Laura Reynolds (Elizabeth Taylor) é uma mulher nada convencional. Artista, ateia, mãe solteira, vive com seu jovem filho numa pequena cabana, localizada numa praia isolada e ensolarada da Califórnia. Lá passa os dias pintando a natureza em seus quadros, enquanto seu garotinho explora as belezas naturais da região. Os dias de tranquila paz porém logo são encerrados. Após o garoto matar um animal silvestre ele é enviado para o juizado de menores onde um severo juiz impõe a seguinte escolha para sua mãe, Laura: Ou ele é enviado para uma escola de ensino religioso onde aprenderá os mais importantes valores morais da sociedade ou então será encaminhado para o reformatório, onde terá contato com pequenos marginais.
Laura não segue nenhuma religião e definitivamente não deseja que seu filho seja doutrinado mas diante da situação extrema concorda em matricular o jovem numa escola religiosa local administrada pelo reverendo Edward (Richard Burton). Esse aliás fica impressionado pelo modo de vida de Laura e seu filho. Vivendo de caça e pesca, com um suado trocado proveniente das vendas dos quadros de sua mãe, Edward fica intrigado pela estrutura dessa família sui generis e diferente. A aproximação porém trará sérias conseqüências na vida de todos os envolvidos pois o religioso começa a sentir uma atração incontida por Laura. Poderá um romance entre um religioso conservador e uma artista liberal, de idéias modernas, dar realmente certo?
“Adeus às Ilusões” é um drama estrelado pelo casal Elizabeth Taylor e Richard Burton sob direção do famoso Vincente Minnelli. O argumento é baseado na obra do autor Dalton Trumbo (um dos grandes roteiristas e escritores da era de ouro do cinema americano) e explora um amor que nasce de duas pessoas completamente diferentes. Ele é um religioso austero, disciplinador, firme em suas convicções e crenças e ela é o extremo oposto disso, artista, de alma livre, que não segue nenhuma regra e vive em harmonia no meio da natureza. Além disso é ateia convicta e não acredita em Deus. Como seria possível duas pessoas de pensamentos tão contrários se apaixonarem, passando por cima de todas as convenções sociais? O texto é excepcionalmente bem escrito, com diálogos saborosos onde cada um tenta convencer o outro de suas crenças (ou da falta delas).
Como não poderia deixar de ser a química entre o casal salta aos olhos nas cenas mais ardentes. Elizabeth Taylor está belíssima em cena, falando suavemente e de forma contida (o extremo oposto de sua personagem histérica em “Quem Tem Medo de Virginia Wolf?”). Burton também se sobressai com o dilema moral que vive seu reverendo. Não conseguindo mais conciliar entre sua fé e a paixão que sente por Laura (Taylor) ele sucumbe aos prazeres do amor e da sedução. Vincente Minelli reservou longos planos abertos para mostrar toda a beleza do lugar onde a produção foi realizada. Também encheu o filme de uma bela trilha sonora com muito jazz e bossa nova. Até o durão Charles Bronson aparece suavizado, em um papel singular, a de um jovem artista escultor que vive na praia entre amigos e saraus. Produção bem escrita, requintada e de bom gosto, “Adeus às Ilusões” é programa obrigatório para os fãs de Elizabeth Taylor, que aqui surge radiante. Não deixe de assistir.
Adeus às Ilusões (The Sandpiper, EUA, 1965) Direção: Vincente Minnelli / Roteiro: Irene Kamp, Louis Kamp, Dallton Trumbo / Elenco: Elizabeth Taylor, Richard Burton, Charles Bronson, Eva Marie Saint, Robert Webber / Sinopse: Religioso austero, conservador e rígido (Richard Burton) se apaixona por jovem artista (Elizabeth Taylor) que além de liberal e atéia também é mãe solteira de um pequeno garoto que se torna aluno da escola religiosa onde administra. Filme vencedor do Oscar de Melhor Canção Original, “The Shadow Of Your Smile".
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirAdeus às Ilusões
Pablo Aluísio.
Você citou o Charles Bronson, e eu fico pensando o caminho que ele trilhou de filmes como esse até os icônicos Desejo de Matar. Será que ele algum dia planejou a sua carreira de ator assim?
ResponderExcluirPelo que já li sobre o Charles Bronson nada parece ter sido planejado, simplesmente aconteceu. Ele tinha sangue nativo, dos indígenas americanos e por isso foi durante anos apenas um coadjuvante. Até filme com Elvis Presley ele fez! rsrsrs
ResponderExcluirEste filme marcou minha vida.....Tinha apenas 14 quando o vi e fiquei muito impressionada com a personagem de Elizabeth Taylor....mulher independente e com ideias libertárias.. ..Pois bem....acabei fazendo minha vida muito semelhante a dela...
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