesmo deixa claro antes de começar a interpretá-la. Infelizmente foi outra que não seguiu adiante dentro do repertório de shows de Elvis sendo também deixada de lado. Talvez o uso muito repetitivo de seu refrão tenha feito Elvis cansar de cantá-la. Nessa versão Elvis erra a letra lá no meio da canção, ri ao perceber que errou e segue em frente. Interessante que a TCB Band sempre estava pronta para corrigir eventuais falhas de Elvis como acontece aqui e seguir da melhor maneira possível, sem que o público percebesse o eventual erro.

Finalmente temos as duas últimas canções do show ao vivo: Polk Salad Annie e Can't Help Falling In Love. Ao contrário das anteriores, que não tiveram vida longa dentro dos shows de Elvis, essas ficaram dentro do repertório até o fim de sua carreira. Mesmo em 1977 elas estavam lá, firmes e fortes dentro das apresentações. Can't Help Falling In Love é uma prova de que nem tudo que Elvis gravou em suas trilhas sonoras nos anos 60 era destituído de valor artístico. Uma verdade não escrita é que, mesmo nas mais ridículas, infantis e bobas trilhas de Elvis nesse período podemos pincelar bons e até mesmo ótimos momentos. Só mesmo um talento como Elvis Presley para trazer valor para aquele tipo de material que acabaria com a carreira de qualquer um! Blue Hawaii, por exemplo, traz na pior das hipóteses quatro ou cinco canções dignas, entre elas Can't Help Falling In Love. Acontece que em 1961, ano em que essa trilha foi gravada, havia ainda por parte dos produtores de Hollywood a preocupação de apresentar material de qualidade. Depois de 1964, principalmente nos filmes pós 65, isso foi deixado de lado completamente. O que valia mesmo era ganhar alguns níqueis extras com a fama de Elvis e só! Qualidade musical? Isso não tinha nenhuma importância para quem dirigia Elvis nesse período. Mas enfim, essa canção que passou a ser utilizada por Elvis para encerrar seus shows é linda mesmo, acima de qualquer crítica. Nos anos 50 Elvis usava Hound Dog para encerrar suas apresentações mas quando voltou aos palcos em 1969 resolveu utilizar esse seu autêntico sucesso "Made In Hollywood" para essa mesma finalidade.

A Polk Salad Annie desse CD empolga! Apesar de ter sido um dos símbolos máximos da temporada anterior, de fevereiro de 1970, Elvis resolveu repetir a dose, principalmente pela vibração que ela proporcionava entre seu público. Nessa época Elvis ainda declamava a introdução da canção explicando a letra para quem não era natural da Louisiana, mas depois ele dispensou esse preciosismo e nas versões que viriam ele entrava logo na parte principal da canção e mandava ver em seu ritmo! Com o uso excessivo da canção ao longo dos anos ela foi se modificando um pouco, com altos e baixos. Aliás ela serviria também como um termômetro nos anos que viriam. Como, pela sua própria natureza, ela demandava muita energia, logo os fãs sabiam de antemão se Elvis estava bem ou não em um show apenas ouvindo essa canção. Uma versão meia boca significava que Elvis não estava muito bem, já uma versão a mil significava justamente o contrário, que Elvis faria um concerto daqueles!

Depois do show ao vivo o CD nos traz cinco canções retiradas de um ensaio feito por Elvis seis dias antes do show. Qualidade sonora de sofrível para ruim, se bem que para falar a verdade no final das contas isso não importa. Dessas cinco faixas as que realmente se destacam são duas: Twenty Days and Twenty Nights e Cattle Call / Yodel. Essa última aliás é bem divertida, facilmente reconhecível pois é uma paródia do que melhor podemos ouvir nesse estilo todo característico de cantar no gênero country and western. Realmente é inédita e ao contrário de, por exemplo, El Paso do CD Elvis On Tour Researhals, é uma faixa de verdade, com começo meio e fim. Mesmo que seja na verdade apenas uma brincadeira por parte de Elvis, banda e vocalistas, não deixa de ser bastante curiosa e interessante. Já Twenty Days and Twenty Nights é nossa velha conhecida. Sua versão oficial é lindíssima e um dos pontos altos da trilha sonora do filme. Aqui Elvis vai ensaiando, procurando encontrar o tom certo. O que é muito interessante nesse momento é ouvir, mesmo que por um curto período de tempo, o processo de trabalho promovido pelo artista Elvis Presley. O talento dele era inato, não acadêmico. Isso significa que ele era não era um virtuoso musical, que dominasse vários instrumentos por exemplo, um grande instrumentista, nada disso.

O talento de Elvis era instintivo, natural, e por essa razão ele tinha que ir sentindo a canção, com sua intuição à flor da pele. Ao ouvir essa faixa percebemos bem isso: Elvis vai tateando, pesquisando a sonoridade até chegar naquela que lhe agrada, num processo totalmente natural. Ele provavelmente não iria discutir as qualidades harmônicas da faixa, isso já estava superado desde o momento em que ele a escolheu, mas certamente saberia o que queria. Enfim, uma aula ministrada por alguém que nasceu com um dom, uma dádiva divina que não precisa de qualidades academicistas. One Night In Vegas é um grande CD do selo FTD, sem sombra de dúvidas um dos melhores já lançados. Encontrar ou reencontrar Elvis novamente nessa temporada sempre será um prazer renovado para o fã mais dedicado! Até hoje Elvis me deixa admirado pela quantidade de material de ótima qualidade que ele nos legou. Em sua última década de carreira, por exemplo, Elvis produziu muito e deixou muita coisa essencial para seus fãs conhecerem. Aos poucos estamos sendo apresentados a esse grande tesouro musical que foi deixado pelo cantor. Esse CD é apenas uma pequena amostra de seu fantástico talento! Uma pequena pérola que estava escondida e perdida, mas que felizmente foi resgatada. Que tal passar uma noite ouvindo esse insubstituível talento? Você com certeza terá uma grata surpresa! O mundo certamente dá voltas, mas algumas coisas realmente nunca deixam de nos surpreender...

Pablo Aluísio.

7 comentários:

  1. Cara, de onde você tira tanto conhecimento? Eu já deixei um post pra falar o quanto admiro seu trabalho, mas a verdade é que cada vez mais fico mais e mais deslumbrada. A vontade que tenho é de colocar um pen drive e sugar todo seu conhecimento. Faço em agosto a minha primeira viagem a Memphis/Las Vegas e acho fascinante visitar seu blog porque cada lugar de lá que tiver uma história, terá também um ensinamento da vida profissional dele que adquiri de você. Parabéns.

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  2. Obrigado pelos elogios Eliane. Bom saber que você vai conhecer Graceland. Desejo uma excelente viagem e espero que aproveite bastante a mansão de nosso querido ídolo. Pablo Aluísio.

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  3. Olá Eliane; na verdade poucos conhecem tão bem a vida e a obra de Elvis como Pablo Aluisio. Foi graças a ele que a minha admiração pelo Rei do Rock aumentou de forma considerável. Além disso, Pablo é uma fera em cinema e a qualidade de seus textos e sua visão crítica formam um caldo cultural difícil de ser encontrado hoje em dia na internet, que anda, digamos, um deserto em termos de cultura geral.
    Telmo Jr.

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  4. Muito obrigado pelas gentis palavras amigo Telmo. Esse tipo de elogio só nos anima ainda mais a continuar o trabalho no blog.

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  5. MEU QUERIDO...E NOBRE...SR. PABLO ALUISÍO..!! SAUDAÇÕES...!!! SOU MARCILIO ELVIS. SE ENTRAR NO "SANTO" GOOGLE IRÁ ME VER UM POUCO CARACTERIZADO DE ELVIS PRESLEY.
    QUERO LHE EXPRESSAR MEU IMENSO CONTENTAMENTO EM CONHECER ESSE SEU ESTUPENDO BLOGUE ...COISA DE PESSOA ELEVADA....INTELIGÊNCIA BEM ACIMA DA MÉDIA...!!?
    SUA DISSERTAÇÃO REFERENTE AO DISCO - THAT'S THE WAY IT IS - ME FEZ FICAR EMOCIONADO...MUITO HONRADO MESMO, POIS O SR. SABE MUITO BEM O QUE DIZ...É SEGURO NAS INFORMAÇÕES SOBRE ESSE DISCO DE 1970.
    SABE...MEU CARO ALUÍSIO...?? ESTOU CANSADO DE LER, OUVIR E VER UMA GAMA DE "INFORMAÇÕES" IMPRECISAS SOBRE ELVIS. ATÉ EU, AINDA NEÓFITO, PERTO DE SEU GRANDE CONHECIMENTO DA OBRA DO REI DO ROCK, ME ATREVO A CORRIGIR CERTAS BARBARIDADES QUE SÃO APRESENTADAS.
    NOSSO QUERIDO E PRECIOSO YOUTUBE É "AGREDIDO" POR ESSAS BOBAGENS...!! VOU LHE DAR UM EXEMPLO: TEM UM VÍDEO NO YOUTUBE QUE INSINUA O SEGUINTE: QUE ELVIS AO TERMINAR DE INTERPRETAR AO PIANO A FAMOSA UNCHAINED MELODY ESTARIA DANDO O ADEUS FINAL A SEU GRANDE PÚBLICO....!!!?? ATÉ PUSERAM UMA LEGENDA EM PORTUGUÊS QUE DIZ: " ELVIS SE DESPEDE DE SEU PÚBLICO E VAI EMBORA PARA SEMPRE". COMO SE FOSSE SEU ÚLTIMO SHOW (!!?). NA VERDADE, MEU QUERIDO ALUÍSIO, SE TRATA DE UMA MONTAGEM GROSSEIRA....ESTOU SENDO ATÉ CORDIAL...BRANDO...!! ESSA CANÇÃO FOI CANTADA POR ELVIS EM RAPIDI CITY EM 21 DE JUNHO DE 1977...SENDO A PENÚLTIMA DO SHOW, POIS A ÚLTIMA FOI A CONHECIDA CAN'T HELP FALLING IN LOVE QUE ELVIS CANTAVA SEMPRE FECHANDO SEUS SHOWS. SEI O QUE ESTOU DIZENDO PORQUE TENHO O DVD "ELVIS PRESLEY - RAPIDI CITY - JUNE 21, 1977". ELVIS SE DESPEDIU DE SEU PÚBLICO DEFINITIVAMENTE EM 26 DE JUNHO DE 1977 - GINÁSIO MARKET ARENA - NA CIDADE DE INDIANÁPOLIS...TAMBÉM CANTANDO CAN'T HELP FALLING IN LOVE. TENHO O DVD DESSE SHOW, PORÉM A QUALIDADE VISUAL É SOFRÍVEL VISTO QUE FOI REALIZADO, CREIO , POR UM FÃ QUE ESTAVA PRESENTE AO SHOW..ESSE SIM ...A ÚLTIMA APRESENTAÇÃO DE ELVIS..!! O ÚLTIMO SHOW..!! QUERIDO ALUÍSIO, DESCULPE POR EU TER ME ALONGADO NO COMENTÁRIO, MAS RECEBA UMA VEZ MAIS MEUS PARABÉNS...VOCÊ É 10...DEZ MIL!! QUE DEUS TE ABENÇOE...E A TODOS AQUELES QUE CONVIVEM CONTIGO..!!! (marcilioelvis@yahoo.com.br - SOROCABA-SP, 05 DE SETEMBRO DE 2013). AGORA FUI MESMO...!!!

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  6. Obrigado Marcilio, fiquei realmente lisonjeado com seus elogios. Infelizmente o Youtube realmente deixa muito a desejar em questão de informações. O pior é saber que ele é o mais popular entre os jovens. Só podemos lamentar, infelizmente. Grande abraço, Pablo Aluísio.

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  7. Avaliação:
    Produção: ★★★
    Arranjos: ★★★
    Letras: ★★★
    Direção de Arte: ★★★
    Cotação Geral: ★★★
    Nota Geral: 8.2

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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