sexta-feira, 5 de junho de 2015

McFarland dos EUA

Título no Brasil: McFarland dos EUA
Título Original: McFarland, USA
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: Niki Caro
Roteiro: Christopher Cleveland
Elenco: Kevin Costner, Maria Bello, Ramiro Rodriguez
  
Sinopse:
Jim White (Kevin Costner) é um treinador de futebol americano que acaba sendo demitido de seu emprego após jogar um capacete em um aluno indisciplinado de seu time. Por acidente o equipamento acaba ferindo o rosto do rapaz e White acaba mesmo indo para o olho da rua. Sem opções de empregos melhores ele acaba aceitando um trabalho numa cidadezinha pobre da Califórnia chamada McFarland, um lugar com forte presença de imigrantes mexicanos na população. Lá começa a dar aulas de educação física e percebe que há muito potencial em determinados alunos que vão todos os dias para a escola correndo pelos campos da região. Em pouco tempo ele então resolve criar uma equipe de cross country com sete dos melhores corredores da escola. O que começa como um projeto sem grandes ambições toma um rumo inesperado quando a cidade inteira se mobiliza para apoiar e torcer por seus jovens atletas. Filme vencedor do prêmio da Heartland Film na categoria de Melhor Filme inspirado em uma história real.

Comentários:
Baseado em fatos reais não deixa de ser em nenhum momento um filme muito bem intencionado. Na verdade a história procura explorar um aspecto positivo na união envolvendo um treinador tipicamente americano com um grupo de alunos latinos, descendentes de famílias mexicanas pobres formadas por humildes trabalhadores rurais das plantações da Califórnia. Após uma aproximação um pouco ressabiada o treinador vai finalmente descobrindo que naquela cidade existem pessoas realmente maravilhosas e que a origem delas nada diz sobre seu caráter e bondade. Como se sabe existe uma certa tensão racial na América, causada principalmente por ondas e mais ondas de imigrantes ilegais que vão em busca de uma vida melhor nos estados americanos. Muitos deles vão trabalhar na lavoura ou em empregos mal remunerados. O racismo infelizmente está em todas as partes e é potencializado com esse movimento imigratório cada vez mais intenso, mas sabiamente o roteiro não procura bater muito nessa tecla, preferindo se concentrar no valor pessoal de cada um daqueles atletas. Um aspecto curioso é o choque cultural que a família do treinador White leva ao chegar pela primeira vez em McFarland. Supostamente deveria ser uma típica cidadezinha americana, mas eles acabam encontrando mesmo é uma forte presença da comunidade mexicana, criando inclusive uma situação inusitada, a de americanos ou gringos que acabam sendo considerados praticamente estrangeiros em seu próprio país!

Uma amostra do que vem acontecendo dentro das fronteiras dos Estados Unidos. Gradualmente a  cultura americana tradicional vai sendo substituída pela cultura proveniente da grande presença latina de imigrantes. De uma maneira ou outra o argumento acerta em promover a integração dessas duas culturas pelo bem de todos. Claro que em determinados momentos se cria um pequeno mal estar ao explorar a mentalidade do personagem de Kevin Costner que tem ideias equivocadas e até preconceituosas sobre aquelas pessoas, algumas delas inclusive nada lisonjeiras, como por exemplo, associar a criminalidade ao povo mexicano. Depois que o filme avança e a própria família do treinador (que achava aquele lugar um horror) começa a mudar de ideia finalmente temos o ponto ideal do que há de mais importante nesse enredo, a de buscar a integralização das etnias. De resto o roteiro não foge muito das fórmulas de filmes desse tipo, mostrando a superação da inúmeras dificuldades enfrentadas por aqueles atletas até finalmente sua consagração final! Particularmente gostei do resultado, das boas intenções e da história inspiradora. Poderia ser mais curto, com mais ou menos uma hora e meia de duração, mas do jeito que ficou não chega a irritar. Vale a pena conferir e se inspirar na moral da história. Afinal de contas estamos precisando mesmo de mais finais felizes.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

O Regresso

O filme se passa em uma América colonial, praticamente inexplorada pelo homem branco. No velho oeste essas regiões remotas eram exploradas principalmente por caçadores, muitos deles atrás de peles. O problema é que esse era um território dominado por tribos nativas hostis, que, como era de se esperar, recebiam o homem branco da forma mais violenta possível. Leonardo DiCaprio interpreta Hugh Glass, um desses pioneiros que arriscavam a própria vida para explorar o oeste mais selvagem e bravio que você possa imaginar. O roteiro enfoca justamente aspectos da dura vida desses homens nessas lindas, mas mortais regiões. O lado mais romântico dos filmes de western é deixado de lado. A intenção do diretor Alejandro G. Iñárritu foi criar uma obra realista, tanto do ponto de vista histórico, como também humano.

Os nativos são vistos da forma como eram, sem qualquer tipo de revisionismo. Tanto o homem branco que ia para esses lugares, como os indígenas, estavam em uma luta de civilizações. Essa visão politicamente correta que impera nos dias atuais é uma mera visão acadêmica, sem muita ligação com a brutalidade que imperava naqueles tempos. E é esse realismo brutal que marca a maior qualidade desse filme. Além de mostrar a luta entre os homens há também um conflito ainda mais evidente e violento: a luta entre o homem versus a natureza. Essa foi brilhantemente retratada no ataque do urso cinzento contra o personagem de DiCaprio. Poucas vezes uma ataque de uma fera foi tão bem reproduzido nas telas como aqui. Uma cena para não esquecer.

Por fim há todos os méritos puramente cinematográficos desse filme. A fotografia é extremamente bem realizada, conseguindo captar toda a beleza da região onde a produção foi realizada. O elenco é dos melhores, não apenas por DiCaprio, em uma atuação extremamente física (que lhe rendeu o tão cobiçado Oscar) como também pelo vilão, em momento inspirado de Tom Hardy (sim, o próprio Mad Max em uma de suas maiores interpretações). O sujeito não tem quaisquer valores morais ou éticos. No ocaso de um mundo que estava prestes a mudar para sempre, o diretor Alejandro G. Iñárritu conseguiu criar mais uma obra prima de sua filmografia.

O Regresso (The Revenant, Estados Unidos, 2015) Direção: Alejandro G. Iñárritu / Roteiro: Mark L. Smith, Alejandro G. Iñárritu / Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Will Poulter / Sinopse: Caçador de peles tenta sobreviver em uma região distante e inóspita do velho oeste americano. Para isso ele precisará enfrentar tribos nativas violentas e ataques de feras selvagens.

Pablo Aluísio.

Eles Existem

Título no Brasil: Eles Existem
Título Original: Exists
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate Films
Direção: Eduardo Sánchez
Roteiro: Jamie Nash
Elenco: Samuel Davis, Dora Madison Burge, Roger Edwards
  
Sinopse:
Um grupo de jovens amigos texanos resolve passar um fim de semana na casa de caça do tio de um deles. A cabana é localizada numa floresta isolada e de difícil acesso. Na região existem muitos rumores sobre aparições inexplicáveis de estranhas criaturas, um tipo de primata ainda não conhecido pela ciência, o que acabou alimentando por décadas a lenda do Sasquatch, ou como é mais conhecido, Pé-grande. Para aquela turma porém isso tudo não passaria de uma grande bobagem, fruto de crentices de gente caipira. Durante a viagem para a cabana porém seu carro acaba atropelando por acidente um tipo de animal que eles não conseguem localizar depois. O evento acabará desencadeando o sentimento de vingança de uma besta misteriosa que colocará em risco a vida de todos eles.

Comentários:
Não adianta reclamar muito, o estilo mockumentary ao que tudo indica veio para ficar, principalmente no gênero terror. A ideia, como todos sabem, é mostrar imagens amadoras, feitas pelos próprios protagonistas das histórias. Aqui um dos rapazes do grupo de jovens que vai curtir um fim de semana numa cabana distante na floresta começa a gravar tudo, até que começa a perceber que a lenda do Pé-grande pode ter algum fundo de verdade. O filme assim pode ser definido na seguinte frase: "A Bruxa de Blair encontra o Sasquatch". É basicamente isso, um falso documentário elaborado com cenas amadoras que mostra o ataque de um monstro desconhecido contra um grupo de jovens isolados e encurralados numa cabana de caça bem no meio do nada, numa floresta distante do Texas. Uma vez que se passe por cima da aversão da própria maneira de ser de um mockumentary típico, o espectador até poderá se divertir com a proposta do roteiro. A forma como o bicho é explorado bem que se mostra inteligente até. Primeiro mostrando apenas sons vindos da floresta, depois com aparições esporádicas até o clímax final. O design do monstro segue o estilo mais clássico que já conhecemos, sem grandes inovações. O diretor poderia ter explorado melhor os ataques noturnos, mas até que se sai bem com cenas rodadas com sol a pique. Embora seja uma das criaturas mais famosas da Criptozoologia (o estudo de espécies animais lendárias, mitológicas, hipotéticas ou folclóricas), o fato é que existem poucos filmes de terror por aí que explorem o Sasquatch. Puxando pela memória só me recordo agora de um clássico de terror dos anos 1950 chamado "O Abominável Homem da Neve" de Val Guest. Fora isso realmente a filmografia explorando o Pé-grande é escassa mesmo. Assim pelo menos temos uma boa justificativa para conferir esse "Eles Existem", que se não chega a ser uma obra prima pelo menos diverte o fã desse estilo de produção. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Uma Promessa

Título no Brasil: Uma Promessa
Título Original: A Promise
Ano de Produção: 2013
País: França, Bélgica
Estúdio: Fidélité Films, Wild Bunch
Direção: Patrice Leconte
Roteiro: Patrice Leconte, Jérôme Tonnerre
Elenco: Rebecca Hall, Alan Rickman, Richard Madden
  
Sinopse:
Alemanha, 1912. Depois de passar por uma infância complicada, criado em orfanatos do Estado, finalmente o jovem Friedrich Zeitz (Richard Madden) consegue seu primeiro emprego. Engenheiro recém-formado, o melhor aluno de sua classe na universidade, ele começa a trabalhar na siderúrgica do rico industrial Karl Hoffmeister (Alan Rickman). Aos poucos Friedrich começa a se destacar dentro da empresa e cai nas graças de seu patrão que o transforma em seu secretário particular. Desfrutando da vida pessoal e doméstica do seu empregador, Friedrich conhece a jovem esposa dele, a bela Lotte Hoffmeister (Rebecca Hall). Começa assim a sentir um sentimento verdadeiro e também proibido em relação a ela. Filme vencedor do Beijing Film Festival na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Alan Rickman). Também indicado ao Magritte Awards.

Comentários:
Romance de época que conta um amor entre um jovem e aplicado empregado e a esposa de seu patrão. Poderia ser banal, mas o cineasta Patrice Leconte resolveu criar uma obra mais intimista e sofisticada. O amor entre uma mulher casada e um rapaz empregado de seu próprio marido poderia causar uma certa indignação no público mais conservador, porém o diretor foi inteligente o suficiente para nunca cair na vulgaridade ou no lado mais visceral desse tipo de romance, optando ao contrário disso por valorizar um outro lado, justamente o mais nobre, o do amor verdadeiro que o casal nutre entre si. Nada acontece antes de seu devido tempo. É uma obra que valoriza os pequenos momentos, os menores detalhes. A trama se desenvolve sem pressa e sem atropelos. Tudo de muito bom gosto. Em termos de elenco quem mais se destaca é o ator Alan Rickman. Ele interpreta esse velho industrial, já no fim de sua vida, que entende em seu íntimo as várias nuances de se manter um casamento com uma mulher bem mais jovem do que ele. No fundo sabe que seu relacionamento muito provavelmente não passe de uma união de pura conveniência financeira e econômica, que pouco tenha a ver com um sentimento real, verdadeiro. Ele é um bom homem, mas não consegue passar um calor mais humano e sentimental em relação à sua esposa e seu pequeno filho, que é apaixonado por brinquedos caros, como uma pequena ferrovia em miniatura. O roteiro dá uma pequena reviravolta em seu terço final, levando os apaixonados a serem separados por um oceano e pelo mais implacável opositor das grandes paixões, o tempo. Tudo como um teste de permanência e prova desse romance. Um filme que nos deixou bem satisfeitos pela lição que tenta passar ao espectador. Sua mensagem principal tenta afirmar que o verdadeiro amor resiste a praticamente tudo, desde que seja realmente sincero e profundo.

Pablo Aluísio.

Jimi - Tudo ao Meu Favor

Título no Brasil: Jimi - Tudo ao Meu Favor
Título Original: All Is by My Side
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Darko Entertainment, Freeman Film
Direção: John Ridley
Roteiro: John Ridley
Elenco: André Benjamin, Hayley Atwell, Imogen Poots
  
Sinopse:
O guitarrista Jimi Hendrix (Benjamin) é um jovem músico desconhecido que acaba sendo descoberto em um night club de Nova Iorque pela namorada de Keith Richards dos Rolling Stones. Ela vê potencial e muito talento naquele sujeito e resolve lhe apresentar a um amigo, que está em busca de novos talentos para empresariar. Após aceitar a proposta Jimi então decide ir para a Europa, em Londres, em busca de um novo recomeço, um futuro promissor para sua carreira musical. Filme indicado ao Independent Spirit Awards, Black Reel Awards e Stockholm Film Festival.

Comentários:
Esse filme não se propõe a ser uma cinebiografia completa e definitiva do mito do rock Jimi Hendrix (1942 - 1970). Ao invés disso investe suas fichas em um momento específico da vida daquele que é considerado por muitos como o melhor guitarrista da história. O Jimi que emerge de suas cenas é apenas um aspirante ao sucesso, um jovem negro muito talentoso que ainda não encontrara a grande oportunidade de sua vida. Em busca de novos horizontes e sem maiores esperanças de alcançar o sucesso em seu país natal, ele aceita o convite de ir para Londres, naquele momento a capital mundial do rock, um cenário efervescente de onde surgiam as bandas e artistas mais influentes do gênero. Seu objetivo era gravar seu primeiro disco. De quebra Jimi nutria esperanças de tocar ao lado de seus grandes ídolos, entre eles Eric Clapton, considerado o deus da guitarra na época. No geral "All Is by My Side" tem pontos positivos e negativos. Seu principal ponto a favor vem do trabalho do ator (e também músico) André Benjamin. Além de ser muito parecido fisicamente com Hendrix ele conseguiu trazer para o filme grande parte da personalidade do ator. Jimi, ao contrário do que sua imagem nos palcos poderia sugerir, a do roqueiro doidão e selvagem que colocava fogo em seu instrumento, era na verdade um sujeito bem tímido, caladão, na dele. Um jovem de poucas palavras e temperamento sutil, que procurava fugir de qualquer tipo de confronto pessoal, com quem quer que seja. Também evitava ter que ostentar bandeiras políticas e de protesto como era bem comum entre os artistas daqueles tempos.

No fundo Jimi era apenas um boa praça que queria tocar sua guitarra numa boa, sem stress. André Benjamin também surpreende nas cenas de palco. Obviamente ele jamais tocaria como Hendrix, mas não faz feio e passa veracidade nos momentos em que faz sua guitarra tocar aquela sonoridade que se tornou imortal. Pessoalmente considerei isso um dos pontos fortes tanto do roteiro como da atuação de Benjamin. Muito boa, acima da média, sem retoques. Infelizmente nem tudo são flores. Entre seus pontos fracos podemos citar algumas omissões e incorreções biográficas que incomodaram muita gente que viveu com Jimi na mesma época em que o filme se passa. Kathy Etchingham, a musa de Hendrix naqueles anos, não gostou nada de certas passagens e reagiu publicamente contra uma cena em particular, em que a namorada de Jimi é agredida com um telefone de forma violenta. Ela foi taxativa ao afirmar que aquilo nunca aconteceu, sendo tudo invenção. Outros biógrafos do cantor também concordaram com ela. Por que aquela cena foi inserida no filme afinal? Talvez tenha sido uma forma do diretor e roteirista John Ridley (de "12 anos de Escravidão") de criar uma personalidade mais forte e marcante para Jimi, quem sabe. Provavelmente Ridley tenha achado a forma de ser de Jimi muito pacata para um rockstar! De qualquer maneira o filme vale por si mesmo, ainda que nem todas as passagens sejam verídicas do ponto de vista histórico. O que valeu a pena aqui foi mesmo a oportunidade de reencontrar esse grande mito da história do rock de uma forma bem mais humana e próxima. Não é o melhor dos mundos, mas certamente é um filme satisfatório para quem curte Hendrix e sua meteórica trajetória.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Terremoto - A Falha de San Andreas

Título no Brasil: Terremoto - A Falha de San Andreas
Título Original: San Andreas
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Village Roadshow Studios
Direção: Brad Peyton
Roteiro: Carlton Cuse, Andre Fabrizio
Elenco: Dwayne Johnson, Carla Gugino, Paul Giamatti

Sinopse:
Piloto de um helicóptero de resgate do Corpo de Bombeiros de Los Angeles, Ray (Dwayne Johnson) se vê diante do maior desafio de sua profissão ao ter que encarar um mega terremoto que atinge o Arizona e a Califórnia. Um tremor de proporções épicas causada pela conhecida falha de San Andreas, um enorme fenda geológica que atravessa diversos estados americanos na costa oeste do país. No meio do caos ele fará de tudo para salvar sua família.

Comentários:
Roteiros explorando um grande terremoto causado pela falha de San Andreas não é novidade nenhuma no cinema americano. Dezenas de filmes já foram realizados usando esse argumento. Só para citar um exemplo basta lembrar do filme "Superman" de 1978. A falha era justamente o que convinha ao vilão Lex Luthor naquele momento. Ele queria que um grande terremoto literalmente afundasse metade da Califórnia no mar! Ficção à parte, o fato é que ela existe e segundo inúmeros estudos e pesquisas um dia irá dar causa a um evento catastrófico naquela região dos Estados Unidos. Milhões de pessoas provavelmente morrerão pois na sua linha existem grandes cidades como Los Angeles e San Francisco. Como um dos personagens do filme mesmo afirma não há dúvidas que esse terremoto um dia acontecerá, a única questão a responder é quando ele virá! Definitivamente não queria morar na Califórnia quando isso viesse a acontecer. Enquanto esse dia não vem (e esperamos que não venha mesmo) o cinema vai explorando o terrorismo psicológico que advém de sua existência. Esse "San Andreas" vai direto ao ponto. Após uma breve apresentação dos personagens principais (o pai bombeiro, a filha que o ama e a ex-esposa que quer o divórcio para se casar com um milionário empresário do ramo imobiliário), a falha finalmente entra em colapso, atingindo as grandes cidades, causando destruição e morte por onde passa.

Em filmes assim, que bebem diretamente do chamado cinema catástrofe dos anos 70, não há muito o que se esperar. São cenas e mais cenas de tragédias acontecendo ao mesmo tempo, desde prédios vindo ao chão até avenidas inteiras que se abrem do nada, engolindo todas as pessoas ao redor. Morte e destruição por todos os lados! Obviamente que tudo é muito bem feito, haja visto o avanço tecnológico que os efeitos digitais alcançaram nos dias de hoje. Pena que não exista mesmo um roteiro mais bem escrito que procure desenvolver melhor todos os personagens. Para piorar ainda mais o personagem central, o bombeiro Ray (interpretado pelo "The Rock"), que deveria ser um herói acima de qualquer crítica, toma uma decisão pouco ética e moralmente condenável, ao largar as pessoas morrendo lá embaixo enquanto usa seu helicóptero (que pertence ao poder público, ao povo da Califórnia, feito para salvar vidas da população em geral) para ajudar única e exclusivamente seus familiares e ninguém mais! Ou seja, o sujeito pensa: "Vou salvar minha filha e minha ex-esposa e o resto do povo que se dane!". Que coisa feia, que vergonha! Um belo exemplo do que um servidor público não deve fazer em suas funções públicas, em prol da sociedade. Isso porém seria exigir demais de um produto tão pop e descartável como esse. Afinal de contas "San Andreas" não passa de puro cinema chiclete, feito para ser exibido em escala industrial nas salas de exibição de grandes shoppings.

Pablo Aluísio.

Noite Sem Fim

Título no Brasil: Noite Sem Fim
Título Original: Run All Night
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Vertigo Entertainment
Direção: Jaume Collet-Serra
Roteiro: Brad Ingelsby
Elenco: Liam Neeson, Ed Harris, Joel Kinnaman, Vincent D'Onofrio, Boyd Holbrook, Common, Nick Nolte
  
Sinopse:
Assassino profissional da máfia irlandesa em Nova Iorque, Jimmy Conlon (Liam Neeson), sente agora o peso dos anos. Durante décadas ele conseguiu escapar das garras da justiça, mas envelhecido e solitário, começa a se questionar se tudo valeu realmente a pena. Sua quase aposentadoria é colocada de lado após seu próprio filho Mike (Joel Kinnaman) testemunhar por acaso um assassinato. O autor do crime é justamente o filho do chefão de Jimmy, o que o coloca numa situação muito delicada. Para piorar o jovem mafioso é morto, colocando Jimmy de uma vez por todas em rota de colisão com seu chefão Shawn Maguire (Ed Harris), que não deixará a morte dele passar em vão.

Comentários:
Já faz um bom tempo que o ator Liam Neeson resolveu direcionar sua carreira para os filmes de ação. Nesse meio tempo ele fez alguns filmes meramente medianos e alguns realmente bem ruins. Entre erros e acertos, ele aos poucos vai acertando o rumo certo. Dessa nova safra "Run All Night" provavelmente seja o melhor que ele tenha estrelado até agora. O filme tem uma história simples, diria até básica, mostrando um enorme acerto de contas entre mafiosos. Até aí nada de muito original. O diferencial vem principalmente da forma como esse enredo é contado e da excelente atuação de todo o elenco. Esse, por sua vez, é realmente acima da média. Ed Harris é um dos meus atores preferidos. Veterano, sempre surge com algo interessante a cada ano. Não pensa em se aposentar e não importa a produção, sempre dá o melhor de si. Aqui ele interpreta o chefão mafioso Shawn Maguire. Ele é um criminoso da velha guarda, um sujeito que não quer mais se envolver no tráfico de drogas pesadas como heroína. Sua recusa em ajudar no tráfico de um grande carregamento chegando a Nova Iorque acaba desencadeando uma série de eventos que farão tudo a perder. Seu mais fiel e constante aliado em suas atividades criminosas desde sua juventude é justamente o assassino profissional Jimmy Conlon (Neeson).

Depois de se dedicar anos à eliminação de inimigos de sua clã, ele sente um enorme vazio existencial em sua vida. Não tem mais laços ou relacionamentos pessoais e se dedica a viver cada dia de uma vez, sem qualquer esperança no futuro, geralmente em algum bar das redondezas. Joel Kinnaman, da série "The Killing" e do novo "RoboCop", interpreta seu filho. Um sujeito que odeia o pai e seu passado de assassinatos. Ele quer levar uma vida honesta, para criar seus filhos com paz e tranquilidade, mas acaba engolido por um evento do destino que o envolve inesperadamente em um jogo mortal dentro do mundo do crime. Nick Nolte também está em cena, em um pequeno papel. Com longa barba ele mais parece uma versão de Móises dos tempos modernos. Outro destaque digno de nota vem com o ator Common. Ele já vinha chamando bastante a atenção desde que surgiu na série de sucesso "Hell on Wheels". Nesse filme ele mostra seu lado mais perturbador, ao trazer à tona um assassino profissional obcecado por seu novo contrato, justamente o de eliminar Jimmy Conlon (Neeson), uma lenda em seu ramo de atividade. Duelos entre assassinos profissionais costumam ser o ponto alto desse tipo de produção. O roteiro conseguiu ótimas soluções dentro de um enredo que poderia soar bem banal nos dias de hoje. O diretor espanhol Jaume Collet-Serra conseguiu imprimir um ritmo muito bom no desenrolar da trama, valorizando ótimas sequências de ação ao mesmo tempo em que procura desenvolver as personalidades de cada personagem envolvido nesse jogo de vida ou morte. A ideia de rodar toda a trama do filme como se passasse apenas em uma noite também traz uma excelente agilidade em cima de tudo o que está acontecendo. "Noite Sem Fim" se torna assim a prova concreta de que ainda há espaço para se realizar bons filmes de ação que não sejam nem entediantes e nem repetitivos, basta ter talento para isso.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Um Santo Vizinho

Título no Brasil: Um Santo Vizinho
Título Original: St. Vincent
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Theodore Melfi
Roteiro: Theodore Melfi
Elenco: Bill Murray, Melissa McCarthy, Naomi Watts
  
Sinopse:
Vincent (Bill Murray) passa longe de ser um exemplo. É um sujeito ranzinza, cínico e mal-humorado que vive em bares, é viciado em apostas de corridas de cavalos e esporadicamente sai com uma stripper que se prostitui e que está grávida, sem saber direito o que fará de sua vida. Seu estilo de vida vai mudando aos poucos quando sua nova vizinha resolve lhe pagar alguns dólares para que ele tome conta de seu filho, após ele voltar da escola. A convivência com o garoto aos poucos vai mudando a visão de mundo do velho Vincent. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Ator - Comédia ou Musical (Bill Murray). Também indicado ao Screen Actors Guild Awards na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Naomi Watts).

Comentários:
Bill Murray se notabilizou desde os tempos do SNL em interpretar tipos mais cínicos. Essa persona nunca deixou o ator. Provavelmente seu próprio jeito de ser contribuiu muito para isso. Depois de alguns anos vivendo desse tipo de papel ele mudou os rumos de sua carreira e estrelou filmes que foram bastante elogiados pela crítica. Produções como "Encontros e Desencontros", "Sobre Café e Cigarros" e "Viagem a Darjeeling" trouxeram um status cult para sua filmografia. De comediante gaiato ele começou a ser respeitado como grande ator. Chegou inclusive a ser premiado em festivais importantes de cinema. Agora o ator deixa essa fase mais pretensiosa de lado para fazer algo mais simples, ameno. Apesar de algumas indicações no Globo de Ouro a verdade é que não existe nada demais nesse "St. Vincent". O roteiro é simples, tem um enredo que poderíamos até qualificar como banal e mesmo as reviravoltas da trama não soam como algo muito importante ou relevante. Bill Murray parece brincar o tempo todo com sua própria imagem, a do sujeito que pouco está se importando com o que pensam dele. Ele não tem família, laços emocionais ou relacionamentos duradouros. Ao invés disso prefere pagar para ter a companhia de Daka (Naomi Watts), uma jovem que ganha a vida tirando a roupa em bares de strip tease de quinta categoria. Ao ter que cuidar de um estudante colegial, o impassível Vincent resolve apresentar ao garoto parte de sua vida, o levando a bares, corridas de cavalos e ao lado menos turístico da cidade. O filme basicamente gira em torno disso, um homem que não tem a menor vocação com crianças tendo que conviver com um jovem estudante de escola católica. Há uma ou outra coisinha mais interessante, porém no geral "St. Vincent" parece ter sido realmente superestimado um pouco além da conta. É ver para crer.

Pablo Aluísio.

Sem Direito a Resgate

Título no Brasil: Sem Direito a Resgate
Título Original: Life of Crime
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Constantin Film
Direção: Daniel Schechter
Roteiro: Daniel Schechter, baseado no livro de Elmore Leonard
Elenco: Jennifer Aniston, Tim Robbins, Will Forte, John Hawkes, Isla Fisher, Mark Boone Junior, Yasiin Bey
  
Sinopse:
Um grupo de criminosos decide sequestrar Mickey Dawson (Jennifer Aniston), esposa do figurão do ramo imobilário Frank Dawson (Tim Robbins). Para libertar e poupar a vida dela pedem 1 milhão de dólares de resgate. O problema é que Frank definitivamente não parece muito disposto a pagar essa bolada, uma vez que já estava pensando em se divorciar dela para ficar com sua jovem amante, a ruivinha Melanie (Isla Fisher). Se Mickey sumisse de sua vida agora seria bem melhor para ele, que afinal de contas se livraria da pensão milionária que a esposa certamente lhe exigiria em caso de divórcio! E agora, o que os sequestradores farão para que seu plano criminoso venha a dar algum resultado?

Comentários:
Esse roteiro já circulava há muito tempo por Hollywood. Já estava tudo certo inclusive para que a atriz Diane Keaton interpretasse o papel de Mickey Dawson, mas depois de um tempo de pré-produção o projeto foi cancelado. De certa maneira o argumento lembra bastante outro filme chamado "Por Favor, Matem Minha Mulher" com Danny DeVito. Basicamente é a mesma situação, uma esposa é sequestrada e o marido quer mesmo é que ela suma de sua vida, desapareça! Assim os sequestradores estariam no fundo fazendo um favor para ele! Claro que em "Sem Direito a Resgate" as coisas não são tão escrachadas como naquela comédia dos anos 80, mas passa bem perto disso. Embora casados há muitos anos, Mickey e Frank só continuam unidos por interesses financeiros. Tanto um como o outro já não suporta mais a presença do cônjuge! Tudo acaba virando uma mera fachada para a sociedade, com muita hipocrisia e falsidade. Ele mantém uma amante jovem e bonitinha escondida em um quarto luxuoso de hotel à beira mar e a visita frequentemente.

Também esconde seus negócios da mulher, criando com golpes e corrupção no mercado imobiliário uma polpuda poupança que vira alvo dos sequestradores. Ela, por sua vez, também mantém um flerte com outro homem casado, Marshall Taylor (Will Forte), um sujeito meio bobalhão, pai de uma família numerosa, que não está nada disposto a assumir seu caso extraconjugal publicamente. Em suma, o ápice da hipocrisia na sociedade! Por fora se mostram casados e felizes, por dentro se odeiam e só estão juntos por causa da grana. O enredo do filme se passa em 1978, o que dá margem para o surgimento de uma bela trilha sonora, além dos figurinos estranhos daquela época. Jennifer Aniston está muito atraente, apesar de sua personagem ser em essência apenas uma dona de casa frustrada e infeliz. Tim Robbins está muito diferente, com muitos quilos a mais e aparência bastante envelhecida, o que se mostra perfeito para seu papel. Outro destaque do elenco vem com o ator Mark Boone Junior (o Bobby Elvis da popular série "Sons of Anarchy"). Ele dá vida a um sujeito esquisito, adorador do nazismo, que topa emprestar sua casa para servir de cativeiro do sequestro. Então é basicamente isso, um bom filme, divertido, sem exageros e com boa reconstituição de época, que diverte e entretém de uma maneira bem amena. Vale a pena a curtição.

Pablo Aluísio.

domingo, 31 de maio de 2015

Dick Tracy

O personagem é um dos mais clássicos do mundo dos quadrinhos. Criado pelo desenhista Chester Gould em 1931 para ser publicado em jornais, em tirinhas seriadas, o detetive logo virou um ícone entre a garotada. Esse personagem acabou também sendo um dos mais influentes da história, basta lembrar de suas bugigangas eletrônicas e tramas para salvar o mundo, algo que anos depois iria inspirar até mesmo o escritor Ian Fleming na criação de seu famoso James Bond. Durante décadas se cogitou uma adaptação das aventuras de Dick Tracy para o cinema, mas muitos produtores consideraram que seria extremamente caro a realização de um filme como esse. Além do mais naquela altura o personagem já não era mais tão conhecido e querido pelo público jovem (muitos até desconheciam sua existência). O quadro mudou quando o ator Warren Beatty adquiriu os direitos de Dick Tracy no final da década de 1980. Usando de seu prestígio pessoal ele conseguiu levantar o financiamento necessário para a produção do filme com um grande estúdio de Hollywood. Além disso usando de sua rede de amigos na indústria conseguiu trazer para o elenco grandes nomes como Al Pacino para interpretar o vilão Big Boy Caprice e Dustin Hoffman como o esquisito Mumbles. Com tudo pronto Warren, que tinha interesse apenas em atuar, foi atrás de Steven Spielberg para dirigir a produção, mas esse, alegando estar com agenda cheia, declinou do convite. Para não perder milhões de dólares em investimento e nem o controle sobre o projeto que ele tanto adorava, o próprio Warren Beatty resolveu dirigir o filme, algo que ele só tinha feito duas vezes na carreira antes, com "O Céu Pode Esperar" em 1978 e "Reds" três anos depois.

Um dos movimentos mais corajosos de Warren Beatty foi optar por escolher a estética dos quadrinhos, dando um tom naturalmente cartunesco ao seu universo. Tudo muito puro e até inocente. Nada de tentar trazer Dick Tracy para o mundo atual e nem lhe dar uma estética realista (como tem acontecido ultimamente em adaptações de quadrinhos no cinema). Sua coragem em realizar um filme que se parecesse completamente com o mundo dos quadrinhos, inclusive com o elenco usando forte maquiagem, se mostrou bem certeira. Na verdade o que ele quis mesmo foi resgatar o detetive de seus tempos de infância. E para quem achava que ele não estava apostando alto o próprio Warren resolveu escalar sua namorada na época, ninguém menos do que a cantora popstar Madonna, para ser uma coadjuvante de luxo na pele da sensual e perigosa Breathless Mahoney. O resultado de tudo é certamente uma das mais criativas transições do universo comics para a sétima arte. Tudo muito colorido, excessivo até, mas com um belo sabor de nostalgia. O filme foi sucesso de público e crítica e agradou tanto ao próprio diretor que ele resolveu deixá-lo sem continuações, mesmo com a boa bilheteria arrecadada. Para Beatty foi uma maneira de preservar essa pequena obra prima que lhe trouxe tanto orgulho pessoal e artístico.

Dick Tracy (Dick Tracy, Estados Unidos, 1990) Direção: Warren Beatty / Roteiro: Warren Beatty, Jim Cash, baseados nos personagens criados por Chester Gould / Elenco: Warren Beatty, Madonna, Al Pacino, Dustin Hoffman, Charles Durning, Kathy Bates, Henry Silva, James Caan. / Sinopse: Na década de 1930, em uma cidade infestada de gangsters e criminosos de todos os tipos, o detetive Dick Tracy (Warren Beatty) precisa deter o infame vilão Big Boy Caprice (Al Pacino) de colocar em prática um ardiloso plano de dominação. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Melhor Música Original - "Sooner or Later (I Always Get My Man)" de Stephen Sondheim. Também indicado nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Al Pacino), Fotografia, Figurinos e Som. Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Ator Coadjuvante (Al Pacino).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Osso Duro

Título no Brasil: Osso Duro
Título Original: Pound of Flesh
Ano de Produção: 2015
País: Canadá
Estúdio: ACE Film Company, ACE Studios
Direção: Ernie Barbarash
Roteiro: Joshua James
Elenco: Jean-Claude Van Damme, Darren Shahlavi, Charlotte Peters 
  
Sinopse:
Deacon (Jean-Claude Van Damme) é um estrangeiro hospedado em um hotel de Manila, nas Filipinas, que acorda no meio de uma banheira de gelo. Morrendo de frio e tentando entender o que teria lhe acontecido ele descobre que sua cama está encharcada de sangue. Tudo o que ele consegue se lembrar é que na noite anterior esteve em uma animada balada, ao lado de uma maravilhosa mulher, mas agora ele começa a entender que caiu como um pato em uma cilada! As coisas vão ficando cada vez mais claras e... sinistras!

Comentários:
Se trata de um filme canadense de baixo orçamento rodado nas Filipinas cujo roteiro brinca com aquela velha lenda urbana do "rim roubado". Após conhecer uma bela mulher numa balada o personagem de Jean-Claude Van Damme acaba sendo enganado, caindo numa grande armadilha. A garota o havia dopado na noite anterior e um grupo de médicos e traficantes de órgãos acabaram extraindo seu rim. A trama assim vai girar totalmente na luta de Van Damme em busca de seu órgão roubado. Por falar no astro da pancadaria ele me pareceu bem mais velho do que sua idade poderia ostentar. Ele surge com um semblante cansado e uma estranha maquiagem (que colocou esquisitas sombras em seus olhos!). Para piorar o roteiro passa longe de ser grande coisa. Nem as brigas cuidadosamente coreografadas, algo que sempre foi o forte das produções de Van Damme, conseguem empolgar. Ao que tudo indica o ex-astro está mesmo passando por um momento complicado na carreira, principalmente depois que foi divulgado que ele enfrenta uma grande luta pessoal, não contra lutadores profissionais, mas contra a dependência química. Agora, justiça seja feita, ele ainda consegue fazer uma cena com aquele seu conhecido e famoso abrir de pernas em 180 graus. O bizarro é que ele se utiliza disso ao tentar desarmar um bandido que está em um carro em movimento! Ficou meio bizarro, mas também divertido. No geral "Pound of Flesh" (literalmente "Meio quilo de carne", uma referência ao seu próprio rim roubado) é apenas um filme B de ação. Não há nada de muito excepcional ou digno de nota a não ser a luta de Jean-Claude Van Damme em tentar salvar o que restou de sua carreira.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Vida Privada

Título no Brasil: Vida Privada
Título Original: Vie privée
Ano de Produção: 1962
País: França, Itália
Estúdio: CCM, CIPRA
Direção: Louis Malle
Roteiro: Jean-Paul Rappeneau, Louis Malle
Elenco: Brigitte Bardot, Marcello Mastroianni, Nicolas Bataille
  
Sinopse:
Jill (Brigitte Bardot) é uma jovem dondoca que mora com a mãe em uma bela propriedade em Genebra, na Suíça. Sua vida despreocupada e sem maiores problemas vira de cabeça para baixo quando começa a perceber que está ficando apaixonada pelo novo namorado de sua mãe, o editor de revistas de moda Fabio Rinaldi (Marcello Mastroianni). Tentando superar essa paixão Jill decide se mudar para Paris para viver como modelo. Seu êxito no mundo da moda acaba abrindo as portas para a carreira de atriz de cinema. Em pouco tempo ela acaba virando um mito de popularidade da indústria cinematográfica francesa. O sucesso  porém não ameniza o fato de ainda sentir-se muito atraída por Rinaldi, uma situação que a acaba jogando em uma terrível crise existencial e emocional.

Comentários:
Brigitte Bardot foi um dos maiores símbolos sexuais do cinema internacional na década de 60. Considerada uma das atrizes mais belas da história ela, assim como a personagem que interpreta nesse filme, acabou virando um ícone de seu tempo. O cineasta Louis Malle acabou assim escrevendo um roteiro que era de certa maneira uma biografia romanceada da estrela. Uma maneira de entender seu sucesso e fama incomparáveis. Tirando a parte em que Jill se apaixona perdidamente por um homem mais velho que se relaciona com sua mãe, todo o resto do filme mais parece ser um documentário sobre a vida de Bardot naquela época. Inclusive Malle resolveu adotar um certo tom documental em seu filme, fazendo com que BB passeasse pelas ruas de Paris para filmar a reação das pessoas ao encontrá-la, da forma mais espontânea possível. Assim tudo o que se vê nessas cenas é a pura realidade, onde a estrela caminha pelos cartões postais da cidade-luz ao mesmo tempo em que atende a centenas de pedidos de autógrafos dos fãs, que obviamente vão ficando histéricos com a oportunidade de a conhecer pessoalmente. Para os jovens de hoje em dia a linguagem de "Vie privée" pode soar um pouco fora dos padrões, nada convencional. Malle optou por grandes saltos narrativos e cortes que parecem abruptos na edição. Não, não é um defeito do filme, mas sim uma característica da linguagem narrativa daquela época. Dessa forma deixo a dica para conhecer esse pouco comentado filme de Bardot, onde ela desfila toda aquela beleza deslumbrante de sua juventude. Um filme cult e visualmente muito agradável.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

DUFF

Título no Brasil: DUFF: Você Conhece, Tem ou É!
Título Original: The DUFF
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS Films
Direção: Ari Sandel
Roteiro: Josh A. Cagan, Kody Keplinger
Elenco: Mae Whitman, Bella Thorne, Robbie Amell
  
Sinopse:
Bianca Piper (Mae Whitman) é um colegial que nunca se sentiu muito bem consigo mesma. Ela tem gostos diferentes, como velhos filmes de terror, além de jamais ter sido uma garota popular no colégio. Sua vida muda depois que um vizinho e amigo, Wesley 'Wes' Rush (Robbie Amell), resolve abrir o jogo e dizer na cara dela que ela não passaria de uma DUFF na escola. Essa é um gíria entre os jovens americanos para designar aquela típica garota que não é muito bonita (para não dizer feia) e que só anda acompanhada de suas amigas gatas, essas sim as populares entre a turma. Assim tudo em sua vida escolar, as amizades, os conhecidos, seu status pessoal, tudo giraria apenas em torno de suas amigas bonitas e desejadas e não dela própria. Depois que toma consciência disso sua vida começa finalmente a mudar.

Comentários:
Filmes sobre adolescentes se tornaram febre na década de 1980. Depois, aos poucos, esse tipo de produção foi sumindo de cartaz. A boa notícia é que esse "The DUFF" é bem legal, bem escrito e provavelmente vai agradar aos mais jovens. A protagonista é uma DUFF, uma garota considerada feinha se comparada com suas amigas, todas lindas e maravilhosas. Ela assim serviria, na maioria das vezes, apenas como um meio para que os caras conseguissem chegar junto de suas amigas. Uma ponte, alguém mais acessível, vamos colocar desse modo. Dessa forma todos os seus supostos amigos e conhecidos só estariam interessados de verdade em suas amigas bonitas e não nela! Afinal de contas todos estão atrás das populares e não das DUFFs. Quando Bianca começa a perceber esse seu verdadeiro status dentro da escola, ela resolve mudar tudo. Rompe com suas amigas gostosas e começa a tentar impor sua própria personalidade, por si mesma. Ela tem um amor platônico por um carinha que gosta de tocar violão e cantar, mas fica tão nervosa na presença dele que mal consegue falar duas palavras. Seu vizinho Wes tenta então ajudar a amiga, mas ela aos poucos vai entendendo melhor sua cabeça e descobre que está apaixonada pela pessoa errada. O filme é estrelado pela talentosa atriz Mae Whitman. Se você curte séries rapidamente vai reconhecê-la por causa de seu personagem Amber Holt em "Parenthood". Se na série ela interpretava uma jovem que via seus sonhos fracassarem após ser recusada nas universidades onde queria estudar, aqui ela acaba dando vida a uma papel bem mais humorístico, embora esse filme não possa ser considerado apenas uma comédia adolescente. Há boas sacadas e diálogos espertos que valorizam bastante a produção como um todo. Dessa nova safra de filmes nesse estilo é sem dúvida um dos melhores. Inteligente e criativo, cumpre todas as suas promessas, embora você obviamente vá encontrar alguns clichês pelo meio do caminho. Releve isso tudo e procure apenas se divertir.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Uma Longa Jornada

Título no Brasil: Uma Longa Jornada
Título Original: The Longest Ride
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: George Tillman Jr
Roteiro: Nicholas Sparks, Craig Bolotin
Elenco: Scott Eastwood, Britt Robertson, Alan Alda
  
Sinopse:
Sophia (Robertson) e Luke (Eastwood) não poderiam ser mais diferentes. Ele é um cowboy de rodeios, nascido e criado no estado rural de North Carolina, um sujeito que deseja ser o maior campeão de montarias de touros bravos de sua região. Ela é uma garota universitária e estudiosa de New Jersey que sonha em ir para Nova Iorque para trabalhar no ramo que mais ama, a das artes plásticas. Mesmo sendo tão diferentes entre si, assim que se encontram surge uma atração irresistível entre eles. Um caso de amor como nos velhos tempos.

Comentários:
Filme romântico que aposta na máxima de que os opostos se atraem. Se isso vale para as leis do universo certamente vale também para os relacionamentos humanos. Sophia é uma jovem sofisticada que adora artes e deseja ter uma carreira em Nova Iorque. Luke é um sujeito rústico, que vive de rodeio em rodeio, um cowboy dos tempos modernos. Nem precisa explicar que o rapaz é meio chucro, um matutão mesmo. Pessoas tão diferentes assim poderiam dar certo juntos? O filme não se contenta em contar apenas uma história de amor, mas duas. Isso acontece porque quando retornam de seu primeiro encontro Sophia e Luke acabam salvando um senhor idoso da morte no meio da estrada. Seu carro havia perdido a direção e ele estava prestes a morrer após o acidente. Após salvar sua vida, Sophia começa a se interessar pela história do senhor e assim através de flashbacks o roteiro volta ao passado para mostrar como ele teria conhecida sua esposa na década de 1940, os primeiros encontros, o namoro e as dificuldades de um casamento problemático pelo fato deles não poderem ter filhos. Ao mesmo tempo em que vai lendo as antigas cartas de amor de Ira (em boa atuação do ator veterano Alan Alda) ela vai tentando se acertar com seu namorado vaqueiro. No geral se trata de um bom romance, valorizado por uma trilha sonora com muita country music. Talvez seu único grande defeito seja a excessiva duração. Como precisa contar duas histórias de amor ao mesmo tempo a coisa toda acaba ficando um pouco alongada demais. Além disso a história do senhor Ira nem é tão interessante assim para se perder tanto tempo. Um corte mais enxuto faria muito bem ao filme como um todo. Mesmo assim não chega a se tornar enfadonho, tedioso ou nada parecido. No fundo é uma boa fita romântica para se assistir ao lado da namorada, entre beijinhos e pipoca. Vale pela diversão e pelos bons momentos a dois.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Golpe Duplo

Título no Brasil: Golpe Duplo
Título Original: Focus
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Argentina
Estúdio: Warner Bros
Direção: Glenn Ficarra, John Requa
Roteiro: Glenn Ficarra, John Requa
Elenco: Will Smith, Margot Robbie, Rodrigo Santoro
  
Sinopse:
Nicky (Smith) é um sujeito que vive de aplicar golpes nos desavisados. Geralmente usando de grande astúcia e esperteza, ele engana quem cruzar com seu caminho. Assim acaba formando seu próprio grupo de criminosos cujo objetivo é obter a maior quantia possível, seja em furtos, seja com estelionatos. Casualmente acaba conhecendo a linda Jess (Margot Robbie) que deseja aprender seus truques. A relação que começa como mentor e pupila logo vira algo mais, despertando uma grande paixão entre eles, que só cresce entre um novo golpe e outro. Isso porém deve ser deixado em segundo plano na visão de Nicky, uma vez que o mais importante mesmo é manter o foco na próxima jogada ilegal.

Comentários:
Em um primeiro momento parece ser mais um daqueles filmes de ação genéricos que o ator Will Smith vem estrelando nos últimos anos. Assim que começa o filme porém você começa a perceber que existem algumas novidades. Uma delas é uma bem selecionada trilha sonora, cheia de clássicos de rock e da black music. Depois vamos percebendo que o roteiro, apesar de lidar com um casal de vigaristas que vivem de golpes, possui um argumento bem romântico, mais do que poderíamos esperar. Will Smith parece preocupado em trazer uma certa sofisticação e classe para seu personagem, embora ele seja, como já escrevi, um criminoso. A relação amorosa de seu personagem com Jess (Margot Robbie) é outro ponto que chama atenção pelo destaque que ganha ao longo da trama. O que parece ser um flerte habitual acaba ganhando dimensões de grande paixão, amor verdadeiro, por mais estranho que isso possa parecer em um filme como esse. A atriz Margot Robbie é inegavelmente muito bonita e sensual e ganha mais pontos ainda nesse aspecto ao desfilar na tela usando um figurino desenhado por figurões do mundo da moda. O conjunto certamente acaba se tornando um colírio para os nossos olhos. Curiosamente um dos vilões (se é que podemos dividir os personagens entre mocinhos e vilões, já que todos caminham pelo fio da navalha da criminalidade) é interpretado pelo ator brasileiro Rodrigo Santoro. Ele é dono de uma escuderia de Fórmula 1 que pretende destruir os concorrentes, mas não nas pistas, como era de se imaginar, mas sim usando Nicky (Smith) para lhes passar um aplicativo falso.

Santoro até que se sai bem, mesmo com um personagem meio vazio e unidimensional que não abre margem a maiores pretensões nesse sentido. De certa maneira não há muito o que falar sobre ele, a ponto inclusive do roteiro não explicar sequer se seu personagem é brasileiro ou argentino (grande parte do segundo ato do filme se passa em Buenos Aires). Por falar nisso o roteiro se divide em dois arcos narrativos bem delimitados. No primeiro, passado nos Estados Unidos, o personagem de Will Smith conhece e se apaixona por Jess (Robbie). Ela é uma loira bonita que vive de dar pequenos golpes, como a do "marido traído". No segundo ato, todo rodado na Argentina, já após uma breve separação, ele a reencontra na terra dos hermanos. Ambos estariam envolvidos mais uma vez em golpes. Por fim e não menos importante é bom salientar que o roteiro traz algumas situações que não consegui digerir, por serem pouco críveis. Entre elas a mais absurda acontece em um jogo de futebol americano, quando Will começa uma insana rodada de apostas com um milionário oriental - só vendo para crer mesmo! Então é isso, "Focus" é um filme de ação certamente, mas Will procura de todas as maneiras injetar um certo grau de sofisticação em cada cena, tal como fazia no passado o grande Steve McQueen em algumas produções de sua filmografia. Funcionou? Em termos. Não é uma maravilha cinematográfica, mas também consegue escapar de ser apenas mais um filme de ação derivativo e sem novidades.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de maio de 2015

Grace - A Princesa de Mônaco

Título no Brasil: Grace - A Princesa de Mônaco
Título Original: Grace of Monaco
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos, França, Bélgica, Itália, Suíça
Estúdio: Stone Angels
Direção: Olivier Dahan
Roteiro: Arash Amel
Elenco: Nicole Kidman, Frank Langella,Tim Roth, André Penvern
  
Sinopse:
O filme narra a história da famosa atriz e estrela de Hollywood Grace Kelly (Nicole Kidman). Em meados dos anos 1950 ela decidiu abandonar uma bem sucedida carreira no cinema americano para se casar com o príncipe Rainier III, de Mônaco. Suas convicções pessoais em viver um verdadeiro conto de fadas porém logo ficam abaladas quando o aclamado diretor Alfred Hitchcock a procura novamente para que ela faça parte de seu novo filme, "Marnie". Será que Grace deixaria sua vida de princesa para retomar sua vida de estrela nos Estados Unidos? Filme baseado em fatos reais.

Comentários:
Quando Nicole Kidman foi anunciada para viver Grace Kelly no cinema particularmente criamos boas expectativas, afinal de contas sempre consideramos Kidman uma espécie de sucessora do charme e glamour da princesa Grace. Esse roteiro vinha há tempos rodando em Hollywood e nenhum grande estúdio parecia interessado em o levar para as telas. O que desanimava os produtores eram os altos custos envolvidos e o fato de que o nome de Grace Kelly hoje em dia já não é mais tão conhecido entre o público jovem (que é o maior consumidor de cinema mundo afora). Assim, com bastante luta e força de vontade, se conseguiu investimento na Europa e o filme finalmente pôde ser realizado. Ao custo de 30 milhões de dólares (um orçamento considerado bem enxuto em termos de Hollywood) e com Kidman no papel principal tudo parecia bem promissor. A produção acabou inclusive abrindo o Festival de Cannes em 2014. O problema é que apesar de toda a boa vontade temos que reconhecer que o resultado final é bem fraco, abaixo das expectativas. O roteiro se concentra em um período bem delimitado da vida da atriz, exatamente alguns anos após ela abandonar sua carreira. Seus filhos já estão um pouco crescidos e ela começa a se sentir frustrada com a vida que leva. 

Ser dona de casa com dois filhos pequenos para criar pode certamente deixar um sentimento bem decepcionante para uma mulher como ela, que viveu as glórias da fama. Para piorar o próprio principado de Mônaco vivia momentos turbulentos, causados pelos constantes atritos com a França. Grace assim tinha que conciliar suas obrigações como mãe e esposa com a vontade de protagonizar um retorno à Hollywood pelas mãos de Alfred Hitchcock e acima de tudo apoiar o marido em sua crise política com os franceses. O maior pecado desse filme é que ele se mostra polido e tímido demais ao contar sua história. A crua verdade é que após alguns anos casada com o príncipe, Grace Kelly começou a afundar em uma grande depressão e decepção com o que sua vida havia se transformado. Embora gostasse de Rainier ela nunca o amou de verdade. Foi mais um impulso para se tornar uma princesa e viver dias de nobreza na Europa do que qualquer outra coisa. Depois que vieram os filhos, ela acabou ficando presa nessa gaiola de ouro, que apesar da riqueza e luxo não deixava de ser uma gaiola. As coisas foram melancolicamente seguindo em frente até sua morte trágica em um acidente de carro (que o filme solenemente resolveu ignorar). Assim no final chegamos na conclusão de que além de medroso e fraco, o filme também perdeu a chance de contar uma grande história. O mito de Grace Kelly certamente merecia algo melhor.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de maio de 2015

Contra o Sol

Título no Brasil: Contra o Sol
Título Original: Against the Sun
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: American Film Company
Direção: Brian Falk
Roteiro: Brian Falk, Mark David Keegan
Elenco: Tom Felton, Garret Dillahunt, Jake Abel
  
Sinopse:
Baseado em fatos reais, o filme narra a história de três tripulantes de um avião militar americano durante a Segunda Guerra Mundial. Após perder a rota em que estavam, descobrem que estão completamente perdidos bem no meio da imensidão do Oceano Pacífico. Algumas horas depois finalmente acaba o combustível e a aeronave faz um pouso forçado na água. Assim ficam à deriva os três militares, sem água, comida ou esperança de resgate. Um jogo de sobrevivência começa para testar todos os limites do ser humano.

Comentários:
Muito boa essa reconstituição de um fato real ocorrido durante a guerra. Imagine três aviadores totalmente perdidos, tentando sobreviver em um pequeno bote, bem no meio do Oceano Pacífico. Não existe água potável, comida e nem qualquer sinal de civilização por perto. No começo os três tentam de todas as formas sobreviver e acabam tendo muita sorte, com a ajuda providencial da própria natureza. Passam dias sem água, mas felizmente numa noite finalmente são abençoados com a chuva para os livrar de uma morte certa. Depois tentam pescar, algo muito complicado de se fazer, pois eles não tinham os meios adequados para isso. Para piorar o pequeno bote, que acaba virando uma verdadeira cápsula de sobrevivência, começa a ser cercado por centenas de tubarões famintos. O roteiro é muito bom, não deixando o filme cair em um marasmo, o que seria de se esperar em um enredo que se passa totalmente dentro de um pequeno bote à deriva no mar, com três homens dentro. Lá eles acabam passando por um teste brutal de superação, mostrando que o ser humano consegue superar qualquer limite, desde que haja a devida força de vontade e a garra necessária para se vencer. Em termos de elenco o nome mais conhecido do grande público é o de Tom Felton, o Draco Malfoy da série "Harry Potter". Outro que se destaca é Garret Dillahunt, como o capitão do avião. Dentro do pequeno bote ele precisa manter a moral de seus homens alta, para evitar que todos caiam no desespero. Seus esforços nesse sentido são essenciais, como a confecção de um mapa praticamente imaginário com a rota que os levará para a ilha mais próxima! Enfim, uma produção muito boa para levantar e fortalecer sua capacidade de superação em momentos complicados da vida.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Calvário

Título no Brasil: Calvário
Título Original: Calvary
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, Irlanda
Estúdio: Reprisal Films, Octagon Films
Direção: John Michael McDonagh
Roteiro: John Michael McDonagh
Elenco: Brendan Gleeson, Chris O'Dowd, Kelly Reilly
  
Sinopse:
Após se tornar viúvo, James Lavelle (Brendan Gleeson) decide seguir uma velha vocação e se torna Padre. Depois de ordenado é enviado para um pequeno vilarejo na costa da Irlanda. Sua missão evangelizadora não se torna nada fácil naquele lugar. As pessoas da região não estão mais dispostas a serem religiosas e alguns o tratam até mesmo com hostilidade. Mesmo assim o velho Padre James segue em frente com todas as dificuldades. As coisas porém saem do controle quando, em uma confissão, um homem lhe avisa que irá matá-lo em uma semana pois teria sido vítima de abuso quando era uma criança. O autor do crime teria sido um Padre. Agora ele deseja se vingar da Igreja, matando o Padre James, mesmo que ele nada tenha a ver com o que aconteceu no passado. Filme vencedor de diversos prêmios entre eles o Berlin International Film Festival, British Independent Film Awards, European Film Awards e ASCAP Film and Television Music Awards.

Comentários:
Grande filme. Seu roteiro toca em muitas questões importantes. A mais relevante delas é a crise de fé que vive a Europa nos tempos atuais. O roteiro acompanha os esforços, muitas vezes em vão, desse sacerdote católico em reviver a crença dos moradores de uma pequena vila na Irlanda (um dos países europeus mais tradicionais na fé católica). Seu rebanho é desanimador. Poucos ainda cultivam a fé e muitos levam uma vida desregrada, sem o menor sinal de arrependimento por isso. Há uma esposa que trai o marido ostensivamente e se orgulha disso, um médico ateu sempre pronto a zombar das crenças do Padre James e um sujeito perturbado, que deseja se matar por não encontrar mais nenhuma razão para continuar em frente com sua vida. Há ainda um rico financista que mora na cidade que está disposto a ajudar a Igreja, doando bastante dinheiro para a paróquia. Ele porém é um ser espiritualmente vazio, que pouco se importa com o caráter ilegal de seus atos no mercado financeiro. Como se tudo isso não fosse ruim o bastante, o Padre ainda precisa lidar com um sujeito que o ameaça constantemente e que deseja matá-lo em uma semana. 

O roteiro assim mostra justamente os sete dias dessa semana que antecede o encontro do Padre com o sujeito que o está ameaçando de morte. O que há por baixo de todo esse enredo é um retrato realmente devastador da falta de fé de certas regiões da Europa atualmente. Como se sabe a fé cristã passa por um momento delicado naquele continente, principalmente por causa do avanço do ateísmo entre a população mais jovem. Assim se torna cada vez mais complicado levar uma missão de fé e evangelização em lugares onde a palavra do Cristo já não é mais tão aceita e acolhida como antigamente. O próprio Padre James (interpretado de forma maravilhosa pelo ator veterano Brendan Gleeson) também em certo momento já não parece mais tão disposto em lutar contra toda essa situação. O cinismo e a falta de respeito dominante com que suas pregações são recebidas começam a minar sua força de vontade e energia. Até mesmo quando dá a extrema-unção a um homem que está prestes a morrer ele vira alvo de piadas do médico ateu e sarcástico que trabalha no hospital local. Uma lástima completa. Em suma, um belo retrato, embora triste, da questão religiosa nos tempos em que vivemos. Para assistir e refletir depois sobre toda essa situação desanimadora.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Exorcismo no Vaticano

Título no Brasil: Exorcismo no Vaticano
Título Original: The Vatican Exorcisms
Ano de Produção: 2013
País: Itália
Estúdio: Arturo and Mario Productions
Direção: Joe Marino 
Roteiro: Mauro Paolucci, Salvatore Scarico
Elenco: Piero Maggiò, Joe Marino, Anella Vastola
  
Sinopse:
Um diretor de documentários decide que seu próximo filme terá como tema o Diabo! Para isso ele resolve ir até o Vaticano atrás de padres exorcistas. Sua objetivo é ter contato direto com pessoas supostamente possuídas pelo próprio Satã. Uma vez lá descobre que, apesar de seu ceticismo inicial, começa a ter sintomas de que ele própria estaria sendo alvo de uma possessão demoníaca. Desesperado, ele percebe que está rapidamente perdendo o controle sobre o filme e sobre sua própria vida!

Comentários:
"The Vatican Exorcisms" é um mockumentary (falso documentário) italiano que investe na figura do diabo e do universo que gira em torno dos exorcismos realizados por sacerdotes católicos especialmente treinados para isso pelo Vaticano. Infelizmente esse tipo de estilo está dominando completamente os filmes de terror de baixo orçamento, afinal de contas são baratos, fáceis de filmar e não precisam de maior cuidado técnico em sua realização. Quanto mais tosco mais parecerá que se trata realmente de um documentários com imagens reais. Esse aqui começa com o diretor Joe Marino indo até o Vaticano. No começo há uma tentativa de caluniar a Igreja, a colocando como o lar do próprio Satã. Imagens de membros do clero são usadas de forma leviana, em especial do Papa Bento XVI e do cardeal Tarcisio Bertone, algo que daria margem a um pesado processo caso o Vaticano decidisse os acionar na justiça. A igreja porém resolveu sabiamente ignorar o filme, caso contrário iria trazer os holofotes da imprensa sobre ele e para falar a verdade essa obra B nem vale a pena o esforço. 

Pois bem, a primeira cena tenta recriar um ritual pagão em um cemitério de Roma. Supostamente membros do clero estariam envolvidos. Tudo é muito mal feito, desfocado e escuro. Uma piada. Depois o diretor parece desistir de atacar a Igreja Católica e parte finalmente para os exorcismos. São quatro no total. Até que são cenas interessantes, mas que em nada vão surpreender os que já assistiram inúmeros filmes de exorcismo. Há uma jovem possuída por um demônio que fica cantando músicas em louvor a Satã, uma freira católica que está possuída há mais de dez anos, um rapaz que se contorce ao declarar que está sob domínio de demônios como Mefistófeles e por fim uma garotinha de oito anos que completa a possessão do diretor do documentário. O filme é só isso, tem pouca duração, com meros 70 minutos e acaba rápido. Não há um roteiro digno de se elogiar. As coisas parecem acontecer realmente ao acaso. Por ser tão mal intencionado e fugaz passa longe de ser algo memorável para os apreciadores do gênero. Melhor fazer como a Igreja e ignorar completamente esse filmeco.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Te Pego Lá Fora

Eis a sinopse dessa comediazinha dos anos 80: Um nerd se mete em encrenca com o novo valentão, um bad boy quieto que o desafia a lutar no terreno de sua escola após o fim do dia. Pois é, naquela década havia mesmo uma boa quantidade de filmes bem ruinzinhos. Porém, é aquela coisa, com o mercado de vídeo, das locadoras, sempre havia mercado até mesmo para os filmes mais fraquinhos que eram produzidos. Essa comédia eu cheguei a alugar na época, em Betamax, e minhas lembranças não são boas. Tipo aquela sensação de ter locado um filme e ver seu dinheiro sendo jogado fora.

Anos depois o filme iria se tornar figurinha fácil na Sessão da Tarde. Por esse tempo até que fazia mais sucesso entre os jovens, até porque ninguém estava gastando dinheiro para ver, era tudo de graça na televisão. Em termos de elenco não há ninguém conhecido. E a direção também praticamente não existe. O roteiro se limita a explorar a exaustão de um carinha que vai ter que enfrentar um valentão quando as aulas terminarem. E é isso, apenas isso. Sem graça, vamos convir.

Te Pego Lá Fora (Three O'Clock High, Estados Unidos, 1987) Direção: Phil Joanou / Roteiro: Richard Christian Matheson, Tom Szollosi / Elenco: Casey Siemaszko, Annie Ryan, Richard Tyson / Sinopse: Na escola um valentão ameaça um nerd e deixa claro que vai pegar ele lá fora, quando as aulas terminarem.

Pablo Aluísio.

Doom - A Porta do Inferno

Título no Brasil: Doom - A Porta do Inferno
Título Original: Doom
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Andrzej Bartkowiak
Roteiro: Dave Callaham, Wesley Strick
Elenco: Karl Urban, Rosamund Pike, Dwayne Johnson

Sinopse:
Uma base espacial da Terra em Marte cessa todas as suas comunicações com nosso planeta. Ninguém sabe ao certo o que poderia ter acontecido. O pouco que se sabe é que por um evento biológico desconhecido todos os membros da expedição teriam entrando em um procedimento de quarentena no modo de mais alta segurança, isso poucos momentos antes de pararem as transmissões. Para descobrir o que de fato aconteceu um grupo de militares altamente preparados é enviado para o planeta vermelho. Mal sabem eles a terrível ameaça que encontrarão pela frente.

Comentários:
Tenha muito receio antes de assistir qualquer adaptação de games para o cinema. Os números não são nada favoráveis. De cada 10 adaptações, nove são bombas absolutas. Esse "Doom - A Porta do Inferno" não foge à regra. Baseado no popular e famoso game de tiros em primeira pessoa, sua transposição para as telas foi um dos maiores desastres daquele ano. Na época a Universal estava atrás do público consumidor de games - que tomou proporções tão gigantescas nas últimas décadas que hoje em dia fatura mais do que a indústria de cinema americana. Infelizmente linguagens diferentes nem sempre são compatíveis para dois tipos de entretenimento. O que pode ser plenamente satisfatório para quem está jogando certamente soará como algo vazio e sem conteúdo para uma plateia de cinema. É o que acontece aqui. A ação pela ação, sem uma base por trás de tudo, só consegue mesmo despertar bocejos nos cinéfilos. Nem a presença do "The Rock" aumenta o interesse na fita que realmente é muito abaixo do esperado. Melhor comprar o game, se for a sua praia, do que ver esse filme.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de maio de 2015

The Lovers

Esse filme tem duas linhas narrativas. Na primeira o espectador é levado até um futuro próximo. Uma expedição submarina procura por artefatos valiosos em um velho navio afundado. Um dos mergulhadores acaba encontrando um anel, que tudo indica ser indiano, por causa de seu design. Ele parece ser constituído de duas peças. Uma das garotas que fazem parte do grupo decide então ir atrás da outra parte, mas acaba tendo problemas, ficando presa nas profundezas. Para salvá-la da morte seu namorado resolve fazer um mergulho sem a devida proteção. Ele salva sua amada, mas acaba entrando em coma por quase ter morrido afogado. Na outra linha narrativa voltamos ao passado, mas especificamente ao século XVIII. É o auge do colonialismo inglês. Para aumentar o domínio da coroa britânica na Índia, um grupo do exército inglês é enviado até o interior do país. A finalidade é desestabilizar um reino distante, que está no caminho entre uma importante via de comunicação. Um dos militares é o escocês James Stewart (Josh Hartnett) que decide salvar por conta própria a vida da rainha que corre risco de vida após um golpe derrubar do trono o seu marido, o rei. O que ele não esperava era se apaixonar perdidamente por ela.

Com enredo que mais parece ter saído daqueles livros românticos ao estilo "Sabrina", esse "The Lovers" não me convenceu muito. Na verdade o roteiro é até mesmo confuso, forçado e não raras vezes cai no puro tédio. O que liga as duas histórias, passadas em tempos diferentes, é o tal do anel indiano que parece ter poderes especiais, unindo tempo e espaço diversos. Para um filme que se propõe a ser romântico o seu grande problema é justamente o casal central, que não convence em momento algum. O amor que nutrem entre si sempre soa falso e fora de propósito. O tal anel também não acrescenta em nada, mais parecendo um mero pretexto para contar duas histórias tão diferentes entre si. Delas a melhor realmente é a que se passa no passado. Há uma tentativa de trazer alguma ação quando tropas inglesas são encurraladas por rebeldes indianos. Mesmo assim logo a decepção toma conta porque nada é muito desenvolvido nesse aspecto. O filme no geral tem boa produção, uma bonita fotografia e bom visual, mas o que estraga mesmo é esse enredo que deixa a sensação de que realmente tudo o que é mostrado na tela não faz muito sentido.

The Lovers (Idem, Bélgica, Índia, Austrália, 2015) Direção: Roland Joffé / Roteiro: Ajey Jhankar, Roland Joffé / Elenco: Josh Hartnett, Tamsin Egerton, Alice Englert / Sinopse: Um oficial do exército inglês se apaixona por uma nobre indiana durante o período colonial britânico sobre a Índia. Como prova de amor entre eles surge um anel que representa o sentimento de ambos. No futuro o anel acaba sendo descoberto por um expedição também formada por um casal apaixonado. Ao tentar salvar sua namorada um dos mergulhadores acaba entrando em coma. Poderá a jóia ser a redenção desse amor?

Pablo Aluísio.

Serena

Título no Brasil: Serena
Título Original: Serena
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos, França, República Tcheca
Estúdio: Magnolia Pictures, StudioCanal
Direção: Susanne Bier
Roteiro: Christopher Kyle, Ron Rash
Elenco: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Rhys Ifans, Sean Harris, Toby Jones 
  
Sinopse:
No estado americano da Carolina do Norte, no ano de 1919, o empresário do ramo de madeireiras, George Pemberton (Bradley Cooper), precisa lidar com dois grandes problemas: o primeiro é sua dívida com bancos da região, algo que só fez crescer em volume com o tempo por causa dos juros altos; o segundo é o surgimento de um movimento liderado pelo xerife da cidade contra a devastação da última floresta virgem dos Estados Unidos. Ele quer transformar toda a região em uma grande reserva nacional, de proteção ambiental, mas obviamente isso vai contra os planos de Pemberton que planeja extrair toda a madeira das montanhas para assim ter o lucro necessário para pagar seus inúmeros credores. No meio desse turbilhão de acontecimentos George acaba conhecendo e se apaixonando pela bela Serena (Jennifer Lawrence), uma garota com passado trágico que deseja lutar ao seu lado em prol de seus empreendimentos comerciais.

Comentários:
Esse filme foi produzido para fazer bonito no Oscar desse ano, mas a Academia resolveu ignorar a produção. Talvez a razão principal seja o fato do personagem principal ser politicamente incorreto para a mentalidade dos dias atuais. Ele é um barão da madeira, um sujeito que faz fortuna devastando vastas áreas de floresta, deixando um rastro de destruição por onde passa. Como se isso não fosse o bastante, também é um caçador, que nas horas vagas se empenha em caçar e matar uma das últimas panteras vivas soltas na natureza em sua região! Imagine torcer por um sujeito assim nos dias de hoje! Impossível. Outra questão que certamente assustou os membros da Academia é o fato de que o roteiro, que começa como um épico romântico, se tornar cada vez mais sombrio e trágico com o desenrolar da trama, principalmente em relação à personagem interpretada pela atriz Jennifer Lawrence, Serena. Após um breve romance, ela se casa com George Pemberton (Cooper), mas a medida que tenta dar um filho a ele e não consegue, começa a desenvolver uma personalidade doentia e obsessiva (com ares de loucura completa). 

Para acentuar ainda mais seu drama pessoal descobre que seu marido teve um filho com uma de suas ex-empregadas, uma jovem que volta a trabalhar com ele, com o seu filho a tiracolo. A presença dela acaba se tornando uma ameaça na mente de Serena e isso com o tempo vai se tornando um martírio psicológico insuportável. A produção, como não poderia deixar de ser, é classe A, com excelente reconstituição de época e figurinos luxuosos. Há toda uma reconstrução das empresas de extração de madeira da época, com direito a locomotivas e acampamentos no alto das montanhas. A região onde tudo foi filmado também é de uma beleza ímpar, resultando em uma belíssima fotografia natural. Tudo muito bem realizado. Assim temos aqui sem dúvida um bom filme que merecia ter sido melhor avaliado e com mais cuidado pela Academia. Algumas indicações não lhe fariam mal. Pena que o pensamento liberal e politicamente correto dos dias de hoje acabaram anulando qualquer pretensão do filme em relação ao Oscar.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Kingsman - Serviço Secreto

Título no Brasil: Kingsman - Serviço Secreto
Título Original: Kingsman - The Secret Service
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox, Marv Films
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jane Goldman, Matthew Vaughn
Elenco: Colin Firth, Taron Egerton, Samuel L. Jackson, Mark Hamill, Michael Caine, Mark Strong
  
Sinopse:
Gary 'Eggsy' Unwin (Taron Egerton) é um jovem inglês problemático que após uma confusão com a polícia acaba sendo procurado pelo misterioso Harry Hart (Colin Firth). Ele foi amigo de seu pai, um agente secreto que morreu de forma não muito bem explicada, há muitos anos. Harry porém está decidido a ajudar o garoto de todas as formas possíveis. Ele não quer que o rapaz se desvie do caminho, se tornando um criminoso. Depois de uma conversa franca com ele decide que vai ajudá-lo a entrar em sua própria organização secreta conhecida como "Kingsman". Mal sabe Eggsy as aventuras em que está prestes a viver!

Comentários:
Eu confesso que nem fui muito atrás de maiores informações antes de ir assistir a esse filme. Tudo o que me atraía era o fato de ser estrelado pelo ator Colin Firth e o tema girar em torno do mundo da espionagem. Bom, me dei mal. Logo na primeira cena pude perceber, para meu desalento, que se tratava de mais uma adaptação do mundo dos quadrinhos e esses, pelo que pude constatar, eram bem juvenis mesmo. Material para adolescente. O roteiro mostra esse jovem, um garoto problemático, que acaba virando pupilo de Harry Hart (Colin Firth) ou Galahad, agente de uma organização secreta conhecida apenas como Kingsman. Até aí tudo bem, a premissa até que parecia muito boa e até promissora. O problema é que realmente não estava com espírito para encarar algo assim tão, digamos, adolescente. É um produto pop juvenil feito para a garotada que lota os cinemas no verão. O enredo vai se desenvolvendo nervosamente, ora funcionando como paródia dos antigos filmes de James Bond, ora como galhofa dos velhos valores. Existem poucas coisas que irão soar como novidade para um cinéfilo veterano como esse que vos escreve. Tudo é muito manjado e já foi utilizado milhões de vezes antes. Se formos puxar o fio da meada descobriremos facilmente que "Kingsman" é apenas um enorme caldeirão de clichês que se utilizam de elementos de centenas de outros sucessos do cinema, alguns até bem recentes. Sua originalidade é quase zero! 

Em determinado momento fiz até mesmo uma analogia com os filmes de Harry Potter, principalmente quando jovens são testados para virarem espiões (em Potter eles estudavam para se tornarem bruxos). Também há pitadas de "Jogos Vorazes" porque esse grupo de jovens irá também passar por uma competição, onde apenas os mais fortes sobreviverão e entrarão para os quadros da ultra secreta organização. A produção é muito boa, bem realizada, com bonita direção de arte, fotografia, etc, mas realmente não consegui gostar do filme como um todo. Atribuo isso ao fato de não ter mais a mentalidade e nem a idade de 14 anos - justamente a faixa etária que acredito ser a ideal para curtir esse tipo de filme ao lado dos amigos, comendo muita pipoca e tirando onda com o lanterninha. Algumas cenas são tão nonsense que acabam ficando divertidas como o massacre no culto evangélico, mas é só! A única maneira de se divertir um pouco é desligar o cérebro e não levar absolutamente nada a sério. Depois de uns 10 minutos de filme, quando você finalmente percebe toda a intenção dele, não resta outra saída a não ser tentar entrar no clima. Para alguns pode até vir a se tornar uma boa diversão. Comigo porém definitivamente não funcionou.

Pablo Aluísio.

O Destino de Júpiter

Título no Brasil: O Destino de Júpiter
Título Original: Jupiter Ascending
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Village Roadshow Pictures, Warner Bros
Direção: Andy Wachowski, Lana Wachowski
Roteiro: Andy Wachowski, Lana Wachowski
Elenco: Channing Tatum, Mila Kunis, Sean Bean, Eddie Redmayne
  
Sinopse:
Jupiter Jones (Mila Kunis) não conheceu seu pai que foi morto em um assalto quando sua família morava na Rússia. Depois da morte dele sua mãe decide ir embora para os Estados Unidos. A nova vida não é fácil, Jupiter ganha a vida como faxineira, onde trabalha muito, mas ganha muito pouco. Ele odeia sua vida, mas vê tudo mudar radicalmente da noite para o dia quando descobre que estranhas criaturas estão atrás dela. Para salvá-la do perigo surge Caine Wise (Channing Tatum) que lhe explica que ela está bem no meio de uma disputa espacial envolvendo um dos clãs mais poderosos do universo. Ela seria a reencarnação de uma das mais poderosas imperatrizes de todas as galáxias.

Comentários:
É outro produto pop feito para o público adolescente. Outro que também não tem muita originalidade. Logo no começo você percebe que as semelhanças com "Star Wars" beiram o plágio. Se na saga de George Lucas tínhamos um jovem comum (Luke Skywalker) jogado bem no meio da guerra espacial entre rebeldes e o império, aqui temos uma humana também bem comum que de repente se vê herdeira de um dos maiores impérios do universo e tudo isso acontecendo praticamente da noite para o dia. Essa produção custou quase 200 milhões de dólares e seu maior problema, além da falta de originalidade, é o excesso de informações que é jogado em cima do espectador. De repente ele descobre que não apenas existe vida fora da Terra como também eles são "donos" do nosso planeta, criaram a raça humana e basicamente nos usam como adubos. Os seres alienígenas também vivem milênios (e não apenas poucos anos como todos nós) e acreditam na reencarnação, mas em uma versão científica, baseada em traços genéticos! E tudo isso você ficará sabendo em menos de vinte minutos de filme! 

No meio de tudo isso muita ação desenfreada e, temos que admitir, ótimos efeitos especiais, como convém a qualquer filme assinado por Andy Wachowski (um dos irmãos Wachowski, que criaram o universo de "Matrix"). Curiosamente ele assina o filme ao lado de uma tal de Lana Wachowski! Muitos pensaram que seria a esposa de Andy, mas não, é o próprio irmão dele, Laurence Wachowski, que agora assina como Lana depois que resolveu assumir sua identidade GLS. Pintou o cabelo de vermelho, começou a usar roupas femininas e não aceita mais ser chamado por seu nome masculino! Bizarrices à parte, o fato é que o filme tem excesso de ação, efeitos digitais e visual inovador, pena que não tenha também ideias novas e originais. Do jeito que está só ficou excessivo, algumas vezes confuso e nada interessante - com menos de 60 minutos de duração você deixa de se importar com o que está acontecendo. O filme foi considerado um fracasso de bilheteria nos Estados Unidos, o que talvez só venha confirmar que os irmãos Wachowski só consigam se dar bem mesmo com a franquia "Matrix". São criadores de um universo só! Fora disso até hoje só colecionaram mesmo fracassos comerciais e filmes exagerados. Pior para o público que adora um chicletinho pop nas telas.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de maio de 2015

Todo Poderoso: o Filme

Título no Brasil: Todo Poderoso: o Filme - 100 Anos de Timão
Título Original: Todo Poderoso: o Filme - 100 Anos de Timão
Ano de Produção: 2010
País: Brasil, Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Fox Home
Direção: Ricardo Aidar, André Garolli
Roteiro: Ricardo Aidar, Celso Unzelte
Elenco: Elenco, torcedores e jornalistas

Sinopse:
Documentário realizado para celebrar os cem anos da fundação do Sport Club Corinthians Paulista. Cenas históricas recuperadas de arquivos mostram o surgimento do clube que logo se tornou um dos mais populares do Brasil. Intercalando a exibição das imagens raras, vários jornalistas, torcedores e jogadores que fizeram a história do time contam suas memórias da famosa equipe de futebol.

Comentários:
A produção de documentários no cinema brasileiro ainda não conseguiu se firmar e isso sempre me intrigou. Países bem menores que o nosso se destacam no cenário internacional justamente no mercado de documentários. Esse "Todo Poderoso: o Filme - 100 Anos de Timão" pode ser um caminho a seguir. Além de ser comercialmente viável - pois pressupõe-se que a torcida assistirá e prestigiará o filme - ainda traz um resgate da história do esporte no Brasil. É um produto cinematograficamente falando muito bem realizado, com ótima edição e ritmo moderno, sem deixar cair nada na chatice - uma reclamação ouvida com certa frequência quando se trata desse tipo de filme. As histórias contadas pelos protagonistas ganham um background excelente, com uso de imagens restauradas, depoimentos em off e obviamente muita exaltação ao espírito torcedor de quem acompanha o dia a dia da equipe. Felizmente muitos jogadores importantes na história do clube ainda estavam vivos na realização do documentário, o que engrandeceu bastante o resultado final pois seus depoimentos são bem valiosos. Em suma, um belo exemplo de que o gênero documentário pode ser muito bem aproveitado em nosso país, inclusive com uso de capital de produtoras internacionais, basta apenas boa vontade.

Pablo Aluísio.