A história do filme se passa em 1066, na Inglaterra medieval. No trono está o Rei Henrique II (Peter O'Toole). Ele é um monarca insolente, imoral, pouco afeito aos assuntos do Estado. Os prazeres, as mulheres e o vinho são mais importantes para ele. Para gerenciar o governo da nação ele resolve nomear seu grande amigo Thomas Becket (Richard Burton) como chanceler. A Inglaterra sofre há anos com a rivalidade entre normandos e saxões. O Rei é de uma linhagem normanda, enquanto sue novo chanceler é saxão. Embora sua decisão tenha sido acertada o Rei logo descobre que precisa de Becket também em outra função.
A Igreja Católica e seu clero se tornam muito poderosos no reino e Henrique II teme por sua coroa. Assim resolve nomear Becket como o Arcebispo de Canterbury. A decisão choca os católicos ingleses pois Becket jamais havia sido membro do clero. O fato porém é que o Rei impõe sua decisão a todos, contando obviamente com o apoio de Becket dentro da Igreja em seu favor. Só que para sua surpresa o novo Arcebispo começa a levar muito à sério sua função. Quando um nobre mata um padre de seu clero ele exige que seja julgado. O Rei assim fica dividido entre os interesses da Igreja e da nobreza, o que lhe coloca numa saia justa. Pior do que isso, Henrique II se sente traído por Becket, a quem pensava ser seu leal amigo.
Esse filme é realmente excelente. Tem uma ótima reconstituição de época e conta uma história real muito interessante. O mais curioso é que o personagem interpretado por Richard Burton se tornaria santo tanto da Igreja Católica como da Anglicana. Ele foi mártir da fé cristã naquele tempo distante, onde os reis absolutistas tinham todo o poder em suas mãos. Por falar em reis, o Henrique II de Peter O'Toole acabou se tornando uma das maiores interpretações de sua carreira e em se tratando de um ator com tantos clássicos em sua filmografia isso definitivamente não é pouca coisa. O roteiro trabalha com uma sugestão subliminar, muito tênue, tratando a imensa amizade que o Rei tinha com Becket quase como se fosse uma relação homoerótica. Os historiadores ainda debatem sobre essa estranha obsessão do monarca para com seu chanceler e amigo. O filme adota assim um tom de sugestão sutil, embora nunca assuma de uma vez essa delicada questão histórica. No mais é uma produção requintada com ótimos figurinos, trilha sonora, cenários e, é claro, ótimas atuações de todo o elenco.
Becket, O Favorito do Rei (Becket, Estados Unidos, Inglaterra, 1964) Direção: Peter Glenville / Roteiro: Jean Anouilh, Lucienne Hill, Edward Anhalt / Elenco: Richard Burton, Peter O'Toole, John Gielgud / Sinopse: Thomas Becket (Richard Burton), chanceler e amigo do Rei Henrique II da Inglaterra (Peter O'Toole), assume o mais alto cargo do clero católico da nação. Aos poucos porém ele começa a defender os interesses da igreja e não os do Rei, o que acaba enfurecendo o monarca que o considerava seu amigo. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme (Hal B. Wallis), Melhor Ator (Peter O'Toole), Melhor Ator (Richard Burton), Melhor Ator Coadjuvante (John Gielgud, como o Rei da França, Louis), Melhor Direção (Peter Glenville), Melhor Fotografia (Geoffrey Unsworth), Melhor Figurino (Margaret Furse), Melhor Som, Edição, Direção de Arte e Música. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Ator (Peter O'Toole).
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirBecket, o Favorito do Rei
Pablo Aluísio.
Pablo:
ResponderExcluirÉ impressão minha, ou hoje não temos nenhum ator que tenha a capacidade técnica e artística de um Pete O'Toole, ou um Lawrence Olivier, ou até mesmo de um Richard Burton?
Mas nem pensar, nem em sonho, podemos comparar com hoje em dia. Não digo que não exista ninguém com tanto talento. Pode ser que exista, mas não está no cinema. Os roteiros dos filmes de hoje em dia não ajudam. Com raras exceções o cinema atual anda infantilizado demais.
ExcluirOff topic:
ResponderExcluirPablo, hoje eu re-ouvi o disco Moody Blue, que eu já não ouvia inteiro a mais de vinte anos. Três coisas me chamaram a atenção: ha muitas musicas gravados ao vivo e a qualidade, tanto do desempenho de alguns backing vocals, e mais algumas coisas deixam a desejar; o disco é muito melancólico do meio pra frente, parecendo um, com o que sabemos hoje, disco fúnebre, uma despedida; e o Elvis não se entendeu muito bem com a canção Solitaire, ficou pouco fluida na interpretação operística do Elvis e é estupendamente melhor com a Karem Carpenter. Você notou isso?
"Solitaire" é do disco From Elvis Presley Boulevard. Esse disco aliás é bem mais melancólico do que "Moody Blue" que é salvo da tristeza em algumas faixas como "Way Down"< "Little Darling", etc. Porém você tem razão em dizer que vai ficando mais melancólico com o passar das faixas. Elvis tinha virado um cantor de baladas de country music.
Excluir