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terça-feira, 20 de junho de 2023

Sombras de um Crime

Sombras de um Crime
Liam Neeson finalmente fez uma boa mudança na linha dos filmes que vinha trabalhando ultimamente. Mudança sutil, mas bem-vinda. Quem acompanha o trabalho do ator no cinema já tinha notado que ele havia entrado em uma sucessão sem fim de filmes de ação bem genéricos. Os nomes dos personagens mudavam, mas eram sempre os mesmos, filme após filme. Os roteiros então, nem se fala, pura fórmula desgastada por anos e anos de repetição. Agora as coisas melhoraram um pouco. O ator resolveu interpretar nesse filme o detetive Philip Marlowe. Quem conhece cinema clássico sabe de quem estou falando. Esse personagem da literatura policial foi criado em 1939 pelo escritor Raymond Chandler e já foi interpretado por grandes atores do cinema americano em sua era de ouro, como Humphrey Bogart. Então trazer de volta esse investigador particular foi sem dúvida uma boa ideia. 

Na trama desse filme o detetive é contratado por uma mulher para descobrir o que aconteceu com seu amante, um tipo daqueles que já bem conhecemos, explorador de mulheres ricas e mais velhas, que desapareceu sem deixar rastros. Claro que conforme as investigações avançam ficamos sabendo que há algo muito maior por trás. Afinal todas as histórias envolvendo Marlowe seguem esse tipo de linha narrativa. Alguns mais tradicionais vão achar que a trama aqui surge uma pouco fraca, isso se comparado com outras que já conhecemos. Pode até ser, mas só o fato de trazer um personagem tão clássico para a história do cinema de volta já é algo que podemos comemorar. 

Sombras de um Crime (Marlowe, Estados Unidos, 2022) Direção: Neil Jordan / Roteiro: William Monahan, Neil Jordan, John Banville / Elenco: Liam Neeson, Diane Kruger, Jessica Lange / Sinopse: Um detetive cínico e acostumado a burlar a lei quando necessário, é contratado por uma mulher casada que busca por seu amante desaparecido. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Michael Collins

Drama histórico que resgata a figura do líder revolucionário irlandês Michael Collins (aqui interpretado pelo ator Liam Neeson). Esse foi um homem importante na luta pela independência da Irlanda. Sob dominação inglesa por séculos, os irlandeses começaram a colocar em prática seus ideais de independência nacional justamente na época em que Collins começou a despontar no turbulento cenário político de sua nação. O diretor Neil Jordan obviamente criou um filme patriótico, muitas vezes até ufanista, da causa irlandesa. O filme por essa razão se torna muitas vezes panfletário em demasia, o que certamente incomodará algumas pessoas. Quando um diretor adota esse tipo de postura a primeira reação do público é desconfiar da veracidade do que se vê na tela.

Há todo aquele clima de euforia nacional que atrapalha uma visão mais imparcial dos fatos históricos. Mesmo com esse pequeno deslize, temos que admitir que como pura obra cinematográfica temos aqui um bom filme. Manipuladora, até maniqueísta, mas também bem honesta já que procura trazer a visão bem pessoal de Neil Jordan da questão, mesmo que essa venha a surgir de uma forma um pouco nublada, maquiada, para varrer os aspectos negativos de Collins para debaixo do tapete histórico. Além disso o filme apresenta uma das melhores interpretações da carreira do ator Liam Neeson, nessa época ainda empenhado em atuar bem, em filmes relevantes. Hoje em dia ele literalmente se acomodou em uma série sem fim de filmes de ação. Enfim, outros tempos, outros filmes.

Michael Collins - O Preço da Liberdade (Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, 1996) Direção: Neil Jordan / Roteiro: Neil Jordan / Elenco: Liam Neeson, Aidan Quinn, Julia Roberts, Alan Rickman, Stephen Rea, Ian Hart, Charles Dance / Sinopse: A história de um líder político que sonhava com a liberdade da Irlanda. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Chris Menges) e Melhor Música Original (Elliot Goldenthal). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Liam Neeson) e Melhor Trilha Sonora (Elliot Goldenthal).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Obsessão

Frances McCullen (Chloë Grace Moretz) trabalha como garçonete em Nova Iorque. Certo dia encontra uma bolsa perdida no metrô. Então resolve procurar por sua dona. Acaba levando a bolsa na casa dela. Greta Hideg (Isabelle Huppert) parece ser uma pessoa bem elegante. Fica muito agradecida a Frances por encontrar sua bolsa perdida. Então as duas começam uma amizade. Greta por ser bem mais velha que Frances cria um sentimento maternal em relação a jovem. Só que há algo errado em tudo o que está acontecendo. Greta logo passa a demonstrar um comportamento fora dos padrões, obsessivo e perigoso. E vira uma stalker na vida de Frances.

É um bom filme, embora o roteiro tenha seus clichês. Entretanto se tratando de um diretor como Neil Jordan eu esperava mais, muito mais. Em minha opinião o diretor perdeu a mão na construção do suspense desse thriller. A amizade entre as duas mulheres poderia ter sido melhor desenvolvido. Esse é um caso em que o roteiro se apressou demais. Situações de suspense devem ser desenvolvidas de forma gradual, aos poucos. Não pode passar logo para as situações de violência e crimes. Tem que ir devagar para funcionar. Então, apesar de não considerar esse um filme ruim devo dizer que lhe faltou mais calma. E o mais curioso é que Neil Jordan sempre apresentou todas essas nuances em seus filmes anteriores. Aqui surgiu com uma direção ansiosa e apressada demais.

Obsessão (Greta, Estados Unidos, 2018) Direção: Neil Jordan / Roteiro: Ray Wright / Elenco: Isabelle Huppert, Chloë Grace Moretz, Maika Monroe, Stephen Rea / Sinopse: Depois de entregar uma bolsa perdida para uma mulher mais velha e solitária, uma jovem garçonete de Nova Iorque passa a ser alvo de um jogo perigoso e insano.  

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Fim de Caso

Título no Brasil: Fim de Caso
Título Original: The End of the Affair
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Neil Jordan
Roteiro: Graham Greene, Neil Jordan
Elenco: Ralph Fiennes, Julianne Moore, Stephen Rea
  
Sinopse:
Londres, 1946. O escritor Maurice Bendrix (Ralph Fiennes) não consegue superar uma velha paixão, mesmo com o passar dos anos. Sarah Miles (Julianne Moore) é o foco de sua afeição. O problema é que ela é a esposa de Henry Miles (Stephen Rea), um conhecido seu. Dois anos depois descobre que finalmente o casamento entre eles acabou. Agora ele percebe que sua velha obsessão por Sarah reacendeu e parece disposto a consumar de uma vez por todas essa complicada relação amorosa. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Julianne Moore) e Melhor Fotografia.

Comentários:
Neil Jordan faz parte daquele seleto grupo de cineastas que você pode encarar todo e qualquer filme que faça parte da sua filmografia sem receios. Ele é um artesão da sétima arte. Muito sofisticado, lidando com planos e ideias mais bem elaboradas, é sem dúvida um dos diretores mais talentosos de sua geração. Aqui nesse "The End of the Affair" ele optou por focar suas lentes em uma paixão que resiste, que por várias razões nunca consegue se consumar de forma definitiva. Um verdadeiro karma maldito que se abate sobre esses dois amantes apaixonados. A fotografia é linda, valorizando ainda mais a relação existente entre o estado psicológico e emocional de todos os personagens e o clima ora sombrio, ora ofuscante na cidade, que aliás parece ter vida própria. A chuva, que nunca parece parar de cair, simboliza a melancolia de sentimentos que se abate sobre o casal. Ralph Fiennes e Julianne Moore formam uma maravilhosa dupla de protagonistas. Ela sempre me pareceu muito charmosa e sofisticada e aqui acabou encontrando uma película à sua altura. Recebeu uma indicação ao Oscar e sendo bem sincero merecia ter sido a vencedora. Ele, mais uma vez, demonstra porque é considerado um dos mais talentosos atores ingleses. Bastante badalado em sua lançamento esse filme certamente mereceu todas as indicações e prêmios que recebeu. Um drama romântico Classe A.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Traídos pelo Desejo

Título no Brasil: Traídos pelo Desejo
Título Original: The Crying Game
Ano de Produção: 1992
País: Inglaterra, Japão
Estúdio: Palace Pictures, Channel Four Films
Direção: Neil Jordan
Roteiro: Neil Jordan
Elenco: Stephen Rea, Jaye Davidson, Forest Whitaker
  
Sinopse:
Um soldado inglês (Forest Whitaker) acaba caindo nas mãos do IRA, o Exército Republicano Irlandês, grupo que luta pela libertação da Irlanda da dominação da Inglaterra. Nas mãos dos sequestradores ele acaba criando uma estranha aproximação com um dos membros (Stephen Rea) do grupo que o sequestrou. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Neil Jordan). Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Edição, Melhor Ator (Stephen Rea) e Melhor Ator Coadjuvante (Jaye Davidson). Indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama. Vencedor do Bafta Awards na categoria de Melhor Filme Britânico.

Comentários:
Grande filme. Infelizmente muitas pequenas obras primas como essa andam bem esquecidas entre os cinéfilos ultimamente. Por isso quando um canal de TV aberta o reprisa, como vai acontecer hoje na madrugada, é sempre bom tecer alguns comentários, mesmo que breves, só para avisar sobre sua exibição e deixar uma dica de programação. Sempre considerei "Traídos pelo Desejo" um dos mais expressivos filmes da carreira do excelente Neil Jordan. É curioso porque sempre tive um certo sentimento de amor e ódio com a obra desse diretor. Alguns filmes dele detestei logo de cara, mas outros jamais esqueci. Embora seja sempre tão "irlandês" em suas temáticas (especialistas em sua filmografia entenderão o que estou escrevendo), Jordan também conseguiu lidar com temas universais, válidos tanto para quem mora na Irlanda, como para quem vive em uma grande cidade brasileira. Dito isso esse "The Crying Game" é considerado por muitos sua maior obra prima, o filme pelo qual ele provavelmente será lembrado no futuro. Eu não gosto de previsões, principalmente quando diz respeito a perenidade ou não de uma obra de arte, mas tenho que concordar em parte com essa linha de pensamento. O que posso dizer é que aqui ele conseguiu realmente aliar um roteiro poderoso, excepcionalmente bem escrito, com atuações brilhantes e uma técnica de filmagem que ficará na sua mente de cinéfilo por um bom tempo. Não precisa ir muito longe para entender que com tantas peças certas em seus devidos lugares essa é de fato uma obra cinematográfica maravilhosa. Recomendo duas, três, quatro vezes, se possível. Se ainda não conhece, não vá perder essa oportunidade de assistir. 

Pablo Aluísio.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Não Somos Anjos

Título no Brasil: Não Somos Anjos
Título Original: We're No Angels
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Neil Jordan
Roteiro: David Mamet, Ranald MacDougall
Elenco: Robert De Niro, Sean Penn, Demi Moore, John C. Reilly

Sinopse: 
Dois condenados (Bob De Niro e Penn) fogem de uma prisão de segurança máxima e vão parar numa pequena cidadezinha às margens de cataratas que eles usaram para escapar da polícia. Na correria entram em um antigo mosteiro e começam a se passar por padres. A situação fica ainda mais complicada porque o diretor da prisão está à procura deles que não podem deixar seus disfarces de lado. A única saída acaba sendo uma procissão da Virgem Maria cujo ponto de chegada é no país vizinho, o Canadá. Se conseguirem chegar até lá estarão livres das garras da lei. 

Comentários:
Divertida comédia dos anos 80 que na realidade é um remake de um antigo filme com Humphrey Bogart e Peter Ustinov chamado no Brasil de "Veneno de Cobra". A premissa realmente é muito boa, pois a partir do momento em que os bandidos se fazem de padres católicos tudo fica muito divertido. Sem nenhuma noção dos dogmas e crenças da Igreja eles vão tentando sobreviver de todas as formas. Uma das cenas mais divertidas ocorre quando De Niro está no confessório e entra um policial para se confessar justamente com ele! O tira traiu a esposa e sente-se culpado por isso! Imagine a saia justa! Já na ficha técnica dois nomes se sobressaem para os cinéfilos. O primeiro é o do diretor Neil Jordan que aqui dirige uma rara comédia em sua filmografia. O segundo é a presença na equipe de roteiristas do talentoso David Mamet. Sua presença é garantia de bom texto e tiradas inteligentes.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Ondine

Título no Brasil: Ondine
Título Original: Ondine
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos, Irlanda
Estúdio: Magnolia Pictures
Direção: Neil Jordan
Roteiro: Neil Jordan
Elenco: Colin Farrell, Alicja Bachleda, Dervla Kirwan

Sinopse: 
Durante uma pescaria Syracuse (Colin Farrell) acaba encontrando em sua rede uma jovem chamada Ondine (Alicja Bachleda) que significa "aquela que veio do mar". A situação fora do comum acaba despertando a imaginação da pequena filha do pescador que logo imagina que a garota seja na verdade uma espécie de sereia, bem popular dentro do folclore da Escócia. Para complicar ainda mais vários fatos parecem confirmar a suspeita da menina. Será que Ondine seria mesmo uma sereia ou tudo não passaria de mero fruto de imaginação de uma criança?

Comentários:
Filme que marca a volta ao cinema do talentoso cineasta Neil Jordan. Como sempre ele traz para a tela todo um clima de realismo fantástico passado em sua terra natal e do coração, a Irlanda. Embora o tema sereias possa afastar parte do público o fato é que o resultado final passa longe de ser uma espécie de "Splash" irlandês. Na verdade Jordan optou por um clima de fábula e romance em um primeiro momento que depois vira drama social (não convém explicar o porquê para não estragar as surpresas da estória). Achei um filme muito bem intencionado, com um clima adequado, que procura deixar o espectador na dúvida sobre a verdadeira origem da personagem Ondine. O roteiro nesse aspecto é bem escrito. Também achei digno de nota o trabalho do ator Colin Farrell. Seu papel é a de um homem simples, rústico, que vive da pescaria e não consegue separar muito bem a fábula do mundo real. Claro que para os fãs do cinema de Neil Jordan ficará um gostinho de decepção no ar. Embora o filme não seja ruim ele passa muito longe da genialidade que o cineasta já demonstrou no passado com filmes como por exemplo "Traídos pelo Desejo", "Michael Collins: O Preço da Liberdade" e até mesmo "Entrevista Com o Vampiro". Esse é um filme menor em sua rica filmografia mas mesmo assim vale a pena conhecer, mesmo que seja apenas com a intenção de continuar prestigiando o trabalho do diretor.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Valente

Já que estamos falando sobre Jodie Foster eu me lembrei desse filme bem diferenciado de sua carreira, chamado simplesmente de “Valente”. Não se trata de um drama ou um roteiro leve e divertido, muito pelo contrário, é bem violento e prega a velha máxima de que quando o Estado não consegue mais punir os criminosos cabe aos próprios cidadãos fazer justiça pelas próprias mãos. Quando “Valente” chegou nas salas de cinemas houve algumas reações bem difundidas. Uma delas era uma bobagem completa. Como Jodie é supostamente uma das mais famosas lésbicas da indústria do cinema nos Estados Unidos (embora ainda no armário), ela estaria tentando entrar no milionário filão de filmes de ação com uma personagem “machona” e agressiva. O filme seria assim uma mensagem subliminar sobre suas preferências sexuais. A outra idéia que foi bem falada foi a de que Jodie na verdade estaria estrelando um verdadeiro “Desejo de Matar” de saias, uma produção nada sutil, de pura porrada e nada mais.

Na verdade “Valente” pode ser encarada até mesmo como um filme feminista, por mais estranho que isso possa parecer à primeira vista. Mostra uma mulher que sofreu um brutal e violento ataque que simplesmente resolve reagir, partindo para sua vingança pessoal. Não haveria assim nenhuma mensagem maior subentendida em tudo que vemos mas apenas uma boa estória que chamou a atenção de Foster. Não é desconhecido de todos que as mulheres seguem ainda sendo as principais vitimas da violência familiar e urbana. Como é o sexo mais frágil do ponto de vista da força física obviamente se torna muito vulnerável e exposta a esse tipo de coisa. Já em relação ao filme em si, o achei tecnicamente muito bem realizado embora adote uma estética crua, fria e direta. Jodie Foster, a menininha de olhos azuis do passado nos comerciais de produtos fofinhos, deixa de lado tudo isso para interpretar um de seus personagens mais físicos e viscerais. Seja lá qual for a mensagem que ela quis passar aqui o fato é que o filme em si é mesmo no mínimo bem interessante.

Valente (The Brave One, Estados Unidos, 2007) Direção: Neil Jordan / Roteiro: Roderick Taylor, Bruce A. Taylor / Elenco: Jodie Foster, Terrence Howard, Nicky Katt / Sinopse: Jovem mulher é vitima de um brutal e violento ataque. Recuperada ela decide partir para sua vingança pessoal.

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de outubro de 2012

The Borgias

A fórmula deu certo com The Tudors então era apenas questão de tempo para que outro personagem da história voltasse às telas para uma nova série. Antes de mais nada é importante esclarecer que esse tipo de programa não tem maiores preocupações em ser historicamente correto. Eventos, datas e até mesmo aspectos dos próprios protagonistas são modificados em prol do puro entretenimento. O mesmo ocorre aqui com um dos papas mais infames da história, Alexandre VI (1431 – 1503). Nascido Rodrigo Borgia ele ficou muito mais conhecido do que outros papas por causa de sua biografia sui generis. Alexandre VI tinha filhos, três para ser mais exato, estava sempre se envolvendo em guerras, subornos e até assassinatos. Seu papado foi o apogeu do que depois ficou conhecido como “O Reinado das Prostitutas”. A denominação terrível foi reservada para uma linhagem de papas devassos, corruptos e sanguinários que não tinham nada ou quase nada a ver com a essência da doutrina cristã. Muitos deles só chegaram ao trono de São Pedro após corromperem, roubarem e até mesmo comprarem seu lugar no posto de líder máximo da religião mais popular do mundo ocidental. A morte de Alexandre VI aliás não foi nada digna. Como se sabe o Papa em vida foi acusado de envenenar vários dos Cardeais da cúpula da Igreja que lhe faziam oposição. Pois bem, há evidências fortes que o próprio Alexandre VI teria sido envenenado por seu filho, César Borgia, o que mostra bem a forma de agir e pensar dos Bórgias da história. Era realmente um ninho de cobras. E pensar que a Igreja Católica esteve nas mãos de pessoas tão infames como essas.

Na série Rodrigo Borgia é interpretado com maestria pelo sempre bom Jeremy Irons. Eis um ator de que particularmente gosto muito. O curioso é que os aspectos mais condenáveis de Alexandre VI estão em sua caracterização mas ao mesmo tempo há uma leve sensação de arrependimento e tristeza pelos rumos que sua tão amada Igreja tomou. Seus dois filhos não eram exemplos de absolutamente nenhuma conduta cristã e o Papa se aproveitava disso para os usarem no complicado jogo de xadrez da política da época. Embora o Papa Borgia tenha tido em vida uma infinidade de inimigos, na série eles são reduzidos a poucos, com o firme propósito de não saturar o espectador. Algo assim já havia acontecido em The Tudors e agora é repetido novamente. Embora não seja o ideal do ponto de vista histórico não há como negar que ajuda e muito na dramaturgia dos episódios, tornando tudo mais fluido e descomplicado. Na trama da série ganha destaque sua filha, Lucrecia Borgia, interpretada pela linda atriz  Holliday Grainger . A Lucrecia da história era uma devassa que colecionou amantes e desafetos na mesma proporção. Em The Borgias sua personalidade é mais amenizada e sutil. O bom gosto da produção conta ainda com o talento do diretor Neil Jordan. Seu auge criativo aconteceu na década de 90 quando dirigiu os excelentes Traídos pelo Desejo, Entrevista Com o Vampiro e Michael Collins - O Preço da Liberdade. Depois de um período afastado do cinema ele agora finalmente retorna com essa nova série histórica. Espero que essa parceria renda ainda mais frutos pois Jordan é um artesão de grande talento.


The Borgias (The Borgias, Estados Unidos, 2011 – 2012) Criado por Neil Jordan / Roteiros de Neil Jordan / Elenco: Jeremy Irons, François Arnaud, Holliday Grainger,  Peter Sullivan,  Sean Harris,  David Oakes / Sinopse: A saga da família Borgia que se tornou uma das mais poderosas de seu tempo após Rodrigo Borgia se tornar o Papa Alexandre VI. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Entrevista Com o Vampiro

O primeiro filme de terror da carreira de Tom Cruise. Aqui ele interpreta Lestat, um dos personagens mais disputados em Hollywood na época. Baseado no famoso livro da escritora Anne Rice o filme era considerado êxito certo por causa da popularidade dos livros nos quais era baseado. A produção porém foi conturbada para o ator. Logo no começo ele teve que enfrentar a oposição da própria Anne Rice que o achava totalmente inadequado para o papel. Fato que ela revelou publicamente, colocando em dúvida a capacidade de Cruise em fazer seu famoso personagem vampiro com a sofisticação necessária. Além de ter que lidar com Rice, Cruise ainda encontrou problemas dentro do próprio set. Ele não se deu bem com seu parceiro em cena, Brad Pitt. Ambos começaram a disputar entre si para ver quem roubaria o filme de quem. O diretor Neil Jordan, que vinha do sucesso cult "Traídos Pelo Desejo" não conseguiu se impor aos astros em plena guerra de egos inflados.

No final, apesar dos problemas o filme se tornou um grande sucesso e Cruise, para surpresa de todos, recebeu diversos elogios por sua caracterização de Lestat de Lioncourt. Para coroar ainda mais o bom momento a própria Rice acabou dando o braço a torcer e se desculpou (também publicamente) por ter criticado Cruise antes mesmo de ver seu trabalho em cena. O filme também foi bem recebido pela crítica em geral que considerou a adaptação correta e em bom tom. De certa forma a produção acabaria revivendo o mito do vampiro no cinema o que iria desandar nos tempos atuais onde os seres noturnos parecem estar em todos os lugares: seriados de TV, franquias de sucesso no cinema, jogos de videogame, best sellers, etc. Anne Rice pode ser considerada a verdadeira responsável por essa onda de vampirismo na cultura pop que vivemos atualmente. Ela trouxe o velho monstro de volta à moda. Se isso foi bom ou ruim já é tema para outro tipo de discussão.

Entrevista Com o Vampiro (Interview With the Vampire, Estados Unidos, 1994) Direção: Neil Jordan / Roteiro: Neil Jordan, Michael Cristofer, Anne Rice / Elenco: Tom Cruise, Brad Pitt, Antonio Banderas, Christian Slater, Kirsten Dunst, Stephen Rea / Sinopse: "Entrevista Com o Vampiro" foi baaseado no famoso livro de mesmo nome da autora Anne Rice. Nele acompanhamos Louis (Brad Pitt), um vampiro secular que resolve contar sua história para um jovem repórter (Christian Slater).

Pablo Aluísio.