quinta-feira, 21 de novembro de 2019

John Wick 3: Parabellum

Eu sou de um tempo em que as cenas de ação serviam como elemento narrativo para os enredos dos filmes. Havia um certo desenvolvimento e durante a história os roteiristas sentiam a necessidade de escrever uma boa cena de ação. Funcionava muito bem assim. Agora, nesses novos tempos, franquias como essa do tal do John Wick invertem a lógica das coisas. Os roteiros agora é que servem para as cenas de ação. Não precisa de muita desculpa para que o protagonista entre em uma série infindável de lutas corporais contra seus oponentes. A linha narrativa só existe para jogar o personagem em uma sucessão de brigas, tiroteios e violência. Enredo? História? Argumento? Coisas dispensáveis. Não quero dizer que esse terceiro filme não tenha seus méritos. Ele tem, justamente na coreografia das cenas de lutas. É tudo muito bem feito e coreografado pelos atores e dublês. Lembram até cenas de balé, porém tirando a suavidade para dar espaço à violência brutal. Se formos juntar os diálogos ditos pelo ator Keanu Reeves durante todo o filme vai dar uma página e meia de texto. Ele não tem mesmo o que falar. Apenas sair na porrada contra todos. E como mata! Provavelmente o Wick mate umas duzentas pessoas durante o filme. Elas não significam nada no final das contas. O espírito é de game. De repente ele entra numa sala e há vinte assassinos tentando matá-lo. Ele nem faz muito esforço. Mata todos em menos de 2 minutos. Esse o ritmo desse filme. Se você gosta, pode se jogar, caso você ache tudo imbecil demais, melhor fugir desse tipo de coisa.

Dois únicos aspectos podem chamar a atenção de quem não está atrás apenas de porradaria. Há uma bonita direção de arte (hoje chamada de design de produção). Todos os cenários, ambientes, onde as lutas acontecem, são extremamente bem produzidos. Fica até aquela impressão no espectador de que é tudo em vão, um desperdício. Outro aspecto é a forma como a organização de assassinos é retratada no filme. Parece uma repertição pública, onde funcionários públicos entediados fazem cotação da cabeça dos que devem ser mortos! É surreal e beira o nonsense. Enfim, esse terceiro filme da franquia - que pelo visto terá mais continuações - apresenta todos os problemas, defeitos e qualidades dos outros filmes, sem tirar e nem colocar nada de novo. Só vai apreciar quem já gosta da proposta desse tipo de produção. Não é bem o meu caso.

John Wick 3: Parabellum (John Wick: Chapter 3 - Parabellum, Estados Unidos, 2019) Direção: Chad Stahelski / Roteiro: Derek Kolstad, Shay Hatten / Elenco: Keanu Reeves, Halle Berry, Ian McShane, Laurence Fishburne, Anjelica Huston, Mark Dacascos / Sinopse: John Wick (Reeves) quebrou as regras da organização de assassinos. Agora vai ter que pagar. Após ser "excomungado" pela organização sua cabeça vai a prêmio. 14 milhões de dólares para quem acabar com sua raça.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Com 007 Só Se Vive Duas Vezes

Para despistar velhos e novos inimigos o agente inglês James Bond (Sean Connery) forja sua própria morte. Com todos pensando que ele está morto se tornará bem mais fácil descobrir o que há por trás de um estranho acontecimento. Uma nave espacial americana acabou sendo literalmente engolida no espaço durante uma missão por outra nave de origem desconhecida. Os americanos desconfiam dos russos, afinal apenas eles poderiam ter acesso a tal tecnologia. Depois que uma nave soviética acaba sofrendo o mesmo destino a desconfiança então passa a ser dos russos em relação aos americanos, criando uma grave crise internacional. Caberá então a Bond desvendar esse mistério: Quem realmente estaria por trás desses atos de sabotagem espacial?

Seguindo pistas o famoso agente britânico acaba indo parar no Japão para onde parece ter sido enviadas as espaçonaves - mas em que lugar exatamente será preciso começar as investigações? Com a ajuda do serviço secreto nipônico, James finalmente chega em um rico industrial que parece estar a serviço de uma organização maior, mais rica, poderosa e organizada. Estaria a Spectre por trás de tudo o que anda acontecendo? Muitas perguntas sem respostas. Apenas James Bond poderia desvendar essa rede de eventos inexplicáveis.

Quinto e penúltimo filme de James Bond com Sean Connery. Por essa época o ator já havia decidido abandonar o personagem - e só retornaria depois em 1971 no fraco "007 - Os Diamantes São Eternos" porque o cachê que lhe ofereceram era realmente irrecusável. Essa produção aqui tem algumas características bem próprias. Ao contrário dos filmes anteriores que apresentavam locações em diversas partes do mundo, em "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" a trama praticamente se passa toda apenas no Japão. Há maravilhosas tomadas aéreas de regiões vulcânicas onde a Spectre acaba montando um enorme quartel general sob comando de um dos vilões mais conhecidos da saga, o sinistro Blofeld (aqui interpretado pelo ator  Donald Pleasence). Esse antagonista de Bond, sempre com um gatinho branco no colo, foi inclusive o mesmo vilão usado no último filme lançado recentemente com Daniel Craig. É um megalomaníaco que sempre constrói instalações gigantescas em lugares remotos e isolados.

Nesse filme aqui ele deseja jogar russos contra americanos e vice versa, causando a terceira guerra mundial. A trama assim soa até meio juvenil para os dias de hoje (afinal quem ganharia algo com uma guerra nuclear entre Estados Unidos e Rússia que inexoravelmente levaria o planeta para uma destruição global?), mas mesmo assim diverte bastante. Como todo filme da série o filme também traz aspectos daquela velha fórmula que tanto conhecemos. Bond dorme com o maior número de mulheres possível (até as vilãs) e de quebra participa de cenas espetaculares de ação. Numa delas enfrenta quatro helicópteros inimigos pilotando uma pequena aeronave portátil, mas cheia de dispositivos de armas letais. Em outro momento Bond enfrenta um enorme grupo de inimigos no caís de Tóquio. Some-se a isso ninjas, uma trilha sonora cantada por Nancy Sinatra e você terá mais um dos mais populares filmes de 007 na década de 1960. Diversão garantida para todos os gostos.

Com 007 Só Se Vive Duas Vezes (You Only Live Twice, Inglaterra, Estados Unidos, 1967) Direção: Lewis Gilbert / Roteiro: Harold Jack Bloom, Roald Dahl, baseados na obra de Ian Fleming / Elenco: / Sinopse: Sean Connery, Donald Pleasence, Tetsurô Tanba, Akiko Wakabayashi, Teru Shimada, Mie Ham / Sinopse: O agente inglês James Bond (Sean Connery) é enviado para desvendar o mistério do sumiço de naves espaciais americanas e russas. O governo britânico precisa evitar que as tensões entre União Soviética e Estados Unidos se agravem ainda mais, porém para isso precisa descobrir antes o que realmente estaria acontecendo e que tipo de organização estaria por trás dos desaparecimentos.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Poderia Me Perdoar?

Você provavelmente conhece a atriz Melissa McCarthy daquelas comédias bem bobas e descartáveis que sempre estão em cartaz no circuito comercial. Aqui ela consegue mudar completamente essa imagem, assumindo um excelente papel e se saindo muito bem no filme. Embora tenha um certo humor ácido, diria uma ironia cortante, esse filme certamente não é uma comédia. Está mais para drama, com um tempero de cinismo. Isso porque sua história foi baseada em fatos reais, embora bem incomuns.

O filme conta a história da escritora Lee Israel (Melissa McCarthy). No passado ela teve uma certa projeção no meio literário de Nova Iorque, principalmente por escrever biografias de astros e estrelas do passado. Só que o tempo passou, ela começou a ficar sem trabalho, entrando numa crise de criatividade. Sem novos livros publicados, vieram as dificuldades financeiras. Vivendo em um pequeno apartamento ao lado de seu gato de estimação e precisando pagar o aluguel e as demais contas ela então resolveu tomar uma decisão nada usual.

Ao vender um manuscrito para uma pequena livraria de seu bairro ela foi descobrindo que havia todo um mercado de comercialização de cartas e documentos assinados por escritores do passado. Colecionadores pagavam bem por essas páginas. Então Lee decide ela mesma falsificar esse tipo de souvenir. Claro, o que ela estava fazendo era um crime, um crime de falsificação. Como era uma pessoa culta, que lia muitos livros, ficou fácil de certo modo reproduzir a forma de escrever de todos esses autores do passado. E seu público consumidor era formado por intelectuais ricaços de Nova Iorque, uma gente que pagaria bem para ter esse tipo de "pedaço" da história de seus autores preferidos. O filme é muito bom. Tem excelente clima e uma ótima trilha sonora. Além daquele clima de decadência, no caso intelectual, que vai agradar muita gente, em especial aos leitores habituais de grandes obras do passado.

Poderia Me Perdoar? (Can You Ever Forgive Me?, Estados Unidos, 2018) Direção: Marielle Heller / Roteiro: Nicole Holofcener, Jeff Whitty / Elenco: Melissa McCarthy, Richard E. Grant, Dolly Wells / Sinopse: Escritora sem trabalho e passando por dificuldades financeiras resolve produzir uma série de cartas e documentos falsos envolvendo grandes escritores do passado para vender a colecionadores. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Melissa McCarthy), Melhor Ator Coadjuvante (Richard E. Grant) e Melhor Roteiro Adaptado (Nicole Holofcener e Jeff Whitty).

Pablo Aluísio.

Rajadas de Ódio

Muitas vezes a paz é simplesmente impossível. Isso é o que tenta mostrar o excelente western "Rajadas de Ódio". Na trama somos apresentados a Johnny MacKay (Alan Ladd) que é enviado pelo presidente Grant para uma região remota do Oeste com o objetivo de pacificar o local. Para isso ele deve usar de todos os meios diplomáticos possíveis, inclusive procurando pessoalmente o chefe rebelde conhecido como "Capitão Jack" (Charles Bronson). Os problemas começam logo na viagem aonde sua diligência é atacada e uma das passageiras, uma senhora inocente, é morta covardemente por um dos homens de Jack.

A partir daí as coisas parecem ir de mal a pior. Embora com toda a boa vontade do mundo Johnny enfrentará muitas dificuldades em alcançar a paz simplesmente porque esse não é o desejo do Capitão Jack e seu bando de Apaches selvagens. Quando uma das partes não aceita e nem quer a paz ela se torna simplesmente impossível. Uma das coisas mais corajosas de "Rajadas de Ódio" é o fato de seu roteiro ser extremamente bem intencionado, pacifista, muito ideológico, algo que realmente chama a atenção em um faroeste da década de 1950.

O elenco é liderado pelo sempre correto Alan Ladd. Seu personagem, um delegado de paz, vem bem a calhar aos tipos que Ladd geralmente interpretava em seus filmes. Ele sempre aparecia em cena como o bom Cowboy, de boa índole e coração de ouro mas que na necessidade também sabia usar de suas armas para impor novamente a ordem no local. Esse tipo de personagem faz parte da mitologia do velho oeste em vários filmes, livros e histórias e Alan Ladd encarnava com perfeição esse tipo de "cavalheiro de esporas".

O filme foi dirigido pelo competente Delmer Daves, um diretor que sempre gostei. Fino e elegante fez vários faroestes para os estúdios Warner, todos com muita competência. Pouco tempo depois da realização desse "Rajadas de Ódio" encontraria em Glenn Ford uma grande parceria em westerns de sucesso. Em conclusão indico esse bem intencionado faroeste para os apreciadores de bons roteiros, principalmente os que trazem em seu conteúdo uma mensagem subliminar positiva e edificante. Nesse aspecto a mensagem de "Rajadas de Ódio" tocará fundo nos pacifistas por convicção.


Rajadas de Ódio (Drum Beat, Estados Unidos, 1954) Direção: Delmer Daves / Roteiro: Delmer Daves / Elenco: Alan Ladd, Charles Bronson, Audrey Dalton, Marisa Pavan / Sinopse: Na trama somos apresentados a Johnny MacKay (Alan Ladd) que é enviado pelo presidente Grant para uma região remota do Oeste com o objetivo de pacificar o local. Para isso ele deve usar de todos os meios diplomáticos possíveis, inclusive procurando pessoalmente o chefe rebelde conhecido como "Capitão Jack" (Charles Bronson).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Shameless - Nona Temporada

Passo a publicar nessa postagem os reviews da nona temporada de Shameless. Gosto muito dessa série, tanto que venho acompanhando com regularidade há anos. Apesar do escracho geral considero tudo bem roteirizado, produzido e o mais importante, com um humor (por vezes, negro) que faz rir com um pouco de culpa por trás. Enfim, "Shameless" venceu bem o teste do tempo. É uma das minhas séries preferidas até hoje. Segue abaixo as resenhas e resumos de cada episódio.

Shameless 9.02 - Mo White!
Mo White é o velho político que Frank quer ressuscitar. Aposentado, ele representou, pelo menos para Frank e seus amigos de bar, os velhos valores que foram deixados para trás. Os dois candidatos de Chicago são nada representativos para Frank. Uma é uma mulher negra. O outro é um latino. Onde está a representação do americano branco? Para Frank a solução é ir no passado e tirar o velho Mo da aposentadoria, mas claro, com Frank também levando o seu, óbvio! E o resto da meninada? Fiona tenta emplacar uma carreira de sucesso no ramo imobiliário. Lip tem receios de ser padrinho de um novo cara no AA. Carl, que precisa fazer trabalho voluntário, vai parar numa espelunca que sacrifica animais! E finalmente a ruivinha Debbie tenta levantar a bandeira da igualdade salarial no machista ramo da construção civil. Ou seja, tudo no caos rotineiro e peculiar da família Gallagher! Salvem-se quem puder! / Shameless 9.02 - Mo White! (Estados Unidos, 2018) Direção: Erin Feeley / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 9.03 - Weirdo Gallagher Vortex
Esse episódio tira várias ondas com os conservadores de direita dos Estados Unidos. Tem um sujeito candidato conservador ao parlamento, mas que esconde um problemão em seu passado: ele se envolveu com uma garota de 15 anos de idade e chegou a ser preso. Um hipócrita de direita, algo até bem comum, mas enfim. Só que Frank está mais interessado com o dinheiro arrecadado na campanha, que ele obviamente usa para pagar suas velhas contas de bar. Ian Gallagher quer encontrar Deus, por isso ele vai em várias religioões procurando por uma resposta, mas tudo em vão. Por fim Fiona compra um terreno para investir, só que ela pode estar entrando numa fria. Detalhe importante: o próximo episódio é o de número 100 da série! Caramba! / Shameless 9.03 - Weirdo Gallagher Vortex (Estados Unidos, 2018) Direção: Kat Coiro / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 9.04 - Do Right, Vote White!  
Mo White é um velho político corrupto, com sintomas de ser um pedófilo, além de ser racista e safado. Claro que Frank Gallagher vai fazer sua campanha. Tudo por dinheiro. E ele coloca uns criminosos velhos, todos racistas, para intimidar quem chegar para votar. Um absurdo! E a turma do "Jesus Gay" parte para a porrada, só vendo a loucura. Mas esse episódio não é epanas sobre campanhas eleitorais. Carl Gallagher recebe o desafio de um duelo, com outro jovem que queria ir para West Point. Ian Gallagher tem que correr de um grupo de homofóbicos, irados com sua campanha do "Jesus Gay". Debbie Gallagher começa um relacionamento gay, mas as coisas não parecem dar certo e Lip descobre, do pior jeito, que não dá para se meter na vida de uma mãe e sua filhia, mesmo que ela seja viciada em drogas e prostituta. / Shameless 9.04 - Do Right, Vote White! (Estados Unidos, 2018) Direção: Mark Mylod / Roteiro: John Wells / Elenco:  William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.05 - Black-Haired Ginger
Frank Gallagher vai parar no hospital por problemas hepáticos, afinal está sempre enchendo a cara. Lá receitam para ele um medicamento genérico que lhe causa impotência! E o Frank fica pra lá de bolado com essa situação! Muito divertido. Lip Gallagher quase tem uma recaída quando entra em um pequeno mercadinho e vê brilhantes garrafas de vodka expostas à venda. Para segurar a vontade de beber ele compra um grande pacote de cigarros! Carl Gallagher se mete em confusão ao se envolver com a filha de um veterano, diretor de West Point. A garota é uma vadia que transa com qualquer um que lhe aparece pela frente. Ian Gallagher vai a julgamento por ter queimado uma van. Ele tem duas saídas, ou assume tudo e corre o risco de ficar 10 anos na prisão ou então alega que tem problemas de insanidade e se safa. Só que essa segunda opção iria também significar o fim do movimento Jesus Gay! / Shameless 9.05 - Black-Haired Ginger(Estados Unidos, 2018) Direção: William H. Macy / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.06 - Face It, You're Gorgeous  
Esse episódio tem a participação especial da atriz Courteney Cox da série "Friends". Ela interpreta uma - ora vejam só! - atriz de séries e comerciais de TV que tem muitos problemas com bebidas. Caberá ao Lip impedir que ela corra até o bar mais próximo para encher a cara. Já Ian vai finalmente para a prisão cumprir sua pena. Um momento complicado para ele. Será que o ator vai se afastar da série? Por fim a Fiona, pobre Fiona, descobre que seu namorado na verdade é um homem casado, com um filho pequeno. Ela segue o GPS do seu celular e descobre tudo. Claro, fica arrasada e bate com o carro por causa da grande decepção. Foi confiar em homem casado e galinha, deu nisso! / Shameless 9.06 - Face It, You're Gorgeous (Estados Unidos, 2018) Direção: Allison Liddi-Brown / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White, Courteney Cox.

Shameless 9.07 - Down Like the Titanic
Afundando feito o Titanic. Assim pode ser resumida a vida de Fiona depois que ela descobriu que o cara que namorava era casado e tinha filhos. Ela perdeu o controle, bateu o carro, se machucou e ficou numa fossa profunda. Só que como tudo na vida, o ruim nunca vem desacompanhado. Ela ainda perde o prédio de pequenos apartamentos que havia feito uma hipoteca. A coisa só vai de mal a pior. E Frank? Esse não tem jeito, acaba se envolvendo com uma psicoterapeuta com problemas mentais. Durante o dia tudo bem, mas quando a noite vai chegando ela fica uma vontade danada de esfaquear quem estiver por perto! E o Frank foi avisado sobre isso pelo ex-marido dela. Agora o risco é todo seu! / Shameless 9.07 - Down Like the Titanic (Estados Unidos, 2018) Direção: Silver Tree./ Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.08 - The Apple Doesn't Fall Far from the Alibi
Frank é um lixo, todos sabem disso. Então quando ele é envolvido numa doação de sêmen para sua namorada louca, não resta outra saída do que pedir que seu filho mais jovem se masturbe, para que ele possa enganar todo mundo. Já Fiona fica completamente perdida. Ela perde o prédio de apartamentos que tencionava transformar em seu sonho de sucesso pessoal. De volta à casa com seus irmãos só lhe resta beber para esconder o grande fracasso de seus planos para o futuro. E tudo segue caótico em sua casa paterna. A conta de luz é cortada por falta de pagamento, os irmãos são todos desorganizados, e Frank, bom, Frank continua desmaiado pelo chão da casa, em algum quarto ou no meio do corredor mesmo. / Shameless 9.08 - The Apple Doesn't Fall Far from the Alibi (Estados Unidos, 2019) Direção: Zetna Fuentes / Roteiro:  John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.09 - BOOOOOOOOOOOONE!
Nesse episódio os roteiristas aproveitaram para tirar uma onda contra os imigrantes latinos que vão para os Estados Unidos de forma ilegal. Episódio recomendado para brasileiro com complexo de vira-latas. E quem é esse tal de Boone? Ele foi namorado da loirinha que o Lip está namorando. O cara é do exército, meio metido, totalmente babaca. E a Fiona não supera suas perdas. Ela rouba as ferramentas do ex-namorado (que era casado) e joga todas elas nas janelas de sua casa, quebrando tudo, no meior barraco que se possa imaginar. Afinal ela é uma verdadeira Gallagher! Shameless 9.09 - BOOOOOOOOOOOONE! (Estados Unidos, 2019) Direção: Loren S. Yaconelli / Roteiro: Philip Buiser / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen.  

Shameless 9.10 - Los Diablos!
Uma marca de bebida barata resolve fazer uma espécie de concurso para escolher "o pobre" perfeito para ser o símbolo da marca. Claro que Frank entra na jogada. Logo agora que sua nova mulher está grávida de seis de uma vez só! Uma grande enrascada. E as confusões da família continuam. Fiona é demitida da lanchonete onde trabalhava. Ela há tempos vinha dando vexame, confrontando os demais empregados, constrangendo os clientes. Então se descobre que ela bebeu demais e fechou o estabelecimento à noite, sendo aquele um lugar 24 horas. Acaba no olho da rua. E pensa que esse é a única confusão que ela se mete? Que nada, ela também arranjar uma briga com uma nova vizinha do bairro, acusada de ter sido racista com seu irmão adotado. Acaba o episódio sendo levada para a cadeia. Não está fácil para ninguém mesmo! / Shameless 9.10 - Los Diablos! (Estados Unidos, 2019) Direção: Iain B. MacDonald / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.11 - The Hobo Games
Frankie quer porque quer ganhar aquela competição para escolher o maior vagabundo, o melhor pobretão de Chicago. E ele é um forte candidato, só que na última hora, na competição do trem em movimento, em que o vagabundo tem que pular em um vagão aberto, ele perde o equilibrio e cai. Fim dos sonhos de Frankie. Fim também da paternidade de seus seis novos filhos. Ele aceita 10 mil dólares do ex-marido de sua mulher e cai fora. Nada diferente do que era esperado para Frankie. Já Lip e Fiona entram em guerra. Ela dá bebida para um dos caras que Lip ajuda no AA. A coisa toda pega muito mal. A discussão se torna feia e Lip diz que Fiona deve deixar a casa; Mas como? Ela está desempregada, sem grana, sem nada. O baixo astral é geral. / Shameless 9.11 - The Hobo Games (Estados Unidos, 2019) Direção: Iain B. MacDonald / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.12 - You'll Know the Bottom When You Hit It
Fione vive seu inferno astral. Ela não está apenas desempregada, como também perdida na vida, bebendo muito. Acaba se "associando" com Frankie para vender produtos de necessidade em uma Chicago que sofre um blackout. Esse episódio tem um clima de total falta de esperança para ela, até a cena final quando finalmente decide ir para o AA pela primeira vez. Ela amanhece ao lado de Frankie, numa tremenda ressaca, cheirando a bebida e percebe que chegou a hora de dar a volta por cima. Afinal a Fiona já passou por tanta coisa nessa vida. Por fim vi pela primeira vez Frankie agindo e falando coisas bem importantes. Ele, pelo visto, tem mais consciência de si mesmo do que muita gente pensa. E é justamente por isso que o episódio se chama "Você conhecerá o fundo quando acertá-lo"!. É a mais pura verdade! / Shameless 9.12 - You'll Know the Bottom When You Hit It(Estados Unidos, 2019) Direção: Shari Springer Berman / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy; Emmy Rossum; Jeremy Allen White. 

Shameless 9.13 - Lost
O episódio se chama "Perdido". E quem está perdido? Bom, praticamente toda a família Gallagher. Fiona tenta se recuperar da fase de beber demais. Ela tem problemas com a lei. Para escapar da prisão passa a frequentar o AA, ao mesmo tempo em que arranja um emprego qualquer (péssimo por sinal). Só na última cena do episódio é que tudo parece mudar, para melhor! Já Frank acaba indo parar no hospital com uma fratura exposta na perna. Ele clama por drogas pesadas, claro! E a ruivinha Debbie tem uma decepção amorosa. Ela está afim da ex-namorada de seu irmão, tenta dar um beijo nela, mas é rejeitada! Tempos complicados... / Shameless 9.13 - Lost (Estados Unidos, 2018) Direção: Iain B. MacDonald / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.14 - Found
E assim chegamos ao final da temporada. E o que acontece no final da série Shameless? Pelo menos nessa temporada, claro. O acontecimento mais marcante é a partida de Fiona. Ela decide ir embora. Cansou, está farta de tudo, de todas as confusões familiares. Ela visita o irmão na prisão e fala de seus planos de ir embora para longe, para morar em outro lugar. E ele dá todo o apoio para ela. Afinal Fiona praticamente criou aquela família caótica sozinha pois sua mãe tinha problemas com droga e Frank, bem é o Frank! O episódio assim termina em clima de despedida. Eu particularmente gostei de tudo. Será que a atriz Emmy Rossum que interpreta Fiona simplesmente cansou da série após nove temporadas e resolveu dar um tempo, deixando tudo para trás? Isso só veremos mais à frente. / Shameless 9.14 - Found (Estados Unidos, 2019) Direção: John Wells / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Pablo Aluísio.

The Rookie

The Rookie 1.01 - Pilot
Antes de qualquer coisa não vá confundir essa série "The Rookie" com outra série policial chamada "Rookie Blue". São programas diferentes. "Rookie Blue" inclusive já chegou ao seu final. "The Rookie" começou a ser exibido em 2018. O principal personagem aqui se chama John Nolan (Nathan Fillion). A idade certa para entrar na polícia de Los Angeles para ser um patrulheiro é por volta dos vinte e poucos anos. Só que John se alista no departamento beirando os 40 anos! Muitas das situações vem justamente daí, do fato de haver um policial novato (Rookie) com essa idade. O seu comandante, por exemplo, não parece gostar nada disso. Nesse primeiro episódio ele sai para seu primeiro dia como policial nas ruas. Logo de manhã atende uma chamado de violência doméstica. É a vida de cão dos moradores mais pobres de L.A. Uma chamada considerada de rotina por patrulheiros mais veteranos, mais experientes. O pior vem mais tarde. Na segunda chamada as coisas complicam e ele precisa enfrentar uma troca de tiros, bem no meio da rua, com traficantes de drogas. Achei a série bem mediana. Realmente não tem nada demais, nada acima da média. O canal ABC aliás é bem conhecido nos Estados Unidos por de forma geral produzir séries desse tipo. Apenas mais uma série para exibir na sua grade de programação./ The Rookie 1.01 - Pilot (Estados Unidos, 2018) Estúdio: ABC Studios / Direção: Liz Friedlander / Roteiro: Alexi Hawley / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones, Titus Makin Jr, Mercedes Mason, Melissa O'Neil
  
The Rookie 1.02 - Crash Course
A série segue nesse segundo episódio sem grandes novidades. O policial John Nolan (Nathan Fillion) tem uma nova parceira, uma mulher negra que estuda para se tornar detetive do departamento. Ela não gosta muito de Nolan, até porque uma série de azares e imprevistos vão acontecendo durante o dia. E nas chamadas eles são enviados para resolver diversos casos pela cidade. Um deles envolve um homem forte e surtado que começa a quebrar tudo dentro de uma igreja. Em outra situação precisa enfrentar a arrogância de uma dupla de detetives que se irrita com ele. E o pobre Nolan apenas ajudou a resolver um dos casos. Coisas da vida. Outro momento bem mais ou menos dessa série policial. Os personagens são pouco desenvolvidos e os roteiros passam longe de serem inovadores ou impressionantes. São apenas medianos, para sumir dentro da programação do canal ABC nos Estados Unidos. Um programa vespertino para fechar a grade, nada mais do que isso. / The Rookei 1.02 - Crash Course (Estados Unidos, 2018) Direção: Adam Davidson / Roteiro: Alexi Hawley / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.03 - The Good, the Bad and the Ugly
Durante uma abortagem no metrô um ladrão rouba 10 mil dólares. Algo que pega mal dentro do departamento, principalmente para o "rookie" (o novato quarentão). Por isso ele é colocado para escanteio. Na segunda chamada do dia ele e sua parceira são designados apenas para fazer o perímetro de uma operação maior, só que os os criminosos fortemente armados escapam do cerco, passando por eles, que vão atrás. O roteiro do episódio também brinca com os personagens, fazendo com que todos respondam a seguinte pergunta: se não fossem tiras, o que fariam de suas vidas? / The Rookie 1.03 - The Good, the Bad and the Ugly (Estados Unidos, 2018) Direção: Greg Beeman / Roteiro: Alexi Hawley, Ally Seibert / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.  

The Rookie 1.04 - The Switch
O que poderia ser pior para um policial das ruas do que congelar sempre que houvesse uma troca de tiros? É justamente isso que acontece com um dos novatos, um jovem policial negro que não consegue reagir quando os bandidos mandam chumbo quente em sua direção. O veterano que compartilha a patrulha com ele sabe que assim o novato não terá futuro com a farda do policial e lhe dá um ultimato... ou deixa de ser covarde e enfrenta fogo contra fogo ou então ele colocará sua covardia no relatório, o que significará dispensa desonrosa em sua ficha. Fica a opção sobre a mesa. Ou fica e enfrenta a bandidagem ou então pede para sair. / The Rookie 1.04 - The Switch (Estados Unidos, 2018) Direção: Toa Fraser / Roteiro: Alexi Hawley, Vincent Angell / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones. 

The Rookie 1.05 - The Roundup
Essa série policial das mais convencionais já está na quarta temporada nos Estados Unidos? É de cair o queixo mesmo! De minha parte penso que não vou seguir em frente. No máximo verei mais alguns episódios dessa primeira temporada e já está de bom tamanho. A série não é ruim, longe disso, mas também não traz maiores surpresas. É bem quadradinha para falar a verdade! Nesse episódio aqui é feita uma espécie de competição entre os policiais de Los Angeles. Algo que me soou bem equivocado já que  o vencedor seria aquele que prendesse mais pessoas - olha que perigo uma coisa dessas! De qualquer maneira é até um bom passatempo, muito embora essa coisa de tira armado competindo com outros tiras para ver quem prende mais gente nas ruas é simplesmente absurdo em meu ponto de vista. / The Rookie 1.05 - The Roundup (Estados Unidos, 2018) Direção: Nelson McCormick / Roteiro: Alexi Hawley / Elenco:    Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones; 

The Rookie 1.06 - The Hawke
Pois é, apesar da série ser meio capenga, sigo assistindo. Nesse episódio temos um caso curioso. O que poderia acontecer quando um dos oficiais policiais da cidade se torna um criminoso fugitivo? E o pior é que ele foi instrutor na academia de vários daqueles policiais que saem em sua perseguição pelas ruas da cidade. Tudo começa com um caso de violência doméstica. O tal oficial descobre sua esposa na cama com outro homem. A partir daí surge uma escalada de violência. Ele pega seu filho e sai fugitivo de seus próprios ex-companheiros de farda. Mais do que complicado. O protagonista em particular tinha uma grande amizade com ele. Imagine a saia justa. É a tal coisa, apesar dessa série não ser grande coisa é a única que ainda não larguei mão. Algumas vezes os episódios funcionam bem, outras vezes não. Vou seguindo em frente, quero chegar pelo menos até o décimo episódio para decidir que sigo em frente ou não! Joguem os dados da sorte! / The Rookie 1.06 - The Hawke (Estados Unidos, 2018) Direção: Timothy Busfield / Roteiro: Alexi Hawley / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.07 - The Ride Along
O "novato mais velho do mundo" (péssima e preconceituosa essa frase usada no roteiro do episódio) precisa escoltar em sua patrulha diária, um diretor de cinema especializado em filmes policiais e de ação. O tal sujeito quer ver o mundo real, como são as operações policiais pelas ruas de Los Angeles. Péssima ideia. Ele se mete nas operações e na maioria das vezes se dá muito mal. O Rookie porém segue em frente, sendo o mais cordial e cuidadoso possível com sua presença, afinal ele não pode deixar o cineasta se machucar de jeito nenhum. Como pano de fundo temos a delicada questão envolvendo um tira e sua esposa, pega com quilos de cocaína para revender. Policial casado com traficante. Algo poderia ser pior do que isso? / The Rookie 1.07 - The Ride Along (Estados Unidos, 2018) Direção: Cherie Nowlan / Roteiro: Alexi Hawley / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones. 

The Rookie 1.08 - Time of Death
O tira John Nolan mata um criminoso durante uma perseguição policial pelas ruas de Los Angeles. Ele fica abalado. Nunca havia matado uma pessoa antes. Só que como policial de rua, patrulheiro, ele deveria lidar melhor com a situação, uma vez que faz parte do serviço de tiras. É um trabalho que muitas vezes pode colocar o profissional numa situação de vida ou morte. Só que Nolan precisa lidar também com outro problema. O bandido morto tinha um irmão, também criminoso, que logo avisa que vai se vingar. Na última cena desse episódio ele é atacado de surpresa e quando termina ele está sendo levado, inconsciente, pelo bandido. Será que vai ser morto? / The Rookie 1.08 - Time of Death (Estados Unidos, 2018) Direção: Michael Goi / Roteiro: Michael Goi / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.09 - Standoff 
O policial Nolan escapa da morte, mas não escapa da corregedoria, uma vez que se envolveu num caso de assassinato durante o serviço. Diante disso ele é transferido para o atendimento ao público e fica surpreso com a quantidade de pessoas malucas que vão até a delegacia de polícia em busca da solução dos mais diversos problemas aleatórios. Seus colegas de farda saem em busca de um sujeito, um traficante de drogas que tentou matar a mãe de um dos patrulheiros. Eles acabam encurralados em um edifício residencial debaixo de fogo pesado. O traficante usa armamento pesado contra eles, além disso utiliza um dispositivo de silenciamento do equipamento de comunicação dos policiais. Uma verdadeira cilada mortal. A série vem melhorando muito, começou meio capenga, mas tem me agradado ultimamente. / The Rookie 1.09 - Standoff (Estados Unidos, 2019) Direção: John Terlesky / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz

The Rookie 1.10 - Flesh and Blood
O departamento de polícia te Los Angeles inicia um programa onde em patrulha saem em dupla um veterano e um novato. John Nolan acaba sendo escolhido para sair em dupla com seu próprio chefe,  o que não deixa de ser uma questão bem delicada e em algumas situações até a mesma constrangedora. Em uma chamada onde há vazamento de gás em uma casa, Nolan acaba salvando o chefe da morte, o que de certa forma muda a relação entre eles e olha que o veterano oficial sempre pegou em seu pé. O que mais me chamou atenção é esse episódio rompe com a história que estava sendo contada nos episódios anteriores, que eram muito mais dramáticos, já esse daqui tem até mesmo uma certa dose elevada de humor. / The Rookie 1.10 - Flesh and Blood (Estados Unidos, 2019) Direção: Jessica Yu / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.11 - Redwood
O vice presidente dos Estados Unidos decide visitar Los Angeles, o que cria serviço extra de todos os tipos para os policiais da cidade, eles precisam cuidar do trânsito e evitar que pessoas com histórico de ameaças ao político saiam nas ruas com artefatos perigosos ou armas. Um dos destaques deste episódio ocorre quando uma das policiais tenta apartar uma briga de duas mulheres que vivem nas ruas, são drogadas e uma delas acaba dando uma seringada na barriga da policial, algo muito perigoso, pois ela poderia se contaminar com várias doenças. / The Rookie 1.11 - Redwood (Estados Unidos, 2019) Direção: Sylvain White / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.12 - Heartbreak
Episódio do Dia dos Namorados. Você pode pensar que por essa razão, esse é um episódio romântico, mas esqueça isso. Para os policiais de Los Angeles, o Dia dos Namorados é um dia de muitos problemas a resolver na sociedade. Casais brigam, pessoas ficam revoltadas, crimes são cometidos. E o pior de tudo, é que há um aspecto de apreensão dentro da polícia de Los Angeles. Curiosamente, Nolan acaba atraindo a atenção de uma mulher que ele salvou da morte durante um acidente de trânsito. Ela fica meio obcecada por ele, se torna uma stalker. Pior do que isso, a mulher parece ter problemas psicológicos. Depois que perdeu o marido está com tendências suicidas. Um problema e tanto nas mãos do policial Nolan. / The Rookie 1.12 - Heartbreak (Estados Unidos, 2019) Direção: Carol Banker / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.16 
O novato mais velho da polícia de Los Angeles precisa ficar vivo após ser jurado de morte por um líder de gangue na cidade. Ele supostamente teria passado a mão indevidamente em sua mãe durante uma abordagem policial. É uma boa série embora seja enquadrada tranquilamente no feijão com arroz que a ABC produz em sua programação. 

Pablo Aluísio.

Loucos e Perigosos

Talvez seja a hora de Bruce Willis se aposentar. Até porque se for para continuar trabalhando em filmes como esse, é melhor ir cuidar dos netinhos mesmo. O velho Bruce interpreta um detetive particular que trabalha em Venice Beach. Ele ganha a vida resolvendo pequenos casos, como traições, etc. Até que um traficante de drogas rouba seu cãozinho de estimação. A partir daí o veterano detetive fará de tudo para recuperar o animal. O roteiro não se leva à sério em nenhum momento. Tudo é feito como se fosse uma comédia leve, com algumas cenas de ação aqui e acolá. Nada muito bem feito ou inspirador. Na realidade o filme é tão descartável que não vale a pena nem conferir por curiosidade.

Há cenas claramente constrangedoras. Numa delas o detetive de Willis foge de um grupo barra pesada, tudo no script desse tipo de filme, algo bem clichê, isso se ele não fugisse em cima de um skate, completamente nu, pelas ruas de Venice Beach. Nada engraçado, bem na base da vergonha alheia. O roteiro obviamente tenta criar alguma identidade com o público mais jovem, por isso coloca o sexagenário Willis em situações, digamos, joviais, juvenis! Não funciona. Até mesmo o bom ator John Goodman está deslocado. Ele faz o papel de um pequeno comerciante de Venice que está se divorciando. A ex-mulher vai ficar com tudo, inclusive com sua pequenina loja de materiais esportivos. Agora ruim mesmo, de doer, é a presença do péssimo Jason Momoa como um traficante de drogas da região. Não consigo entender como um ator tão ruim consegue fazer tantos filmes em Hollywood. Depois de destruir Conan, ele deveria ter sumido do mapa. Porém ai está Momoa desfilando sua completa falta de talento. O filme que já não é grande coisa se torna ainda pior com sua presença.

Loucos e Perigosos (Once Upon a Time in Venice, Estados Unidos, 2017) Direção: Mark Cullen / Roteiro: Mark Cullen, Robb Cullen / Elenco: Bruce Willis, John Goodman, Jason Momoa / Sinopse: Velho detetive de Venice Beach fará de tudo para recuperar seu cachorrinho de estimação que vai parar nas mãos de uma gangue de traficantes de drogas da cidade. Ao mesmo tempo tenta dar uma força para seu amigo, que está se divorciando, passando por apuros financeiros.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de novembro de 2019

O Predestinado

Título no Brasil: O Predestinado
Título Original: Predestination
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Michael Spierig, Peter Spierig
Roteiro: Michael Spierig, Peter Spierig
Elenco: Ethan Hawke, Sarah Snook, Noah Taylor, Christopher Sommers, Kuni Hashimoto, Christopher Bunworth

Sinopse:
Em um futuro com alta tecnologia uma agência do governo envia agentes para o passado com o objetivo de evitar grandes atentados terroristas. Um deles porém acaba rompendo com as regras, mudando o passado, interferindo no presente e comprometendo todo o futuro.

Comentários:
Eu vou resumir esse filme de forma bem irônica. Imagine que os roteiristas da franquia "De Volta Para o Futuro" tomassem ácido e resolvessem escrever um novo roteiro. Provavelmente o resultado sairia parecido com esse filme. Certamente é um roteiro que vai surpreender muitas pessoas. A viagem no tempo já deu origem a diversas produções ao longo dos anos, porém devo dizer que poucas foram tão longe. Os personagens de passado, presente e futuro estão completamente interligados. O espectador vai pegar pistas ao longo de todo o filme e no final vai ficar impressionado por ter sido "enganado" pelos desdobramentos da trama. Não vou estragar surpresas e nem entregar o grande pulo do gato desse roteiro, mas devo deixar uma pista sutil sobre isso. Temos basicamente dois personagens principais. Eles conversam em um bar! Agora, quando assistir ao filme os veja com olhos de lince. Possa ser que não sejam dois ou três na verdade... talvez sejam quatro no final das contas... ou talvez seja apenas um! Achou confuso? Bom, quando assistir ao filme você certamente vai entender o que escrevi aqui. Enfim, um roteiro complexo, muito bem elaborado, que vai deixar muita gente de queixo caído. Parece simples o que se vê na tela, mas isso é apenas uma leve impressão, ou melhor dizendo, uma falsa impressão!

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de novembro de 2019

Vita & Virginia

Mais um filme que explora parte da vida da escritora Virginia Woolf. O melhor já feito sobre ela, em minha opinião, segue sendo "As Horas", onde Nicole Kidman a interpretava com talento e sensibilidade. Agora o roteiro mostra o relacionamento homossexual que ela teve com outra escritora, Vita Sackville-West. Elas se conheceram quase por acaso, embora Vita já tivesse esse desejo há anos. Havia uma espécie de competição entre elas no mundo da literatura. Enquanto Virginia Woolf escrevia livros mais intelectualizados, Vita apostava em romances populares. Claro que assim ela também se tornava muito mais bem sucedida (pelo menos do ponto de vista comercial) do que a colega de profissão.

Vita também já tinha um passado de escândalos por se envolver com mulheres, embora fosse casada com um diplomata inglês. Já Virginia tentava manter um casamento que para muitos era de fachada. O interessante é que apesar de ter óbvia atração por pessoas do mesmo sexo, Woolf não queria acabar com seu casamento. Ela via no marido um fator de equilíbrio em sua vida pessoal. Mesmo assim se atirou de corpo e alma em uma paixão enlouquecedora por Vita, a ponto inclusive de transformá-la em personagem de seus livros, algo que não passou despercebido pela sociedade conservadora da época, causando mais um grande escândalo. E para as demais pessoas o que mais chocava é que ambos os maridos pareciam saber muito bem que suas esposas se relacionavam em um namoro lésbico, mas nada faziam para acabar com isso.

O filme é bem produzido, mas o roteiro apresenta alguns problemas no meu ponto de vista. Os diálogos soam truncados e pouco naturais. Acontece que os roteiristas tiraram a maioria dos diálogos das escritoras de seus próprios livros. Não ficou natural. Uma coisa é a palavra escrita, bem lapidada, outra bem diferente é o falar do dia a dia. Certamente nem Vita e nem Virginia falavam daquele jeito. Ficou um pouco estranho, embora para os leitores da obras delas crie uma curiosidade a mais. Outro ponto que achei fora da curva foi a caracterização da atriz Elizabeth Debicki. Ela interpretou Virginia, só que seu biotipo nada tem a ver com a escritora. Enquanto Elizabeth é alta, loira, de olhos azuis, Virginia era bem mais baixinha, de cabelos pretos. O espectador assim vai ter que fazer um esforço a mais para acreditar que ela é Virginia Woolf. Algo que não é nada bom para um filme biográfico e de história como esse. A atriz é visivelmente talentosa, mas ficou mesmo um pouco fora de contexto por essa razão. Fora isso indico a produção para quem aprecia as biografadas.

Vita & Virginia (Inglaterra, Irlanda, 2018) Direção: Chanya Button / Roteiro: Eileen Atkins / Elenco: Gemma Arterton, Elizabeth Debicki, Isabella Rossellini / Sinopse: Roteiro baseado em fatos históricos reais. O filme resgata a paixão lésbica que surgiu entre duas escritoras famosas no começo do século XX, envolvendo Virginia Woolf e Vita Sackville-West. Filme indicado no British Independent Film Awards na categoria de Melhor Atriz (Elizabeth Debicki).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

A Vingança de Frank James

Esse filme foi uma espécie de sequência do clássico "Jesse James". Tudo se passa após a morte de Jesse James, ou seja, o enredo desse filme começa a partir do final do filme anterior. O elenco é excelente! A "Vingança de Frank James” traz vários atores do primeiro filme, embora também haja mudanças em relação ao elenco original. A ausência mais sentida é justamente a de Randolph Scott e Nancy Kelly pois seus personagens foram eliminados da trama dessa sequência. O ponto positivo fica com Henry Fonda que no papel de Frank James assume o filme como protagonista. Ele repete seu bom desempenho do filme anterior e segura muito bem as pontas. Um novo personagem é acrescentado na estória, Eleanor Stone, uma jovem jornalista que se interessa pela história dos irmãos James. Ela é interpretada pelo correta Gene Tierney. Outro destaque é a ótima interpretação de Henry Hull, o dono do jornal e advogado que vai ao tribunal defender Frank James.

O roteiro de “A Vingança de Frank James” toma várias liberdades com a história original. Embora Frank tenha sido realmente inocentado de todas as acusações (em dois e não em apenas um julgamento como se vê no filme) ele não teve qualquer ligação com a morte de Robert Ford, assassino de seu irmão Jesse James. No roteiro aqui Frank James sai no encalço de Robert Ford dentro de um estábulo. Na história real Ford foi morto em seu Saloon por um sujeito que queria ter a honra de matar o homem que matou Jesse James. Mesmo com a pouca fidelidade histórica o roteiro de “A Vingança de Frank James” é muito bem escrito, contando uma longa história sem se tornar cansativo e enfadonho. Além disso consegue se fechar muito bem em si mesmo. Tudo muito bem arranjado, mesmo que misture fatos reais com eventos meramente fictícios.

Houve uma mudança na direção. Saiu Henry King e entrou o genial Fritz Lang. Lang imprime um tom mais sério no filme mas ao mesmo tempo se mostra fiel à estrutura de dramaturgia do filme anterior. Os personagens de “Jesse James” que reaparecem aqui usam da mesma caracterização e tom, o que demonstra que Fritz Lang, apesar de ter sido um dos cineastas mais autorais da história do cinema mantém a espinha dorsal montada por Henry King em “Jesse James”. Fritz Lang foi escalado por Zanuck depois que esse teve alguns atritos com Henry King que não aceitava muito bem as inúmeras interferências do produtor em seu filme. O resultado final aqui como se nota é muito bom, mostrando que Fritz Lang também poderia ser um cineasta de estúdio, sem maiores vôos autorais como conhecemos de outros filmes seus.

Em termos de produção, nada a reclamar. Novamente se faz presente a mão forte de Darryl F. Zanuck como produtor. Embora não tenha sido creditado em “Jesse James” aqui ele fez questão de assinar o filme, fruto obviamente de seu grande sucesso. Ao lado de Fritz Lang construiu uma continuação de excelente nível. O produtor também interferiu bastante no roteiro e na escalação do elenco. Trocou alguns nomes e eliminou personagens. Foi dele inclusive a idéia de colocar cenas de “Jesse James” aqui no começo do filme (inclusive a cena da morte de Jesse, extraída da primeira produção com Tyrone Power sendo assassinado).

A Vingança de Frank James (The Return of Frank James, EUA, 1940) Direção: Friz Lang / Roteiro: Sam Hellman / Elenco: Henry Fonda, Gene Tierney, Jackie Cooper, Henry Hull, John Carradine / Sinopse: Após o assassinato de seu irmão Jesse James (Tyrone Power) o pistoleiro Frank James (Henry Fonda) decide ir atrás de seu assassino, Robert Ford (John Carradine).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Cinzas ao Vento

Anos após ser expulso de sua cidade natal, Brant Royle (Gary Cooper) retorna. O lugar agora está sob dominação do magnata do tabaco James Singleton (Donald Crisp), o mesmo homem que havia perseguido Brant e seu pai. O tempo passou, mas as velhas mágoas ainda existem. Ao conhecer um inventor de máquinas de fabricação de cigarros, Brant decide pegar algum dinheiro emprestado com seu antigo amor Sonia (Lauren Bacall) para abrir um novo negócio, justamente uma fábrica de cigarros pois ele vê uma oportunidade de ficar rico com a produção em série do produto. Com os anos Royle acaba se tornando ele próprio um magnata da indústria, embora pessoalmente não consiga superar seus velhos traumas do passado. 
 
Esse é mais um excelente drama dirigido pelo mestre Michael Curtiz. O roteiro explora a ascensão e queda de um homem que, saído da extrema pobreza, começa a subir os degraus do sucesso e da riqueza. O personagem interpretado por Cooper é um sujeito que deseja acima de tudo destruir a família Singleton, pois no passado eles destruíram seu pai, um honesto e pacato plantador de tabaco. O tempo passa e ele volta para sua vingança, mas acaba sendo traído também por seus sentimentos pois se apaixona justamente pela filha de seu pior inimigo, a bela e perigosa Margaret Jane Singleton (interpretada pela atriz Patricia Neal que tinha um affair com Cooper na época das filmagens). É a velha questão do chamado triângulo amoroso.

A prestativa e apaixonada Sonia (Bacall) ama e faz de tudo por Royle (Cooper), mas ele ama outra pessoa, a fútil e ardilosa Margareth (Neal) que no fim das contas só deseja destrui-lo. O roteiro foi escrito inspirado no romance de Foster Fitzsimmons. O livro, um autêntico drama romântico sulista, tem todos os elementos que não poderiam faltar nesse tipo de literatura. Há um protagonista que vira vítima de seu próprio sucesso, amores não correspondidos, traições e até um interessante  discurso sobre os poderosos monopólios que iam surgindo dentro da nascente economia industrial norte-americana na virada do século XIX. Essa transformação industrial do sul após a guerra civil aliás é um dos aspectos mais peculiares do filme.

O protagonista interpretado por Gary Cooper é um industrial que aos poucos vai perdendo sua humanidade, tudo corroído pela ganância e pela sede de poder e dominação. Além disso o fato de ser um homem que fica extremamente rico popularizando o cigarro (ao invés do charuto que era o mais popular até então) o torna ainda mais culpado por seus atos e decisões. E por uma dessas ironias do destino o próprio Gary Cooper morreria anos depois exatamente por sofrer de um câncer de pulmão incurável causado pelo fumo excessivo. Na época os danos à saúde causados pelo tabaco ainda eram desconhecidos pela ciência. Muitos, como Cooper, acabariam perdendo a vida exatamente por ignorarem o mal que estavam fazendo para o seu próprio organismo.

Cinzas ao Vento (Bright Leaf, Estados Unidos, 1950) / Estúdio: Warner Bros / Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Ranald MacDougall / Elenco: Gary Cooper, Lauren Bacall, Patricia Neal, Donald Crisp, Jeff Corey, Taylor Holmes / Sinopse: Esse clássico do cinema conta a história de Brant Royle (Gary Cooper). No passado ele havia sido expulso de sua terra natal, mas agora está de volta e começa a se tornar um prospero homem de negócios.

Pablo Aluísio. 

Matar ou Morrer

Will Kane (Gary Cooper) é um xerife de uma pequena cidade do oeste. Após ser informado que bandidos estão chegando no local ele tenta recrutar alguns cidadãos para lhe ajudar a enfrentar os facínoras, mas a ajuda é negada pelos moradores locais. Sozinho e abandonado à própria sorte, ele decide enfrentar o bando que está prestes a chegar na cidade apenas com sua bravura e dignidade de homem da lei. Esse foi o filme da vida do ator Gary Cooper e isso, meus amigos, não é pouca coisa já que Cooper foi um dos maiores nomes da história do cinema americano.

Grace Kelly, na flor da idade, esbanja beleza e charme. No elenco de apoio duas curiosidades para os cinéfilos: Lee Van Cleef, que se tornaria um dos "vilões" mais recorrentes em filmes de western nos anos seguintes e Lon Chaney Jr, isso mesmo, o Lobisomen em pessoa dos antigos filmes de terror. Ele aliás tem ótima cena ao lado de Cooper em que diz que "as pessoas não se importam realmente com honra e e justiça". A produção do filme é minimalista. O interessante é que tudo o que foi preciso para contar a estória do filme foi a cidade cenográfica (até bastante despojada) e a estação de trem. Nada mais. É o típico caso em que a produção se resguarda para não atrapalhar o clima psicológico em que vive o xerife naquele momento crucial que antecede a chegada dos pistoleiros na cidade.

O roteiro segue em tempo real (uma grande novidade na época). Embora o enredo em si pareça simples, na realidade não é. Seu subtexto traz diversas leituras, inclusive sobre a hipocrisia que reina em toda comunidade humana. Muito interessante, vale a pena procurar e descobrir as diversas entrelinhas que o argumento tenta passar aos espectadores. A direção do filme é simplesmente excelente, Fred Zinnemann realmente era craque, um cineasta de mão cheia. Existe uma determinada cena que ilustra bem como sua direção é inspirada. Enquanto o xerife caminha pela cidade vazia a câmera dá um travelling e sobe, mostrando toda a solidão e abandono do personagem naquele momento. "Matar ou Morrer" é seguramente um dos maiores clássicos do western americano. Um filme obrigatório.

Matar ou Morrer (High Noon, Estados Unidos, 1953) Direção: Fred Zinnemann / Roteiro: Carl Foreman inspirado na estória "The Tin Star" de John W. Cunningham / Elenco: Gary Cooper, Grace Kelly, Thomas Mitchell, Lee Van Cleef, Lon Chaney Jr / Sinopse: Will Kane (Gary Cooper) é um xerife de uma pequena cidade do oeste. Após ser informado que bandidos estão chegando no local ele tenta recrutar alguns cidadãos para lhe ajudar a enfrentar os facínoras mas a ajuda é negada pelos moradores locais. Sozinho e abandonado à própria sorte ele decide enfrentar o bando que está prestes a chegar na cidade apenas com sua bravura e dignidade de homem da lei. Filme premiado pelo Oscar nas categorias de Melhor Ator (Cooper), Melhor Edição, Melhor Música original (High Noon (Do Not Forsake Me, Oh My Darlin')  e Melhor Trilha Sonora Incidental (Dimitri Tiomkin). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Lawrence da Arábia

Esse filme é a obra prima absoluta do diretor David Lean, um dos melhores cineastas da história do cinema. Também é o auge, o ponto máximo da carreira do ator Peter O'Toole, um pico que ele nunca mais alcançaria em sua vida. São vários os adjetivos usados para essa produção realmente memorável. Grandioso, épico, maravilhoso, o cinema em sua mais qualificada essência, etc. De fato é um filme impressionante, uma produção que custou milhões de dólares e foi extremamente complicada de concluir. Também é grande em duração, com quase 230 minutos de duração. O cinéfilo precisa praticamente se preparar para encarar um filme assim, tão longo e ao mesmo tempo tão espetacular.

O curioso é que tudo estava pronto para Marlon Brando estrelar o filme. O roteiro foi pensado nele e o ator já tinha até mesmo concordado em analisar o convite, só que na última hora ele desistiu. O motivo foi frívolo. Brando afirmou que David Lean levava tanto tempo para filmar que ele provavelmente iria morrer seco no meio do deserto. Foi uma pena, mas ao mesmo tempo uma jogada do destino, porque atualmente ninguém consegue imaginar o personagem histórico sendo interpretado por outro ator. Peter O'Toole fez um trabalho tão fantástico que ele ficou para sempre marcado como o Lawrence da Arábia. E ao seu lado, no elenco, não faltaram outros nomes geniais como Alec Guinness, Anthony Quinn e Omar Sharif . Ou em outros termos, o filme também trazia a nata dos grandes atores da época.

Hoje em dia a figura de T.E. Lawrence é mais controversa do que quando o filme foi lançado. Esse inglês foi de tudo um pouco, arqueólogo, militar, agente secreto, diplomata. Para a mentalidade atual revisionista ele seria apenas um personagem a mais no jogo de dominação colonial do império britânico no Oriente Médio. Essa visão progressista mais crítica porém não se sustenta muito em meu ponto de vista. Até porque ele também foi um excelente escritor. Basta ler poucas linhas de seu mais conhecido livro, "Os Sete Pilares da Sabedoria", para bem entender isso. Porém deixando de lado essa visão mais política, o fato inegável é que o filme "Lawrence of Arabia" é mesmo cinema em seu estado mais grandioso, em sua mais pura essência. Um dos maiores clássicos da história do cinema de todos os tempos. Maior até mesmo que seu próprio protagonista.

Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia, Inglaterra, 1962) Direção: David Lean / Roteiro: Robert Bolt / Elenco: Peter O'Toole, Alec Guinness, Anthony Quinn, Omar Sharif, José Ferrer / Sinopse: O filme conta a história real do oficial britânico Thomas Edward Lawrence (1888 - 1945), um homem que teve grande importância no período colonial do império britânico no Oriente Médio. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção (David Lean), Melhor Trilha Sonora (Maurice Jarre), Melhor Edição (Anne V. Coates), Melhor Som (John Cox), Melhor Direção de Arte (John Box, John Stoll, Dario Simoni) e Melhor Fotografia (Freddie Young).

Pablo Aluísio. 


A Noite dos Generais

Em 1942, na cidade de Varsóvia, uma prostituta polaca é assassinada de forma sádica. O major Grau (Omar Sharif), um homem da inteligência alemã, que acredita na justiça, fica a cargo do caso. Uma testemunha viu um general alemão sair do prédio depois de um grito da vítima. Uma investigação mais aprofundada mostra que três generais não têm qualquer álibi para aquela noite: General Tanz (Peter O'Toole), o major-general Klus Kahlenberge (Donald Pleasance) e o General von Seidlitz-Gabler (Charles Gray). Eles três passam a evitar um contato direto com o Major Grau e se tornam potenciais suspeitos. Quando finalmente Grau se aproxima da verdade, ele é promovido e enviado para Paris. Mesmo com essa suspeita transferência ele não está disposto a abandonar sua busca pelo assassino.

Ótimo filme, com o Peter O'Toole dando show como um oficial nazista frio, calculista e maníaco. Outro destaque é a locação, filmado em Paris, com ótimas tomadas da cidade luz. O roteiro é um primor pois mistura alguns gêneros diversos em um só filme. Há uma trama de assassinato a ser desvendada (lembrando os mistérios de Agatha Christie), um serial killer à solta (filmes sobre psicopatas forma um subgênero à parte) e finalmente tudo se passando durante a segunda guerra mundial, numa Paris deslumbrante, mas ocupada pelas forças armadas nazistas.

O elenco reuniu novamente a dupla Peter O'Toole e Omar Sharif, que tinham brilhado no clássico "Lawrence da Arábia" de David Lean. Eles não contracenam muito, é verdade, mas formam a espinha dorsal da narrativa, uma vez que Sharif tenta de todas as formas descobrir a identidade do general assassino e o personagem de Peter O'Toole se torna logo um dos principais suspeitos. Não deixa de ser muito curiosa a estrutura desse enredo, pois em uma guerra em que morriam milhões ao redor do mundo, termos um personagem assim, obcecado em descobrir quem matou a prostituta polonesa. Claro, não deixa de ser uma grande ironia da trama original. Recomendo para quem gosta de filmes com mais de uma temática, pois aqui temos um filme de guerra com toques de filmes sobre serial killers. O resultado final dessa mistura ficou excelente.

A Noite dos Generais (The Night of the Generals, Estados Unidos, Inglaterra, França, 1967) Estúdio: Columbia Pictures, Horizon Pictures / Direção: Anatole Litvak / Roteiro: Joseph Kessel, Paul Dehn / Elenco: Peter O'Toole, Omar Sharif, Tom Courtenay, Donald Pleasance / Sinopse: Durante a II Guerra Mundial, em uma Europa ocupada pelas forças armadas do III Reich, um Oficial nazista começa a investigar uma série de mortes. Ao que tudo indica um general alemão estaria envolvido nos crimes.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Becket, O Favorito do Rei

A história do filme se passa em 1066, na Inglaterra medieval. No trono está o Rei Henrique II (Peter O'Toole). Ele é um monarca insolente, imoral, pouco afeito aos assuntos do Estado. Os prazeres, as mulheres e o vinho são mais importantes para ele. Para gerenciar o governo da nação ele resolve nomear seu grande amigo Thomas Becket (Richard Burton) como chanceler. A Inglaterra sofre há anos com a rivalidade entre normandos e saxões. O Rei é de uma linhagem normanda, enquanto sue novo chanceler é saxão. Embora sua decisão tenha sido acertada o Rei logo descobre que precisa de Becket também em outra função.

A Igreja Católica e seu clero se tornam muito poderosos no reino e Henrique II teme por sua coroa. Assim resolve nomear Becket como o Arcebispo de Canterbury. A decisão choca os católicos ingleses pois Becket jamais havia sido membro do clero. O fato porém é que o Rei impõe sua decisão a todos, contando obviamente com o apoio de Becket dentro da Igreja em seu favor. Só que para sua surpresa o novo Arcebispo começa a levar muito à sério sua função. Quando um nobre mata um padre de seu clero ele exige que seja julgado. O Rei assim fica dividido entre os interesses da Igreja e da nobreza, o que lhe coloca numa saia justa. Pior do que isso, Henrique II se sente traído por Becket, a quem pensava ser seu leal amigo.

Esse filme é realmente excelente. Tem uma ótima reconstituição de época e conta uma história real muito interessante. O mais curioso é que o personagem interpretado por Richard Burton se tornaria santo tanto da Igreja Católica como da Anglicana. Ele foi mártir da fé cristã naquele tempo distante, onde os reis absolutistas tinham todo o poder em suas mãos. Por falar em reis, o Henrique II de Peter O'Toole acabou se tornando uma das maiores interpretações de sua carreira e em se tratando de um ator com tantos clássicos em sua filmografia isso definitivamente não é pouca coisa. O roteiro trabalha com uma sugestão subliminar, muito tênue, tratando a imensa amizade que o Rei tinha com Becket quase como se fosse uma relação homoerótica. Os historiadores ainda debatem sobre essa estranha obsessão do monarca para com seu chanceler e amigo. O filme adota assim um tom de sugestão sutil, embora nunca assuma de uma vez essa delicada questão histórica. No mais é uma produção requintada com ótimos figurinos, trilha sonora, cenários e, é claro, ótimas atuações de todo o elenco.

Becket, O Favorito do Rei (Becket, Estados Unidos, Inglaterra, 1964) Direção: Peter Glenville / Roteiro: Jean Anouilh, Lucienne Hill, Edward Anhalt / Elenco: Richard Burton, Peter O'Toole, John Gielgud / Sinopse: Thomas Becket (Richard Burton), chanceler e amigo do Rei Henrique II da Inglaterra (Peter O'Toole), assume o mais alto cargo do clero católico da nação. Aos poucos porém ele começa a defender os interesses da igreja e não os do Rei, o que acaba enfurecendo o monarca que o considerava seu amigo. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme (Hal B. Wallis), Melhor Ator (Peter O'Toole), Melhor Ator (Richard Burton), Melhor Ator Coadjuvante (John Gielgud, como o Rei da França, Louis), Melhor Direção (Peter Glenville), Melhor Fotografia (Geoffrey Unsworth), Melhor Figurino (Margaret Furse), Melhor Som, Edição, Direção de Arte e Música. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Ator (Peter O'Toole).

Pablo Aluísio.

O Rei

A história do Rei Henry V (1386 - 1422) já deu origem a pelo menos dois excelentes filmes no cinema. O primeiro é o clássico de 1944 estrelado por Laurence Olivier. Ele mesmo dirigiu essa peça teatral filmada, uma vez que foi baseada na obra de William Shakespeare. No final dos anos 80 houve outra versão bem conhecida, também baseada na peça do imortal escritor. Dessa vez o monarca foi interpretado por Kenneth Branagh, uma espécie de sucessor de Olivier. Ambos os filmes são considerados obras primas do cinema e adaptações primorosas da obra original de Shakespeare; Filmes impecáveis. Agora, com menos pretensão, a Netflix produziu esse filme que conta a história de Henrique V. Sai o texto mais complexo de Shakespeare e entra um roteiro convencional, com diálogos simples, sem a complexa linguagem do autor. Foi uma boa decisão pois nem todo mundo está preparado para encarar um texto tão rebuscado. Muitas vezes o espectador apenas quer assistir a uma boa reconstituição da verdadeira história medieval.

O Henry que surge nesse filme é um jovem príncipe inconsequente que só pensa em farrear e beber. Sua vida rebelde muda quando seu pai morre. O relacionamento com ele era o pior possível, a tal ponto que ele é tirado da sucessão ao trono pelo seu pai, o Rei Henrique IV. Só que seu irmão também é morto em combate, sobrando apenas Henry dentro da família para subir ao trono. E para surpresa de muitos ele acabou sendo um Rei acima da média. Ele inicialmente procurou pela paz, mas quando essa se tornou impossível com o Reino da França uma guerra em solo francês se tornou inevitável, o que acabou sendo um fato essencial para que esse Rei se tornasse tão querido pelo povo inglês.

Um fato curioso, não mostrado no filme, é que Henry acabou tendo vida breve. Ele morreu durante uma de suas campanhas, no meio do campo de batalha, de causas ainda hoje desconhecidas. A versão oficial é que teria morrido de diarreia, já que os padrões de higiene na Idade Média eram praticamente inexistentes. Já outra versão, mais aceita atualmente por historiadores, afirma que ele foi envenenado por sua própria esposa francesa, a filha do Rei da França que havia derrotado. Pois é, dormir com o inimigo nunca é mesmo uma boa ideia.

O Rei (The King, Inglaterra, Hungria, Austrália, 2019) Direção: David Michôd / Roteiro: Joel Edgerton, David Michôd / Elenco: Timothée Chalamet, Robert Pattinson, Joel Edgerton, Ben Mendelsohn, Thibault de Montalembert, Tom Glynn-Carney, Gábor Czap, Tom Fisher  / Sinopse: O filme conta a história do Rei inglês Henrique V. Subindo ao trono muito jovem precisou lidar com as provocações do Reino da França, algo que culminaria em guerra. Filme produzido pelo ator Brad Pitt.

Pablo Aluísio. 

domingo, 10 de novembro de 2019

A Última Vez Que Vi Paris

Helen Ellswirth (Elizabeth Taylor) é uma americana que vive em Paris ao lado de sua irmã Marion (Donna Reed) e seu pai, James (Walter Pidgeon), um velho espirituoso e excêntrico que apesar de estar na ruína financeira não deixa o jeito de ser típico de milionários generosos. No dia em que Paris é libertada do domínio nazista Helen acaba conhecendo o jovem soldado americano Charles Wills (Van Johnson) e se apaixona por ele. O problema é que Charles, assim como Helen, não tem um tostão. Mesmo assim iniciam um breve romance que logo vira casamento. Charles resolve abandonar o exército e se emprega como correspondente jornalístico em Paris para um jornal europeu. Logo nasce sua primeira filha e ele dá início ao seu sonho de ser um grande escritor. Infelizmente porém seus textos vão sendo recusados um após o outro pelas editoras. Vendo seu sonho fracassar e começando a ter problemas com as bebidas, Charles começa a ver seu sonho Parisiense naufragar. “A Última Vez Que Vi Paris” é um dos clássicos românticos da carreira de Elizabeth Taylor. Aproveitando o cilma romântico de uma das cidades mais famosas e românticas do mundo o filme foi o último de Liz antes de começar as filmagens do grande sucesso de sua carreira, o mitológico Giant (Assim Caminha a Humanidade).

O roteiro foi baseado no famoso livro do escritor F. Scott Fitzgerald (o mesmo autor dos clássicos “O Grande Gatsby”, “Suave é a Noite” e “O Último Magnata”). O enredo é essencialmente construído em torno do amor atribulado dos personagens Helen e Charles. Ela é uma americana que tenta ser feliz ao lado do marido que agora vivencia o desmoronamento de seus sonhos literários. A impossibilidade de realizar seu sonho de tornar-se escritor trará conseqüências trágicas para o casal. Elizabeth Taylor está belíssima em cena. Com seu visual clássico, cabelos negros e olhos azuis, ela impressiona pela bela presença. Van Johnson não convence muito como personagem trágico mas felizmente não compromete. Uma das surpresas do elenco é a excelente atuação de Walter Pidgeon. Suas ironias e tiradas cômicas são realmente muito espirituosas e bem escritas, uma pena que o roteiro não o explore mais.

Outra curiosidade é a presença de um jovem Roger Moore, fazendo um desportista que seduz e tenta conquistar o coração de Helen (Elizabeth Taylor). O jeito sutilmente canastrão que iria usar anos depois na série James Bond já é bem visível aqui em cena. A recepção de "A Última Vez Que Vi Paris" em seu lançamento foi controversa. Alguns críticos acusaram o filme de tentar ser um novo "Casablanca", usando inclusive dos clichês do clássico de Michael Curtiz. Outros focaram seu alvo em Van Johnson, considerado exagerado em cena. Quem se saiu ilesa das resenhas negativas foi justamente Liz Taylor.  No mais o filme aproveita bastante a ótima ambientação de Paris, com todos os seus monumentos e pontos turísticos, além da música, sempre presente e evocativa. “A Última Vez Que Vi Paris” é isso, um romance dramático ambientado no pós Guerra em plena cidade luz que naquele momento histórico renascia para nunca mais se apagar. 

A Última Vez Que Vi Paris (The Last Time I Saw Paris, EUA, 1954) Direção: Richard Brooks / Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein e Richard Brooks baseados na obra de F. Scott Fitzgerald / Elenco: Elizabeth Taylor, Van Johnson, Walter Pidgeon, Donna Reed, Roger Moore / Sinopse: Jovem soldado se apaixona por americana que mora em Paris durante as comemorações do dia de libertação da cidade das forças alemãs. Após se casarem ele tenta emplacar uma carreira de escritor de sucesso mas as coisas acabam não indo do jeito que planejava.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de novembro de 2019

Adeus às Ilusões

Laura Reynolds (Elizabeth Taylor) é uma mulher nada convencional. Artista, ateia, mãe solteira, vive com seu jovem filho numa pequena cabana, localizada numa praia isolada e ensolarada da Califórnia. Lá passa os dias pintando a natureza em seus quadros, enquanto seu garotinho explora as belezas naturais da região. Os dias de tranquila paz porém logo são encerrados. Após o garoto matar um animal silvestre ele é enviado para o juizado de menores onde um severo juiz impõe a seguinte escolha para sua mãe, Laura: Ou ele é enviado para uma escola de ensino religioso onde aprenderá os mais importantes valores morais da sociedade ou então será encaminhado para o reformatório, onde terá contato com pequenos marginais.

Laura não segue nenhuma religião e definitivamente não deseja que seu filho seja doutrinado mas diante da situação extrema concorda em matricular o jovem numa escola religiosa local administrada pelo reverendo Edward (Richard Burton). Esse aliás fica impressionado pelo modo de vida de Laura e seu filho. Vivendo de caça e pesca, com um suado trocado proveniente das vendas dos quadros de sua mãe, Edward fica intrigado pela estrutura dessa família sui generis e diferente. A aproximação porém trará sérias conseqüências na vida de todos os envolvidos pois o religioso começa a sentir uma atração incontida por Laura. Poderá um romance entre um religioso conservador e uma artista liberal, de idéias modernas, dar realmente certo?

“Adeus às Ilusões” é um drama estrelado pelo casal Elizabeth Taylor e Richard Burton sob direção do famoso Vincente Minnelli. O argumento é baseado na obra do autor Dalton Trumbo (um dos grandes roteiristas e escritores da era de ouro do cinema americano) e explora um amor que nasce de duas pessoas completamente diferentes. Ele é um religioso austero, disciplinador, firme em suas convicções e crenças e ela é o extremo oposto disso, artista, de alma livre, que não segue nenhuma regra e vive em harmonia no meio da natureza. Além disso é ateia convicta e não acredita em Deus. Como seria possível duas pessoas de pensamentos tão contrários se apaixonarem, passando por cima de todas as convenções sociais? O texto é excepcionalmente bem escrito, com diálogos saborosos onde cada um tenta convencer o outro de suas crenças (ou da falta delas).

Como não poderia deixar de ser a química entre o casal salta aos olhos nas cenas mais ardentes. Elizabeth Taylor está belíssima em cena, falando suavemente e de forma contida (o extremo oposto de sua personagem histérica em “Quem Tem Medo de Virginia Wolf?”). Burton também se sobressai com o dilema moral que vive seu reverendo. Não conseguindo mais conciliar entre sua fé e a paixão que sente por Laura (Taylor) ele sucumbe aos prazeres do amor e da sedução. Vincente Minelli reservou longos planos abertos para mostrar toda a beleza do lugar onde a produção foi realizada. Também encheu o filme de uma bela trilha sonora com muito jazz e bossa nova. Até o durão Charles Bronson aparece suavizado, em um papel singular, a de um jovem artista escultor que vive na praia entre amigos e saraus. Produção bem escrita, requintada e de bom gosto, “Adeus às Ilusões” é programa obrigatório para os fãs de Elizabeth Taylor, que aqui surge radiante. Não deixe de assistir.

Adeus às Ilusões (The Sandpiper, EUA, 1965) Direção: Vincente Minnelli / Roteiro: Irene Kamp, Louis Kamp, Dallton Trumbo / Elenco: Elizabeth Taylor, Richard Burton, Charles Bronson, Eva Marie Saint, Robert Webber / Sinopse: Religioso austero, conservador e rígido (Richard Burton) se apaixona por jovem artista (Elizabeth Taylor) que além de liberal e atéia também é mãe solteira de um pequeno garoto que se torna aluno da escola religiosa onde administra. Filme vencedor do Oscar de Melhor Canção Original, “The Shadow Of Your Smile".

Pablo Aluísio

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Extraordinário

O filme conta a história de uma criança que nasceu com má formação congênita no rosto. Isso faz com que ela tenha que passar por várias cirurgias plásticas ao longo dos anos. Criada em casa, sendo educada pelos pais no sistema de home school, chega o dia em que precisa finalmente ir para uma escola de verdade, para conviver socialmente com outras crianças de sua idade. Isso porém é também um problema a mais, já que crianças costumam também ser bem cruéis com as diferenças. Até para evitar esse tipo de coisa o menino usa um capacete espacial nas ruas, para evitar olhares curiosos sobre sua aparência física.

Embora a situação, o enredo, tivesse a tendência de transformar tudo em um dramalhão daqueles que já estamos acostumados a assistir, o diretor Stephen Chbosky resolveu pegar leve nesse aspecto. Sim, o conflito existe, o drama de ser um aluno com problemas de má formação o impedem de ser uma criança comum dentro da escola, mas isso também não se torna desculpa para exagerar nas cores do melodrama. As coisas até se normalizam mais a frente, quando a vida do menino começa a ficar mais comum dentro do cotidiano de uma escola como aquela. Ele até mesmo faz amigos e depois se decepciona com um deles quando o pega falando mal dele pelas costas, mas isso é algo que poderia acontecer com qualquer um nessa fase da vida. Como eu disse, a vida escolar nessa idade pode ser bem complicada.

O filme é protagonizado pelo garotinho Jacob Tremblay, que já tinha chamado bem a atenção em "O mundo de Jack". Seus pais são interpretados por dois famosos de Hollywood, a ex-estrela Julia Roberts, já que hoje em dia seu nome já não significa muito em termos de bilheteria e o comediante Owen Wilson. Eles não brilham, já que são apenas coadjuvantes. Se a produção tivesse escalado outra dupla desconhecia para esses papéis não faria diferença nenhuma no final das contas. Então é isso. Um filme sobre uma criança com problemas, tanto físicos como emocionais. Tudo feito até com certo equilíbrio, embora tenha lá seus momentos de pura pieguice.

Extraordinário (Wonder, Estados Unidos, 2017) Direção: Stephen Chbosky / Roteiro: Stephen Chbosky, Steve Conrad / Elenco: Jacob Tremblay, Julia Roberts, Owen Wilson, Izabela Vidovic / Sinopse: O filme conta a história do garotinho que nasceu com um problema facial, em decorrência de má formação. Sua infância segue com uma certa normalidade, até o dia em que ele precisa ir para uma escola de verdade, conhecer outras crianças de sua idade. Em outras palavras, conhecer o mundo real lá fora.

Pablo Aluísio.

Jesse James

Um dos criminosos mais infames do velho oeste, a história do pistoleiro e ladrão Jesse James deu origem a diversos filmes ao longo da história. Um dos mais lembrados é esse clássico da década de 1930. Não há como negar que o roteiro desse filme seja bem romanceado, mas mesmo assim tenta manter um pé na realidade dos fatos históricos. O filme inclusive contou com consultores históricos para recriar a biografia do famoso criminoso de forma mais fiel aos acontecimentos reais. No começo da história ainda há uma tentativa de justificar a entrada de Jesse James no mundo do crime, mas depois, de forma acertada, o texto demonstra a mudança em sua personalidade quando ele se torna realmente um criminoso por vontade própria, ciente de seus atos. Embora haja traços do Jesse James da literatura de entretenimento, dos famosos livros de bolso que ajudaram a popularizar seu nome, o roteiro procura sempre seguir os fatos reais quando possível. A cena final de seu assassinato, embora com erros históricos, é bem realizada.

Um dos melhores motivos para se assistir “Jesse James” é o seu elenco. Tyrone Power está bem como o personagem principal, embora haja limitações em sua caracterização pois ele está de certa forma muito polido em cena (o verdadeiro Jesse James era mais turrão e rude). Melhor se sai Henry Fonda, com trejeitos rústicos do interior, sempre cuspindo fumo e com olhar de caipirão desconfiado. Sua atuação demonstra uma preocupação maior em construir um personagem mais próximo da realidade. Seu Frank James não aparece muito, mas quando surge chama bem a atenção. A atriz Nancy Kelly que faz a esposa de James surpreende em ótimas cenas. São dela inclusive os momentos mais dramáticos como àquele em que resolve ir embora com o filho recém nascido. Por fim, completando o núcleo do elenco principal temos Randolph Scott. Em papel coadjuvante o ator está excepcionalmente bem na pele de um sujeito que caça Jesse James no começo do filme, mas que depois compreende a situação do criminoso e acaba mudando de atitude, ajudando inclusive sua família.

Embota não tenha sido creditado o filme foi produzido pessoalmente pelo chefão da Fox, Darryl F. Zanuck. Isso significa que “Jesse James” contou com o melhor que estava disponível na época no estúdio. De fato a produção é de muito bom gosto, com boa reconstituição de época (inclusive no que diz respeito a pequenos detalhes como figurino). Há ótimas cenas de roubos de trens, bancos e perseguições. Uma sequência que inclusive chama a atenção até hoje é aquela em que Jesse e Frank James pulam com seus cavalos do alto de um despenhadeiro em um rio abaixo. Pela altura e pela coragem dos dublês o resultado final realmente impressiona. A nota triste é que os animais foram sacrificados após soltarem daquela altura o que levou o filme a ser enquadrado em uma lista do American Human Associate por crueldade animal em filmes de Hollywood.

Já em termos de direção, não há mesmo o que reclamar. O diretor Henry King soube ser conciso em “Jesse James” e realizou um trabalho enxuto e eficiente. Evitou glamorizar a vida do criminoso. Como o filme teve um cronograma de filmagens muito austero, o cineasta Henry King contou com a ajuda de outro diretor da Fox, Irving Cummings, que acabou não sendo creditado. Henry King aqui trabalhou novamente ao lado de um de seus atores preferidos, Tyrone Power. Juntos tiveram grandes êxitos de bilheteria em filmes de capa e espada – sendo esse “Jesse James” mais uma bem sucedida parceria entre eles, embora em um estilo completamente diferente. O filme foi a quarta maior bilheteria do ano só ficando atrás apenas de fenômenos como “E o Vento Levou” e “O Mágico de Oz”.

Jesse James (Jesse James, Estados Unidos, 1939) Direção: Henry King / Roteiro: Nunnally Johnson, Gene Fowler, Curtis Kenyon, Hal Long / Elenco: Tyrone Power, Henry Fonda, Nancy Kelly, Randolph Scott, Donald Meek, John Carradine / Sinopse: Cinebiografia do famoso criminoso Jesse James (Tyrone Power) que ao lado de seu irmão Frank James (Henry Fonda) assaltava bancos, trens e diligências no velho oeste.

Pablo Aluísio.