domingo, 9 de setembro de 2012

Megamente

Megamente (Will Ferrell) é um vilão que deseja conquistar a cidade de Metro City. Para isso precisará enfrentar Metro Man (Brad Pitt), o super-herói da cidade. Como hoje é domingo vamos falar um pouco sobre animação aqui no blog. A começar por esse "Megamente". Duas coisas me chamaram a atenção: a repetição do argumento que já tinha sido usado em "Meu Malvado Favorito" e a sátira em cima da mitologia do Superman. Realmente "Megamente" não traz nada de muito novo. Esse argumento do vilão bonzinho já tinha sido usado no sucesso "Meu Malvado Favorito" e lá pelo menos com mais talento. Os personagens são visualmente bem bolados, cheios de referências à cultura pop mas apesar disso tudo ficou com o gostinho de "Deja Vu" no ar. Até mesmo a trilha sonora é mais do mesmo, usando de várias canções já conhecidas para momentos chaves na animação (entre as músicas temos "A Little Less Conversation" de Elvis Presley e "Bad" de Michael Jackson).

Já a sátira em cima da mitologia do Superman é bem mais óbvia. Megamente nada mais é do que uma paródia de Lex Luthor e Megaman nada mais é do que uma visão cartunesca e bem humorada do próprio Superman. Esse inclusive forja sua própria morte (numa bem humorada referência pop ao mito de que Elvis teria forjado sua morte para fugir da fama e assédio). No final das contas Megamente é bem feito na questão técnica mas peca pela repetição em seu argumento. Está na hora da Dreamworks ser mais original, evitando inclusive de imitar suas próprias animações anteriores.

Megamente (Megamind, Estados Unidos, 2010) Direção: Tom McGrath / Roteiro: Alan J. Schoolcraft, Brent Simons / Elenco: vozes de Brad Pitt, Will Ferrell, Tina Fey, Jonah Hill / Sinopse: Megamente (Will Ferrell) é um vilão que deseja conquistar a cidade de Metro City. Para isso precisará enfrentar Metro Man (Brad Pitt), o super-herói da cidade.

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de setembro de 2012

A Ponte de San Luis Rey

Durante a inquisição espanhola no Peru o jovem frei Juniper (Gabriel Byrne) resolve contar em livro a história de cinco pessoas da comunidade que morreram em um acidente na ponte de San Luis Rey. O livro acaba desagradando a Igreja Católica que acaba o acusando de heresia. "A Ponte de San Luis Rey" é um bom exemplo de que nem sempre um grande elenco e um argumento interessante garantem um bom filme. O que mais me chamou atenção aqui é realmente o elenco espetacular em cena. Todos grandes atores, passando por Robert De Niro, F. Murray Abraham, Harvey Keitel e Kathy Bates. Todos são profissionais consagrados. O argumento também é chamativo: a atuação da inquisição espanhola na colônia do Peru durante o século XVII. Tudo levaria a crer que com todos esses ingredientes teríamos certamente um belo filme pela frente. Infelizmente não é isso o que acontece. 

A obra não se desenvolve, não progride. Tem sérios problemas de edição e ritmo (em certos momentos a trama parece correr rápida demais, para em outros tudo fluir lentamente, chegando a estagnar). A direção é muito fraca, até mesmo os atores parecem perdidos. Um exemplo é a caracterização do vice rei da Espanha feita pelo grande ator F. Murray Abraham. Ele não consegue achar um tom certo, em algumas cenas o personagem parece um bufão, em outras ele soa dramático e finalmente tenta se tornar charmoso. Isso cansa, principalmente ao espectador. A edição do filme, como eu já citei, é desastrosa. Alguns cortes de cena não tem motivo de ser, as coisas vão acontecendo ao acaso, sem estrutura. Por isso o filme sofre muito com essas rupturas de desenvolvimento. Robert De Niro também está muito irregular. Na maioria das cenas ele parece no piloto automático para só então dar pequenos espasmos de seu talento (como na cena final). Mas tudo muito breve, sem empolgação. Enfim, uma boa idéia e um ótimo elenco totalmente desperdiçados. Um filme que cai no abismo da banalidade (e nem precisou atravessar aquela ponte digna de Indiana Jones para isso).

A Ponte de San Luis Rey (The Bridge of San Luis Rey, Estados Unidos, 2004) Direção: Mary McGuckian / Roteiro: Mary McGuckian baseado na novela de Thornton Wilder / Elenco: Robert De Niro, Kathy Bates, Harvey Keitel, F. Murray Abraham, Gabriel Byrne /Sinopse: Durante a inquisição espanhola no Peru o jovem frei Juniper (Gabriel Byrne) resolve contar em livro a história de cinco pessoas da comunidade que morreram em um acidente na ponte de San Luis Rey. O livro acaba desagradando a Igreja Católica que acaba o acusando de heresia.

Pablo Aluísio.

O Esconderijo

Jovem casal decide comprar uma linda casa mas desconhece sua história. Ex propriedade de um grande narcotraficante a residência esconde sob suas paredes um enorme carregamento de heroína. Para recuperar o que eles chamam de "pacote" dois assassinos são enviados pelo cartel, sendo um deles um grandalhão de poucas palavras e muitos músculos interpretado pelo ator Dolph Lundgren. "Stash House" não é como alguns podem crer um filme de ação pura e simples com muito sangue e tiros. O surpreendente é que essa produção modesta tem um roteiro esperto que joga muito mais com a situação de "gato e rato" entre o casal e os assassinos do que qualquer outra coisa. O fato é que o casal fica preso dentro da residência sem condições de chamar a polícia pois os enviados do narcotráfico ficam do lado de fora tentando entrar de todas as formas (como pertenceu a um narcotraficante o lugar é super seguro com sistema de segurança de última geração). A partir daí vamos acompanhando as tentativas do jovem casal em conseguir algum tipo de ajuda enquanto os dois grandalhões armam maneiras de liquidá-los.

Dolph Lundgren está tendo mais uma sobrevida em sua carreira após o sucesso da franquia "Mercenários". O mais curioso é que com 52 filmes no currículo o ator nunca desistiu de continuar a fazer cinema, trabalhando sempre, mesmo que em produções bem modestas e simples. Essa persistência lhe valeu uma grande popularidade no leste europeu e esse fã clube do ator tem mantido sua carreira viva. Só para se ter uma ideia da produtividade de Lundgren basta citar o fato que ele está diretamente envolvido com nada mais, nada menos do que nove novos filmes após esse Stash House (que é desse ano, 2012). Ou seja, o grandalhão realmente é um operário padrão, sempre trabalhando, sempre atuando. Embora tenha feito muito filme fraco ao longo de toda sua carreira esse "Stash House" é dos melhores dentro de sua filmografia. O foco nem é tanto dirigido para a ação mas sim para o suspense e tensão decorrentes da situação central do roteiro. No final das contas é um thriller que consegue prender a atenção do espectador embora seja modesto e simples em suas pretensões. Para os fãs do ator sueco por outro lado a produção é obrigatória.

O Esconderijo (Stash House, Estados Unidos, 2012) Direção: Eduardo Rodriguez / Roteiro: Gary Spinelli / Elenco: Dolph Lundgren, Briana Evigan, Sean Faris / Sinopse: Jovem casal decide comprar uma linda casa mas desconhece sua história. Ex-propriedade de um grande narcotraficante a residência esconde sob suas paredes um enorme carregamento de heroína. Para recuperar o que eles chamam de "pacote" dois assassinos são enviados pelo cartel. Presos na residência que mais parece um bunker o casal tentará chamar por socorro de alguma forma.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

The Everly Brothers

Muita gente pensa que o estilo dos Beatles em sua primeira fase era único e singular, sem precedentes. Essa idéia é completamente equivocada. A música é um eterno mosaico onde artistas lançam suas pitadas de originalidade ao mesmo tempo em que recebem influências de outros músicos do passado. Na verdade praticamente não existe qualquer cantor, grupo ou compositor que possa ser considerado completamente original. Todos são influenciados ao mesmo tempo em que influenciam. Um caso exemplar disso que estou escrevendo é esse grupo The Everly Brothers. Não há como negar. Em essência a dupla é uma das principais fontes em que os Beatles beberam para criar sua própria musicalidade. A vocalização, as letras simples falando sobre amores juvenis e adolescentes, a base instrumental, está tudo lá nos discos dos Everly Brothers. A vida deles inclusive foi tão conturbada e cheia de problemas internos quanto os Beatles. Don e Phil Everly emplacaram inúmeros grandes sucessos na década de 50 e fizeram parte daquele genial grupo de cantores que traziam para o grande público algo novo e inovador chamado Rock´n´Roll. Seu sucesso foi tão marcante que conseguiram chegar com 26 músicas no Top 40 da principal parada de sucessos dos EUA. Um feito e tanto. Mas durou pouco.

A relação dos irmãos era muito complicada. Quem acha que os irmãos do Oasis são problemáticos não conhece a história dessa dupla. Viviam ás turras, brigando sempre, trocando insultos e ofensas. Muitas vezes a proximidade decorrente do parentesco afrouxa os laços de respeito mútuo. Foi justamente o que aconteceu aqui com os Everly Brothers. Ao longo da carreira brigaram com empresários, gravadoras e entre si. O vício em drogas de Don não ajudou em nada. O grupo terminou de forma melancólica após Phill quebrar seu violão em pleno palco, irritado com tudo o que se referia ao grupo. O que fica porém dessa genial dupla é a sua rica discografia com várias músicas simplesmente imortais, entre elas seu primeiro grande sucesso “Bye Bye Love”, com uma vocalização evocativa e letra simples mas tocante. O curioso é que a canção chegou a ser oferecida a Elvis Presley mas esse parece não ter gostado da melodia. Mais tarde Presley se arrependeria ao ver “Bye Bye Love” disputando as primeiras posições na parada com suas próprias músicas. Depois do fim da dupla Phil e Don ainda tentaram alguns recomeços, voltaram a tocar juntos mas o fato é que eles já não eram os mesmos de antes. Vivendo de festivais de nostalgia e revivals o grande legado do grupo veio na forma de diversas regravações de sucesso de suas antigas canções como por exemplo "Crying In The Rain" que o grupo A-há trouxe de volta às paradas na década de 90. É a velha máxima: a arte sobrevive aos artistas e definitivamente não tem idade.

The Everly Brothers - Bye Bye Love
Se você estiver em busca de apenas uma música que defina todo o trabalho dos ótimos The Everly Brothers eu recomendo esse single lançado em março de 1957. Veja, no período mais criativo do surgimento do rock ´n´ roll americano a dupla Don e Phil Everly surgiam com uma proposta diferente. Ao invés dos grupos de rock formados por violão, guitarra e bateria, eles subiam ao palco apenas com dois violões e vocais afinadíssimos. O visual lembrava James Dean, com aqueles grandes topetes cheios de brilhantina. Eram jovens e excelentes instrumentistas, a tal ponto que todos os demais instrumentos eram sumariamente dispensados em suas apresentações. Em termos de letras e melodias havia uma busca por uma sonoridade que lembrava o country de raiz, das montanhas do sul, mas que fosse ao mesmo tempo ligado com o novo movimento que tomava as rádios americanas de assalto. O estilo dos rapazes fincou raízes e não apenas na América mas também pelo mundo afora, a ponto de Paul McCartney declarar que a sonoridade dos primeiros discos dos Beatles bebiam diretamente do estilo dos The Everly Brothers.

Como eram artistas jovens, os Brothers andavam em busca de uma canção que tocasse fundo na alma da garotada, se possível mostrando aspectos dos primeiros amores na escola, das desilusões sentimentais nessa fase da vida dos jovens. Sob esse ponto de vista "Bye Bye Love" se mostrava certeira. Escrita por Felice e Boudleaux Bryant foi composta justamente em cima dessa proposta. Felice estava apaixonada por um garoto de sua sala de aula, mas antes que pudesse se declarar a ele o jovem foi transferido para outro colégio. Isso devastou a compositora que logo escreveu os versos de "Bye Bye Love". Com um background desses não é de se admirar que quando o single pintou nas lojas se tornou rapidamente um hit, chegando ao ponto de liderar listas importantes na Billboard e na parada Cash Box. Na primeira de 1957 lá estava a canção chegando ao primeiro lugar - algo completamente inédito para a dupla. Ao longo dos anos a música acabou virando uma referência recebendo inúmeras regravações, entre elas as de George Harrison, Roy Orbison e Ray Charles. Nada mal para uns versinhos escritos na sala de aula por uma colegial apaixonada!

The Everly Brothers - June is as Cold as December
Um das músicas mais lembradas da dupla The Everly Brothers entre os colecionadores é "June is as Cold as December". Um dos aspectos curiosos dessa canção é que os irmãos deixaram para trás o som acústico mais característico de seus primeiros discos para abraçar um som mais de acordo com a nova sonoridade pós-Beatles. Isso fica bem claro nos arranjos. Ao invés de se sustentar apenas na força de seus violões e vocais, que ironicamente inspiraram os Beatles em sua primeira fase, o Everly Brothers abraçou o novo som dos anos 60 (a música foi gravada em 1966) e isso significava ter todo um grupo de apoio dentro do estúdio. Os mais tradicionais fãs não gostaram muito das mudanças. Com o tempo porém a canção foi ganhando status de cult e hoje é uma das mais valorizadas. O single original custa uma pequena fortuna entre os colecionadores de vinil nos Estados Unidos e Europa.

Phil Everly (Everly Brothers)
Pode chamar de intuição ou de qualquer outra coisa. Estava preparando o próximo texto desse blog e até tinha escolhido o disco do A-ha "East of the Sun, West of the Moon" quando recebi a notícia da morte de Phil Everly, da dupla Everly Brothers! E o que isso tem a ver? Ora, a canção que se tornou sucesso mundial desse LP do grupo A-ha foi justamente "Crying in the rain" dos Everly Brothers! Eu já tive a oportunidade de escrever aqui mesmo em nosso blog sobre essa dupla que foi incrivelmente popular nos anos 1950. Além de lindas canções de amor eles legaram ao rock uma influência duradoura que passou por vários ícones do ritmo como Beatles, Bob Dylan Beach Boys e The Byrds. Impossível não lembrar de canções eternas como "Cathy's Clown", "Wake up little Susie", "Bye bye love", 'When will I be loved" e "All I Have to do is Dream". Inclusive me recordo agora que um dos meus primeiros CDs da minha vida foi justamente dos Everly Brothers. Havia mais de 20 músicas nele, o que para mim na época era uma surpresa e tanto pois estava acostumado com os discos de vinil com apenas no máximo 12 faixas!

Phil Everly morreu aos 74 anos de uma doença pulmonar na sexta-feira, dia 3 de dezembro. Foi um fumante inveterado toda a vida o que ajudou ainda mais com o surgimento desse problema de saúde. Infelizmente Phil foi de uma época em que todos fumavam regularmente, isso era comum entre os jovens dos anos 1950. Mais cedo ou mais tarde a conta vem e muitas vezes da pior maneira possível. Uma pena que tenha ido relativamente cedo, ainda mais agora que os Everly Brothers voltavam a virar notícia após o anúncio de que suas músicas estariam em novas versões em um álbum especial, interpretadas por Billie Joe Armstrong, vocalista do Green Day, e a querida Norah Jones. De uma maneira ou outra deixamos aqui nossos sentimentos à família do cantor e compositor. Descanse em paz.

The Everly Brothers - Imagine dois jovens parecidos com Elvis Presley. E isso em plenos anos 1950. Imagine agora que eles seriam a principal fonte de inspiração de quatro rapazes ingleses que no futuro iriam se transformar nos Beatles. Bom, bastava isso para colocar os irmãos Everly dentro da história da música americana. Pois foi justamente isso o que aconteceu com essa dupla, os Everly Brothers. 

O curioso é que eles, que foram da primeira geração do rock americano, a partir de meados dos anos 50, também não sobreviveram à virada da década de 60. Eram bem temperamentais e quase nunca concordavam sobre o que iriam tocar nos shows, o que iriam gravar nos discos etc. A discussão entre eles estava sempre na ordem do dia. Não paravam de brigar.

A dupla chegaria precocemente ao final durante um concerto. O clima entre os irmãos estava tão ruim que eles começaram a discutir no palco. No auge da discussão um dos irmãos Everly decidiu transformar seu violão em arma e meteu na cabeça do outro irmão, ali mesmo na frente do público. A confusão então foi generalizada. Assim os joviais clones de Elvis se separaram. Porém seus discos sobreviveram, atravessaram o Atlântico e, segundo Paul McCartney, serviram de fonte para seus primeiros duetos vocais ao lado de John Lennon. Nada mal para uma dupla que inicialmente só queria animar o baile da escola onde estudavam.

Pablo Aluísio.

Wilde

Oscar Wilde (1854 - 1900) foi um dos maiores dramaturgos e escritores da literatura inglesa. Escreveu entre outros os grandes clássicos "O Retrato de Dorian Gray", "O Fantasma de Canterville" e na poesia "Rosa Mystica". Além de grande autor era também uma figura polêmica, desafiadora para os rígidos padrões da sociedade britânica de seu tempo. Com frases extremamente inteligentes satirizava a sisuda alta sociedade de seu país, usando sua pena de forma mordaz e contundente. A sua ligação com a sétima arte vem de longe com as inúmeras adaptações que "O Retrato de Dorian Gray" teve para o cinema. Aqui porém o foco é desviado para a própria pessoa do escritor, mostrando aspectos de sua biografia. Achei uma produção muito bem conduzida, escrita e interpretada. 

A primeira parte do filme pode soar confusa para quem não conhece a biografia do escritor mas aos poucos tudo vai se desenvolvendo melhor. As cenas iniciais mostram Oscar no oeste americano, visitando uma mina. Curiosamente essa turnê de Wilde nos Estados Unidos foi um fator decisivo para a construção de sua fama e mito. Depois desse começo meio desencontrado o filme finalmente deslancha. O elenco está muito bem, principalmente Stephen Fry como Wilde. Sua personalidade ao mesmo tempo irônica e ousada foi muito bem capturada pelo ator. Eu tenho restrições em relação ao Jude Law (que aqui interpreta Bosie, o jovem amante do escritor). Isso porque o verdadeiro Bosie era muito mais jovem do que Law. Além disso era mais afeminado e delicado. Nesse aspecto Jude não conseguiu capturar com fidelidade o personagem real, mostrando um jovem frívolo mas raivoso e em certos momentos violento. O roteiro retrata a conturbada relação entre Wilde e Bosie com muito bom gosto, sem se tornar ofensivo ou vulgar. O texto não perde muito tempo no julgamento de Wilde e se concentra mais no tumultuado triângulo amoroso que liga Wilde, Bosie e Constance, a esposa de Oscar. Achei a decisão bem acertada pois não torna o filme cansativo e chato até porque cenas de tribunais costumam ficar enfadonhas. O saldo final é muito bom. Em conclusão devo dizer que vale bastante conhecer esse filme. Além de ser interessante do ponto de vista histórico "Wilde" ainda lida com a questão do homossexualismo em plena era vitoriana. Está mais do que recomendado.  

Wilde (Wilde, Estados Unidos, 1997) Direção: Brian Gilbert / Roteiro: Richard Ellman, Julian Mitchell / Elenco: Stephen Fry, Jude Law, Tom Wilkinson, Vanessa Redgrave, Jennifer Ehle, Gemma Jones, Judy Parfitt, Michael Sheen, Orlando Bloom./ Sinopse: Cinebiografia do escritor Oscar Wilde. 

Pablo Aluísio.

The Fields

Após presenciar uma violenta briga de seus pais o garoto Steven (Joshua Ormond) é enviado para passar algumas semanas com seus avós. Eles moram numa típica fazenda americana, com uma grande casa central e uma enorme plantação de milho na frente. Advertido pelos seus avós que ele não deve jamais entrar dentro do milharal o pequeno Steven não resiste à curiosidade e adentra a vasta plantação, abrindo as portas para acontecimentos inexplicáveis e sobrenaturais. “The Fields” é um filme de terror e suspense da nova safra que surpreende. Algumas características da produção elevam o nível do resultado que se vê na tela. Ao invés de optar pelo estilo mais sangrento que virou moda nos filmes do gênero o roteiro abraça o suspense, a tensão, sem nunca revelar muito para deixar o espectador em constante ansiedade. A grande plantação de milho defronte a casa de fazenda, por exemplo, é um dos elementos chaves pois cria todo um clima de mistério em torno de si. Poucas vezes vi um milharal tão aterrorizador quanto esse.

“The Fileds” (ainda sem título oficial no Brasil) foi dirigido por uma dupla de cineastas da nova geração: Tom Mattera e David Mazzoni. Ambos são jovens e praticamente novatos. Seu trabalho aqui optando sempre por um clima mais misterioso e nada explícito é digno de admiração. Mesmo sendo “The Fields” uma produção modesta a direção nunca deixa isso transparecer em cena jogando muito bem com sombras, sons e luzes que criam todo o clima de suspense em volta da casa de fazenda. No elenco nenhum nome muito conhecido exceto Tara Reid que parece ressurgir das cinzas após um hiato na carreira marcado por vários escândalos e muitas baladas extravagantes. “American Pie: O Reencontro” parece ter trazido um sopro de ar fresco em sua filmografia e Tara está aos poucos voltando aos filmes. Aqui ela não tem grande participação mas quando aparece transmite a sensação de estar empenhada em trabalhar bem. Em suma é isso. Indico “The Fields” a quem está cansado de tanto sangue nas telas. É um filme mais sutil que joga com o medo do espectador sem nunca ofender sua inteligência. Vale a pena ser descoberto.

The Fields (Estados Unidos, 2011) Direção: Tom Mattera e David Mazzoni / Roteiro: Harrison Smith / Elenco: Tara Reid, Joshua Ormond, Tommy Lee Wallace / Sinopse: Garoto sente e presencia estranhos fenômenos na plantação de milho da fazenda de seus avós. Manifestação sobrenatural ou apenas imaginação infantil? Assista para descobrir.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Vivendo na Eternidade

Tive uma bela surpresa com esse "Vivendo na Eternidade". Sem muitas referências acabei assistindo e gostando. O filme é baseado no antigo mito da fonte da juventude. Segunda a lenda quem bebesse dessa fonte viveria para sempre, nunca envelheceria e jamais morreria. Aqui a adolescente rebelde Winnie Foster (a bonita Alexis Bledel da série "Gilmore Girls") se apaixona por um jovem que mora em um bosque perto de sua casa. Ele por sua vez faz parte de uma família que bebeu da mitológica fonte. O filme tem ritmo de fábula romântica, é muito bem desenvolvido, bem fotografado e com clima bucólico. O grande destaque dessa produção da Walt Disney também vem de seu excelente elenco. Vários veteranos das telas compõem o cast, inclusive William Hurt (o patriarca da família), Ben Kingsley (que persegue a família em questão) e Sissy Spacek (como a mãe, força moral do núcleo familiar). Todos estão bem, os papéis não são muito aprofundados mas conseguem superar isso com muito carisma quando entram em cena.

O diretor do filme é Jay Russel. Em sua filmografia não vemos nada de muito grandioso, ele costuma fazer filmes pequenos mas bem feitos. Seu maior êxito nas telas é "Brigada 49", aquele filme de bombeiros com o John Travolta e Joaquim Phoenix. Outro que sempre é lembrado é a também fábula "Meu Monstro de Estimação" uma produção infanto-juvenil que explora o mito do Monstro do Lago Ness. Enfim, "Vivendo na Eternidade" é uma boa pedida para quem busca um filme romântico. Uma frase dita em seu final resume muito bem a tônica aqui: "Não tenha medo de morrer, mas de não ter uma vida bem vivida". Assistam, eu recomendo.

Vivendo na Eternidade (Tuck Everlasting, Estados Unidos, 2002) Direção: Jay Russell / Roteiro: Jeffrey Lieber, James V. Hart, baseado no romance de Natalie Babbitt./ Elenco: Alexis Bledel, William Hurt, Amy Irving, Jonathan Jackson, Ben Kingsley, Sissy Spacek, Scott Bairstow, Bob Coletti, Victor Garber./ Sinopse: A jovem Winnie (Alexis Bledel) descobre que uma família que vive perto de sua casa possui o segredo da fonte da juventude.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Atração Perigosa

Grupo experiente e sofisticado, especializado em roubos a bancos, resolve colocar em execução um ousado plano. Assim podemos resumir esse "Atração Perigosa". Existe um ditado bem conhecido entre cinéfilos que diz que não há como filmes sobre assaltos serem ruins. Mesmo quando são fracos, são bons. Esse "Atração Perigosa" confirma essa regra. A atmosfera de tensão, os planejamentos e os próprios roubos são os grandes atrativos desse filme. Claro que já assisti produções nesse estilo que foram bem melhores, mas esse mantém seguramente um bom nível. Os três grandes roubos que são executados são muito bem filmados, demonstrando que o Ben Affleck é muito melhor diretor do que ator. Aliás é bom dizer, ele continua bem canastrão. Nas cenas em que atua ao lado da gerente de banco isso é bem nítido. Ben não consegue transparecer nenhuma emoção mais profunda e sua química não aparece ao lado da atriz.

Apesar disso, do romance que não é lá muito convincente, o filme se salva mesmo nas ótimas sequências de ação. E se Affleck não é bom ator pelo menos é um diretor inteligente porque o time de coadjuvantes do filme é ótimo. A começar por Joh Hamm, que todos os fãs de Mad Man conhecem muito bem. Aqui interpretando o agente federal que sai na caça do bando de Affleck. Mais magro e esbanjando uma boa caracterização Hamm acrescenta muito ao resultado final. E por falar em séries outra estrela da TV dá o ar de sua graça, Blake Lively, deixa a patricinha de "Gossip Girl" de lado para viver aqui uma bagaceira de bar. O grande destaque porém vem da interpretação pequena mas tocante de Pete Postlethwaite. Recentemente falecido o ator empresta muita dignidade ao papel do florista, um personagem central da trama. Enfim, "Atração Perigosa" é um filme tão bom que nem a canastrice habitual de Affleck conseguiu estragar. Está recomendado.

Atração Perigosa (The Town, Estados Unidos, 2010) Direção: Ben Affleck / Roteiro: Peter Craig, Ben Affleck, Aaron Stockard / Elenco: Blake Lively, Ben Affleck, Jeremy Renner, Jon Hamm, Rebecca Hall, Brian Scannell, Jeff Martineau / Sinopse: Grupo experiente e sofisticado, especializado em roubos a bancos, resolve colocar em execução um ousado plano.

Pablo Aluísio.    

Ato de Coragem

Grupo de elite da Marinha Norte-Americana, formado por soldados do comando Navy Seals é enviado para diferentes missões ao redor do mundo em busca de terroristas internacionais. Essa é a premissa básica de "Ato de Coragem", novo filme que enfoca esse segmento militar que ficou tão em voga após a morte de Bin Laden (foi um grupo Seal que matou o mais famoso terrorista da história em sua casa no Afeganistão). Feito para aproveitar o calor dos acontecimentos o filme do ponto de vista técnico é bem realizado. As missões são bem encenadas e executadas, fruto da colaboração e apoio de militares reais, com ampla participação no filme das forças armadas, ajudando com material bélico e pessoal. Se é bem feito no aspecto puramente técnico não se pode dizer o mesmo de sua carga dramática. O filme é quase um documentário, os personagens não são desenvolvidos em nenhum momento, alguns sequer possuem nomes e o espectador não consegue criar vínculo nenhum com os militares em cena, uma vez que eles não possuem qualquer desenvolvimento no roteiro. 

A falta de uma melhor dramaturgia faz "Ato de Coragem" se transformar numa sucessão de missões pelo mundo afora atrás de terroristas internacionais. Esses são representados por dois personagens, um muçulmano e um russo, mas eles também não possuem qualquer personalidade mais visível ou marcante. São vazios. A dupla de diretores do filme é especialista em dirigir documentários, mas obviamente não sabe dirigir atores e nem trabalhar melhor o roteiro. Em vista disso "Ato de Coragem" ficou com jeito de documentário embora seja um filme convencional. No saldo final o que o espectador encontrará é uma sequência de boas cenas de ação do grupo de elite sem qualquer envolvimento com os personagens que são desprovidos de qualquer traço de personalidade individual. Como toque de cereja tem a patriotada americana aqui completamente sem controle - o que talvez justifique o apoio dos militares ao filme, uma vez que ele acaba servindo também como propaganda de recrutamento para os jovens nas escolas daquele país. Enfim, "Ato de Coragem" é puro ufanismo sem conteúdo ou dramaturgia.  

Ato de Coragem (Act of Valor, Estados Unidos, 2012) Direção: Mike McCoy, Scott Waugh / Roteiro: Kurt Johnstad / Elenco: Alexander Asefa, Jeffrey Barnachea, Kenny Calderon, Rual Canizales II, Drea Castro, Sam Cespedes, Jimmy Chhiu, Charles Chiyangwa / Sinopse: Grupo de elite da Marinha Norte-Americana, formado por soldados do comando Navy Seals é enviado para diferentes missões ao redor do mundo em busca de terroristas internacionais.  

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de setembro de 2012

A Garota Ideal

Lars (Ryan Gosling) é um solteirão tímido e calado. Um dia resolve solucionar seu problema comprando uma boneca em tamanho real. Esse tipo de brinquedo é fabricado para nítido uso sexual pelo consumidor mas Lars não pensa assim e começa a levar a boneca, que considera sua namorada e noiva, a todos os lugares - festas, aniversários e encontros familiares. A situação inusitada acaba chamando a atenção de toda a cidade. "A Garota Ideal" é um filme bem diferente. Na realidade pode até mesmo ser considerado bem esquisito. Particularmente estava completamente enganado sobre essa produção. Pensava que se tratava de um roteiro irônico e bem humorado sobre um cara que resolvia assumir um "namoro" com uma boneca erótica. Não é bem assim. Para minha surpresa total o filme não tem um pingo de humor, tudo é pesado, difícil, arrastado e sobre uma suposta doença mental e/ou comportamental do protagonista. Outro problema: ao mesmo tempo em que o roteiro abraça uma visão mais realista do caso, situações pouco verídicas se sucedem ao longo de filme. Toda a cidade procura entender o problema de Lars, se torna solidária e compreensiva, algo que sinceramente não aconteceria na vida real. Até o padre realiza missa em memória da boneca!

"A Garota Ideal" porém é salva pela excelente atuação do ator Ryan Gosling. Esse ator tem se destacado cada vez mais realizando filmes ousados e diferenciados. O ator que interpreta seu irmão, Paul Schneider, é por outro lado muito sorumbático. O filme sofre muito em suas cenas ao lado de sua esposa, geralmente caindo numa monotonia total. Assim apenas Ryan salva o filme no quesito elenco. O diretor Craig Gillespie parece ser especializado em personagens como Lars, excêntricos e fora do comum. Ele por muito tempo dirigiu a série "United States of Tara" sobre uma mulher que sofre com múltiplas personalidades. Em conclusão podemos qualificar esse "A Garota Ideal" como um produto estranho com personagens estranhos. Se você estiver em busca de algo diferente pode vir a gostar desde que compre a idéia principal do roteiro.

A Garota Ideal (Lars and the Real Girl, Estados Unidos, 2007) Direção: Craig Gillespie / Roteiro: Nancy Oliver / Elenco: Ryan Gosling, Patricia Clarkson, Emily Mortimer, Kelli Garner, Paul Schneider. / Sinopse: Lars (Ryan Gosling) é um solteirão tímido e calado. Um dia resolve solucionar seu problema comprando uma boneca em tamanho real. Esse tipo de brinquedo é fabricado para nítido uso sexual pelo consumidor mas Lars não pensa assim e começa a levar a boneca, que considera sua namorada e noiva, a todos os lugares - festas, aniversários e encontros familiares. A situação inusitada acaba chamando a atenção de toda a cidade.

Pablo Aluísio.

Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles

O planeta terra é invadido por uma misteriosa civilização de alienígenas. Para combater a invasão tropas militares norte-americanas vão a campo enfrentar o inimigo. Lida assim a sinopse parece que estamos falando de "Independence Day" não é mesmo? Apenas parece pois aqui o filme é outro, "Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles". Alguma novidade? Praticamente nenhuma. O filme tem todos os clichês possíveis e imagináveis que você possa lembrar. Só para citar exemplos lá estão o sargento durão, prestes a se aposentar, o tenente hesitante e inseguro (incrível mas todo filme de guerra americano tem um tenente que não sabe direito como comandar suas tropas), os soldados buchas de canhão (que só estão lá para morrerem, sendo que geralmente negros e latinos morrem primeiro) e por fim crianças bonitinhas e inocentes, de cabelinhos encaracolados no meio do fogo cruzado (para sensibilizar alguma mulher que tenha entrado na sessão por engano). Ah, tem também todos aqueles diálogos que você já viu mais de uma dezena de vezes, bem ao estilo "Fuzileiros não choram"!

Todo filme de guerra clichezado tem que ter vilões bacanas (tipo os nazistas malvados). O problema é que em Batalha de Los Angeles os vilões são uns ETs moluscos com armadura de metal que emitem sons bizarros que em alguns momentos lembram flatulências bem humanas. O roteiro é estilo MOW (Monster of Week) e nada de muito interessante acontece. A missão inicial do grupo de marines é sem graça e depois tudo vai acontecendo meio que ao acaso, de forma dispersa. Tem até um ònibus ao estilo "Velocidade Máxima"! Os atores em geral são fracos, inclusive Michele Rodriguez que de tanto fazer papel de mulher machona virou ícone das lésbicas. Os ETs continuam a invadir nosso planeta mas agora sem charme ou novidade. Eles estão tentando isso desde a década de 50 com todos aqueles filmes que hoje em dia possuem um charme todo especial, coisa que falta muito a esse prato requentado. Em síntese, filme fraco, derivativo e decepcionante. Não perca seu tempo.

Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles (Battle Los Angeles, Estados Unidos, 2011) Direção: Jonathan Liebesman / Roteiro: Christopher Bertolini / Elenco: Michelle Rodriguez, Bridget Moynahan, Aaron Eckhart, Jim Parrack, Lucas Till, Michael Peña, Joey King, Susie Abromeit, Ramon Rodriguez, Taylor Handley, Ne-Yo, Cory Hardrict,Nick Jonas / Sinopse: ETs invadem o planeta terra mas são combatidos por bravos soldados americanos pelas ruas de uma Los Angeles em ruínas.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de setembro de 2012

Fuga Implacável

Will (Henry Cavill) é um americano que desembarca na Espanha para passar uma semana de férias ao lado de sua família. Seu pai Martin (Bruce Willis) trabalha na embaixada americana onde exerce a função de adido cultural. O que Will não sabe é que nada é o que aparenta ser. Após seus familiares sumirem misteriosamente ele se vê envolvido numa complicada rede de espionagem onde não consegue descobrir quem está ou não ao seu lado. “The Cold Light Of Day” é uma produção entre Espanha e EUA que estreou há poucas semanas nos cinemas europeus e americanos. Apesar da publicidade o filme foi mal nas bilheterias. Nem o nome chamariz Bruce Willis parece ter funcionado para atrair o público. Também pudera, o fato é que realmente seu nome é bem gratuito mesmo. Embora seu personagem seja a do pai do protagonista a verdade é que ele fica muito pouco em cena e não participa ativamente de grande parte da trama. O que fica evidenciado é que Willis realmente colocou seu nome para aluguel para que o público comparecesse nas salas. Pelo visto não caíram na dele.

Sem Willis por perto o filme se apóia na atuação do ator Henry Cavill. Seu trabalho porém é exagerado, canastrão. O ator passa o tempo todo com cara de desesperado, gritando, muito além do razoável. Como astro de ação não empolga. Melhor se sai a sempre bem-vinda Sigourney Weaver fazendo uma agente da CIA durona e calculista. Weaver que esteve recentemente em “O Segredo da Cabana” traz um pouco de carisma ao filme, carisma esse que falta muito a Cavill. Para quem procura ação porém o filme tem uma boa seqüência final de perseguição de carros pelas ruas de Madrid. Movimentada e bem dirigida a cena ajuda a acordar quem ficou entediado com as várias reviravoltas na trama de espionagem que surgem ao longo da estória. Saldo final: thriller mediano apenas. Algumas boas cenas de ação e só. Não é marcante mas como é curtinho (90 minutos) serve como passatempo ligeiro. Um filme de ação genérico sem maiores atrativos. Pode-se qualificar a fita como dispensável e rotineira mas que não chega a aborrecer.

Fuga Implacável (The Cold Light Of Day, Estados Unidos, Espanha, 2012) Direção: Mabrouk El Mechri / Roteiro: Scott Wiper, John Petro / Elenco: Henry Cavill, Bruce Willis, Sigourney Weaver / Sinopse: Will (Henry Cavill) é um americano que desembarca na Espanha para passar a semana ao lado de sua família. Seu pai Martin (Bruce Willis) trabalha na embaixada americana onde exerce a função de adido cultural. O que Will não sabe é que nada é o que aparenta ser.

Pablo Aluísio.

Branca de Neve e o Caçador

A indústria americana de cinema ás vezes é tão sem imaginação. Bastou a adaptação de Alice dirigida por Tim Burton fazer sucesso para os estúdios ressuscitarem antigos contos de fadas para tentar faturar a mesma bilheteria. É o caso desse "Branca de Neve e o Caçador" que tenta não apenas seguir os passos do filme da Disney como também plagiar outro grande sucesso recente, a trilogia "O Senhor dos Anéis". Para completar o oportunismo latente ainda escalaram a atriz sensação do momento, Kristen Stewart. Analisando por partes: O filme de Tim Burton que iniciou essa corrida aos contos de fadas pelos estúdios já era fraco demais. Fez sucesso absurdo (1 bilhão de dólares em bilheteria!) porque afinal era uma novidade e os estúdios Disney investiram rios de dinheiro em marketing e publicidade, tudo amparado por cima da idéia da suposta genialidade do cineasta! Depois desse sucesso todo começou as adaptações infelizes, Chapeuzinho Vermelho, A Bela Adormecida e a própria Branca de Neve (que deu origem a um filme horrendo com Julia Roberts) vieram no rastro de oportunismo caça níqueis. 

Não satisfeitos com os resultados ruins de todos esse filmes ainda tentaram mais uma vez com esse "Branca de Neve e o Caçador". Será que agora deu certo? Não. Aqui copiaram praticamente toda a direção de arte de "O Senhor dos Anéis" para tentar fisgar o público. Cenas abertas de paisagens lindas, monstros que mais parecem árvores centenárias, tudo está lá, devidamente plagiado. Por fim tiveram a péssima idéia de escalar Kristen Stewart para fazer o papel de Branca de Neve. Essa atriz que fez sucesso na saga teen vampiresca "Crepúsculo" até agora não conseguiu acertar - tal como seu companheiro Robert Pattinson que também não consegue fazer sucesso fora do universo daquela franquia. Kristen é completamente inadequada para o papel da princesa Branca de Neve. Com a boca constantemente aberta, olhar perdido no horizonte ela falha seguidamente. Na hora de mostrar qualquer tipo de emoção o desastre é evidente e constrangedor! Também não consegue ser bonita suficiente para encarnar uma personagem que é dita como a "mais bela do mundo". Nem consegue chegar aos pés de sua rival Charlize Theron em cena. Pra falar a verdade a Kristen é esquisita, tem um ar doentio e nada belo. Um enorme erro de escalação de elenco! Pior é que ela se envolveu com o diretor do filme, um tiozão casado e com filhos, traindo seu namorado e jogando toda a produção em um vexame público que fez a festa dos tablóides sensacionalistas. De princesa passou para a imagem de barraqueira, infiel e traidora alheia. Péssimo exemplo para essa juventude perdida que está aí. Um desastre essa moça sinceramente. No final das contas as duas únicas coisas que se salvam aqui são a bela direção de arte (derivativa mas bem feita e bonita) e a presença de Charlize Theron que parece conseguir sobreviver a tudo, até mesmo a esse equívoco épico. E que venha a adaptação dos Três Porquinhos agora... só espero que sem a Kristen para não estragar com tudo de novo!  

Branca de Neve e o Caçador (Snow White and the Huntsman, Estados Unidos, 2012) Diretor: Rupert Sanders / Roteiro: Hossein Amini, Evan Daugherty baseados no conto infantil "Schneewittchen" (Branca de Neve) de origem histórica que foi compilado pelos irmãos Grimm / Elenco: Kristen Stewart, Chris Hemsworth, Charlize Theron, Ian McShane, Toby Jones, Nick Frost, Ray Winstone, Sam Claflin, Bob Hoskins, Eddie Marsann, Lily Cole / Sinopse: A princesa Branca de Neve (Kristen Stewart) é aprisionada pela Rainha Má (Charlize Theron) mas consegue fugir de sua prisão na torre do Castelo para a Floresta Negra onde se torna amiga de Sete Anões e do Caçador (Chris Hemsworth). Juntos tentarão reaver a coroa imperial.  

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Entrevista Com o Vampiro

O primeiro filme de terror da carreira de Tom Cruise. Aqui ele interpreta Lestat, um dos personagens mais disputados em Hollywood na época. Baseado no famoso livro da escritora Anne Rice o filme era considerado êxito certo por causa da popularidade dos livros nos quais era baseado. A produção porém foi conturbada para o ator. Logo no começo ele teve que enfrentar a oposição da própria Anne Rice que o achava totalmente inadequado para o papel. Fato que ela revelou publicamente, colocando em dúvida a capacidade de Cruise em fazer seu famoso personagem vampiro com a sofisticação necessária. Além de ter que lidar com Rice, Cruise ainda encontrou problemas dentro do próprio set. Ele não se deu bem com seu parceiro em cena, Brad Pitt. Ambos começaram a disputar entre si para ver quem roubaria o filme de quem. O diretor Neil Jordan, que vinha do sucesso cult "Traídos Pelo Desejo" não conseguiu se impor aos astros em plena guerra de egos inflados.

No final, apesar dos problemas o filme se tornou um grande sucesso e Cruise, para surpresa de todos, recebeu diversos elogios por sua caracterização de Lestat de Lioncourt. Para coroar ainda mais o bom momento a própria Rice acabou dando o braço a torcer e se desculpou (também publicamente) por ter criticado Cruise antes mesmo de ver seu trabalho em cena. O filme também foi bem recebido pela crítica em geral que considerou a adaptação correta e em bom tom. De certa forma a produção acabaria revivendo o mito do vampiro no cinema o que iria desandar nos tempos atuais onde os seres noturnos parecem estar em todos os lugares: seriados de TV, franquias de sucesso no cinema, jogos de videogame, best sellers, etc. Anne Rice pode ser considerada a verdadeira responsável por essa onda de vampirismo na cultura pop que vivemos atualmente. Ela trouxe o velho monstro de volta à moda. Se isso foi bom ou ruim já é tema para outro tipo de discussão.

Entrevista Com o Vampiro (Interview With the Vampire, Estados Unidos, 1994) Direção: Neil Jordan / Roteiro: Neil Jordan, Michael Cristofer, Anne Rice / Elenco: Tom Cruise, Brad Pitt, Antonio Banderas, Christian Slater, Kirsten Dunst, Stephen Rea / Sinopse: "Entrevista Com o Vampiro" foi baaseado no famoso livro de mesmo nome da autora Anne Rice. Nele acompanhamos Louis (Brad Pitt), um vampiro secular que resolve contar sua história para um jovem repórter (Christian Slater).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Fogo Contra Fogo

Quando "Fogo Contra Fogo" chegou nas telas a crítica especializada torceu o nariz. Afinal qual era a lógica em se reunir no mesmo elenco dois monstros sagrados como Al Pacino e Robert De Niro se o roteiro não lhes davam a oportunidade de atuar bem? O que causou estranheza foi o foco centrado na ação e violência em um roteiro que foi considerado sem sutileza ou sofisticação. Além disso muitos reclamaram da falta de uma interação maior entre os atores em cena pois era justamente isso que muitos queriam ver. Não era todo dia que o público podia pagar uma só entrada de cinema para assistir aos dois mais consagrados atores em atividade na época. De fato ninguém queria ver Pacino com metralhadoras atirando para todos os lados - já existia toda uma casta de astros de filmes de ação que faziam isso (Stallone e cia). As primeiras reações por isso foram bem negativas. Penso que houve um certo preconceito dos críticos americanos sobre essa questão. Filmes de ação não são em essência inferiores aos dramas, por exemplo. O fato é que o estúdio gastou muito na contratação dos dois atores e o retorno em bilheteria teria que vir de qualquer jeito. 

Como naquela época os grandes sucessos eram justamente no gênero ação então resolveu-se reunir ambos nesse tipo de produção. Foi um desperdício de talento? De certa forma sim, mas não podíamos também esperar que um novo "Godfather" fosse escrito para unir Pacino e De Niro nas telas. Aquele tipo de material surge uma vez na vida, não é algo corriqueiro e nem comum. É excepcional. Diante dessas circunstâncias até que "Fogo Contra Fogo" não foi tão mal. A Warner até encontrou espaço para encaixar Val Kilmer no elenco. Prestes a vestir o uniforme do Batman no novo filme da franquia seu personagem aqui nada acrescenta de muito relevante mas também não aborrece. No saldo final podemos dizer que "Fogo Contra Fogo" certamente não foi o melhor filme de ação da década de 90 mas com certeza foi o que teve o melhor elenco jamais reunido. Não é excepcional em nenhum momento mas como diversão se sai muito bem.  

Fogo Contra Fogo (Heat, Estados Unidos, 1995) Direção: Michael Mann / Roteiro: Michael Mann / Elenco: Al Pacino, Robert De Niro, Val Kilmer, Jon Voight, Tom Sizemore, Diane Venora, Jeremy Piven, Begonya Plaza, Natalie Portman, Ashley Judd / Sinopse: Neil McCauley (Robert De Niro) é um refinado ladrão que começa a ser investigado e perseguido pelo policial Vincent Hanna (Al Pacino) que está decidido a acabar com a carreira do criminoso. O confronto entre os dois se tornará inevitável.  

Pablo Aluísio.