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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

O Rei

A história do Rei Henry V (1386 - 1422) já deu origem a pelo menos dois excelentes filmes no cinema. O primeiro é o clássico de 1944 estrelado por Laurence Olivier. Ele mesmo dirigiu essa peça teatral filmada, uma vez que foi baseada na obra de William Shakespeare. No final dos anos 80 houve outra versão bem conhecida, também baseada na peça do imortal escritor. Dessa vez o monarca foi interpretado por Kenneth Branagh, uma espécie de sucessor de Olivier. Ambos os filmes são considerados obras primas do cinema e adaptações primorosas da obra original de Shakespeare; Filmes impecáveis. Agora, com menos pretensão, a Netflix produziu esse filme que conta a história de Henrique V. Sai o texto mais complexo de Shakespeare e entra um roteiro convencional, com diálogos simples, sem a complexa linguagem do autor. Foi uma boa decisão pois nem todo mundo está preparado para encarar um texto tão rebuscado. Muitas vezes o espectador apenas quer assistir a uma boa reconstituição da verdadeira história medieval.

O Henry que surge nesse filme é um jovem príncipe inconsequente que só pensa em farrear e beber. Sua vida rebelde muda quando seu pai morre. O relacionamento com ele era o pior possível, a tal ponto que ele é tirado da sucessão ao trono pelo seu pai, o Rei Henrique IV. Só que seu irmão também é morto em combate, sobrando apenas Henry dentro da família para subir ao trono. E para surpresa de muitos ele acabou sendo um Rei acima da média. Ele inicialmente procurou pela paz, mas quando essa se tornou impossível com o Reino da França uma guerra em solo francês se tornou inevitável, o que acabou sendo um fato essencial para que esse Rei se tornasse tão querido pelo povo inglês.

Um fato curioso, não mostrado no filme, é que Henry acabou tendo vida breve. Ele morreu durante uma de suas campanhas, no meio do campo de batalha, de causas ainda hoje desconhecidas. A versão oficial é que teria morrido de diarreia, já que os padrões de higiene na Idade Média eram praticamente inexistentes. Já outra versão, mais aceita atualmente por historiadores, afirma que ele foi envenenado por sua própria esposa francesa, a filha do Rei da França que havia derrotado. Pois é, dormir com o inimigo nunca é mesmo uma boa ideia.

O Rei (The King, Inglaterra, Hungria, Austrália, 2019) Direção: David Michôd / Roteiro: Joel Edgerton, David Michôd / Elenco: Timothée Chalamet, Robert Pattinson, Joel Edgerton, Ben Mendelsohn, Thibault de Montalembert, Tom Glynn-Carney, Gábor Czap, Tom Fisher  / Sinopse: O filme conta a história do Rei inglês Henrique V. Subindo ao trono muito jovem precisou lidar com as provocações do Reino da França, algo que culminaria em guerra. Filme produzido pelo ator Brad Pitt.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Máquina de Guerra

Esse é o mais recente filme do astro Brad Pitt e também o primeiro feito para ser exibido exclusivamente pelo Netflix. O roteiro é baseado numa história real, um fato até recente que aconteceu com o general de quatro estrelas Stanley McChrystal. Esse alto oficial do exército foi designado pelo presidente Obama para ir até ao Afeganistão. Como se sabe os americanos estão há anos naquele distante e isolado país. Como quase sempre acontece os militares dos Estados Unidos sabem muito bem como entrar em um país estrangeiro, mas sempre entram em apuros para sair de lá. É o famoso atoleiro, como o que aconteceu no Vietnã. Assim o general foi para as bases americanas no Afeganistão para literalmente colocar ordem na bagunça. Só que ao chegar lá compreendeu que aquilo era um problema sem solução. O Talibã ainda dava as cartas em certas províncias e a moral das tropas era bem baixo. O personagem interpretado por Brad Pitt se chama Glen McMahon e é uma paródia do general real. Ele tem vários maneirismos, anda de forma grotesca e sempre tem expressões faciais caricaturais. Pitt o interpreta com um pé no humor, embora o filme não seja uma comédia. É irônico, mas não assumidamente humorístico. De certa maneira é até uma inteligente crítica sobre a presença do exército americano em determinados rincões isolados e perdidos no mapa. Em determinado momento o general tenta ganhar o apoio do povo afegão, mas tudo vai por água abaixo. Como o próprio narrador do filme deixa claro nenhuma nação invadida vai celebrar a presença de seus invasores.

Em termos gerais é um bom filme, mas tem alguns problemas. O maior deles vem de sua duração excessiva. O filme teria maior agilidade com uma metragem mais enxuta, até porque seu enredo é basicamente de bastidores da guerra e não da guerra propriamente dita. Tudo é construído em torno do imenso oceano de burocracia e politicagem que o velho general tem que lidar. Ele quer vencer a guerra, mas aos poucos vai percebendo que a máquina de guerra americana está atolada, sem condições de seguir em frente. No final a mensagem é clara: não importa a qualidade dos militares para vencerem uma guerra, sem vontade política nada realmente sai do lugar.

Máquina de Guerra (War Machine, Estados Unidos, 2017) Direção: David Michôd / Roteiro: David Michôd, baseado no livro escrito por Michael Hastings / Elenco: Brad Pitt, Anthon Hayes, John Magaro  / Sinopse: General americano experiente (Brad Pitt) sofre com seus superiores para colocar ordem na situação das tropas americanas estacionadas no Afeganistão. Pior do que isso, seus subordinados acabam falando demais para uma conhecida revista de música pop dos Estados Unidos, criando uma grave crise no comando militar da região.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de janeiro de 2015

The Rover - A Caçada

Título no Brasil: The Rover - A Caçada
Título Original: The Rover
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Universal Pictures
Direção: David Michôd
Roteiro: Joel Edgerton, David Michôd
Elenco: Guy Pearce, Robert Pattinson, Scoot McNairy
  
Sinopse:
Dez anos após o colapso da humanidade, o viajante Eric (Guy Pearce) resolve parar para tomar algo em bar de beira de estrada. Enquanto está lá dentro uma quadrilha de assaltantes resolve roubar seu carro para seguir em frente em sua fuga pelos desertos australianos. Para Eric isso não ficará barato. Após colocar as mãos em Rey (Robert Pattinson), irmão mais jovem do líder do bando, ele empreende uma caçada sem tréguas pelos criminosos. Sua sede de justiça acaba beirando a obsessão completa. Filme indicado a cinco categorias do prêmio do Australian Film Institute.

Comentários:
Se eu escrever sobre um filme retratando um mundo pós-apocalíptico onde o enredo se desenrola no deserto implacável da distante e desolada Austrália o que virá em sua mente? Claro que "Mad Max"! Essa nova produção é quase uma releitura de "Mad Max" porém sob um novo ponto de vista e uma nova proposta. Ao invés de mostrar um mundo de ficção onde todos se vestem com figurinos esquisitos, o diretor optou por mostrar os personagens como pessoas normais, com roupas comuns onde nada parece ser muito especial. O que move o principal personagem (interpretado por Guy Pearce) é uma obsessão insana de colocar as mãos nos criminosos que roubaram seu carro durante uma fuga após um assalto mal sucedido. Para isso ele não medirá esforços e encontrará pelo caminho os tipos mais bizarros possíveis, como um anão de circo que trafica armas e uma avó que ganha a vida oferecendo seu jovem neto para se prostituir a pedófilos! Em termos de atuação devo registrar algo interessante. De maneira em geral sempre critiquei o trabalho do ator Robert Pattinson, isso porque ele nunca havia me convencido plenamente, quase sempre realizando um tipo de atuação sem muita convicção, com tiques nervosos a la James Dean. Aqui finalmente encontrei pela frente a primeira boa atuação do rapaz. Ele interpreta um tipo meio retardado, que demonstra desde o começo não ter uma mente muito normal. Pois bem, o fato inegável é que Robert Pattinson está muito bem em sua atuação, chegando ao ponto de surpreender! As fãs adolescentes que adoram seu papel de vampiro Edward Cullen provavelmente não irão gostar de seu trabalho sem nenhum glamour ou apelo sexual, mas isso no final de contas não importa pois a maior luta de Robert hoje em dia é realmente ser levado à sério como ator. Esse foi um primeiro e decisivo passo nessa direção.

Pablo Aluísio.