sexta-feira, 11 de março de 2011

Papa Alexandre VI

Quando o Brasil foi descoberto o Papa era Alexandre VI. Seu nome real era Rodrigo Bórgia e ele certamente foi um Papa diferente. Além de não ser italiano, o que era comum na época, Bórgia não provinha de uma tradicional e rica família da nobreza europeia. Sua origem plebeia porém  mudou completamente quando seu próprio tio foi eleito Papa em 1455. Calisto III abriu as portas do Vaticano para o sobrinho e ele certamente aproveitou todas as oportunidades provenientes desse parentesco.

Seu tio o transformou em cardeal e Rodrigo começou a jogar a intensa política que havia dentro dos muros do Vaticano. Durante vários papados ele exerceu postos de influência, notadamente nos cargos diplomáticos. Sempre foi uma figura central dentro da Cúria, mas não tinha prestígio e nem riqueza para se tornar um Papa. Quando tinha 60 anos de idade resolveu que iria se candidatar ao pontificado. Com a morte do Papa Inocêncio VIII ele surgiu como um possível sucessor.

Sua eleição foi marcada por acusações. Rodrigo Bórgio disputou contra Ascanio Sforza, filho de uma rica e tradicional família, considerado o favorito. Para surpresa de muitos ele foi vencido. Na visão de historiadores renomados o cardeal Rodrigo simplesmente comprou o voto dos cardeais para se tornar Papa. De uma forma ou outra em agosto de 1492 Rodrigo Bórgia se tornou o Papa Alexandre VI. Seu Papado foi um dos mais problemáticos da história, com inúmeras acusações de corrupção. Para se ter uma ideia de sua forma de administrar a Igreja, Rodrigo Bórgia, pouco tempo depois de se tornar Papa, elegeu seu próprio filho de apenas 16 anos, César Bórgia, como cardeal. Foi um escândalo sem precedentes, não apenas por causa do descarado nepotismo, mas também pelo fato do Papa ter filhos e filhas, além de inúmeras amantes!

César Bórgia era um sujeito inescrupuloso, conhecido por ser assassino e cruel. A Igreja Católica nunca antes tivera uma dinastia tão corrupta no poder. Mesmo assim Bórgia continuou seu reinado de corrupção e sombras. Na política ele foi peça central nas principais monarquias da Europa, sempre envolvido em conspirações para que subissem ao trono os monarcas de sua preferência. Também foi peça central na elaboração do Tratado de Tordesilhas, que iria definir as fronteiras nas nova terras conquistadas na América. Foi a partir desse Tratado histórico que as fronteiras do Brasil começaram a ser definidas (influenciando decisivamente o mapa atual de nosso país). Espanhol de nascimento o Papa decidiu que o novo mundo seria dividido entre Portugal e Espanha, as duas potências navais da época. As terras a oeste seriam da coroa espanhola e as terras a leste seriam de Portugal. Uma linha foi traçada e ela iria determinar os novos domínios das coroas dessas nações.

Em 1503, aos 72 anos de idade, o Papa morreu. Para muitos ele foi envenenado, com acusações de que seu próprio filho César teria sido o autor do crime. O legado histórico de Alexandre VI foi dos piores. Muitos crimes e casos de corrupção foram revelados após sua morte, colocando luz sob um dos Papados mais corruptos da história. Rodrigo Bórgia foi certamente um Papa que manchou a história da Igreja, se tornando símbolo de uma era que séculos depois seria conhecida como a "Era das grandes prostitutas", uma referência nada lisonjeira aos Papas que reinaram nesses tempos obscuros. Por ter sido um Papa tão condenável em atos e atitudes, Alexandre VI acabou sendo objeto de inúmeros livros, filmes e séries ao longo da história, onde basicamente surge como um Papa vilanesco, cruel e corrupto. Uma imagem não muito distante do que realmente foi em vida.

Pablo Aluísio.

Um comentário: