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sábado, 5 de setembro de 2020

Um Lindo Dia na Vizinhança

Em um mundo onde as pessoas parecem estar mais amargas e sem esperanças a cada dia, é sempre bom se deparar com um filme como esse, cheio de boas intenções em seu roteiro, tentando passar uma mensagem positiva para a frente. E o melhor de tudo é saber que a história é baseada em fatos reais. Durante a década de 1980 um jornalista cético e com problemas para superar questões emocionais e familiares, interpretado pelo bom ator Matthew Rhys, é designado para entrevistar um conhecido apresentador de programas infantis, o bondoso e carismático Mr. Rogers (Tom Hanks). No começo esse jornalista chamado Lloyd Vogel (Matthew Rhys) acha aquilo uma grande chatice e uma perda de tempo completa. Afinal ele sempre foi um jornalista investigativo que escrevia sobre grandes temas polêmicos. Entrevistar um animador de programas para crianças realmente soava para ele como o fim da picada. O que não sabia é que esse encontro, com uma pessoa de personalidade e pensamentos tão diferentes dos seus, iria mudar sua vida para sempre. O Mr. Rogers era acima de tudo um bom homem. Ele não era apenas um personagem infantil, mas um ser humano com enorme coração, também atrás das câmeras. No começo a aproximação entre eles se torna um pouco complicada, mas devagarinho vão se tornando amigos de verdade.

A lição de vida desse roteiro porém não se resume a colocar dois personagens tão diferentes interagindo entre si. Esse aspecto é apenas um pano de fundo. Esse filme na verdade é sobre superar a raiva e as mágoas do passado, principalmente em relação aos familiares. O jornalista do filme sempre teve um péssimo relacionamento com o pai. Ele tinha certa razão em se sentir muito magoado com fatos do passado, mas tenta superar tudo após ser aconselhado pelo sábio e vivido Mr. Rogers. Não é questão de ser traído e enganado, mas sim de perdoar e ser perdoado, de superar as coisas ruins do passado para se ter um presente e um futuro melhores.

E mais uma vez Tom Hanks está de parabéns por seu trabalho nesse filme. Ele realmente incorporou seu personagem com aquele talento que todos já conhecemos. No Brasil o tal Mr. Rogers não é conhecido, porque seu programa de TV nunca foi exibido em nosso país. Porém nos Estados Unidos ele sempre foi um ícone. Falecido em 2003, esse filme é uma bela homenagem não apenas ao seu trabalho como homem de TV, mas principalmente por seu lado humano, o que no final sempre foi seu maior legado. Todos esses elementos resultaram em um belo filme, especialmente indicado para esses tempos conturbados em que vivemos.

Um Lindo Dia na Vizinhança (A Beautiful Day in the Neighborhood, Estados Unidos, 2019) Direção: Marielle Heller /  Roteiro: Micah Fitzerman-Blue, Noah Harpster / Elenco: Tom Hanks, Matthew Rhys, Chris Cooper, Susan Kelechi Watson / Sinopse: Um jornalista com problemas de relacionamento com seu pai, passa a entender a força do perdão e da superação de mágoas do passado após conhecer um apresentador de programas infantis conhecido como Mr. Rogers (Hanks). Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator coadjuvante (Tom Hanks).

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Poderia Me Perdoar?

Você provavelmente conhece a atriz Melissa McCarthy daquelas comédias bem bobas e descartáveis que sempre estão em cartaz no circuito comercial. Aqui ela consegue mudar completamente essa imagem, assumindo um excelente papel e se saindo muito bem no filme. Embora tenha um certo humor ácido, diria uma ironia cortante, esse filme certamente não é uma comédia. Está mais para drama, com um tempero de cinismo. Isso porque sua história foi baseada em fatos reais, embora bem incomuns.

O filme conta a história da escritora Lee Israel (Melissa McCarthy). No passado ela teve uma certa projeção no meio literário de Nova Iorque, principalmente por escrever biografias de astros e estrelas do passado. Só que o tempo passou, ela começou a ficar sem trabalho, entrando numa crise de criatividade. Sem novos livros publicados, vieram as dificuldades financeiras. Vivendo em um pequeno apartamento ao lado de seu gato de estimação e precisando pagar o aluguel e as demais contas ela então resolveu tomar uma decisão nada usual.

Ao vender um manuscrito para uma pequena livraria de seu bairro ela foi descobrindo que havia todo um mercado de comercialização de cartas e documentos assinados por escritores do passado. Colecionadores pagavam bem por essas páginas. Então Lee decide ela mesma falsificar esse tipo de souvenir. Claro, o que ela estava fazendo era um crime, um crime de falsificação. Como era uma pessoa culta, que lia muitos livros, ficou fácil de certo modo reproduzir a forma de escrever de todos esses autores do passado. E seu público consumidor era formado por intelectuais ricaços de Nova Iorque, uma gente que pagaria bem para ter esse tipo de "pedaço" da história de seus autores preferidos. O filme é muito bom. Tem excelente clima e uma ótima trilha sonora. Além daquele clima de decadência, no caso intelectual, que vai agradar muita gente, em especial aos leitores habituais de grandes obras do passado.

Poderia Me Perdoar? (Can You Ever Forgive Me?, Estados Unidos, 2018) Direção: Marielle Heller / Roteiro: Nicole Holofcener, Jeff Whitty / Elenco: Melissa McCarthy, Richard E. Grant, Dolly Wells / Sinopse: Escritora sem trabalho e passando por dificuldades financeiras resolve produzir uma série de cartas e documentos falsos envolvendo grandes escritores do passado para vender a colecionadores. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Melissa McCarthy), Melhor Ator Coadjuvante (Richard E. Grant) e Melhor Roteiro Adaptado (Nicole Holofcener e Jeff Whitty).

Pablo Aluísio.