quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Operação Resgate

Nesse filme Bruce Willis interpreta um agente da CIA que no passado sofreu uma grande perda. Sua esposa foi morta por criminosos, justamente como um plano de se vingar dele pessoalmente. Seu filho sobrevive e cria um trauma pessoal por não ter salvo a vida da mãe. Os anos passam. O rapaz cresce e decide seguir os passos do pai, também entrando na CIA. Sua chance de mostrar finalmente coragem e bravura surge quando o pai é sequestrado por uma quadrilha do crime organizado. Teria ele capacidade agora de salvar seu pai, superando todos os traumas psicológicos do passado?

Apesar de ter Bruce Willis no elenco esse é um filme bem fraco que deixa a desejar. Na verdade o velho e bom Bruce (mais conhecido como "Bruno" pelos amigos mais próximos) apenas é um chamariz de bilheteria com seu nome e rosto estampados no cartaz. Sua participação é bem pequena e pontual. Assim sobra para o jovem casal Kellan Lutz e Gina Carano segurar o filme quando Bruce Willis não está em cena. A má notícia é que eles não conseguem isso. O filme assim vai se arrastando numa sucessão de cenas de ação sem muita novidade ou originalidade. Fraco em seu resultado final esse "Operação Resgate" falha como boa diversão para os fãs de filmes de ação.

Operação Resgate (Extraction, Canadá, 2015) Direção: Steven C. Miller / Roteiro: Max Adams, Umair Aleem / Elenco: Bruce Willis, Kellan Lutz, Gina Carano / Sinopse: Harry Turner (Lutz) é um agente da CIA novato que deseja provar ao pai, um veterano da agência de inteligência, que ele tem coragem e garra para enfrentar situações perigosas. Quando seu pai Harry (Willis) cai nas mãos de terroristas internacionais que querem uma moderna arma tecnológica para dominar os meios de comunicação do globo, ele vê a grande chance de provar seu valor.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Além da Morte

Esse filme nada mais é do que o remake de "Linha Mortal" de 1990. Naquele filme original tínhamos um excelente elenco formado por Kiefer Sutherland, Kevin Bacon e Julia Roberts, Aqui a premissa segue basicamente a mesma: um grupo de estudantes de medicina decide ir além, sondar a fronteira que separa a vida da morte. Para isso eles fazem uma experiência no mínimo imprudente: são levados a sofrerem uma parada cardíaca, ficam "mortos" por mais ou menos 60 segundo e depois são trazidos de volta à vida pelos próprios colegas. Enquanto estão no lado de lá passam por experiências espirituais e sensoriais, só que ao retornaram não voltam sozinhos, algo maligno os acompanham.

Eu pensava que seria um filme no mínimo dispensável ou ruim, mas me enganei. É um bom filme, valorizado por um roteiro que procura trabalhar melhor o passado de cada personagem, além de explorar um visual do além morte que ficou bem realizado, diria até que os efeitos especiais são de extremo bom gosto. Para fazer uma ligação com o primeiro filme dos anos 90 o ator Kiefer Sutherland interpreta um grisalho professor de medicina. Sua participação é pequena e sem grande ligação com a trama principal, mas vale como referência justamente para "Linha Mortal". No final é um bom thriller de suspense e terror que em nenhum momento ofende a inteligência do espectador. Vale a pena.

Além da Morte (Flatliners, Estados Unidos, 2017) Direção: Niels Arden Oplev / Roteiro: Ben Ripley, baseado na trama original escrita por Peter Filardi / Elenco: Ellen Page, Diego Luna, Nina Dobrev, James Norton, Kiersey Clemons, Kiefer Sutherland / Sinopse: A estudante de medicina  Courtney (Page) que no passado perdeu a irmã em um acidente de carro, decide levar seus amigos de faculdade a uma experiência perigosa e imprudente: sondar o mundo dos mortos, através de uma parada cardíaca induzida seguida de um breve momento de falecimento, por mais ou menos 60 segundos. A tal "experiência" acaba resultando em efeitos colaterais indesejados através de alucinações e aparições de pessoas mortas.

Pablo Aluísio.

Vampiros do Deserto

Quando você fala em Vampiros no deserto lembra logo daquele filme de John Carpenter. Não, esse aqui é outro filme, lançado três anos depois do original "Vampiros". São ideias parecidas, mas claramente com resultados diferentes. O roteiro é o básico do básico. Você coloca um grupo de jovens (sempre com loirinhas lindas) para ser encurralado no meio do nada por um grupo de seres famintos, sim, os tais vampiros. Apesar de ser sempre legal ver vampiros nesse tipo de cenário desértico sempre me perguntei o que diabos um vampiro iria fazer no meio do deserto... Afinal não há alimento (não há pessoas, logo também não há sangue), de dia o sol é escaldante (o que seria o fim de qualquer criatura feita para andar na escuridão) e por fim eles não teriam onde se esconder pois basicamente não há casas e nem construções por perto.

De uma forma ou outra o diretor J.S. Cardone fez o seu filme. O elenco é formado por atores e atrizes desconhecidos, por isso não espere por encontrar nenhum rosto familiar. No final das contas o interesse vai se resumir mesmo em ver como essa moçada vai ser morta pelos dentuços sedentos por sangue. E basicamente é só. 

Vampiros do Deserto (The Forsaken, Estados Unidos, 2001) Direção: J.S. Cardone / Roteiro: J.S. Cardone / Elenco: Kerr Smith, Brendan Fehr, Izabella Miko / Sinopse: Jovens ficam à mercê de vampiros famintos bem no meio do deserto. Agora cada um deles tentará sobreviver até que o dia amanheça e eles consigam encontrar alguma rota de fuga.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Visões Perigosas

Filmes sobre detetives em busca de assassinos em série sempre são, de uma maneira em geral, realmente bons. O chamado thriller policial é sempre um subgênero que reserva algumas boas surpresas ao espectador de cinema. Esse aqui tem duas novidades. A primeira é que o investigador, interpretado por Kiefer Sutherland, não é um cara comum. Ele tem visões e vidência, o que o ajuda em suas buscas e investigações. A outra novidade vem no próprio vilão, um serial killer que tem obsessão com o livro infantil "Alice no País das Maravilhas".

O clima soturno e sombrio tenta resgatar um pouco do velho estilo noir, aquele mesmo que foi muito utilizado nas décadas de 1940 e 1950. Embora não mergulhe completamente nessa estética, o filme vai bastante nessa fonte cinematográfica clássica. No mais o roteiro é bom, bem desenvolvido, e conta com um elenco que parece bem interessado no filme. O diretor Paul Marcus veio do mundo das séries de TV onde dirigiu muitos programas com temática justamente policial, por isso de certa maneira estava em casa. Então é isso, deixo a dica desse filme sobre um assassino em série fora do comum e de um detetive ainda mais fora dos padrões.

Visões Perigosas (After Alice, Estados Unidos, 2000) Direção: Paul Marcus / Roteiro: Jeff Miller / Elenco: Kiefer Sutherland, Henry Czerny, Polly Walker / Sinopse: O detetive Mickey Hayden (Kiefer Sutherland) vai atrás de um serial killer que mata suas vítimas deixando pistas relacionadas ao livro infantil "Alice no País das Maravilhas". O investigador tem um ás na manga para prende-lo pois tem visões paranormais sobre seu paradeiro.

Pablo Aluísio.

Gostosa Loucura

Filmes sobre romances adolescentes sempre terão seu espaço dentro do cinema. Esse aqui foi lançado discretamente no Brasil, apenas no mercado de vídeo. A história é bem convencional, o que não quer dizer que não seja boa. Aqui temos o namoro entre uma garota americana e um jovem latino. A garota se chama Nicole Oakley (Kirsten Dunst). Ela é a filhinha rica de um político e empresário da cidade. No histórico pessoal uma longa lista de comportamentos rebeldes contra a opressão do pai. O novo namorado é o latino Carlos Nuñez (Jay Hernandez). É um rapaz esforçado que trabalha e estuda e está tentando vencer na vida.

Como todo jovem a aproximação começa com um simples flerte, mas aos poucos o relacionamento vai ficando mais sério. O problema é que o casal tem origens diferentes, vidas completamente diversas. Obviamente que um filme com essa temática teria que lidar com a questão do preconceito racial e ético. Nos Estados Unidos há essas categorias bem diferenciadas. Se você não vem de uma família americana e tem um nome espanhol ou português é logo colocado na categoria dos latinos. É um bom filme que poderia ser melhor se o roteiro fosse mais a fundo nessa questão.

Gostosa Loucura (Crazy/Beautiful, Estados Unidos, 2001) Direção: John Stockwell / Roteiro: Phil Hay, Matt Manfredi / Elenco: Kirsten Dunst, Jay Hernandez, Bruce Davison / Sinopse: O filme conta a história do romance de um jovem casal, Nicole Oakley (Kirsten Dunst) e Carlos Nuñez (Jay Hernandez). Ela, rica e filha de um homem influente na sociedade, ele, pobre e de origem latina. Filme indicado ao prêmio ALMA Awards.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Ella e John

Esse filme conta a história de um casal de idosos que certo dia resolve viajar... assim, sem mais, nem menos. Não avisam aos filhos, não dizem nada para ninguém. Apenas pegam o grande Motor Home em sua garagem e vão embora, ganhando a estrada. Tudo estaria bem se ele não fosse portador do Mal de Alzheimer e ela tivesse uma doença grave que lhe daria poucos meses de vida. Assim o filme vai se desenvolvendo, com o casal viajando, rumo ao sul, para a antiga cidade dela. No caminho começam os problemas. Por causa da doença John (Donald Sutherland) tem muitos lapsos de memória. Em certos momentos ele não consegue lembrar de onde está, do nome dos filhos e nem da esposa que está viajando ao seu lado. Também se confunde com o tempo, pensando ser ainda um estudante na universidade (ele é na realidade um professor de literatura americana aposentado). 

Uma de suas metas é visitar a casa que pertenceu ao grande escritor Ernest Miller Hemingway, seu grande ídolo nas letras. O curioso é que John consegue se lembrar de trechos inteiros dos livros dele, só que ao mesmo tempo não consegue lembrar do que aconteceu minutos atrás em sua vida. A esposa é interpretada pela grande atriz Helen Mirren. Ela é seguramente uma das grandes atrizes de sua geração e um dos melhores motivos para conferir esse filme. Com tantas qualidades em termos de elenco o filme só derrapa mesmo no final. Achei a conclusão da história um tanto absurda e eticamente condenável. Esse problema nem pode ser creditado apenas ao filme em si, pois o roteiro apenas adaptou o livro que lhe deu origem. O desfecho é em certo aspecto bem decepcionante porque acaba passando uma mensagem final errada. Particularmente me incomodei com tudo o que aconteceu. Você vai acompanhando esse casal de idosos ao longo de todo o filme, cria uma simpatia por eles e de repente tudo se resume naquele final ruim... de certa maneira estragou mesmo tudo. 

Ella e John (The Leisure Seeke, Estados Unidos, 2017) Direção: Paolo Virzì / Roteiro: Stephen Amidon, baseado no romance escrito por Michael Zadoorian / Elenco: Helen Mirren, Donald Sutherland, Christian McKay, Janel Moloney, Dana Ivey / Sinopse: Ella (Helen Mirren) e seu marido John (Donald Sutherland) decidem viajar para o sul pois querem fazer sua última grande viagem de turismo pois ambos estão com doenças graves. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Hellen Mirren).
 
Pablo Aluísio.

O Último Suspeito

Esse "City by the Sea" não é um grande filme policial, mas até que tem seus bons momentos. O assisti já no apagar das luzes da era dos videocassetes, quando as locadoras começavam a fechar suas portas por causa da popularização da internet. Um caminho sem volta. Pois bem, aqui temos um enredo interessante. Um policial, que dedicou toda a sua vida na preservação da lei, passa a ser suspeito de um crime bárbaro! Teria alguma lógica nas suspeitas, sendo que ele sempre foi tão íntegro e honesto? Aparentemente sim, já que seu passado esconde algo que ele sempre quis esconder, varrer para debaixo do tapete.

Acontece que seu pai foi um assassino. Nos anos 50 ele passou medo e terror para a pequena cidadezinha onde morava. Após matar um inocente com requintes de crueldade acabou sendo condenado à morte, em um tipo bem primitivo e selvagem de punição, a corda da forca! Isso mesmo, o pai do policial era um criminoso condenado à morte por enforcamento. O roteiro assim tenta, num viés Darwiniano, confundir o espectador! Teria ele herdado os genes podres de seu pai? Ok, no mundo real praticamente ninguém levaria algo assim à sério, mas em um filme... por que não? Eu particularmente coloco o filme lado a lado com as dezenas de fitas policiais apagadas que De Niro atuou ao longo de sua carreira, mas aqui pelo menos há o charme desse roteiro que brinca com o passado negro de um homem que se dedicou a ser um bom tira por toda a sua miserável vida.

O Último Suspeito (City by the Sea, Estados Unidos, 2002) Estúdio: Warner Bros / Data de Lançamento: 10 de novembro de 2002 (EUA) / Direção: Michael Caton-Jones / Roteiro: Mike McAlary, Ken Hixon / Elenco: Robert De Niro, James Franco, Frances McDormand.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de agosto de 2018

Capitão América: Guerra Civil

Bem mais simples do que a saga Guerra Civil dos quadrinhos, esse filme acabou sendo uma espécie de preview do que se viria depois na saga dos vingadores. Para falar a verdade todos os filmes da Marvel caminham juntos o que não deixa de ser um grande e complexo desafio para os roteiristas. Imagine ter que combinar de uma forma ou outra todos os filmes que são lançados de forma avulsa a cada ano. A Marvel acabou criando assim uma fábrica de grandes bilheterias, algo que nem mesmo a DC Comics conseguiu chegar perto. Provavelmente em um futuro próximo o estúdio venha a reunir todos os filmes em um grande box, onde eles finalmente vão fazer mais sentido juntos.

Aqui temos o começo dos problemas envolvendo o Capitão América de um lado e o Homem de Ferro do outro. Em torno deles se formam dois grupos rivais de heróis. E a partir daí, como é de praxe nos quadrinhos e nos filmes adaptados, começa um grande quebra pau entre os personagens. Os efeitos especiais obviamente são de última geração, mas o roteiro deixa a desejar. Afirmo isso não apenas em relação aos quadrinhos em si, que trazia dezenas de outros personagens, mas também no desenvolvimento de cada um herói. É claro que edições e mais edições de revistas jamais poderiam ser compiladas de forma satisfatória em apenas um filme de pouco mais de duas horas. Assim, se você conseguir passar por cima dessa impossibilidade técnica, pode até mesmo vir a se divertir com tudo o que acontece na tela. É um típico filme blockbuster de Hollywood com tudo de bom e ruim que isso possa significar.

Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, EUA, 2016) Direção: Anthony Russo, Joe Russo / Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Don Cheadle, Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Paul Rudd, Emily VanCamp / Sinopse: O grupo de super-heróis dos Vingadores racha ao meio quando um tratado internacional é ratificado por centenas de países ao redor do mundo colocando um freio em suas atividades. O Homem de Ferro concorda com as novas medidas, mas o Capitão América se recusa a concordar com ele. Assim duas equipes antagônicas são formadas dentro dos Vingadores e elas logo entram em conflito.

Pablo Aluísio. 

Adeus Christopher Robin

O filme conta a história do relacionamento entre um pai e seu filho. O pai é um dramaturgo de sucesso em Londres que precisa superar os traumas da guerra. Veterano na Primeira Guerra Mundial ele retorna para a Inglaterra com problemas psicológicos pelas coisas que viu e viveu no campo de batalha. Acaba encontrando no filho um suporte para isso. Aos poucos vai recuperando o prazer de escrever e de viver. E é justamente nas brincadeiras que tem ao lado do filho em um bosque próximo de sua casa que o inspira a escrever um livro infantil. Esse livro se tornaria um enorme sucesso de vendas, dando origem a uma série de personagens que ainda hoje povoam o imaginário das crianças. O escritor era Alan Alexander Milne, o livro recebeu o nome de "Winnie the Pooh" (no Brasil, "O Ursinho Pooh") e o filho que se tornaria célebre por também fazer parte do livro era o pequeno Christopher Robin.

O roteiro assim apresenta duas linhas narrativas. Na primeira acompanhamos a infância de Robin. De repente ele se torna conhecido mundialmente por causa do livro escrito pelo pai. Entrevistas, aparições públicas e todo o desgaste de ter se tornado uma figura pública mundial ainda quando era apenas uma criança. Na outra linha narrativa, já encontramos Robin como adulto. Ele tem ressentimentos por nunca ter tido paz (justamente por causa da notoriedade do livro) e por essa razão passa a ter um relacionamento conturbado com o pai, que tenta recuperar o afeto do filho. Meio que por rebeldia, meio por tentar seguir seus próprios caminhos, acaba se alistando no exército inglês, justamente no auge da Segunda Grande Guerra Mundial. Embora seja apenas na média o filme se sobressai por trazer a biografia desse autor, o que certamente vai interessar aos apreciadores de literatura inglesa. Também tem um bom elenco, com destaque mais uma vez para a bela Margot Robbie como a mãe de Robin. Nada convencional para a época ela estava mais interessada na fama e no dinheiro vindos do grande sucesso do livro do que propriamente nas necessidades do filho por afeto e carinho materno.

Adeus Christopher Robin (Goodbye Christopher Robin, Inglaterra, 2017) Direção: Simon Curtis / Roteiro: Frank Cottrell Boyce, Simon Vaughan / Elenco: Domhnall Gleeson, Margot Robbie, Kelly Macdonald, Will Tilston, Alex Lawther / Sinopse: O filme conta a história do autor e dramaturgo A.A. Milne que escreveu um dos mais populares livros infantis de todos os tempos, o best-seller "Winnie the Pooh". Na estorinha ele contava as brincadeiras de seu filho único, C.R. Milne, com seus brinquedos, numa casa de campo nos arredores de Londres.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de agosto de 2018

Creed - Nascido para Lutar

Stallone poderia ter feito mais uma continuação vazia de Rocky, mas preferiu ir por outro caminho. Excelente escolha. Esse "Creed" não apenas foi um sucesso de público e crítica, como também abriu portas para uma outra franquia independente (Creed II já foi inclusive anunciado). Também ganhou pontos por deixar de lado seu ego de estrela de cinema para abrir um espaço para outros roteiristas e para o diretor Ryan Coogler dirigir um excelente drama esportivo, onde a ação também não é deixada de lado. Assim Sylvester Stallone acabou sendo indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro por sua atuação! Quem imaginaria que nessa altura de sua vida ele iria ainda conseguir algo assim? Foi certamente algo excepcional.

De fato Stallone apenas serve como um coadjuvante de luxo dentro do enredo. O seu tão querido Rocky Balboa está curtindo seus anos de aposentadoria - vivendo uma existência modesta. E de repente bate à sua porta o jovem Adonis Johnson (Michael B. Jordan). Ele é filho do campeão Apollo Creed e quer ser também um campeão do boxe. Em sua forma de ver as coisas ninguém poderia lhe treinar melhor do que o próprio Rocky Balboa! E assim o filme se desenvolve. Há um pequeno problema de ritmo em sua estrutura e o roteiro não deixa de explorar certos clichês desse tipo de filme, porém é também inegável que o filme conseguiu chamar atenção por seus próprios méritos. Talvez Michael B. Jordan não seja um ator tão carismático para segurar um filme desse porte. Nesse aspecto ele acabou sendo salvo pelo próprio Stallone que sempre teve um carisma absurdo, ainda mais quando volta a interpretar o bom e velho Rocky Balboa.

Creed - Nascido para Lutar (Creed, Estados Unidos, 2015) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Ryan Coogler / Roteiro: Ryan Coogler, Aaron Covington / Elenco: Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson / Sinopse: Jovem lutador procura campeão de boxe do passado para que esse o treine. O choque de gerações logo se torna bem evidente entre ambos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Sylvester Stallone). Vencedor do Globo de Ouro na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

Histórias Cruzadas

Filme muito bom que é baseado em uma história real. Antes de ir para o cinema deu origem a um best-seller nos Estados Unidos. A história se passa nos anos 1960. Uma jovem recém formada decide escrever um livro contando o cotidiano das empregadas domésticas negras do sul. Como se sabe os estados sulistas dos Estados Unidos sempre foram associados a uma sociedade extremamente racista. Basta lembrar da guerra civil para entender bem isso. Assim Skeeter (Emma Stone) começa a acompanhar as experiências de vida da empregada doméstica Aibileen (Viola Davis). É justamente nas pequenas coisas diárias que ela espera encontrar a verdadeira face daquela sociedade.

E o que ela encontra? O racismo mais disfarçado, um misto de preconceito racial com preconceito social. Relegadas a baixos salários e longas jornadas de trabalho, as empregadas domésticas negras eram mesmo consideradas seres humanos de segunda categoria. O filme porém procura não criar um estilo de panfleto social, indo mais nas sutilezas, sem exagerar na dose. Em termos de elenco, onde predominam elas, as mulheres, temos excelentes atuações. Passando pela jovem e bem intencionada personagem interpretada por Emma Stone e passando pela integridade moral e experiência de vida da Aibileen de Viola Davis. Um filme muito bom mesmo, com excelente reconstituição de época, tudo valorizado pelo roteiro socialmente consciente. Uma boa oportunidade para os americanos se olharem no espelho.

Histórias Cruzadas (The Help, EUA, 2011) Direção: Tate Taylor / Roteiro: Tate Taylor, baseado na obra de Kathryn Stockett / Elenco: Emma Stone, Viola Davis, Octavia Spencer, Bryce Dallas Howard, Mike Vogel, Allison Janney / Sinopse: Durante a década de 60 a jovem Skeeter (Emma Stone), uma recém formada que tem planos de ser tornar escritora, decide escrever um livro retratando o cotidiano das empregadas domésticas negras do sul dos EUA. Em busca de material para seu texto ela consegue o apoio de Aibileen (Viola Davis), governanta de um amigo. Através dela Skeeter começa a ouvir também outras empregadas domésticas de sua cidade, dando forma ao seu livro que acabaria revelando um lado nada lisonjeiro das relações patroas e empregadas no sul racista americano

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Sibéria

Não acredito que os fãs de Keanu Reeves vão gostar muito desse filme. Todo rodado na Rússia, ele se propõe a ser ao mesmo tempo um filme de ação e romance e no final das contas falhas nas duas opções. Reeves interpreta um negociante americano que vai até a Rússia para comprar e revender raros diamantes azuis. O valor, claro, é exorbitante. Seus clientes são mafiosos, sujeitos violentos e que não aceitam falhas nesse tipo de negócio. Só que o fornecedor dele já foi pego vendendo diamantes falsos e pior do que isso, já se queimou com a máfia russa. O roteiro tem buracos. O espectador nunca fica sabendo, por exemplo, se o protagonista é apenas um vendedor de diamantes raros ou se tem alguma ligação a mais com o mundo do crime. Nada fica muito claro. Não procure também por muita ação nesse filme. Só há mesmo uma cena (a final) onde tiros são trocados numa floresta remota da Sibéria. Fora isso só há ameaças e situações de tensão ao longo de todo o filme. Nada parecido com John Wick. Quem gosta de ver Reeves em cenas mais movimentadas vai se decepcionar.

E então vem o lado romântico do filme. Enquanto está esperando por seu fornecedor, Reeves se envolve com uma russa interpretada pela atriz romena Ana Ularu. Ele a conhece casualmente em um bar onde ela trabalha. Depois do flerte vão para a cama, o que rende algumas cenas mais picantes ao filme (também não vá esperar muito nesse quesito). Esse romance entre o americano e a russa me pareceu bem morno. Apesar da pegação na hora do sexo, o Reeves não parece muito empolgado com sua nova namorada. Na maioria das vezes surge frio e distante. Para piorar a situação ela tem um pretendente na vila onde mora, um sujeito que vive bêbado (o que convenhamos é um estereótipo barato do roteiro em cima dos homens russos). Também tem alguns irmãos rudes e toscos que por diversão caçam ursos nas redondezas (outro estereótipo bobo do roteiro). No final fica aquela sensação de que o filme vai avançando sem ritmo, sem pegada, lento demais... tudo culminando numa cena que vai deixar as fãs do Keanu Reeves ainda mais irritadas.

Sibéria (Siberia, Estados Unidos, 2018) Direção: Matthew Ross / Roteiro: Scott B. Smith, Stephen Hamel / Elenco: Keanu Reeves, Ana Ularu, Boris Gulyarin, Ashley St. George / Sinopse: Lucas Hill (Keanu Reeves) é um americano que chega na Rússia para negociar raros diamantes azuis com a máfia, só que ao chegar em solo russo descobre que seu fornecedor está desaparecido, provavelmente morto, por ter vendido pedras falsas a criminosos de São Petersburgo.

Pablo Aluísio.

Regresso do Mal

Um filme de terror com Nicolas Cage? Sim, isso mesmo! O filme foi lançado no feriado de Halloween nos Estados Unidos e até que não foi tão mal como se esperava. O bom e velho Cage faz um pai feliz que decide levar o filho, um garotinho, para passear no meio de uma festa pelas ruas de Nova Iorque. Quando se distancia para comprar um sorvete para o filho acaba o perdendo de vista. Desesperado, faz de tudo para encontrá-lo, mas seus esforços são em vão. O roteiro então dá um pulo de um ano. O menino continua desaparecido. Pistas levam Cage a descobrir que seu sumiço pode ter sido causado pelos adoradores de uma antiga seita ocultista obscura.

Em vários flashbacks o roteiro então vai explorando o passado, mostrando inclusive o que aconteceu ainda nos tempos da colonização, onde uma lenda amaldiçoada começou a imperar entre os moradores. O título original desse filme (que significa "Pague ao Fantasma") tem muito a ver com o próprio enredo. Entre boas sequências de suspense e terror o que acaba se sobressaindo mesmo é o argumento do roteiro, que procura manter a atenção do espectador. O filme só se perde mesmo quando vai chegando ao final. O personagem de Cage atravessa o mundo espiritual em uma cena que não diz a que veio, que não ajuda em nada ao filme como um todo. No geral não é uma perda de tempo pois o filme ainda tem seus momentos, porém ficou muito longe do que poderia ser.

Regresso do Mal (Pay the Ghost, EUA, 2015) Direção: Uli Edel / Roteiro: Dan Kay, baseado na novela de Tim Lebbon / Elenco: Nicolas Cage, Sarah Wayne Callies, Veronica Ferres / Sinopse: Professor se desespera ao perder seu filho no meio de uma grande festa de Halloween. Após meses de busca intensa ele começa a seguir pistas que podem levar a uma ligação entre antigas crenças celtas e o paradeiro de centenas de crianças desaparecidas. Teria algo a ver com um evento trágico que aconteceu em Nova Iorque durante o século XVII, em pleno período da colonização da cidade?

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Deadpool

Esse é o primeiro filme do herói (herói?!) Marvel Deadpool. Recentemente vi o segundo e pude perceber que os produtores apenas apostaram no que já havia dado certo por aqui. Nada de muito novo. Pois bem, o diferencial desse personagem mascarado em relação aos demais é que ele mais parece uma metralhadora de gracinhas (ou bobagens) do que um herói de quadrinhos para a criançada admirar e comprar bonequinhos. Por falar nas revistas em quadrinhos, os entendidos afirmam que seus gibis são bem ruins, mas seus filmes, pelo menos até agora, se salvam da mesmice. O engraçado é que lendo a sinopse até parece um personagem mais tradicional, uma espécie de sub-Wolverine, mas não se trata mesmo disso, é algo bem diferente.

O enredo traz o veterano das forças especiais Wade Wilson (Ryan Reynolds). Ele está com uma doença terminal e por desespero de causa topa entrar em um experimento, um tratamento inovador e também perigoso. O resultado é que ele sobrevive e mais... surge com poderes especiais que jamais sonhara antes. O plot é legalzinho, não há como negar, mas também não foge muito do lugar comum entre origens de personagens da editora Marvel. Por fim a maior das ironias.  Ryan Reynolds fracassou com Lanterna Verde, mas acabou dando certo como Deadpool. E olha que nos quadrinhos o Lanterna da DC é muito mais popular do que o falastrão Deadpool da Marvel Comics... Vai entender...

Deadpool (Estados Unidos, Canadá, 2016) Estúdio: 20th Century Fox / Direção: Tim Miller / Roteiro: Tim Miller, Rhett Reese, Paul Wernick / Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, T.J. Miller / Sinopse: Um membro das forças especiais passa por um tratamento novo que acaba salvando sua vida de um fim certo por causa de um câncer agressivo. Ao mesmo tempo o torna praticamente indestrutível, impossível de se matar.

Pablo Aluísio.

Baile Perfumado

Título no Brasil: Baile Perfumado
Título Original: Baile Perfumado
Ano de Produção: 1997
País: Brasil
Estúdio: Imovision
Direção: Paulo Caldas, Lírio Ferreira
Roteiro: Paulo Caldas, Lírio Ferreira
Elenco: Duda Mamberti, Luiz Carlos Vasconcelos, Aramis Trindade, Joffre Soares, Cláudio Mamberti, Germano Haiut

Sinopse:
Em 1937 o libanês Benjamin Abrahão (Duda Mamberti) resolve apostar numa empreitada perigosa. Ele decide ir para a caatinga em busca de Lampião e seu bando de cangaceiros no nordeste brasileiro. Sua intenção é filmar o famoso bandoleiro para exibir em cinemas pelo país afora. Inicialmente relutante, o Capitão Virgulino então finalmente decide ceder, "atuando" assim no filme de Benjamin.

Comentários:
Bom momento do cinema brasileiro que conta uma das histórias mais improváveis do nordeste, quando um estrangeiro conseguiu romper as linhas de defesa de Lampião para fazer as únicas imagens do grupo de cangaceiros em um filme. Aliás o filme em si é um exercício de metalinguagem cinematográfica das mais interessantes, isso porque o filme de Benjamin Abrahão acabou dando origem a justamente esse "Baile Perfumado". Obviamente a câmera que usou na época era bem primitiva, sem som, nem nada de muito sofisticado em termos tecnológicos, porém as imagens captadas do bando de Lampião foi certamente um dos registros históricos mais importantes da cultura do povo nordestino. A tradição ligando o cangaço com o cinema brasileiro vem de muito tempo, poderia dizer até mesmo que essa seria a mitologia brasileira equivalente ao velho oeste dos Estados Unidos. Se o Brasil tivesse uma indústria de cinema mais regular e desenvolvida certamente muitos filmes teriam sido produzidos sobre o cangaço. De qualquer maneira esse "Baile Perfumado" é seguramente um tiro certeiro nesse estilo de produção..Roteiro bem elaborado, boa produção e um enredo que é à prova de falhas. Se ainda não viu não deixe de conferir.

Pablo Aluísio.