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sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Coringa: Delírio a Dois

Título no Brasil: Coringa: Delírio a Dois
Título Original: Joker: Folie à Deux
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Scott Silver, Todd Phillips
Elenco: Joaquin Phoenix, Lady Gaga, Brendan Gleeson

Sinopse:
Preso em um hospício para criminosos violentos, o infame asilo Arkham, o Coringa começa a ir para julgamento pela morte de cinco pessoas, inclusive de um apresentador sensacionalista de televisão. Só que ele está muito debilitado em sua saúde mental, tendo uma série de delírios em série. Nessa mente doentia não se consegue mais separar a realidade das alucinações que passa a sofrer. 

Comentários:
Esse filme sofreu uma série de críticas negativas desde que surgiu nos cinemas. A maioria do público também não gostou do que viu. Achei tudo isso muito injusto. O filme não é ruim, no meu ponto de vista. Pelo contrário, achei muito bom! O que as pessoas não entenderam é que tudo o que se vê na tela está sendo mostrado sob o ponto de vista subjetivo do personagem, do Coringa. Sua mente está deteriorada, claramente sofrendo de problemas de saúde mental. Por isso as coisas parecem meio surreais, sem nexo, sem racionalidade. Os números musicais entram nesse pacote de insanidade. Enquanto tenta sobreviver a um julgamento e a uma realidade terrível, preso em uma instituição psiquiátrica, a mente do Coringa vai tentando de alguma forma trazer algo feliz para seus pensamentos. Daí os números musicais, meros delírios de sua mente. O próprio termo delírio está no título do filme! Lamento que as pessoas não entenderam esse filme. Eu o considero muito bom mesmo, acima da média do que vemos atualmente nos cinemas. É um filme para se pensar e até mesmo ter compaixão do próprio Coringa, por mais estranho que isso possa vir a parecer. Um dos melhores filmes do ano! 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O Guarda

Título no Brasil: O Guarda
Título Original: The Guard
Ano de Lançamento: 2011
País: Reino Unido, Irlanda
Estúdio: Reprisal Films
Direção: John Michael McDonagh
Roteiro: John Michael McDonagh
Elenco: Brendan Gleeson, Don Cheadle, Mark Strong, Rory Keenan, Liam Cunningham, Fionnula Flanagan

Sinopse:
Gerry Boyle (Brendan Gleeson) é um policial de uma pequena cidadezinha perdida na Irlanda. Ele não tem muito o que fazer porque aquela é uma região mais do que pacata. Os crimes quase não existem. Tudo muda quando um agente do FBI chega no lugar. Ele acredita que por ali passa uma rota do crime organizado internacional especializado em tráfico de drogas. 

Comentários:
Filme dos mais simpáticos. Como era de se esperar o roteiro se desenvolve a partir do choque cultural entre um guardinha turrão e casca grossa de um vilarejo da Irlanda e um policial americano do FBI, um sujeito que sempre viveu nas grandes cidades. A diferença entre eles, inclusive racial (o tira americano é negro), logo fica evidente. O velho irlandês não está nem aí para as regras do politicamente correto e por isso sempre entra em choque com seu colega policial do outro lado do Atlântico. Esse filme confirma mais uma vez o talento e o carisma do ator Brendan Gleeson. Em seus filmes ele sempre chama a atenção por interpretar tipos comuns, pessoas com que o público possa se identificar. Seja padre, policial ou trabalhador comum da classe operária, ele sempre se destaca. E isso fica ainda mais interessante porque ele passa longe de ser o tipo ideal do astro de cinema. É obeso, já passou da idade e muitas vezes interpreta personagens bem rabugentos. Talvez por isso o público europeu goste tanto dele. E eu, claro, estou do lado deles. Acho Brendan Gleeson um ótimo ator. 

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de março de 2023

Os Banshees de Inisherin

Título no Brasil: Os Banshees de Inisherin
Título Original: The Banshees of Inisherin
Ano de Lançamento: 2022
País: Reino Unido, Estados Unidos
Estúdio: Searchlight Pictures
Direção: Martin McDonagh
Roteiro: Martin McDonagh
Elenco: Colin Farrell, Brendan Gleeson, Kerry Condon, Pat Shortt, Barry Keoghan, David Pearse

Sinopse:
Pádraic (Colin Farrell) e Colm Doherty (Brendan Gleeson) são amigos, dados como melhores amigos em uma pequena vilazinha localizada numa ilha da costa da Irlanda. Pádraic é leiteiro, homem simples, vive com seus animais em uma pequena propriedade rural. Doherty tem maiores pretensões intelectuais e artísticas, toca violino e sonha em escrever uma grande música antes de morrer. E de repente, a amizade deles acaba, o que vai mexer com a vida de praticamente todos os moradores daquela região. 

Comentários:
Mais um bom filme que foi esnobado pelo Oscar. Concorreu em várias categorias e saiu de mãos abanando. Provavelmente se fosse um filme mequetrefe seria premiado fartamente. Mas deixemos isso de lado. O verdadeiro valor desse roteiro vem da valorização dos sentimentos humanos. A historia se passa em uma pequena comunidade localizada em uma ilha na costa da Irlanda. Um lugar onde poucas pessoas moram. O leiteiro interpretado pelo ator Colin Farrell fica indignado depois que seu principal amigo na ilha deixa de falar com ele. Imagine, ter um amigo ali é importante. É uma comunidade rural, nem tem tantas pessoas assim para se fazer uma boa amizade. A amizade é um aspecto de muito valor. Estamos falando de cem anos atrás quando a história se passa. Então o filme desenvolve essa rejeição inexplicável que nasce entre uma amizade de longos anos, construída ao longo do tempo em conversas sem fim no pub da pequenina vila. Eu gostei de tudo nesse filme. Elenco excelente, roteiro humano e inteligente, com finos toques de humor negro. Em suma, um excelente filme dessa safra. E por ser bom demais, claro, não iria ganhar mesmo nenhum Oscar! Sinal dos novos tempos! 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

A Tragédia de Macbeth

Macbeth (Denzel Washington) sempre foi um cavaleiro leal ao seu rei. Durante a jornada de regresso de mais uma operação militar ele encontra na estrada com três velhas e estranhas bruxas que mais se parecem com corvos. Elas profetizam que ele será o próximo rei! Macbeth então fica com aquilo em sua mente. E as coisas pioram quando ele conta a tal profecia para sua esposa Lady Macbeth (Frances McDormand), uma mulher ambiciosa, fria e vil. A oportunidade surge quando o rei Duncan (Brendan Gleeson) chega para passar uma noite nos aposentos do castelo de Macbeth. Seu plano se torna bem sucedido. Ele se torna um regicida e pouco tempo depois assume o trono, mas a que preço? Cercado por inimigos por todos os lados, odiado pela nobreza, Macbeth vai se tornando cada vez mais sanguinário, paranoico e insano. Mais e mais mortes devem acontecer por todo o reino para que sua ganância de poder sem fim não seja interrompida.

Temos aqui mais uma adaptação da obra de William Shakespeare para o cinema. O que me causou estranheza foi saber que esse filme foi dirigido pelo Joel Coen. Não me entenda mal, considero ele um cineasta dos mais talentosos de sua geração, mas sinceramente não esperava vê-lo dirigindo nada envolvendo Shakespeare! Curiosamente deu certo, principalmente porque ele optou claramente por seguir os passos de Orson Welles. O seu filme é bem parecido com o clássico. Fotografia em preto e branco, cenários intimistas e fidelidade ao texto original da peça. Denzel Washington está ótimo no papel. Grande ator, aqui prova mais uma vez seu grande talento. Foi indicado ao Oscar por esse trabalho. Nessa fase de sua carreira nada poderia ter sido melhor.

A Tragédia de Macbeth (The Tragedy of Macbeth, Estados Unidos, 2021) Direção: Joel Coen / Roteiro: Joel Coen / Elenco: Denzel Washington, Frances McDormand, Brendan Gleeson, Alex Hassell / Sinopse: Adaptação para o cinema da obra de William Shakespeare. Na história um regicida começa a enlouquecer após subir ao trono. Inimigos e ameaças de morte estão por toda a parte. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Denzel Washington), melhor design de produção e melhor direção de fotografia (Bruno Delbonnel).

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de julho de 2020

Mr. Mercedes - Terceira Temporada

Mr. Mercedes - Terceira Temporada
Na primeira temporada o policial Bill Hodges (Brendan Gleeson) investigava o crime do Mr. Mercedes, um psicopata que havia matado uma série de desempregados numa feira de emprego. Um crime hediondo. Brady Hartsfield (Harry Treadaway) era o assassino. Um jovem, trabalhando numa empresa de assistência técnica de materiais de informática de sua cidade. No final da primeira temporada ele finalmente era descoberto. Alvejado, acabava em coma, vegetando em um hospital. E nessa segunda temporada tínhamos basicamente Brady acamado, em coma, mas conseguindo controlar a mente de outras pessoas. Coisas de Stephen King. No final dessa segunda temporada ele levava um tiro na cabeça dado por sua ex-colega de trabalho, Lou Linklatter (Breeda Wool). O motivo? Bradley havia esfaqueado Lou. Fim da linha para o assassino da Mercedes. Ponto final. Morte e cemitério. Agora começo a acompanhar a terceira temporada, algo que achava sinceramente que não iria existir, pela simples razão de que o assassino Bradley, um dos personagens principais, estava morto e enterrado. Mas eis que aqui estamos aqui para mais uma temporada. Vou escrevendo sobre os episódios conforme for assistindo, tudo periodicamente, aos poucos. 

Mr. Mercedes 3.01 - No Good Deed
Com Brady Hartsfield morto, a série precisava de um novo vilão. E ele é um ladrão, um assaltante, um arrombador de casa. Depois de entrar na casa de um famoso escritor do passado, agora idoso, ele e seu parceiro acabam percebendo que tudo deu errado. O escritor reage e é morto. O parceiro do crime também. Sem pensar duas vezes, ele pega o dinheiro, coloca numa mala e foge. Só que na fuga seu carro bate em um animal na floresta. O carro sai da pista e vira. O criminoso fica muito machucado, mas vivo. Acaba sendo encontrado agonizante na estrada e e é salvo por um homem que vinha passando em seu carro. Na outra linha narrativa Lou Linklatter vai a julgamento pelo assassinato de Brady Hartsfield. Essa é a parte do roteiro que mantém uma linha de ligação com as temporadas anteriores, porque afinal agora a série procura por outro foco. O velho detetive aposentado Bill Hodges (Brendan Gleeson) está lá para dar uma força a Lou, mas ela parece fadada a ser condenada, a cumprir uma pena longa de prisão. Foi assassinato a sangue frio, premeditado, sem chance de defesa. O roteiro porém também já abre brecha para que o velho Bill Hodges se envolva na morte do escritor, de que inclusive era muito admirador. E assim segue "Mr. Mercedes". Costei das mudanças e vou acompanhar mais essa temporada. / Mr. Mercedes 3.01 - No Good Deed (Estados Unidos, 2019) Direção: Jack Bender / Roteiro: David E. Kelley / Elenco: Brendan Gleeson, Jharrel Jerome, Justine Lupe.

Mr Mercedes 3.02 - Madness
Loucura, esse é o nome original desse episódio de Mr. Mercedes. Faz todo o sentido. O juiz do caso envolvendo Lou Linklatter é um sujeito pernóstico, que está pouco ligando para a justiça. Ele apenas não quer ficar ruim na foto, por isso decide não decidir. Ao invés de levar o caso dela para julgamento ele toma uma decisão um tanto sem sentido. Afirma que ela precisa passar por um exame de sanidade mental. Que ficará em uma manicômio judicial enquanto isso não for resolvido. Lava as mãos e manda Lou para uma instituição psiquiátrica, onde são presos loucos violentos, que cometeram crimes. Claro, um absurdo completo. Na outra linha narrativa o assassino do famoso escritor sai em busca do dinheiro que foi roubado do carro onde ele capotou, bem no meio da floresta. O dinheiro foi levado por um jovem que mora ali perto, numa casa próxima. Os problemas para ele, pelo visto, estão apenas começando. / Mr Mercedes 3.02 - Madness (Estados Unidos, 2019) Direção: Jack Bender / Roteiro: David E. Kelley / Elenco: Brendan Gleeson, Jharrel Jerome, Justine Lupe.

Mr Mercedes 3.03 - Lost Love 
Amor perdido, é o nome desse episódio. Muito justo. Bill Hodges descobre que Alma Lane teve um caso amoroso com o escritor que foi assassinado. Agora ambos curtem sua fossa em um velho pub cheio de irlandeses. E há outro amor perdido. A jovem namorada do assaltante vai tomar satisfações com a mulher mais velha com quem ele tem um caso desde os 13 anos. O resultado desse encontro, desse acerto de contas? A garota termina dentro de um freezer, morta, após levar uma machadinha na cabeça. Por fim Lou passa no teste de insanidade, mesmo alegando ver Brady por todos os cantos. Vai entender... / Mr Mercedes 3.03 - Lost Love (Estados Unidos, 2019) Direção: Jack Bender / Roteiro: David E. Kelley / Elenco: Brendan Gleeson, Jharrel Jerome, Justine Lupe. 

Mr Mercedes 3.04 - Trial and Terror
Todo mundo sabe que Brady merecia morrer, mas será que esse tipo de pensamento vai bastar para livrar Lou de uma pesada pena? Pois é, ela paga pra ver. Recusa qualquer tipo de acordo e vai em frente, batendo o pé, dizendo que quer seu julgamento. Claro, é um jogo perigoso, uma roleta russa. Tanto ela pode ser inocentada, como também pegar pena de morte. E o julgamento começa justamente nesse episódio com a promotoria e a defesa fazendo suas considerações iniciais. Quem vai vencer? Bom, isso só se saberá nos próximos episódios. Penso que a série a partir desse episódio vai se concentrar cada vez mais nisso, no tribunal. / Mr Mercedes 3.04 - Trial and Terror (Estados Unidos, 2019) Direção: Jack Bender / Roteiro: David E. Kelley / Elenco: Brendan Gleeson, Jharrel Jerome, Justine Lupe. 

Mr Mercedes 3.05 - Great Balls of Fire
Começa o julgamento de Lou Linklatter. E o primeiro a ser chamado como testemunha é justamente o detetive Bill Hodges. A promotoria tenta desestabilizar sua reputação, o mostrando para o júri como um homem que apóia a justiça pelas próprias mãos. Que Lou agiu bem matando Brady em pleno tribunal, crime pelo qual agora ela está sendo julgada. E o mais curioso de tudo é que Bill Hodges começa a interagir com o escritor falecido John Rothstein, o que rende ótimos diálogos, bem espirituosos. Em um deles o escritor diz para Bill que Satã na verdade nunca existiu, assim como Deus. Seria apenas invenções humanas. E que para o ser humano não haveria saída nenhuma, apenas aquela encontrada em seu ser interior. / Mr Mercedes 3.05 - Great Balls of Fire (Estados Unidos, 201 ) Direção: Laura Innes / Roteiro: David E. Kelley / Elenco: Brendan Gleeson, Jharrel Jerome, Justine Lupe. 

Mr Mercedes 3.06 - Bad to Worse  
Dia de testemunhas no julgamento da Lou. A Holly deu um surto antes de ir ao tribunal. Tem um ataque de Pânico, fica com movimentos de autista, sentada no chão, cantando uma música só pra ela. Para surpresa de todos ela se recupera e vai muito bem em seu dia no tribunal. Faz um depoimento consistente e forte, muito bom na avaliação do seu advogado. Na outra linha narrativa aquela dupla formada pelo assassino do escritor e sua amante tenta intimidar o rapaz que ficou com os manuscritos e o dinheiro. A coisa não sai muito bem como planejado e o criminoso acaba levando um tiro na perna. A coisa toda pula para um outro nível, bem mais perigoso e... mortal! / Mr Mercedes 3.06 Mr Mercedes 3.06 - Bad to Worse (Estados Unidos, 2019) Direção: Jack Bender / Roteiro: David E. Kelley / Elenco: Brendan Gleeson, Jharrel Jerome, Justine Lupe. 

Mr Mercedes 3.07 - The End of the Beginning
Chega ao final o julgamento de Lou Linklatter. Ela é sentenciada a 15 anos de prisão, mas o juiz suspende o cumprimento da pena por ter sido uma condenação de homícidio culposo. Assim ela fica livre de ir para uma prisão de segurança máxima. Já o livreiro que estava comprando os manuscritos do escritor assassinado se dá muito mal. Alma Lane vai atrás dele em busca de informações e numa sessão de tortura arranca primeiro seus dedos. Depois o mata com uma picareta na cabeça. Uma morte bem feia. Agora ela sabe que o garoto realmente pegou os manuscritos e o dinheiro do carro acidentado. Ele é o próximo alvo do casal de criminosos. Salve-se quem puder! / Mr Mercedes 3.07 - The End of the Beginning (Estados Unidos, 2019) Direção: Jack Bender / Roteiro: Stephen King, David E. Kelley / Elenco: Brendan Gleeson, Jharrel Jerome, Justine Lupe. 

Mr Mercedes 3.08 - Mommy Deadest 
Como recuperar de vez os manuscritos do escritor que foi assassinado? Esses textos valem milhões pois foram os últimos escritos dele. Bem, na mente criminosa tudo se resolve em violência, sequestro e chantagem. Assim o assassino e sua velha amante resolvem sequestrar e torturar a mãe do jovem que encontrou os textos roubados e o dinheiro no carro acidentado. Assim colocam a escolha sobre à mesa, com uma arma na mão. Ou o jovem entrega o que eles querem ou então vão matar sua mãe, sem dó e nem piedade! / Mr Mercedes 3.08 - Mommy Deadest (Estados Unidos, 2019) Direção: Michael J. Leone / Roteiro: David E. Kelley / Elenco: Brendan Gleeson, Jharrel Jerome, Justine Lupe. 

Mr Mercedes 3.09 - Crunch Time
Eu nunca tinha visto antes criminosos, assassinos, que eram grandes fãs de literatura. Mas é o caso aqui. Os dois sequestram a mãe do rapaz que encontrou os manuscritos do escritor que foi assassinado. E eles querem esses textos, acima de tudo. Caso não lhe sejam entregues, então a coisa toda vai ficar feia. Eles vão matar a mãe do jovem. Porém as coisas fogem do controle. Ele é apunhalado pela comparsa com uma picareta. E quando ela dá as costas ele enfia em seu tórax uma grande barra de metal. Sim, um tremendo banho de sangue. E a mãe que está sequestrada assiste tudo, em completo pânico. Não é fácil, no mundo do crime é lobo matando lobo, sem dó e nem piedade! / Mr Mercedes 3.09 - Crunch Time (Estados Unidos, 2019) Direção: Jack Bender / Roteiro: David E. Kelley / Elenco: Brendan Gleeson, Jharrel Jerome, Justine Lupe. 

Mr. Mercedes 3.10 - Burning Man
A série chega ao final da terceira temporada. Aliás é o final da série pois ela foi cancelada justamente com a conclusão dessa terceira temporada. E como termina "Mr. Mercedes"? Ora, com a solução do caso do criminoso que mantém como refém a mãe do garoto que encontrou os manuscritos do famoso escritor. E quem esperava tanto saber o fim daquela história tudo termina em chamas. O tal Burning Man (homem em chamas) do título original do episódio é justamente isso, o sequestrador que acaba sua vida sendo consumido pelo fogo, enquanto tenta ler os textos (que está também sendo consumindo pelas chamas). Um bom episódio que vem para colocar um ponto final dessa boa série que teve seus altos e baixos, mas que no final conseguiu manter meu interesse do primeiro ao último episódio. / Mr. Mercedes 3.10 - Burning Man (Estados Unidos, 2019) Direção: Jack Bender / Roteiro: David E. Kelley / Elenco: Bill Hodges, Jerome Robinson, Holly Gibney.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

A Balada de Buster Scruggs

Fazia bastante tempo que não tinha assistido a um filme tão bom dos irmãos Coen. Livre das amarras comerciais dos grandes estúdios eles produziram essa pequena obra prima para o Netflix. É um faroeste, mas um do tipo nada convencional. São pequenas historietas passadas no velho oeste, com personagens e situações mais do que interessantes. É curioso porque esse tipo de roteiro, com várias histórias curtas, foi muito utilizado no gênero terror durante os anos 60 e 70. Agora os Coen trazem esse modelo de volta e com resultados excelentes. Imagine-se lendo um livro com muitos contos de faroeste. Basicamente essa é a ideia central do filme. Não vá desanimar ou torcer o nariz logo na primeira historieta. Essa é uma sátira bem exagerada em cima dos chamados cantores cowboys dos filmes antigos. Aqui temos um protagonista bom de mira e bem falastrão que entre um duelo e outro canta uma canção no velho estilo. Muita gente vai pensar que todo o filme segue esse caminho, mas não. Como eu disse os contos são independentes entre si e por isso há uma certa irregularidade entre eles. Esse primeiro, apesar de sua inegável auto paródia com o passado, é o mais fraco deles. Depois o filme só melhora.

O estrelado por Liam Neeson tem uma melancolia e um desfecho que muitos vão considerar cruel - e é cruel mesmo. O ator interpreta um empresário mambembe que chega com sua carroça nos lugares mais distantes. Sua maior atração é um ator sem braços e sem pernas que declama textos com a maior convicção. Neeson não diz uma palavra durante o filme inteiro, apenas observa, muitas vezes com olhar frio e cruel. E quando encontra uma galinha que acerta operações de matemática... bem, assista para crer - é um final terrível. Misto de humor negro com devassidão do pior que a alma humana pode fazer. Os outros contos ficam na média. Dentre eles gostei bastante da caravana, onde uma jovem mulher fica viúva no meio da jornada. Outra historieta do velho oeste com final de cortar coração. James Franco também ruge como um azarado pistoleiro que pula de forca em forca até encontrar seu destino final. Enfim, é um menu para todos os gostos. Os irmãos Coen revitalizam, homenageiam e satirizam, tudo ao mesmo tempo, o mais americano de todos os gêneros cinemaográficos, o western. O resultado ficou saboroso.

A Balada de Buster Scruggs (The Ballad of Buster Scruggs, Estados Unidos, 2018) Direção: Ethan Coen, Joel Coen / Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen / Elenco: Liam Neeson, James Franco, Tim Blake Nelson, Willie Watson, Clancy Brown, Austin Rising, Tom Waits, Brendan Gleeson  / Sinopse: O filme apresenta vários contos passados no velho oeste intitulados "The Ballad of Buster Scruggs", "Near Algodones", "Meal Ticket", "All Gold Canyon", "The Gal Who Got Rattled" e "The Mortal Remains".

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Mr. Mercedes - Segunda Temporada

Essa é uma nova série baseada na obra de Stephen King. Mostra a rivalidade entre um psicopata e um velho policial, que agora aposentado, passa a ser incomodado pelo criminoso que não conseguiu colocar atrás das grades. A primeira cena da série vai chocar um pouco os espectadores mais sensíveis pois mostra o psicótico jogando um carro da marca Mercedes (daí o título) em cima de um grupo de desempregados que madrugava numa fila em busca do tão sonhado emprego. Jovens, mulheres e até um bebê são mortos. Um ato bárbaro de covardia. A polícia cola no caso, mas não consegue muitos avanços. Com isso o assassino acaba ficando solto e impune.

Os anos passam e o investigador Bill Hodges (Brendan Gleeson) está agora aposentado, sem ter nada o que fazer. Para passar as horas ouve seus antigos discos de vinil e alimenta sua tartaruga que vive em seu jardim. E então no meio do tédio ele acaba recebendo um Email, na verdade um vídeo em tom de provocação enviado pelo psicopata. A partir daí o velho tira volta para pegar o desgraçado de uma vez por todas. No geral é uma boa série, valorizada pelo bom elenco. O irlandês Brendan Gleeson é um veterano, um bom ator que nunca teve o reconhecimento devido. O criminoso é interpretado por Harry Treadaway, que os fãs de séries conhecem muito bem. Ele atuou em "Penny Dreadful" onde interpretava um Dr. Victor Frankenstein jovem e em crise com suas criações monstruosas. Essa primeira temporada conta com 10 episódios (haverá outra?) e pelo que vi, gostei. Some-se a isso o fato de ter o nome de Stephen King nos créditos, algo que é sempre um motivo a mais para se conferir.

Mr. Mercedes (Estados Unidos, 2017) Direção: Jack Bender, John David Coles, Kevin Hooks / Roteiro: David E. Kelley, Stephen King, Sophie Owens-Bender / Elenco: Brendan Gleeson, Harry Treadaway, Jharrel Jerome / Sinopse: Policial aposentado resolve investigar por conta própria um velho caso arquivado envolvendo a morte de um grupo de desempregados, atropelados por um carro dirigido por um desconhecido, anos atrás. Agora ele pretende descobrir a identidade do criminoso para jogá-lo atrás das grades de uma vez por todas.

Mr. Mercedes - Segunda Temporada:

Mr. Mercedes 2.01 - Missed You
Em determinado momento pensei que a série "Mr. Mercedes" iria morrer no final da primeira temporada. Apesar de ser baseado na obra do muito popular Stephen King, essa série tinha uma proposta mais psicológica, um duelo em nível mental entre um serial killer jovem e uma velho policial aposentado, corroído internamente por não ter solucionado um caso de atropelamento coletivo de uma fila de desempregados. Só que para minha surpresa a série fez sucesso nos Estados Unidos e já tem confirmada a produção de sua terceira temporada! Aqui começa a segunda, justamente nesse episódio chamado "Missed You" (algo como "senti saudades de você", veja que ironia!). O psicótico Brady Hartsfield (em ótimo desempenho do ator Harry Treadaway) está em coma, inválido numa cama de hospital. Tudo leva a crer que ele terá dois caminhos em breve: ou virar um vegetal ou então morrer. É quando um médico usando uma droga experimental decide aplicar uma alta dose nele. Afinal é um criminoso, um assassino em série, se morrer ninguém vai lamentar. Claro que dá certo! Afinal a série tem que continuar e sem seu vilão principal isso não iria acontecer. E o velho tira Bill Hodges (Brendan Gleeson)? Ele está lamentando a morte de um amigo, um policial veterano que sofre um ataque fulminante do coração. Algo que lhe traz a consciência de sua própria mortalidade! E para abrandar os dissabores da vida nada como um velho vinil tocando na sala de estar. / Mr. Mercedes 2.01 - Missed You (Estados Unidos, 2018) Estúdio: David E. Kelley Productions / Direção: Jack Bender / Roteiro: Mike Batistick, David E. Kelley / Elenco: Brendan Gleeson, Harry Treadaway, Jack Huston, Scott Lawrence, Justine Lupe, Tessa Ferrer.

Mr. Mercedes 2.03 - Let´s Go Roaming
O assassino Brady Hartsfield (Harry Treadaway) ainda está em coma no começo dos episódio, mas aos poucos vai recobrando a consciência. Em um lampejo ou outro de lucidez ele consegue até mesmo um feito único, controlar a mente da enfermeira que o atende. Seria fruto da poderosa droga experimental que estaria sendo usado nele? Tudo leva a crer que sim. Particularmente não gostei muito dessa parte do roteiro, me soando forçada e inverossímil demais para se levar à sério. Ás vezes Stephen King passa dos limites, vamos admitir! Na outra ponta narrativa o policial aposentado Bill Hodges (Brendan Gleeson) vai levando a vida em frente. Ele arruma um emprego. Nada muito digno. Na maior parte do tempo ele sai recuperando bens não pagos (como o carro de uma mãe solteira em dificuldades financeiras) ou então correndo atrás de pais que se negam a pagar a pensão dos filhos. Uma gente vergonhosa em um emprego meio vergonhoso também. Tudo até que Brady finalmente consiga levantar da sua cama (travestido em túmulo) para causar novas mortes em que cruzar seu caminho novamente. / Mr. Mercedes 2.03 - Let´s Go Roaming (Estados Unidos, 2018) Direção: Jack Bender / Roteiro: Mike Batistick, David E. Kelley / Elenco: Brendan Gleeson, Harry Treadaway, Jack Huston, Jharrel Jerome, Justine Lupe, Breeda Wool.

Mr. Mercedes 2.06 - Proximity
O policial aposentado Bill Hodges (Brendan Gleeson) aceita a oferta do médico para servir de, digamos, isca para Brady Hartsfield (Harry Treadaway). Sua simples presença já desperta alguma reação dele, mesmo estando em coma profundo. Só que uma vez tira, sempre tira. Em pouco tempo Bill descobre que o médico e sua esposa tem ligações com a indústria farmacéutica chinesa. Eles estava testando uma nova droga em pacientes com coma. As pesquisas porém revelaram um efeito colateral surpreendente. De alguma forma os pacientes conseguiam forjar uma ligação mental com pessoas ao redor, em alguns casos mais extremos até mesmo conseguiam o controle da mente delas. Algo que Bill já vinha desconfiando há tempos, uma vez que um velho zelador do hospital estava apresentando um comportamento completamente fora do comum. Em suma, mais um bom episódio dessa série que foi criada a partir da adaptação de um livro do mestre Stephen King! / Mr. Mercedes 2.06 - Proximity (Estados Unidos, 2018) Direção: Laura Innes / Roteiro:  Mike Batistick, Alexis Deane / Elenco: Brendan Gleeson, Harry Treadaway, Jack Huston .

Mr. Mercedes 2.07 - Fell On Black Days
O interessante dessa série nessa segunda temporada é que ela nos traz uma situação básica, onde o tira aposentado Bill fica na cola do psicopata Brad, mesmo ele estando prostrado numa cama de hospital. Engana-se porém quem acha que isso no fundo deixaria um enorme tédio no espectador. Longe disso. Entramos na mente de Brad, entendemos suas motivações e acompanhamos até mesmo as pessoas que são sob seu controle mental. Aqui o velho zelador, sob domínio de Brad, decide ir até a casa de Bill. Entra nela e o apunhala pelas costas. Um desfecho bem violento que ja vinha sendo arquitetado há tempos pelo modo de pensar doentio de Brad. Na outra linha narrativa o médico tenta de todas as formas despertar alguma reação em Brad. Para isso ele tenta levar ao hospital uma antiga companheira de trabalho dele. O problema é que ela não parece topar a situação. Nada fora do comum, uma vez que ela foi atacada por Brad antes dele entrar em coma. Uma situação mais do que delicada! / Mr. Mercedes 2.07 - Fell On Black Days (Estados Unidos, 2018) Direção: Jack Bender / Roteiro: Mike Batistick, David E. Kelley/ Elenco: Brendan Gleeson, Harry Treadaway, Jack Huston.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Sozinho em Berlim

Título no Brasil: Sozinho em Berlim
Título Original: Alone in Berlin
Ano de Produção: 2016
País: Inglaterra, França, Alemanha
Estúdio: IFC Films
Direção: Vincent Perez
Roteiro: Achim von Borries, Vincent Perez
Elenco: Emma Thompson, Daniel Brühl, Brendan Gleeson, Mikael Persbrandt
  
Sinopse:
Baseado numa história real o filme conta o que aconteceu com o casal alemão Quangel em Berlim durante a II Guerra Mundial. No campo de batalha morre o único filho de     
Otto (Brendan Gleeson) e Anna Quangel (Emma Thompson). Eles ficam devastados quando recebem a notícia. E o mais doloroso de tudo é saber que o jovem morreu por causa de uma ideologia mentirosa e falsa, que estava enganando todo o povo da Alemanha. Como eles poderiam resistir ao Nazismo naquele momento tão conturbado? Eles resolvem então espalhar por toda a cidade cartões com mensagens contra o regime. Uma oposição feita nas sombras e com coragem.

Comentários:
Esse filme foi indicado ao Urso de Ouro no último Berlin International Film Festival. É uma história muito interessante, mas pouco conhecida, de um casal que procurou resistir ao Nazismo dentro da própria Alemanha, diante de um dos regimes mais duros e opressivos que já se conheceu. Após o filho morrer servindo ao III Reich, marido e esposa resolvem distribuir cartões de oposição ao Nazismo pelas ruas, prédios e casas. Tudo feito de maneira sutil e nas sombras. Não havia imprensa livre e era impossível criticar os absurdos do regime de Hitler. Qualquer manifestação contrária ao seu regime era considerado um crime de alta traição punido com a morte. Assim Otto e sua mulher Anna fazem o que era possível diante daquele sistema. Eles escrevem pequenos cartões com mensagens contra Hitler e o Nazismo. Depois os distribuíam em lugares públicos, sem que ninguém os vissem. Os cartões obviamente logo chegaram nas mãos das autoridades e assim começa imediatamente uma verdadeira caça aos subversivos ao pensamento nazista. O filme se desenrola durante esse período. Otto, um trabalhador comum, um homem do povo, lutando com as armas que tinha em mãos contra a dominação brutal de Hitler e seus seguidores.

Essa história tem nuances bem importantes, que mostra nitidamente a importância de certos valores democráticos como a livre imprensa, o direito de opinião e a necessária existência de uma oposição política. Nada disso existia durante o regime nazista alemão, demonstrando o quanto pode ser desastroso um sistema onde não existem barreiras democráticas para barrar os abusos e ilegalidades dos que estão no poder. Outro aspecto interessante é desvendar como mesmo dentro das entranhas do poder nazista havia arbitrariedades, como no caso mostrado no filme de um investigador policial inteligente e profissional que era completamente subjugado pelos violentos membros da famigerada SS. A estupidez se impondo pela força contra a inteligência e a racionalidade dedutiva do trabalho de investigação. Outro ponto importante desse filme é demonstrar que havia sim um pensamento de oposição dentro da própria sociedade alemã, mesmo que ele fosse violentamente suprimido pela truculência nazista. Em suma, um bom filme que resgata mais uma história de coragem durante a Guerra. Uma história aliás que deveria ser bem mais conhecida nos dias de hoje.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Calvário

Título no Brasil: Calvário
Título Original: Calvary
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, Irlanda
Estúdio: Reprisal Films, Octagon Films
Direção: John Michael McDonagh
Roteiro: John Michael McDonagh
Elenco: Brendan Gleeson, Chris O'Dowd, Kelly Reilly
  
Sinopse:
Após se tornar viúvo, James Lavelle (Brendan Gleeson) decide seguir uma velha vocação e se torna Padre. Depois de ordenado é enviado para um pequeno vilarejo na costa da Irlanda. Sua missão evangelizadora não se torna nada fácil naquele lugar. As pessoas da região não estão mais dispostas a serem religiosas e alguns o tratam até mesmo com hostilidade. Mesmo assim o velho Padre James segue em frente com todas as dificuldades. As coisas porém saem do controle quando, em uma confissão, um homem lhe avisa que irá matá-lo em uma semana pois teria sido vítima de abuso quando era uma criança. O autor do crime teria sido um Padre. Agora ele deseja se vingar da Igreja, matando o Padre James, mesmo que ele nada tenha a ver com o que aconteceu no passado. Filme vencedor de diversos prêmios entre eles o Berlin International Film Festival, British Independent Film Awards, European Film Awards e ASCAP Film and Television Music Awards.

Comentários:
Grande filme. Seu roteiro toca em muitas questões importantes. A mais relevante delas é a crise de fé que vive a Europa nos tempos atuais. O roteiro acompanha os esforços, muitas vezes em vão, desse sacerdote católico em reviver a crença dos moradores de uma pequena vila na Irlanda (um dos países europeus mais tradicionais na fé católica). Seu rebanho é desanimador. Poucos ainda cultivam a fé e muitos levam uma vida desregrada, sem o menor sinal de arrependimento por isso. Há uma esposa que trai o marido ostensivamente e se orgulha disso, um médico ateu sempre pronto a zombar das crenças do Padre James e um sujeito perturbado, que deseja se matar por não encontrar mais nenhuma razão para continuar em frente com sua vida. Há ainda um rico financista que mora na cidade que está disposto a ajudar a Igreja, doando bastante dinheiro para a paróquia. Ele porém é um ser espiritualmente vazio, que pouco se importa com o caráter ilegal de seus atos no mercado financeiro. Como se tudo isso não fosse ruim o bastante, o Padre ainda precisa lidar com um sujeito que o ameaça constantemente e que deseja matá-lo em uma semana. 

O roteiro assim mostra justamente os sete dias dessa semana que antecede o encontro do Padre com o sujeito que o está ameaçando de morte. O que há por baixo de todo esse enredo é um retrato realmente devastador da falta de fé de certas regiões da Europa atualmente. Como se sabe a fé cristã passa por um momento delicado naquele continente, principalmente por causa do avanço do ateísmo entre a população mais jovem. Assim se torna cada vez mais complicado levar uma missão de fé e evangelização em lugares onde a palavra do Cristo já não é mais tão aceita e acolhida como antigamente. O próprio Padre James (interpretado de forma maravilhosa pelo ator veterano Brendan Gleeson) também em certo momento já não parece mais tão disposto em lutar contra toda essa situação. O cinismo e a falta de respeito dominante com que suas pregações são recebidas começam a minar sua força de vontade e energia. Até mesmo quando dá a extrema-unção a um homem que está prestes a morrer ele vira alvo de piadas do médico ateu e sarcástico que trabalha no hospital local. Uma lástima completa. Em suma, um belo retrato, embora triste, da questão religiosa nos tempos em que vivemos. Para assistir e refletir depois sobre toda essa situação desanimadora.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Calvário

Título no Brasil: Calvário
Título Original: Calvary
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, Irlanda
Estúdio: Reprisal Films, Octagon Films
Direção: John Michael McDonagh
Roteiro: John Michael McDonagh
Elenco: Brendan Gleeson, Chris O'Dowd, Kelly Reilly
  
Sinopse:
Após se tornar viúvo, James Lavelle (Brendan Gleeson) decide seguir uma velha vocação e se torna Padre. Depois de ordenado é enviado para um pequeno vilarejo na costa da Irlanda. Sua missão evangelizadora não se torna nada fácil naquele lugar. As pessoas da região não estão mais dispostas a serem religiosas e alguns o tratam até mesmo com hostilidade. Mesmo assim o velho Padre James segue em frente com todas as dificuldades. As coisas porém saem do controle quando, em uma confissão, um homem lhe avisa que irá matá-lo em uma semana pois teria sido vítima de abuso quando era uma criança. O autor do crime teria sido um Padre. Agora ele deseja se vingar da Igreja, matando o Padre James, mesmo que ele nada tenha a ver com o que aconteceu no passado. Filme vencedor de diversos prêmios entre eles o Berlin International Film Festival, British Independent Film Awards, European Film Awards e ASCAP Film and Television Music Awards.

Comentários:
Grande filme. Seu roteiro toca em muitas questões importantes. A mais relevante delas é a crise de fé que vive a Europa nos tempos atuais. O roteiro acompanha os esforços, muitas vezes em vão, desse sacerdote católico em reviver a crença dos moradores de uma pequena vila na Irlanda (um dos países europeus mais tradicionais na fé católica). Seu rebanho é desanimador. Poucos ainda cultivam a fé e muitos levam uma vida desregrada, sem o menor sinal de arrependimento por isso. Há uma esposa que trai o marido ostensivamente e se orgulha disso, um médico ateu sempre pronto a zombar das crenças do Padre James e um sujeito perturbado, que deseja se matar por não encontrar mais nenhuma razão para continuar em frente com sua vida. Há ainda um rico financista que mora na cidade que está disposto a ajudar a Igreja, doando bastante dinheiro para a paróquia. Ele porém é um ser espiritualmente vazio, que pouco se importa com o caráter ilegal de seus atos no mercado financeiro. Como se tudo isso não fosse ruim o bastante, o Padre ainda precisa lidar com um sujeito que o ameaça constantemente e que deseja matá-lo em uma semana. 

O roteiro assim mostra justamente os sete dias dessa semana que antecede o encontro do Padre com o sujeito que o está ameaçando de morte. O que há por baixo de todo esse enredo é um retrato realmente devastador da falta de fé de certas regiões da Europa atualmente. Como se sabe a fé cristã passa por um momento delicado naquele continente, principalmente por causa do avanço do ateísmo entre a população mais jovem. Assim se torna cada vez mais complicado levar uma missão de fé e evangelização em lugares onde a palavra do Cristo já não é mais tão aceita e acolhida como antigamente. O próprio Padre James (interpretado de forma maravilhosa pelo ator veterano Brendan Gleeson) também em certo momento já não parece mais tão disposto em lutar contra toda essa situação. O cinismo e a falta de respeito dominante com que suas pregações são recebidas começam a minar sua força de vontade e energia. Até mesmo quando dá a extrema-unção a um homem que está prestes a morrer ele vira alvo de piadas do médico ateu e sarcástico que trabalha no hospital local. Uma lástima completa. Em suma, um belo retrato, embora triste, da questão religiosa nos tempos em que vivemos. Para assistir e refletir depois sobre toda essa situação desanimadora.

Pablo Aluísio.