Nos dias de hoje uma transmissão via satélite soa banal, faz parte do cotidiano dos canais de TV e não desperta a atenção ou admiração de mais ninguém. Isso porém não era o cenário tecnológico em 1973. Naquele ano as transmissões ao vivo eram caras, complicadas e uma novidade reservada apenas para grandes eventos. Aloha From Hawaii foi um desses eventos de repercussão em nível mundial que mereceram uma cobertura dessa magnitude. Uma apresentação de Elvis Presley transmitida para vários países ao redor do mundo, com ampla cobertura da imprensa. A ideia foi desenvolvida pelos produtores Joan Deary e Marty Pasetta. Como Elvis era um nome conhecido nos quatro cantos do mundo e como ele não havia feito nenhuma turnê mundial logo se tornou o nome mais adequado para a transmissão de um concerto ao vivo ao redor do globo.
Embora inicialmente a ideia tenha sido genial sua execução esbarrou em alguns problemas que iriam surgir no momento da venda do especial para as TVs mundiais. O primeiro grande empecilho foi justamente o local onde seria realizado o show. O Havaí é localizado em um região do planeta cujo fuso horário simplesmente não bate com o fuso horário dos países que estavam mais interessados na transmissão (EUA e Europa). Em contrapartida caía como uma luva para os países orientais próximos ao Japão e redondezas. Embora as emissoras americanas e europeias tenham tentado mudar o local de realização do Aloha os produtores não voltaram atrás em suas convicções, até porque não haveria muito sentido em mudar o local já que o evento era beneficiente em prol do centro Kui Lee, que obviamente era localizado nas ilhas havaianas. Em vista disso o especial só foi realmente transmitido ao vivo para os seguintes países: Japão, Austrália, Nova Zelândia, Filipinas, Coreia e Vietnã. Europa e EUA só assistiram o tape quase um mês depois da transmissão. No Brasil o especial passou em brancas nuvens, sequer sendo exibido na época.
O concerto foi realizado no Honolulu International Center com público estimado em 5 mil pessoas, um número bem abaixo do que Elvis estava acostumado a se apresentar em suas turnês. O problema realmente foi que não havia mais espaço para um público maior. O local não era muito adequado para grandes plateias. Elvis realizou uma apresentação tecnicamente perfeita, com pequenas e pontuais falhas que nada afetaram em relação ao conjunto do que foi apresentado. Certamente para ele tudo era uma grande novidade e como sabia que o especial de TV seria exibido em vários países procurou cantar da melhor forma possível, limitando ao máximo as brincadeiras que estava acostumado a fazer nos shows pelos EUA. Para muitos esse seria inclusive o grande problema do Aloha From Hawaii, com um Elvis sério e concentrado demais. Realmente para quem estava acostumado com seus shows habituais o Aloha acabou soando um pouco formal além da conta. Por outro lado para quem apreciava belas interpretações por parte de Elvis certamente encontrou nesse concerto um prato cheio, pois ele esteve impecável em várias das músicas apresentadas.
A trilha sonora foi lançada em álbum duplo, o que não prejudicou em suas vendas pois o LP logo chegou ao primeiro lugar das paradas americanas. Aloha inclusive foi o último disco da carreira de Elvis a ocupar o topo da principal lista da parada Billboard. Um grande sucesso de vendas que se tornou um novo e muito bem-vindo êxito comercial para o cantor. Sua arte final era bem trabalhada, com um grande mapa mundial em sua parte interna onde se poderia ler em vários idiomas a frase "Amamos a Elvis" (em bom português luso é bom frisar). Sua capa porém recebeu críticas ao longo dos anos pois a foto de Elvis não o mostrava em seu melhor ângulo. Isso de certa forma era algo menor. Musicalmente o álbum trazia várias novidades para os colecionadores que só tinham acesso aos seus LPs oficiais: My Way, I'll Remember You, You Gave Me A Mountain, Something, Steamroller Blues, It´s Over, I'm So Lonesome I Could Cry, Welcome To My World e What Now My Love apareciam pela primeira vez na discografia de Elvis, para deleite dos fãs.
Durante muitos anos se afirmou que o Aloha From Hawaii foi o primeiro evento ao vivo a bater a audiência da chegada do homem à lua. Isso é uma verdade apenas em termos pois tudo depende do método a se adotar para medir o número final de sua audiência. Se essa audiência for medida levando-se em conta todos os países que assistiram ao show, mesmo que posteriormente à transmissão ao vivo (como aconteceu com o público americano e europeu) então teremos um público realmente maior do que foi alcançado na transmissão da Apolo 11. Caso contrário, se levarmos em conta apenas os países da Oceania e Ásia que efetivamente assistiram Elvis ao vivo então certamente esse número não foi superado. De qualquer forma isso tem uma importância relativa nos dias de hoje. O que realmente importa foi que o Aloha From Hawaii acabou se tornando um marco, um divisor de águas na carreira de Elvis. Para muitos ele marcou o final de um dos períodos mais criativos do artista (que havia começado em 1969). Uma coisa porém é certa: Aloha From Hawaii foi realmente um grande momento da vida e obra de Elvis Presley, um concerto que entrou para a história.
Elvis Presley - Aloha From Hawaii (1973)
Also Sprach Zarathustra
See See Rider
Burning Love
Something
You Gave Me A Mountain
Steamroller Blues
My Way
Love Me
Johnny B. Goode
It's Over
Blue Suede Shoes
I'm So Lonesome I Could Cry
I Can't Stop Loving You
Hound Dog
What Now My Love
Fever
Welcome To My World
Suspicious Minds
I'll Remember You
Long Tall Sally / Whole Lot-ta Shakin' Goin' On
An American Trilogy
A Big Hunk O'Love
Can't Help Falling In Love
Elvis Presley - Aloha From Hawaii (1973): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / John Wilknson (guitarra) / Charlie Hodge (violão e vocais) / Jerry Scheff (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / Glen Hardin (piano) / J.D.Summer and the Stamps (vocais) / The Sweet Inspirations (vocais) / Kathy Westmoreland (vocais) / Joe Guercio Orquestra / Produzido por Marty Pasetta, Elvis Presley e Joan Deary / Arranjado por Felton Jarvis e Elvis Presley / Gravado ao vivo no H.I.C. Arena, Honolulu, Hawaii, no dia 14 de janeiro de 1973 / Data de Lançamento: fevereiro de 1973 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #11 (UK).
Pablo Aluísio.
Pablo, obrigado por elucidar vários pontos que eram confusos para mim. Quanto a apresentação de ELVIS, ele foi absolutamente PERFEITO. OBRIGADO!!!!!!!
ResponderExcluirEu que agradeço sua visita Maria Lourdes. Abraços.
ExcluirAvaliação:
ResponderExcluirProdução: ★★★
Arranjos: ★★★
Letras: ★★★
Direção de Arte: ★★★
Cotação Geral: ★★★
Nota Geral: 8.0
Cotações:
★★★★★ Excelente
★★★★ Muito Bom
★★★ Bom
★★ Regular
★ Ruim
Elvis não cantou suspicious mind nesse show , essa canção foi inserida nesse concerto, montada. Isso pode ser facilmente verificado, nas imagens dos acordes finais da canção , que é do show , Elvis era assim.
ResponderExcluirE ao contrário do que está escrito. O Brasil sim, assistiu ao show no mês de Abril daquele ano, na íntegra, via Rede Globo.