segunda-feira, 15 de julho de 2019

A Balada de Buster Scruggs

Fazia bastante tempo que não tinha assistido a um filme tão bom dos irmãos Coen. Livre das amarras comerciais dos grandes estúdios eles produziram essa pequena obra prima para o Netflix. É um faroeste, mas um do tipo nada convencional. São pequenas historietas passadas no velho oeste, com personagens e situações mais do que interessantes. É curioso porque esse tipo de roteiro, com várias histórias curtas, foi muito utilizado no gênero terror durante os anos 60 e 70. Agora os Coen trazem esse modelo de volta e com resultados excelentes. Imagine-se lendo um livro com muitos contos de faroeste. Basicamente essa é a ideia central do filme. Não vá desanimar ou torcer o nariz logo na primeira historieta. Essa é uma sátira bem exagerada em cima dos chamados cantores cowboys dos filmes antigos. Aqui temos um protagonista bom de mira e bem falastrão que entre um duelo e outro canta uma canção no velho estilo. Muita gente vai pensar que todo o filme segue esse caminho, mas não. Como eu disse os contos são independentes entre si e por isso há uma certa irregularidade entre eles. Esse primeiro, apesar de sua inegável auto paródia com o passado, é o mais fraco deles. Depois o filme só melhora.

O estrelado por Liam Neeson tem uma melancolia e um desfecho que muitos vão considerar cruel - e é cruel mesmo. O ator interpreta um empresário mambembe que chega com sua carroça nos lugares mais distantes. Sua maior atração é um ator sem braços e sem pernas que declama textos com a maior convicção. Neeson não diz uma palavra durante o filme inteiro, apenas observa, muitas vezes com olhar frio e cruel. E quando encontra uma galinha que acerta operações de matemática... bem, assista para crer - é um final terrível. Misto de humor negro com devassidão do pior que a alma humana pode fazer. Os outros contos ficam na média. Dentre eles gostei bastante da caravana, onde uma jovem mulher fica viúva no meio da jornada. Outra historieta do velho oeste com final de cortar coração. James Franco também ruge como um azarado pistoleiro que pula de forca em forca até encontrar seu destino final. Enfim, é um menu para todos os gostos. Os irmãos Coen revitalizam, homenageiam e satirizam, tudo ao mesmo tempo, o mais americano de todos os gêneros cinemaográficos, o western. O resultado ficou saboroso.

A Balada de Buster Scruggs (The Ballad of Buster Scruggs, Estados Unidos, 2018) Direção: Ethan Coen, Joel Coen / Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen / Elenco: Liam Neeson, James Franco, Tim Blake Nelson, Willie Watson, Clancy Brown, Austin Rising, Tom Waits, Brendan Gleeson  / Sinopse: O filme apresenta vários contos passados no velho oeste intitulados "The Ballad of Buster Scruggs", "Near Algodones", "Meal Ticket", "All Gold Canyon", "The Gal Who Got Rattled" e "The Mortal Remains".

Pablo Aluísio.

Frida

Título no Brasil: Frida
Título Original: Frida
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos, Canadá, México
Estúdio: Handprint Entertainment, Lions Gate Films
Direção: Julie Taymor
Roteiro: Hayden Herrera, Clancy Sigal
Elenco: Salma Hayek, Alfred Molina, Geoffrey Rush, Antonio Banderas, Diego Luna, Edward Norton

Sinopse:
Cinebiografia da pintora mexicana Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón (1907 - 1954). Sua vida, suas lutas e o amor pela arte são mostradas nessa requintada produção. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Música Original (Elliot Goldenthal) e Melhor Maquiagem.

Comentários:
Em poucas palavras esse foi o filme da vida da atriz Salma Hayek. Em termos gerais ela nunca havia feito nada tão relevante antes e nem depois desse filme. É o seu auge, seu ápice, um pico que ela provavelmente nunca mais vai escalar. Chegou inclusive a ser indicada ao Oscar, era considerada uma das favoritas, mas não venceu. Mais uma injustiça da academia em meu ponto de vista. Ela está perfeita como Frida Kahlo, uma figura importante na história da arte e das conquistas femininas na história. Poucos poderiam inclusive dizer que Salma teria tanto talento para interpretar uma personagem histórica tão complexa, mas o fato inegável é que ela conseguiu e se consagrou no papel. Além de muito bem produzido o filme ainda contou com um elenco de apoio excepcional, contando com o melhor que Hollywood tinha em termos de atores "ibéricos" como Alfred Molina, Antonio Banderas e Diego Luna. O estúdio se deu ao luxo até de contratar Edward Norton como o milionário Nelson Rockefeller. Coisa que poucos filmes conseguiram ter em seu elenco. Enfim, ótimo filme que resgata a importante história da artista Frida. Se você gosta de história da arte não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de julho de 2019

Vida Selvagem

Bom drama social. Jake Gyllenhaal interpreta o pai de família que não consegue trazer estabilidade financeira para sua esposa e seu filho. Quando não está em algum péssimo subemprego, fica sem trabalho algum. A esposa (interpretada pela atriz Carey Mulligan) também não está trabalhando, o que piora ainda mais a situação deles. Em desespero Jake topa mais um trabalho mal remunerado e até perigoso, ele entra para um grupo de trabalho de homens que vão combater o fogo nas florestas da região. Pagamento irrisório, mas bem-vindo, diante da situação. Então ele parte para combater os incêndios e deixa a mulher em casa com o filho. Ela acaba indo atrás de algum trabalho também e arranja um emprego para dar aulas de natação para adultos. Lá acaba conhecendo um homem bem mais velho, porém rico, que fica interessado nela. E assim começa a traição, com ela muito provavelmente apenas atrás do dinheiro do novo namorado, procurando sair da situação de pobreza em que vive. É a situação típica onde o casamento acaba quando o dinheiro chega ao fim.

Velha história. Muitos casamentos desabam quando as dificuldades financeiras batem à porta. O marido vai perdendo a autoridade e a dignidade e a mulher solta as amarras morais. Pior para o filho de 14 anos que vai assistindo sua família desmoronar, isso em uma idade em que ele praticamente não consegue fazer nada para reverter a situação da crise familiar. É um bom filme, um pouco triste e amargo, mas coeso em sua proposta maior que é mostrar o fim de uma paixão, de um relacionamento, dentro de uma situação que não poderia ser pior. Um retrato do outro lado da América, nada utópica, bem realista, com um toque de amargura.

Vida Selvagem (Wildlife, Estados Unidos, 2018) Direção: Paul Dano / Roteiro: Paul Dano, Zoe Kazan / Elenco: Jake Gyllenhaal, Carey Mulligan, Ed Oxenbould, Bill Camp / Sinopse: O filme mostra o desmoronamento de um casamento após o marido ficar sem emprego. Ele parte para combater incêndios florestais, ganhando muito pouco por cada dia de trabalho e ela acaba se envolvendo em um caso extraconjugal com um homem bem mais velho e bem mais rico que se marido. Uma história de traição.

Pablo Aluísio.

O Último Adeus

Título no Brasil: O Último Adeus
Título Original: Last Orders
Ano de Produção: 2001
País: Inglaterra, Alemanha
Estúdio: Sony Classics
Direção: Fred Schepisi
Roteiro: Graham Swift, Fred Schepisi
Elenco: Michael Caine, Bob Hoskins, Helen Mirren, Tom Courtenay, Kelly Reilly, Ray Winstone

Sinopse:
Um grupo de pessoas se reúne para homenagear um velho amigo falecido, para jogar suas cinzas no mar. Assim acabam relembrando do passado, das lutas, das conquistas, decepções e amores de um tempo que não existe mais.

Comentários:
Michael Caine é um ator de que gosto muito. Ele tem uma longa filmografia em várias décadas de carreira e entre esses filmes estão algumas obras primas. Claro, em determinado momento, principalmente nos anos 80, ele foi ridicularizado pela crítica por parecer aceitar qualquer papel, em qualquer filme de segunda categoria. Isso porém é passado. Hoje em dia ele recuperou seu prestígio e respeito. Esse filme aqui, uma produção inglesa muito boa, é uma espécie de homenagem ao veterano. É um roteiro de nostalgia, que olha para o passado. O elenco tem além da sempre interessante presença de Caine, a atuação maravilhosa de Helen Mirren, uma dama da arte da atuação. Outro nome que compensa qualquer sessão de cinema. Então é isso. O filme tem aquele toque de sofisticação e classe que apenas o cinema europeu consegue reproduzir na tela com brilhantismo. Se não chega a ser uma obra-prima cinematográfica inequescível, pelo menos teve o mérito de reunir esse elenco muito acima da média.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de julho de 2019

A Rebelião

Título no Brasil: A Rebelião
Título Original: Captive State
Ano de Produção: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks, Amblin Partners
Direção: Rupert Wyatt
Roteiro: Erica Beeney, Rupert Wyatt
Elenco: John Goodman, Vera Farmiga, Ashton Sanders, Jonathan Majors, Kevin Dunn, Alan Ruck

Sinopse:
O planeta Terra passa a ser dominado por uma raça de extraterrestres que impõe um regime autoritário sobre os humanos. Tudo com o objetivo de explorar os recursos naturais do planeta. Isso acaba criando um clima de revolta, culminando na organização de um grupo rebelde de resistência à dominação alien.

Comentários:
É um filme de ficção com baixo orçamento, o que talvez explique em parte a decadência dos estúdios Dreamworks. De qualquer forma o filme é realizado com competência, sempre escondendo a falta de recursos de maneira inteligente. Os extraterrestres mal aparecem e quando o fazem sempre estão encobertos pelas sombras. É uma raça de criaturas asquerosas que os seres humanos chamam de "baratas". Quando atacados eles criam uma rede de espinhos, o que dificulta muito o combate direto. O bom e velho John Goodman interpreta um policial a serviço do sistema de repressão dos aliens, mas que na verdade faz jogo duplo. O objetivo é matar, através de atos terroristas, os chamados "Legisladores", os aliens que realmente mandam no mundo. O roteiro assim vai tecendo seus detelhes, mostrando a luta dos rebeldes contra os invasores. Curiosamente o filme mais parece um piloto de série, uma vez que mostra apenas os primeiros movimentos da rebelião, não culminando em sua vitória. Poderia inclusive dar origem a uma nova franquia cinematográfica, mas em razão da modesta bilheteria que teve tenho muitas dúvidas se isso seguirá em frente.

Pablo Aluísio.

Sem Perdão

Título no Brasil: Sem Perdão
Título Original: No Mercy
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Richard Pearce
Roteiro: James Carabatsos
Elenco: Richard Gere, Kim Basinger, Jeroen Krabbé, George Dzundza, Gary Basaraba, William Atherton

Sinopse:

Policial disfarçado acaba se passando por um criminoso para prender o chefe de uma perigosa quadrilha, porém no meio do caminho acaba se apaixonando pela mulher de um dos bandidos. Filme premiado pelo Jupiter Award na categoria de melhor atriz (Kim Basinger).

Comentários:
Alguns filmes só existem por causa do elenco. Quer um exemplo? Esse "No Mercy" só foi produzido porque os produtores tiveram a "brilhante" ideia de juntar dois dos maiores símbolos sexuais dos anos 80 para contracenar juntos. Na visão do estúdio isso por si já bastava, já justificava o filme. Seria um sucesso absoluto de bilheteria. Afinal todos queriam ver Richard Gere e Kim Basinger tendo um tórrido romance nas telas de cinema. Não deu certo. primeiro porque Gere e Kim não se deram bem no set de filmagens. Provavelmente porque um queria roubar o filme do outro. Isso criou uma tensão e um clima de inimizade que acabou destruindo também o teor erótico do filme. Afinal, se ambos brigavam fora das câmeras, obviamente não iriam se dar bem na frente delas. Outro problema vinha do roteiro. Era muito fraco, o que talvez explique porque Mel Gibson desistiu dele pouco antes de começar as filmagens. Ele simplesmente tomou consciência que o enredo era fraco demais e as situações não convenciam. Assim acabou sobrando para o casal  sex symbol dos anos 80 amargar o fracasso de bilheteria. A química tão esperada entre os dois simplesmente não aconteceu.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Brightburn - Filho das Trevas

Eis um filme de terror completamente diferente. A premissa é a grande jogada dos roteiristas. Imagine se o Superman fosse um personagem do mal, com requintes de psicopatia em sua personalidade. Agora imagine ele aos 12 anos descobrindo seus poderes, se vingando de todas as pessoas (inclusive familiares) que ousassem cruzar seu caminho. Claro, os produtores desse filme não tinham os direitos autorais sobre o famoso super-herói da DC Comics e por essa razão ele nunca é citado explicitamente, porém os pequenos detalhes é que fazem toda a diferença do mundo. O protagonista é um jovem chamado Brandon Breyer. Seus pais o encontraram depois que um meteorito caiu em sua fazenda. Eles pediam por um filho e aquele bebê literalmente caiu dos céus.

Só que com o tempo as coisas foram ficando estranhas. Aos 12 anos Brandon percebeu que não era um garoto normal de sua idade. Ele apresentou força descomunal, conseguia soltar raios vermelhos pelos olhos e voava... ou seja, já deu para perceber que ele basicamente tinha os mesmos poderes do Superman. Com eles ele procurou fazer o bem? Salvar pessoas inocentes? Prender criminosos? Nada disso. Com esses poderes o garoto arrogante e raivoso partiu para a mais pura violência e brutalidade, causando a morte de qualquer um que atrapalhasse seus planos. O mais interessante de tudo é que fui assistir ao filme sem ter lido nada sobre ele. Assim quando o jovem começou a agir como um Superboy às avessas tive aquela surpresa - o que foi muito bom para gostar ainda mais desse terror completamente fora dos padrões. Enfim, o filme é seguramente uma das melhores surpresas do ano no cinema. Não deixe de assistir, seja você fã ou não do Shperman original.

Brightburn - Filho das Trevas (Brightburn, Estados Unidos, 2019) Direção: David Yarovesky / Roteiro: Brian Gunn, Mark Gunn / Elenco: Elizabeth Banks, David Denman, Jackson A. Dunn, Abraham Clinkscales / Sinopse: Na pequena e rural cidade de Brightburn, um garoto de 12 anos descobre ter poderes incríveis, que ele não tarda a usar contra todos aqueles com quem tem divergências pessoais. Agora, seu pais adotivos tentarão colocar um fim em seus crimes violentos.

Pablo Aluísio.

O Preço do Silêncio

Não me lembrava desse filme. Até que nesses últimos dias encontrei uma cópia e resolvi conferir. Confesso que a principal razão para assisti-lo foi a presença da atriz canadense Elisha Cuthbert. Ela tem uma beleza clássica, rara de encontrar. O interessante é que ela não é a protagonista. Na verdade a principal personagem do roteiro é interpretada por outra gatinha, a Camilla Belle. Importante explicar que o filme é de 2005. Na época em que foi realizado elas ainda eram adolescentes - hoje em dia já são mulheres feitas, casadas e tudo mais. O tempo, como se pode perceber, passou...

Deixando isso de lado voltemos ao filme. São duas garotas que vivem sob o mesmo teto, na mesma casa. Uma é animadora de torcida, chatinha, loirinha fútil. Essa é a filha natural do casal, na pele da  Elisha Cuthbert. A Camilla Belle interpreta a irmã adotada. Ela se tornou órfã com a morte da mãe e do pai. Pior do que isso, ela é surda e muda (ou pelo menos todos acreditam nisso). O filme assim vai contando sua estória. As jovens estão em idade colegial, então é aquela velha coisa de baile de formatura, namoricos e problemas da juventude. Só que o roteiro dá uma guinada para o dark quando mostra que a personagem de Elisha é abusada sexualmente pelo próprio pai, um pedófilo que se esconde por baixo de uma fachada de bom homem, pai respeitado, cidadão exemplar. A partir daí a tragédia vai se desenhando no horizonte. O final é trágico mesmo, só que com uma reviravolta na última cena complicada de engolir. Não faz mal, ver a Elisha Cuthbert (um colírio para os olhos) por quase duas horas já justifica o roteiro meio capenga.

O Preço do Silêncio (The Quiet, Estados Unidos, 2005) Direção: Jamie Babbit / Roteiro: Abdi Nazemian, Micah Schraft / Elenco: Camilla Belle, Elisha Cuthbert, Edie Falco / Sinopse: Duas irmãs. Uma linda, loira e fútil, mas popular na escola. A outra com deficiências. Ela é surda e muda. Uma não gosta da outra, mas elas acabam se unindo sem querer quando o pai de uma delas começa a abusar sexualmente da própria filha adolescente. Logo uma tragédia vai se formando no horizonte.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Amnésia

Quando esse filme chegou no Brasil, ainda no mercado de vídeo, basicamente ninguém por aqui conhecia o diretor Christopher Nolan. Poder-se dizer por isso que esse foi o filme que abriu as portas para ele dentro da indústria cinematográfica dos Estados Unidos, fazendo inclusive que ele fosse escalado algum tempo depois para dirigir "Batman Begins", a fita que definitivamente iria mudar sua carreira para sempre. Pois bem, nada poderia prever uma trajetória de tanto sucesso, a não ser o talento e a enorme criatividade desse roteiro. Escrito a quatro mãos, ao lado do irmão Jonathan Nolan, essa produção realmente chamou a atenção do público e da crítica quando foi lançada. Logo no começo, pela estrutura da linha narrativa, descobrimos que não se tratava de um roteiro comum. Bem ao contrário disso, Nolan sofisticava a narrativa ao estilo mosaico, indo até suas últimas consequências.

A trama dá inúmeras reviravoltas, com pedaços de estória que vão aos poucos se complementando, fazendo sentido. Não é um filme que indicaria para pessoas que estivessem apenas em busca de uma diversão, um passatempo de fim de noite. Ao contrário disso Nolan exigia bastante do espectador, fazendo com que ele de fato prestasse atenção ao que estava acontecendo na tela. Nada muito óbvio e fácil de pegar. O elenco não traz nenhuma grande estrela de Hollywood, mas isso definitivamente não faz falta nenhuma. Guy Pearce aqui tem provavelmente a melhor interpretação de sua filmografia. Enfim, um filme especialmente indicado para pessoas inteligentes que gostem de ser desafiadas por aquilo que assistem.

Amnésia (Memento, Estados Unidos, 2000) Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Christopher Nolan, Jonathan Nolan / Elenco: Guy Pearce, Carrie-Anne Moss, Joe Pantoliano / Sinopse: Leonard (Guy Pearce) tenta desvendar o que teria acontecido com sua esposa, brutalmente assassinada, ao mesmo tempo em que tenta colocar uma ordem em suas confusas memórias pessoais. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Original (Christopher Nolan e Jonathan Nolan) e Melhor Edição (Dody Dorn). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio.

No Limite do Silêncio

Título no Brasil: No Limite do Silêncio
Título Original: The Unsaid
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: New Legend Media
Direção: Tom McLoughlin
Roteiro: Christopher Murphey, Miguel Tejada-Flores
Elenco: Andy Garcia, Vincent Kartheiser, Trevor Blumas, Chelsea Field, Linda Cardellini, Peter Hanlon

Sinopse:
Um adolescente aparentemente normal carrega segredos perturbadores e inconfessáveis que obrigam um psiquiatra a desenterrar o terrível passado dele, através de um complicado acompanhamento de seu estado mental e psicológico.

Comentários:
Andy Garcia sempre foi um bom ator. E fez muitos filmes que poucos conhecem. Filmes bons, com boas tramas, mas que geralmente só foram exibidos em canais a cabo, sumindo da programação após um tempo. Esse "The Unsaid" é uma espécie de thriller de suspense psicológico, investindo bastante no personagem do psiquiatra Dr. Michael Hunter, interpretado por Garcia. Embora trate dos problemas mentais de seus pacientes ele mesmo carrega dentro de si um grande trauma decorrente do passado, envolvendo seu filho. Andy Garcia de barba grande e grisalha convence planamente em seu papel que só é prejudicado porque o roteiro se rendeu a certos clichês recorrentes em filmes desse gênero. Mesmo assim, com pequenos e pontuais deslizes, ainda é um bom filme para se assistir. Só vai ser complicado mesmo achar uma cópia para ver nos dias de hoje, pois como disse ele só foi exibido no Brasil em canais a cabo. Não tenho notícia que algum dia tenha sido lançado em DVD em nosso país.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Nunca Mais

Título no Brasil: Nunca Mais
Título Original: Enough
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Michael Apted
Roteiro: Nicholas Kazan
Elenco: Jennifer Lopez, Billy Campbell, Tessa Allen, Juliette Lewis, Dan Futterman, Fred Ward

Sinopse:

A garçonete Slim Hiller (Jennifer Lopez) acredita que tirou a sorte grande ao se casar com um homem que ela considera perfeito, só que o passar do tempo revela a verdadeira face de um relacionamento completamente abusivo.Agora ela tentará reconstruir sua vida.

Comentários:
Filme completamente incomum dentro da filmografia da atriz e cantora pop Jennifer Lopez. Ela que sempre procurou por filmes mais leves, comédias românticas em sua maioria, aqui aceitou interpretar uma mulher vítima de abuso sexual e psicológico do próprio marido dentro de um casamento infernal. Aquele tipo de romance que inicialmente parecia perfeito, mas que depois de um tempo se torna uma enorme decepção. Casamentos infelizes, aliás, que parecem ser a cada dia a regra e não a exceção. Na época em que esse filme foi lançado a  Jennifer Lopez estava tendo vários atritos com a imprensa, principalmente por causa das invasões de privacidade por parte da imprensa marrom em sua vida pessoal. Essa briga acabou azedando o lançamento do filme, ainda mais depois que os jornalistas lhe deram o "Framboesa de Ouro" de pior atriz da década! Maldade pura. Embora ela não seja mesmo uma grande atriz, o fato é que até consegue levar um filme sozinha adiante. Esse aqui me agradou, tem bom argumento e explora uma realidade muitas vezes cruel na vida de muitas mulheres. Até mesmo a Lopez me pareceu bem em cena. Assim se o tema lhe interessa deixo a dica. Esqueça os "prêmios" Framboesas de Ouro e assista pela temática que o filme explora.

Pablo Aluísio.

A Sombra de um Homem

Título no Brasil: A Sombra de um Homem
Título Original: The Salton Sea
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: D.J. Caruso
Roteiro: Tony Gayton
Elenco: Val Kilmer, Vincent D'Onofrio, Adam Goldberg, Peter Sarsgaard, R. Lee Ermey, Anthony LaPaglia

Sinopse:
Após a morte da esposa Danny Parker (Kilmer) tenta arranjar um jeito de ganhar a vida e para isso vale de tudo, até mesmo entrar no arriscado e perigoso mundo do crime.

Comentários:
Depois de um começo muito promissor no cinema, com vários sucesso de bilheteria, o ator Val Kilmer viu a qualidade de seus filmes decair ano após ano. Dos jovens astros dos anos 80 ele certamente foi um dos mais atingidos pela decadência em sua carreira. Isso não quer dizer que apesar do pouco sucesso ele não tenha realizado bons filmes nesse período de baixa. Um dos que mais gostei foi esse "The Salton Sea" que mostra o outro lado do "sonho americano", mostrando os viciados em drogas, os moradores de rua, os criminosos do baixo clero. As ruas de Los Angeles com toda a sua pobreza, toda a sua cota de pessoar marginalizadas, tentando sobreviver um dia de cada vez. Isso porém não significa que seja um drama ou nada parecido. Tem sua dose de cenas de ação (mal feitas, é bom dizer) e também há um espaço para um pouco de humor. Mesmo assim com toda essa mistura a coisa ainda funciona. Claro, Val Kilmer estava longe de seus dias de sucesso, mas tentava manter sua carreira de ator ainda viva.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Amor & Amizade

Gosta de Jane Austen? Então vou deixar a dica desse filme aqui, uma adaptação de um de seus livros menos conhecidos chamado "Lady Susan". A estória é mais do que interessante, até porque mostra-se incrivelmente atual. Não importa que o livro tenha sido escrito há mais de 200 anos (sua data exata de escrita é 1794), mas sim que apresente um enredo que mostra que em muitos aspectos a sociedade continua a mesma, com pessoas interesseiras e dispostas a tudo para vencer na vida. Na trama conhecemos duas mulheres, mãe e filha. Elas estão arruinadas financeiramente. Nessa época vitoriana como uma mulher viúva e sua filha poderiam subir ou pelo menos se manter na mesma escala social? Muito simples, arranjando maridos, obviamente de preferência bem ricos.

Assim Lady Susan Vernon (Kate Beckinsale) começa fazer de tudo para que sua filha Frederica (Morfydd Clark) arranje um marido rico, o mais rapidamente possível. A moça porém não quer nem ouvir falar de casar com o ricaço Sir James Martin (Tom Bennett) já que definitivamente ela não o ama de jeito nenhum. E assim se desenrola a estória. Manipulações sociais de todos os lados, mulheres que só estão de olho no dinheiro dos futuros maridos, fofocas, traições, puxadas de tapete, parentes que são serpentes. O livro de Jane Austen, como frisei, foi escrito há séculos, mas mantém o mesmo frescor porque afinal mostra um lado nada lisonjeiro da alma humana. Por fim dois aspectos que merecem menção. O primeiro é que embora seja um filme bem realizado, não se trata de uma grande superprodução. É algo mais modesto e sutil. Segundo observação é que Kate Beckinsale consegue estar muito bem em sua atuação. Declamando longos diálogos, sem perder o fôlego, ela deixa claro que não é apenas boa para interpretar vampiras nos filmes com a marca "Anjos da Noite". Ela tem talento de verdade, se tiver dúvidas não deixe de conferir esse "Amor & Amizade".

Amor & Amizade (Love & Friendship, Estados Unidos, Inglaterra, França, 2016) Direção: Whit Stillman  / Roteiro: Whit Stillman / Elenco: Kate Beckinsale, Chloë Sevigny, Xavier Samuel, Morfydd Clark, Stephen Fry, Tom Bennett / Sinopse: Na era vitoriana, mãe e filha tentam arranjar maridos ricos pois estão arruinadas financeiramente. Sendo o caminho mais fácil elas tentam dar o velho e conhecido golpe do baú.

Pablo Aluísio. 

Teenagers: As Apimentadas

Olhando para trás chego na conclusão que já vi cada filme na minha vida que vou te contar... Esse aqui se me recordo bem vi na TV a cabo logo quando esse sistema começou a se popularizar no Brasil. Muito provavelmente conferi na HBO, mas hoje em dia passados tantos anos já não tenho como ter certeza. Pois bem, voltando ao assunto principal. Essa comédia adolescente romântica explora o universo das chamadas cheerleaders. Nos Estados Unidos elas são extremamente populares nos colégios. No Brasil isso não é tão presente. Por aqui são mais conhecidas como animadoras de torcidas. O curioso é que o tradutor do título nacional parece ter se enrolado. Ao invés de chamar o filme de "Cheerleaders" ele chamou o filme de "Teenagers" que significa adolescentes em português. Trocou tudo e na tradição de péssimos títulos nacionais cometeu mais uma gafe.

O roteiro é bem bobinho, mostrando um grupo de garotas colegiais que se dedicam de corpo e alma a uma competição nacional que vai eleger as melhores animadoras de torcidas dos Estados Unidos. Como se pode perceber é coisa bem de americano mesmo. Sem querer ser muito cínico e já sendo o filme só não é um desperdício total de tempo, paciência e dinheiro porque afinal de contas tem a Kirsten Dunst de shortinho dançando muito nas quadras de esportes. Nada mal, especialmente indicado para o público hétero de plantão que vai dar a desculpa de que está conhecendo melhor uma "tradição americana" apenas para ver as pernas da Kirsten Dunst! O importante é disfarçar um pouquinho, não é mesmo?

Teenagers: As Apimentadas (Bring It On, Estados Unidos, 2000) Direção: Peyton Reed / Roteiro: Jessica Bendinger / Elenco: Kirsten Dunst, Eliza Dushku, Jesse Bradford / Sinopse: Grupo de adolescentes colegiais resolve se dedicar ao máximo para vencer uma popular competição nacional que vai eleger as melhores animadoras de torcidas da América. Filme indicado ao MTV Movie Awards e ao Teen Choice Awards.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

As Branquelas

Título no Brasil: As Branquelas
Título Original: White Chicks
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio:  Revolution Studios
Direção: Keenen Ivory Wayans
Roteiro: Keenen Ivory Wayans, Shawn Wayans
Elenco: Marlon Wayans, Shawn Wayans, Busy Philipps, Frankie Faison, Lochlyn Munro, John Heard

Sinopse:
Dois tiras negros precisam se disfarçar para prender uma quadrilha de sequestradores. Para isso eles mudam radicalmente de aparência, assumindo a identidade de duas loiras ricas e patricinhas, frequentadoras da alta roda da cidade. Filme indicado no Framboesa de Ouro na categoria de pior filme do ano!

Comentários:

Esse é aquele tipo de filme que de tão ruim acaba se tornando divertido, engraçado. A ideia é tão sem noção que espanta. Dois atores negros usando forte maquiagem para se parecerem com loiras burras e estúpidas, do tipo Paris Hilton. Maquiagem essa que deixou eles bem esquisitos, é bom dizer.  Enfim, a família Wayans realmente pagou para ver pois a reação poderia ser tão negativa que eles poderiam até mesmo sofrer um processo ou algo assim. Felizmente a imprensa entendeu o espírito do filme - que de polêmico não tem nada, é até bobinho - para abaixar as armas. Melhor para os irmãos já que foi um sucesso inesperado de bilheteria. Custou meros 30 milhões de dólares e faturou nas bilheterias 200 milhões! Receita de filme grande! Isso prova também que o público nem sempre quer consumir algo de qualidade ou importância artística. Muitas vezes eles só querem dar algumas gargalhadas com material podreira. Se é isso que você está procurando então pode encarar "White Chicks" sem medos ou preconceitos.

Pablo Aluísio.

Ataque das Loiras

Título no Brasil: Ataque das Loiras
Título Original: Blonde and Blonder
Ano de Produção: 2007
País: Canadá
Estúdio: Rigel Entertainment
Direção: Dean Hamilton, Bob Clark
Roteiro: Rolfe Kanefsky, Dean Hamilton
Elenco: Pamela Anderson, Denise Richards, Emmanuelle Vaugier, Meghan Ory, Joey Aresco, Garry Chalk

Sinopse:
Dee Twiddle (Anderson) e Dawn St. Dom (Richards) são duas loiras burras que acabam sendo confundidas com outra dupla, de assassinas profissionais. Isso cria uma série de confusões e mal entendidos.

Comentários:

É ruim demais. É ruim de doer. É incrível acreditar que algum produtor teve a coragem de investir dinheiro em algo tão ruim. O filme se propõe a ser uma comédia nonsense com duas protagonistas que se valem de sua loirice e burrice para escapar das piores situações. Só que tudo é tão sem graça que chega a ser constrangedor. Pamela Anderson mais parece uma boneca inflável. Como seu talento é bem escasso ela se utiliza de seus óbvios dotes físicos para manter o interesse do espectador chocado com tanta ruindade. Assim a loira ao estilo bombshell desfila decotes, cada vez menores, para mostrar seus peitos turbinados por silicone. E acabou, it´s over, isso é o máximo que você vai encontrar nessa fitinha de quinta categoria. E para não dizer que não dei risadas, dei duas. A primeira ao descobrir o tamanho da ruindade desse filme tosco. A segunda na cena do mensageiro retardado do hotel. É tão idiota que tive que rir, mesmo contra a vontade! Santo filme ruim, Batman!

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de julho de 2019

Hellboy

Esse é o terceiro filme do personagem Hellboy para o cinema, mas não pense que se trata da conclusão de uma trilogia. Na verdade é um novo recomeço. O estúdio decidiu recomeçar do zero, contratando um novo diretor, outra equipe técnica e um outro ator para interpretar o garoto do inferno. Quem herdou a maquiagem pesada foi David Harbour que até se saiu bem em seu trabalho, ficando inclusive até mais parecido com o Hellboy dos quadrinhos do que seu colega dos filmes anteriores, Ron Perlman. Dito isso esse novo filme também apresenta problemas. O mais grave deles é a falta de novidades, surpresas, para quem assistiu aos dois outros filmes. Nada do que você verá aqui vai soar como algo que você nunca viu antes. É praticamente uma repetição, com melhores efeitos especiais, é verdade, mas nada muito além disso.

O roteiro também não me pareceu grande coisa. Há uma bruxa que foi desmembrada e aprisionada pelo Rei Arthur no passado. Agora ela é trazida de volta. Apenas a lendária espada Excalibur pode destruir seus planos. E nessa simbiose entre as lendas de Arthur e Merlin com o universo do Hellboy, ainda arranjaram um jeito de colocar ele como um de seus descendentes, o único que poderia empunhar a arma contra a bruxa. É isso é tudo. Achei forçado e nada criativo. O final do filme também é bem previsível, nada espetacular. De bom mesmo há algumas cenas que fazem valer a pena o preço do ingresso, entre elas uma luta entre Hellboy e três gigantes. Tecnicamente perfeita, inclusive no design dos monstros, só não ficou melhor porque não dura muito. Mais um erro da direção. Afinal se o enredo não ajuda muito, deveria se focar mais naquilo que deu certo no filme. Regra básica de cinema pop. Pena que são apenas momentos pontuais, que acabam não elevando muito a qualidade cinematográfica desse filme como um todo. Com isso o que sobra é apenas uma diversão ligeira, de consumo rápido e descartável.

Hellboy (Estados Unidos, 2019) Direção: Neil Marshall / Roteiro: Andrew Cosby, baseado nos personagens de quadrinhos criados por Mike Mignola/ Elenco: David Harbour, Milla Jovovich, Ian McShane / Sinopse: Hellboy (David Harbour) precisa enfrentar uma bruxa milenar que está de volta após passar séculos aprisionada pelo Rei Arthur. Ela quer usar a força infernal de Hellboy para criar um apocalipse final para a humanidade.

Pablo Aluísio.

Hellboy II - O Exército Dourado

Título no Brasil: Hellboy II - O Exército Dourado
Título Original: Hellboy II - The Golden Army
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Guillermo del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro
Elenco: Ron Perlman, Selma Blair, Doug Jones, John Alexander, Seth MacFarlane, Luke Goss

Sinopse:
Hellboy (Ron Perlman) e sua trupe precisam salvar a Terra de um nobre vindo das trevas que decide espalhar medo e destruição em represália a tudo o que lhe aconteceu no passado. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Maquiagem.

Comentários:
Era para ser o segundo filme de uma trilogia sobre o personagem Hellboy. Tudo estava bem planejado pelo estúdio e pelo diretor Guillermo del Toro. Só que esse segundo filme custou caro demais, 85 milhões de dólares e nas bilheterias não conseguiu romper a barreira dos 100 milhões. Resultado? O estúdio achou que o filme decepcionou nas bilheterias. A ideia inicial da trilogia assim foi cancelada, algo que irritou muito o ator Ron Perlman. Ele inclusive disse em entrevistas recentes que esse cancelamento ainda hoje o irrita profundamente. Ao invés de um terceiro filme o estúdio então decidiu recomeçar tudo do zero, com essa recente produção que chegou a pouco nos cinemas (e que também decepcionou os produtores comercialmente). E olha que esse segundo filme não era ruim. Tinha mais efeitos especiais, mais personagens e a produção era bem mais rica e cuidada. O problema parece ter sido mesmo o roteiro. Guillermo del Toro esqueceu de escrever algo realmente bom. Com isso a primeira franquia dos filmes de Hellboy simplesmente afundou. Uma pena.

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de julho de 2019

O Xangô de Baker Street

Título no Brasil: O Xangô de Baker Street
Título Original: O Xangô de Baker Street
Ano de Produção: 2001
País: Brasil, Portugal
Estúdio: MGN Filmes
Direção: Miguel Faria Jr.
Roteiro: Marcos Bernstein
Elenco: Joaquim de Almeida, Anthony O'Donnell, Maria de Medeiros, Letícia Sabatella, Cláudia Abreu, Claudio Marzo

Sinopse:
Baseado no livro escrito por Jô Soares, o filme conta a divertida estória da visita ao Rio de Janeiro do lendário detetive inglês Sherlock Holmes que ao lado de seu fiel assistente Dr. Watson, chegam ao Brasil para desvendarem um mistério sobre o desaparecimento de um raro violino Stradivarius.

Comentários:
Eu gosto bastante de Jô Soares. Considero um dos grandes nomes do humor brasileiro. Também curto bastante seus livros de ficção que geralmente são criativos e bem escritos. Ele só não teve muita sorte na adaptação desse seu primeiro livro para o cinema. É uma pena, o filme já tinha uma boa estória para contar, boa produção, orçamento, etc. Tudo estava pronto para mais um bom filme da retomada do cinema nacional. O problema é que erraram na escolha do elenco. O português Joaquim de Almeida foi escalado para interpretar o inglês Sherlock Holmes. Colocar um português tentando imitar o sotaque inglês em um filme que deveria ser destinado ao público brasileiro foi um equívoco e tanto. Não que Joaquim de Almeida não seja um bom ator, o problema é sua dicção horrorosa durante o filme. Você vai entender pouca coisa do que ele diz, porque está simplesmente péssimo seu sotaque incompreensível. Esse pequeno grande detalhe acabou estragando o potencial do filme, inclusive nas piadas criadas por Jô, que aqui ficam enterradas quando o público, com dificuldade, tenta entender o que diabos o Joaquim de Almeida está falando. Um erro crucial que acabou comprometendo todo o filme.

Pablo Aluísio.

A Dama do Lotação

Título no Brasil: A Dama do Lotação
Título Original: A Dama do Lotação
Ano de Produção: 1978
País: Brasil
Estúdio: Embrafilme
Direção: Neville de Almeida
Roteiro: Neville de Almeida
Elenco: Sônia Braga, Nuno Leal Maia, Jorge Dória, Paulo César Peréio, Yara Amaral, Claudio Marzo

Sinopse:
Com roteiro baseado na obra de Nelson Rodrigues, o filme "A Dama do Lotação" conta a história de Solange (Sônia Braga), uma bela e jovem mulher que supera as infelicidades e frustrações de seu casamento ao se encontrar com homens em Ônibus pela cidade.

Comentários:
Devemos reconhecer a coragem de todos que fizeram parte desse filme. Em meio a uma ditadura militar eles conseguiram fazer um filme baseado em Nelson Rodriguas e ainda caprichar nas tinas da sensualidade de uma estrela da TV, a bela Sônia Braga. E tudo produzido ainda por cima por  uma estatal, a Embrafilme. Olhando-se para o passado realmente é uma surpresa que tal filme tenha sido produzido e lançado naqueles anos de chumbo da história do Brasil. De qualquer forma o filme está aí. Um interessante estudo da sexualidade feminina, ainda mais quando reprimida ao extremo pelas circunstâncias daqueles tempos. Sônia Braga, linda e talentosa, é a grande razão da existência do filme. Ainda hoje impressiona nas cenas mais ousadas. Envelheceu um tanto, isso é verdade, mas ainda funciona como retrato da coragem das pessoas que faziam cinema naquela época.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Em Nome do Rei

Título no Brasil: Em Nome do Rei
Título Original: In the Name of the King: A Dungeon Siege Tale
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos, Alemanha, Canadá
Estúdio: 20th Century Fox
Direção: Uwe Boll
Roteiro: Doug Taylor, Jason Rappaport
Elenco: Jason Statham, Ron Perlman, Ray Liotta, Leelee Sobieski, Kristanna Loken, Matthew Lillard

Sinopse:
Um simples homem do campo vê sua vida ser destruída por estranhas criaturas. Agora ele partirá para a vingança contra todos aqueles que destruíram seus sonhos em um reino medieval repleto de violência e selvageria.

Comentários:
Existem aqueles que odeiam os filmes do diretor Uwe Boll. Eu nunca julgo um filme antes de assisti-lo, o condenando apenas por ter sido dirigido por alguém que fez filmes que no passado me decepcionaram. Assim fui ver essa aventura medieval sem préjulgamentos. Acabei me divertindo. OK, não é nenhuma obra prima da sétima arte, mas se mantém em um bom patamar, até mesmo de produção já que o filme custou mais de 60 milhões de dólares. Além de Jason Statham como o protagonista, o filme ainda apresenta um elenco coadjuvante bem bacana. Ron Perlman, o Hellboy, está no elenco com seu tipo bem característico de homem rude, violento. Ray Liotta (alguém lembrou de "Os Bons Companheiros" por aí?) também ajuda muito no resultado final. E por fim ainda há a beleza de Leelee Sobieski, atriz que sempre considerei das mais bonitas em Hollywood. Fora isso muitas lutas de espadas e aquela brutalidade típica dos tempos medievais. Dá para assistir numa boa, sem se aborrecer em nenhum momento.

Pablo Aluísio.

Como se Fosse a Primeira Vez

OK, Adam Sandler é provavelmente um dos atores mais insuportáveis do cinema americano, em todos os tempos. Ele parece ter preferência em sempre fazer um filme mais idiota do que o outro, numa espécie de escala de imbecilidade que cresce a cada ano, indo parar nas nuvens. Esse aqui porém é uma boa exceção em sua filmografia de marmelada. O que salvou essa comédia romântica do desastre foi seu roteiro, que sempre achei bem criativo. A premissa é simples: Drew Barrymore interpreta uma garota que sempre perde a memória ao final do dia, ou seja, ela esquece completamente de tudo do que lhe aconteceu antes, isso da noite para o dia. Assim seu parceiro precisa conquistá-la todos os dias, sem exceção. Um exercício de paciência e amor sem fim.

Algumas pessoas poderiam reclamar de se fazer piada em cima de uma doença que realmente existe, uma síndrome terrível que atinge pessoas ao redor do mundo. A questão porém não é essa, pois o roteiro nunca é desrespeitoso com isso. Certo, há cenas que quase vão para o pastelão, mas no geral a coisa se desenvolve mesmo ao nível do romance entre o casal. Curiosamente assisti a esse filme no cinema, em uma época em que ia muito ao cinema, lá por volta de 2004. Assim acabava vendo de tudo. Hoje em dia não pagaria ingresso para ver algo desse nível, mas no geral provavelmente também não ficaria arrependido mortalmente de ver na tela grande. Isso porque "Como se Fosse a Primeira Vez" foi salvo por seu roteiro bem bolado e pela sempre carismática presença da atriz Drew Barrymore que com seu olhar de garota avoada combinou perfeitamente com sua personagem.

Como se Fosse a Primeira Vez (50 First Dates, Estados Unidos, 2004) Direção: Peter Segal / Roteiro: George Wing / Elenco: Adam Sandler, Drew Barrymore, Rob Schneider / Sinopse: Homem apaixonado (Sandler) precisa reconquistar a mulher de seus sonhos a cada dia, pois ela tem uma síndrome que lhe faz perder todas as memórias. Assim a cada dia eles precisam ter um primeiro encontro, que parecem nunca ter fim.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Anjos na América

Título no Brasil: Anjos na América
Título Original: Angels in America
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO
Direção: Mike Nichols
Roteiro: Tony Kushner
Elenco: Al Pacino, Meryl Streep, Patrick Wilson, Emma Thompson, Mary-Louise Parker, Jeffrey Wright

Sinopse:
Minissérie em sete episódios que conta o drama das pessoas que foram infectadas pelo vírus HIV durante a década de 1980. Uma nova doença que surgia, sem cura, que praticamente condenava à morte os que eram diagnosticados com ela. Vencedor de 3 prêmios no Globo de Ouro, incluindo o de Melhor Minissérie do ano. 

Comentários:
A AIDS apareceu no final dos anos 70. Inicialmente dita como uma espécie de "câncer gay" por atingir principalmente homossexuais, logo se espalhou entre a população em geral, levando milhares de pessoas à morte. Essa minissérie da HBO foi a primeira a levar o tema para a TV americana em forma de episódios. Cada um contando a história de uma pessoa que foi diagnosticada com a doença na década de 1980. Naquela época era uma sentença de morte pois a medicina e a ciência ainda não tinham desenvolvido um tratamento que prolongasse a vida dos doentes. O coquetel químico, hoje aplicado nos infectados, ainda era algo em vias de elaboração. Assim a morte era praticamente certa. Pelo tema e pela importância do assunto vários astros de Hollywood aceitaram trabalhar no projeto, entre os mais conhecidos temos Al Pacino, Meryl Streep e Emma Thompson. Eles que sempre atuaram apenas em filmes para o cinema abriram uma exceção. Afinal muitos tiveram parentes e amigos atingidos pela doença. No mais o tema é tratado com uma grande sensibilidade e respeito para com as vítimas, tudo resultando em uma série excelente, acima da média. 

Pablo Aluísio.

Ben - O Rato Assassino

Título no Brasil: Ben - O Rato Assassino
Título Original: Ben
Ano de Produção: 1972
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Phil Karlson
Roteiro: Phil Karlson, Alain Keisker
Elenco: Lee Montgomery, Joseph Campanella, Arthur O'Connell

Sinopse:
Um garoto solitário, que não recebe atenção dos pais, torna-se amigo de um rato a quem passa a chamar de Ben. Ocorre que o animal é também o líder de um bando de ratos assassinos que matam humanos e deixam a cidade em estado de alerta.

Comentários:
O enredo é simples. Um garoto acaba se ligando emocionalmente com um rato de esgoto. E o animal parece interagir com as emoções do menino, punindo os que lhe fazem mal, trazendo um caos para a cidade como um todo. Hoje em dia o filme é muito mais lembrado por causa de sua trilha sonora pois a música tema é "Ben", cantado por Michael Jackson. Aliás verdade seja dita, justiça seja feita, a música é linda mesmo, maravilhosa em todos os aspectos. Em termos puramente cinematográficos o filme "Ben" também não é ruim, muito pelo contrário. Sua mistura de terror com uma certa melancolia, um drama infanto juvenil, até hoje se mantém interessante. Nos anos 80 o filme foi campeão de reprises em canais abertos no Brasil o que fez criar uma certa saturação. Hoje em dia já pode ser considerado um pequeno cult movie do terror.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

O Imperador de Paris

O cinema francês tem apresentado excelentes filmes nesses dois últimos anos. Um dos que mais gostei de assistir foi esse "O Imperador de Paris". O roteiro conta a história real de um criminoso procurado chamado François Vidocq (Vincent Cassel). Após ser condenado a cumprir pena em um navio ele consegue fugir, voltando ao continente. Só que agora, para escapar do radar dos policiais, tenta viver uma nova vida como comerciante de tecidos em feiras das cidades do interior. Sua fama o precede e em pouco tempo é novamente reconhecido. De volta à ativa propõe um acordo incomum com o chefe do departamento de polícia. Ele ajudará o homem da lei a prender todos os criminosos procurados de Paris em troca de indulto de seus crimes no passado. E assim começa a agir nas ruas mais sujas e sombrias da capital francesa. A ideia é realmente limpar as ruas da escória de criminosos de todos os tipos.

Não é a primeira vez que fazem um filme sobre François Vidocq. Ele chegou inclusive a ser o protagonista de um filme americano, "Vidocq, Um Escândalo em Paris", de Douglas Sirk em 1946. Obviamente era uma versão bem fantasiosa de sua vida. Nesse novo filme as coisas são mais de acordo com os registros históricos que existem sobre ele. Inclusive o verdadeiro Vidocq viveu em um período muito interessante da história francesa, quando a revolução mandava milhares de pessoas para a guilhotina. Seu auge porém aconteceu quando Napoleão Bonaparte subiu ao poder. Seu título de "Imperador das ruas de Paris", dado por um jornal da época, era praticamente uma sátira à figura de Napoleão. Enquanto esse conquistava nações no exterior, o criminoso François Vidocq era o homem que realmente mandava na capital francesa, com seu modo de agir baseado na violência e na justiça com as próprias mãos. Enfim, um filme realmente muito bom, com ótima reconstituição de época e a brilhante interpretação do ator Vincent Cassel, um dos melhores do atual cinema francês. Se você gosta de cinema europeu não deixe de conferir essa nova versão da vida de um homem que ao seu próprio modo também entrou para a história da França.

O Imperador de Paris (L'Empereur de Paris, França, 2018) Direção: Jean-François Richet / Roteiro: Éric Besnard / Elenco: Vincent Cassel, Olga Kurylenko, Freya Mavor, August Diehl / Sinopse: Baseado em fatos históricos reais o filme conta a história do criminoso procurado François Vidocq (Vincent Cassel). Após ser capturado de novo pela polícia de Paris ele faz um trato informal com o chefe de polícia da cidade. Ele ajudará a eliminar os principais criminosos em troca de um indulto por seus crimes no passado. E tudo se passa durante o período imperial com Napoleão Bonaparte no poder. Filme indicado ao César Awards nas categorias de melhor figurino (Pierre-Yves Gayraud) e melhor design de produção (Emile Ghigo).

Pablo Aluísio.

Gauguin: Viagem ao Taiti

Excelente filme. Especialmente indicado para quem aprecia a biografia dos grandes mestres da pintura. Aqui o enfocado é o genial Paul Gauguin (Vincent Cassel). Embora nos dias de hoje sua obra seja plenamente reconhecida, em sua época a situação era bem diferente. Ele não conseguia vender seus quadros e com família numerosa em Paris passou por inúmeras dificuldades financeiras. Até que um dia tem uma ideia. Ele iria se mudar para a Polinésia Francesa, um lugar bucólico, onde as pessoas viviam felizes e não precisavam de dinheiro. Claro, essa era uma idealização da cabeça do próprio pintor, nada condizente com a realidade, algo que ele iria aprender da pior maneira possível. Então ele parte rumo ao seu paraíso terrestre. A família, por sua vez, não o acompanha. A mãe das crianças logo percebeu que tudo não passava de mais uma loucura da cabeça do artista.

E uma vez no Taiti, Gauguin cairia na real. As pessoas de lá não viviam sem dinheiro e nem aquele lugar era o paraíso que ele imaginou. Logo precisou vender seus quadros e esculturas nas feiras locais, completamente miserável, sem dinheiro nenhum para sobreviver. Para piorar ainda teve mais filhos com uma nativa chamada Tehura. Mais filhos, mais bocas para alimentar, mais miséria. Era uma repetição do que ele havia passado em Paris. Para ganhar dinheiro então começa a trabalhar como estivador no porto da região, tudo para alimentar a esposa e as crianças. O filme, obviamente, não conta uma história com final feliz. Gauguin tinha uma visão romântica e idealista da vida e pagou para ver. Claro que em um mundo como o nosso o preço foi alto, porém a despeito de tudo isso ele foi um artista que viveu em seus próprios termos, que viveu como bem quis. Nesse ponto temos realmente uma história de coragem e luta pelo direito de existir como um artista. O filme é, como já escrevi, belíssimo. Além de contar uma história edificante, ainda traz uma interpretação inspirada do sempre competente ator Vincent Cassel. Sua transformação física e psicológica como Paul Gauguin realmente impressiona o espectador.

Gauguin: Viagem ao Taiti (Gauguin - Voyage de Tahiti, França, 2017) Direção: Edouard Deluc / Roteiro: Edouard Deluc, Etienne Comar  / Elenco: Vincent Cassel, Tuheï Adams, Malik Zi / Sinopse: O filme conta a história real do pintor Paul Gauguin (Vincent Cassel). Em determinado momento de sua vida ele decidiu que queria deixar Paris e o mundo civilizado para trás, para viver uma vida simples de artista, onde o dinheiro não teria mais importância. Assim viaja ao distante Taiti, onde logo suas esperanças se tornam pesadelo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de julho de 2019

Os Demônios de São Petersburgo

No mínimo é curioso assistir a um filme italiano contando uma história russa, dos tempos da dinastia Romanov. O protagonista é ninguém menos do que o famoso escritor Fyodor Dostoyevsky. Ele já está numa idade mais avançada, tentando sobreviver com seus livros, o que não é uma tarefa fácil pois tem um editor desonesto aliado ao seu eterno vício em jogos de azar. Quando jovem ele havia flertado com ideias socialistas, mas agora acha tudo um erro. O velho movimento comunista porém esbarra nele de novo, na pele de alguns jovens idealistas que pensam que vão mudar o mundo. O escritor já tem experiência de vida suficiente para saber onde tudo aquilo vai parar, ou seja, em mortes desnecessárias de pessoas inocentes. Por isso acaba adotando um comportamento de aconselhamento para com esses jovens comunistas que, cegados pela ideologia, planejam um atentado contra um dos membros da família imperial russa.

Esse filme me deixou intrigado porque apesar de não ser uma excelente obra cinematográfica mantém o interesse. Todo filmado na Rússia, a fotografia ficou muito bonita, principalmente porque captou todo o gelo e a neve da natureza, um clima da frio eterno do qual só conseguimos ver o alto dos prédios e das igrejas ortodoxas. Tudo o mais fica envolto no meio de toda aquela neblina congelante. A direção não é grande coisa, nem a edição, mas o elenco é muito bom, em especial o ator sérvio Predrag 'Miki' Manojlovic. Ele interpreta o velho escritor marcado pelos anos vividos. Com longa barba e semblante pensativo, ele convence plenamente em seu papel. Enfim, o filme, apesar de alguns erros pontuais, não deixa de ser uma boa oportunidade para conhecermos a atual produção italiana de cinema.

Os Demônios de São Petersburgo (I demoni di San Pietroburgo, Itália, 2008) Direção: Giuliano Montaldo / Roteiro: Andrey Konchalovskiy, Giuliano Montaldo / Elenco: Predrag 'Miki' Manojlovic, Carolina Crescentini, Roberto Herlitzka / Sinopse: Durante o império russo, dos tempos dos czares, o famoso escritor Fyodor Dostoyevsky acaba se envolvendo com um grupo de jovens socialistas que desejam a revolução comunista em seu país. Ele tenta aconselhar os rebeldes a não usarem da violência em seus objetivos, mas acaba tendo que se contentar em ver tudo o que lhe aconteceu no passado, acontecendo de novo na vida de todos aqueles jovens idealistas de esquerda.

Pablo Aluísio.

Casamento Grego

Título no Brasil: Casamento Grego
Título Original: My Big Fat Greek Wedding
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos, Canadá
Estúdio:  Gold Circle Films, Home Box Office (HBO)
Direção: Joel Zwick
Roteiro: Nia Vardalos
Elenco: Nia Vardalos, John Corbett, Michael Constantine, Christina Eleusiniotis, Kaylee Vieira, John Kalangis

Sinopse:
O filme conta a história da solteirona Toula (Nia Vardalos). Com mais de 30 anos ainda não encontrou o homem certo para se casar. Até que um dia encontra o seu príncipe encantado. Em pouco tempo decide se casar com ele, que para surpresa de sua família, não é grego!

Comentários:
O nome original desse filme poderia ser traduzido como "O Meu grande e exagerado casamento grego" e isso resume bem seu roteiro. O filme é bem isso aí. Na realidade é um filme que começou pequeno, sem nenhuma pretensão, mas que aos poucos foi ganhando a simpatia do público e da crítica. Chegou inclusive a ser indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro original que foi escrito pela própria atriz Nia Vardalos. Com trilha sonora cheia de músicas do grupo ABBA (o suprassumo para casamentos bregas) o filme se mantém pelo bom humor e por uma certa melancolia disfarçada que vai passando sobre a vida da protagonista. Porém o mais curioso de tudo é saber que esse filme acabou dando origem a um boom de filmes sobre casamentos. A maioria dessas "imitações" eram comédias românticas ruins de doer. De qualquer maneira, por ter sido uma espécie de pioneiro nesse subgênero irritante, vale a pena conferir para saber onde tudo começou. Teve uma continuação em 2016, mas essa sequência não tive vontade nenhuma de conferir.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Sobibor

O campo de concentração de Sobibor ficou bem conhecido na história da II Guerra Mundial porque foi lá que houve a maior fuga em massa de prisioneiros da guerra. Liderados por um comandante russo aprisionado, os prisioneiros mataram diversos oficiais alemães e deram origem a uma fuga onde mais de 400 pessoas fugiram das garras do nazismo. Quem é mais veterano em termos de cinefilia vai lembrar imediatamente de "Fuga de Sobibor", clássico de guerra com Rutger Hauer. É a mesma história, só que contada de um ponto de vista diferente. É fato que os nazistas eram porcos desumanos que faziam todo tipo de crime a atrocidade nesses campos, mas aqui fica mais evidente que eles eram também corruptos e ladrões, roubando pertences de judeus que eram levados para as câmeras de gás. O que era para ser levado ao Estado, ao Reich, era simplesmente roubado por esses militares, mostrando seu senso ético inexistente.

O elenco é todo formado por jovens atores, muitos desconhecidos, mas competentes em seu ofício. O único rosto mais conhecido é a do veterano  Christopher Lambert. Ele interrpeta um oficial do campo, um sujeito com doses de psicopatia que o torna temido até pelos outros nazistas. Em uma das cenas ele surta e confessa que no passado havia se apaixonado por uma judia, mas que fora impedido pelo pai de casar com ela, se tornando essa bagunça psicológica que ele se tornou. Pior para os judeus do campo pois ele além de violento também era extremamente desequilibrado, muitas vezes matando a esmo, fazendo dos pobres prisioneiros apenas alvos ambulantes. Enfim, gostei dessa nova versão e a recomendo, principalmente para as novas gerações. A história existe para se aprender com o passado, para que coisas como o nazismo não mais se repitam em nosso mundo.

Sobibor (Alemanha, Rússica, Polônia, 2018) Direção: Konstantin Khabenskiy / Roteiro: Michael Edelstein, Anna Tchernakova / Elenco: Konstantin Khabenskiy, Christopher Lambert, Mariya Kozhevnikova, Michalina Olszanska / Sinopse: O filme mostra o campo de concentração de Sobibor, semanas antes da maior fuga em massa de prisioneiros da II Guerra Mundial. História baseada em fatos reais.

Pablo Aluísio.

A Maldição da Chorona

O título nacional ficou no mínimo estranho. Para alguns chega a soar patético, mas a verdade é que não havia muita saída. A figura do folclore mexicano chamada "Chorona" seria uma mãe que no século XVII teria matado seus próprios filhos afogados; A razão? Ela teria sido traída pelo marido. Para se vingar decidiu matar aquilo que ele mais amava na vida, ou seja, seus próprios filhos. E isso era basicamente tudo. Não havia, vamos ser sinceros, muito material para que os roteiristas pudessem trabalhar em algo melhor. Assim como a lenda, o roteiro desse filme também ficou básico. A Chorona retorna para cumprir sua maldição de sempre roubar duas crianças, irmãs, para sempre repetir o seu pecado mortal. Nada muito além disso.

O alvo dela agora é uma assistente social. O enredo desse filme se passa na década de 1970. Essa personagem central atende uma senhora que tranca os filhos em um pequeno cubículo de sua casa. Ela alega que se não fizer isso a Chorona vai pegar seus dois filhos. Então a senhora obviamente perde a guarda das crianças que pouco depois são afogadas em um rio próximo. Pior do que isso, a tal maldição acaba passando para essa assistente social que também tem dois filhos. E assim a trama desse filme se desenvolve com muitos sustos (todos provocados usando uma velha fórmula) e um pouquinho de suspense que logo se dissipa quando a presença da Chorona começa a se tornar mais rotineira. Aliás a exploração em demasia dessa vilã estraga mesmo alguns momentos que poderiam ser bem assustadores em certas cenas. Muitas vezes o "não mostrar" se torna mais importante do que mostrar demais. Lição antiga em filmes de terror clássicos que os roteiristas aqui parecem desconhecer.

Esse é o primeiro filme do diretor Michael Chaves a ter uma maior repercussão. Ele inclusive foi escalado para dirigir "Invocação do Mal 3" no próximo ano, até porque esse "A Maldição da Chorona" faz parte da mesma franquia de filmes de terror. O que podemos dizer de seu trabalho? Ele realizou um filme correto, porém comum demais, sem maiores surpresas. Diria que cumpriu o que foi determinado pelo estúdio, sem imprimir qualquer marca autoral na obra. Assim temos um filme apenas regular, que não vai surpreender quem é fã do estilo terror. Ficou bem mediano. Poderiam ter desenvolvido melhor a história dessa entidade espiritual vingadora, mas não foi isso que aconteceu. Ela se tornou apenas uma figura de assustar crianças no escuro, nada mais, tal como a Freira no filme da mesma série. Vamos ver se a franquia melhora nos próximos filmes que estão chegando porque ultimamente tudo tem sido feito de forma muito convencional.

A Maldição da Chorona (The Curse of La Llorona, Estados Unidos, 2019) Direção:Michael Chaves / Roteiro: Mikki Daughtry, Tobias Iaconis / Elenco: Linda Cardellini, Raymond Cruz, Patricia Velasquez / Sinopse: Uma entidade espiritual maléfica do folclore mexicano conhecida como "A Chorona" retorna do inferno para levar embora crianças, tais como seus próprios filhos que ela matou em vida, séculos atrás, dando início a essa maldição.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 11

Depois do aclamado "O Último Tango em Paris", Marlon Brando surpreendeu a todos ao aceitar participar do novo filme de Arthur Penn chamado de "The Missouri Breaks" (Duelo de Gigantes, no Brasil). Era realmente de cair o queixo o fato do grande ator aceitar trabalhar em um filme menos pretensioso, menos artístico. Além disso era um western, gênero que ninguém pensava que Brando voltaria a atuar.

Na realidade o ator queria mesmo relaxar. Ele tinha atuado em filmes fortes, verdadeiros clássicos e estava de certa forma exausto da repercussão que essas obras tinham provocado. Era impossível para Brando encarar mais uma obra de grande magnitude pela frente. Assim ele optou por algo mais comercial, mas simples, menos estressante. Some-se a isso o fato de Brando ter a chance de atuar ao lado de seu amigo e vizinho Jack Nicholson, um sujeito de quem ele gostava bastante, algo raro dentro da comunidade de cinema em Los Angeles, onde todos pareciam competir ferozmente entre si.

Um fato curioso aconteceu durante as filmagens desse filme. O estúdio começou a atrasar os depósitos dos pagamentos de Brando em sua conta corrente. Isso irritou o ator. Nada parecia menos profissional do que atrasar o cachê de um astro de seu porte. Assim Brando começou a jogar também. Ele de repente começou a esquecer sua falas, atrasando completamente o cronograma de filmagens. Os dias iam passando e nada de Brando acertar suas cenas. O amigo Jack Nicholson logo entendeu as intenções de Marlon e se divertiu muito com o fato. O impasse durou até o produtor Elliott Kastner resolver ir pessoalmente até o trailer do ator. Brando, com aquele seu jeito único, explicou a situação então ao produtor: "Sabe Elliot, talvez se não esquecerem mais de me pagar, eu consiga me lembrar das minhas falas!". Recado dado e entendido, a Paramount nunca mais atrasou os pagamentos de Marlon.

Outra coisa que chamou a atenção foi o fato de Brando novamente resolver improvisar. Ele achava que o roteiro não era grande coisa, por isso começou a criar coisas absurdas para seu personagem. Em seu livro de memórias o ator explicou que seu personagem era um pistoleiro genérico, sem muitos atrativos. Então ele resolveu se vestir de mulher, ter um comportamento excêntrico e fazer coisas impensáveis para um assassino profissional no velho oeste. O diretor Arthur Penn gostou das inovações e assim Brando imprimiu sua marca autoral nesse faroeste que tinha tudo para ser mais uma fita banal do gênero.

Pablo Aluísio.

Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 10

As filmagens de "O Último Tango em Paris" foram mais complicadas do que todos poderiam prever. O diretor Bernardo Bertolucci não falava inglês, Marlon Brando não falava italiano e a atriz Maria Schneider era francesa. Por isso não havia como se comunicarem direito. Em seu livro de memórias Brando explica que na maioria das vezes se comunicava através de mímica com o diretor ou então nas poucas palavras em francês que ele dominava. Também não havia um script e o roteiro era completamente aberto. 

Toda a liberdade que Brando procurou por anos lhe foi dada. Ele poderia dizer o texto que quisesse, falar o que bem entendesse, sem seguir nenhuma regra. Assim Brando improvisou praticamente em todas as cenas, revivendo antigas lembranças de sua infância, falando dos pais, da mãe alcoólatra, de seus primeiros anos em uma cidade rural do meio oeste americano. Isso acabou virando uma verdadeira terapia para o ator. Sua atuação foi a mais íntima e pessoal de toda a sua carreira. Algo inédito em sua vida profissional.

Isso levou Brando a também ter um esgotamento emocional nas filmagens. Tamanho esforço lhe deixou exausto a tal ponto que depois o próprio Brando acabou renegando o filme. Ele só o assistiu uma única vez, depois nunca mais quis rever a obra. Em seu livro ele chegou a admitir que jamais chegou a entender completamente a proposta de "O Último Tango em Paris" e creditou ao acaso o sucesso de crítica da produção. Resenhas altamente elogiosas, como a da famosa Pauline Kael, eram exageradas, na visão pessoal de Brando.

Recentemente o filme voltou a criar polêmica quando o diretor Bernardo Bertolucci declarou que as cenas de sexo tinham sido reais e sem a prévia autorização da atriz Maria Schneider. Por isso muitos jornalistas chegaram até a acusar Bertolucci e Brando de terem promovido um estupro durante as filmagens. Não era verdade. Em seu livro Brando deixou claro que não houve sexo real nas cenas, que tudo havia sido apenas simulado, encenado. Ele nunca teve relações sexuais com a atriz. Assim a tese de que teria havido um estupro nunca fez o menor sentido. De sua parte Marlon Brando deixou claro que depois desse filme jamais iria se despir emocionalmente como fez. Era doloroso demais, relembrar os traumas do passado e tudo mais. Dali em diante o próprio Brando só aceitaria participar de filmes com scripts devidamente escritos, em roteiros mais tradicionais. A liberdade completa, pelo visto, não lhe fez muito bem.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 9

Logo no começo de sua carreira Brando conheceu a atriz Anna Kashfi. Ela era indiana e tinha ido até Hollywood em busca do sucesso no cinema americano. Kashfi tinha uma beleza exótica, bem diferente das loiras americanas. Brando sempre foi atraído por esse tipo de mulher e o fato dela ser muito independente, de forte personalidade, fez com que Marlon ficasse ainda mais caído por ela. Desde seus primeiros amores Marlon Brando sempre se interessou por mulheres de etnias diferentes da sua. Ele tinha intensa predileção por mulatas, negras e latinas. Também se interessava muito por taitianas. Assim em termos de visual Kashfi tinha tudo o que precisava para seduzir Brando. Apaixonado, o ator a pediu em namoro, mas ela, para sua completa surpresa, o recusou. Isso atiçou ainda mais o lado conquistador de Brando que estava decidido a conquistá-la de todas as formas. Depois de muitas recusas ela finalmente cedeu. Brando ficou completamente encantado a ponto de pensar pela primeira vez em sua vida no casamento. Sabendo que poderia ganhar o grande prêmio na capital mundial do cinema ela acabou manipulando o ator e em pouco tempo estavam casados.

Infelizmente a união passou longe de ser um casamento feliz. Marlon Brando não estava disposto a deixar suas inúmeras amantes. Nunca havia sido fiel em sua vida e não seria agora que as coisas mudariam. As traições viraram rotina. Brando estava sempre dando alguma desculpa para ficar longe de sua casa e se divertia a valer com as muitas mulheres (e dizem, homens) que frequentavam sua cama. Anna Kashfi ficou furiosa com seu comportamento. Mulher de gênio forte jamais iria aceitar esse tipo de humilhação pública (sim, Brando surgia com suas amantes em restaurantes e festas, na frente de todos, sem um pingo de arrependimento). Seu comportamento não iria dar em algo bom e realmente não deu.

Numa noite Brando chegou de madrugada em casa logo após uma noite de farras. Anna Kashfi o estava esperando na cozinha, fora de si, com uma faca na mão. Assim que Marlon entrou no recinto ela tentou lhe esfaquear. A agilidade salvou o ator da morte certa. Ele conseguiu se desviar no último segundo. Com a faca na mão Anna não desistiu e saiu correndo atrás de Brando que correu com toda a velocidade para a piscina. Agora imaginem a cena, o ator mais bem pago de Hollywood dando voltas em sua piscina com sua mulher enfurecida com uma faca na mão decidida a matá-lo! No outro dia empregados de Marlon e Anna abriram a boca e em pouco tempo o escândalo já tinha se tornado público e notório. O que ninguém sabia e nem Marlon é que Anna era bipolar, sofria de problemas mentais e em sua família várias mulheres tinham apresentado esse problema ao longo dos anos.

Depois disso Brando resolveu dar um basta, pediu divórcio e começou uma longa, custosa e penosa briga na justiça pela guarda do filho Christian Brando (anos depois seu filho seria condenado pela morte do marido da própria irmã e condenado, cumpriria uma longa pena de prisão por assassinato em primeiro grau). As custas judiciais pelo divórcio e pela guarda definitiva e exclusiva de seu único filho custaram muito a Brando. Ele gastou milhões com advogados e teve que conviver com o assédio implacável da imprensa. Para piorar a carreira começou a ir mal, a má publicidade nos jornais influenciou o público que deixou de ir conferir seus últimos filmes. De repente Brando via sua vida profissional e sentimental em frangalhos. Muito bem humorado o ator dizia que nada disso importava, o que mais lhe preocupava era o fato de estar ficando rapidamente careca! Pelo visto Brando jamais perdeu uma das coisas mais importantes de sua personalidade, o bom humor!

Pablo Aluísio.

Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 8

Hoje em dia as pessoas conhecem muito mais o filme "Uma Rua Chamada Pecado" do que propriamente a peça teatral que lhe deu origem. Escrita pelo genial autor Tennessee Williams, a obra ficou longos anos em cartaz nos mais concorridos teatros de Nova Iorque. Na primeira versão montada o próprio Marlon Brando interpretou o rude Stanley Kowalski. Se no filme a atriz escalada para viver Blanche DuBois foi Vivien Leigh (em ótima performance), no teatro coube a Jessica Tandy viver a complexa personagem.

Em sua autobiografia Brando deu sua opinião sobre as duas atrizes. Para ele Jessica Tandy nunca se mostrou adequada para interpretar Blanche. Brando relembra que nas apresentações da peça ela adotava uma maneira muito caricata de dar vida ao confuso mundo interior de Blanche. Isso criava até mesmo um humor involuntário que era péssimo para a montagem. Já Vivien Leigh se mostrava muito mais sutil, elegante até! Brando foi além e afirmou que em certos aspectos Vivien Leigh era Blanche, pois tinha uma vida tão complexa e confusa do ponto de vista mental e emocional quanto à sua personagem que interpretava nas telas.

Outro aspecto interessante confessado pelo ator em seu livro foi o fato de reconhecer que muitas vezes ficava entediado com as várias apresentações de teatro. Obviamente nem sempre seu personagem estava em cena e quando isso acontecia Brando ficava nos bastidores tentando matar o tempo. Como estava muito preocupado em sua forma física ficava o tempo todo levantando peso até a hora de entrar no palco novamente. Certo dia resolveu fazer algo diferente e começou a treinar boxe. Má ideia. Em pouco tempo Brando havia sido colocado à nocaute por um funcionário do teatro, um negão de quase dois metros de altura. O pior é que tudo aquilo aconteceu bem no meio da apresentação da peça!

Como o show não podia parar, Brando resolveu entrar no palco mesmo assim, ferido. Com a camisa encharcada de sangue ele entrou na sua deixa e assustou Jessica Tandy que estava no palco! Curiosamente quem acabou não notando nada de diferente foi o próprio público que pensou estar vendo todo aquele sangue como parte da cena. Depois de terminar suas falas Brando se retirou e foi direto para o hospital onde os médicos diagnosticaram a quebra de seu nariz em vários pontos. Esse incidente convenceu Brando que o teatro já não era mais sua praia. Ele queria mesmo era ir para Hollywood onde os cachês eram enormes e o trabalho bem mais leve. Assim logo após ter alta o ator fez sua malas, pediu demissão, fechou seu apartamento em Nova Iorque e foi embora para Los Angeles. Uma nova carreira estava começando para ele! Hollywood era o caminho.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 7

Desde os primeiros dias em Hollywood Marlon Brando sabia que a pior parte de ser um ator de cinema era ter que lidar com a imprensa da costa oeste. Marlon estava acostumado com os grandes órgãos de notícias de Nova Iorque, que eram sérios e tratavam de temas relevantes. Em Los Angeles a coisa era bem diferente.

O mundo das celebridades já estava a mil quando ele chegou por lá. Os principais nomes dos jornais que tratavam sobre cinema não eram de jornalistas consagrados, mas de senhoras que eram mais conhecidas por seus fuxicos e fofocas do que por qualquer outra coisa. Entre elas havia Hedda Hopper, ex-atriz que se destacava mais por publicar mexericos em sua coluna do que produzir algo que prestasse.

Brando achava aquilo de uma futilidade sem tamanho. Até porque ele queria ser um ator sério e não uma celebridade respondendo perguntas idiotas como se ele dormia nu, se gostava de beber ou se era tão namorador como diziam. O problema é que Brando tinha que dar entrevistas por obrigação contratual, como parte do esforço de divulgar seus novos filmes e assim lá ia ele se encontrar com essa gente que tanto desprezava. Geralmente Brando dava respostas absurdas nessas entrevistas maçantes. Quando perguntado por seus pais, Brando dizia: "Morreram no Titanic!". Onde havia nascido? "Em Kuala Lumpur". O que gostava de fazer nas horas vagas? "Plantar bananeira" e por aí vai.

Tão entediado e aborrecido ficava nesses momentos que a partir do momento em que virou um astro em Hollywood Brando disse a seu agente que retirasse de seus contratos toda e qualquer obrigação de ter que falar com a imprensa de Hollywood. Para Brando os seus filmes falavam por ele, tudo o que precisavam saber sobre Marlon Brando, o ator, estava em suas atuações. Nos anos que seguiram isso aumentou a fama de rebelde de Marlon Brando ao mesmo tempo em que o transformou em um alvo da imprensa. Qualquer deslize em sua vida pessoal era logo tratado como um grande escândalo pelas jornalistas fofoqueiras de Los Angeles. Havia um preço a se pagar ao não fazer o jogo daquela gente e Brando pagou muito bem esse preço.

Pablo Aluísio.