domingo, 16 de outubro de 2016
Amistad
Título Original: Amistad
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks SKG
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: David Franzoni
Elenco: Anthony Hopkins, Morgan Freeman, Matthew McConaughey, Stellan Skarsgård, Anna Paquin, Djimon Hounsou
Sinopse:
Filme baseado em fatos históricos reais. Tudo começa quando um navio chega em um porto americano. De bandeira estrangeira a embarcação sofreu um motim em alto-mar. Vários prisioneiros se rebelaram. Em terra firme, já na América, todos eles são levados a julgamento. O que poderia ser um caso de fácil solução acaba trazendo à tona questões jurídicas inovadoras, que certamente reperticuriam na jurisprudência da Suprema corte americana. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Anthony Hopkins), Melhor Fotografia (Janusz Kaminski), Melhor Figurino (Ruth E. Carter) e Trilha Sonora Original (John Williams).
Comentários:
Eu considero Steven Spielberg um dos maiores gênios da história do cinema. Qualquer filme que traga sua assinatura nessa direção me chama imediatamente a atenção. Esse "Amistad", por exemplo, tive a oportunidade de conferir no cinema. Dito isso tenho que reconhecer também que nem todos os filmes do mestre Spielberg são geniais ou maravilhosos, alguns são apenas boas histórias bem contadas. É o caso dessa produção. Eu me recordo que muitos se decepcionaram com o filme porque ele em essência é um drama de tribunal onde se gasta muita metragem discutindo meras firulas jurídicas. Dessa maneira não é um filme para todos os públicos, mas apenas para quem gosta de história e mais, quem se interessa por casos judiciais intrigantes. Como se trata de um filme de Steven Spielberg era de se esperar novamente que um grande elenco fosse formado e realmente temos aqui um time de atores de máximo respeito. Porém nenhum desses grandes talentos se sobressai, a não ser o veterano Anthony Hopkins que se destaca interpretando um velho presidente dos Estados Unidos na semi aposentadoria, advogando para se manter ativo. É justamente ele que acaba atuando no caso master que o roteiro explora. Então é isso, nada demais, nada muito marcante ou que possa ser considerado uma obra prima. Obviamente por se tratar de Spielberg vale a sessão, porém o gostinho de um pouco de decepção ficará, quer você queira ou não.
Pablo Aluísio.
Aproximando-se do Desconhecido
Título Original: Approaching the Unknown
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Mark Elijah Rosenberg
Roteiro: Mark Elijah Rosenberg
Elenco: Mark Strong, Luke Wilson, Sanaa Lathan, Anders Danielsen Lie, Charles Baker, Whit K. Lee
Sinopse:
O astronauta William D. Stanaforth (Mark Strong) é escolhido para ser o primeiro homem a pisar em Marte. Ele desenvolveu um mecanismo muito eficiente que consegue produzir água apenas utilizando material inorgânico, como o próprio solo. Algo que seria vital para uma colonização a longo prazo do planeta vermelho. Durante a longa viagem de 270 dias Stanaforth começa a sentir o peso e a pressão de sua posição. Para piorar, as experiências que deveria fazer a bordo começam a dar errado, colocando em risco o sucesso da missão.
Comentários:
A colonização de Marte ainda faz parte da mera ficção. Esse filme tenta mostrar como seria a chegada do primeiro homem naquele mundo hostil e estéril. Há muitos anos se fala em colonizar Marte, porém a ciência ainda enfrenta desafios enormes. Como manter a vida em um planeta onde as temperaturas são inadequadas e a água (elemento vital para a manutenção da vida) é inexistente? O filme tenta trazer algumas respostas apostando em um reator que consegue recombinar molecularmente elementos químicos (como o Hidrogênio e o Oxigênio) para criar H2O, ou seja, a água. No começo tudo sai tão certo que o inventor do tal mecanismo, William D. Stanaforth, é escolhido para ser o primeiro homem em Marte. O problema é que essa primeira viagem será apenas de ida (sem volta) pois é necessário que alguém fique em Marte preparando o terreno para a chegada dos primeiros colonizadores. Stanaforth, um homem amargurado que não tem nada a perder, topa o desafio. A questão que se coloca logo no começo do filme é como ele teria sido escolhido (o roteiro não entra em maiores detalhes). Conforme a missão avança percebemos que o equilíbrio externo que o astronauta demonstra é pura fachada, pois ele tem muitas crises existenciais, algo que seria completamente inadequado para uma missão como a mostrada no filme. O roteiro assim tenta criar um clima que lembra em certos aspectos o clássico "2001", mas claro sem a profundidade da obra prima de Kubrick. Questões filosóficas ou existenciais nunca são muito desenvolvidas, mas estão lá, pelo menos superficialmente. A melhor frase do filme inclusive é dita pelo astronauta sobre o seu destino: "Marte é um lugar onde nunca nada viveu e nunca nada morreu. Provavelmente eu viverei para sempre ao chegar lá". No final o que temos é uma produção interessante, curta (menos de 80 minutos de duração) que não se preocupa muito em ser pretensiosa. Mesmo assim vale a pena conhecer. Filme premiado no Sundance Film Festival.
Pablo Aluísio.
sábado, 15 de outubro de 2016
Decisão de Risco
Título no Brasil: Decisão de Risco
Título Original: Eye in the Sky
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra
Estúdio: Raindog Films, Entertainment One
Direção: Gavin Hood
Roteiro: Guy Hibbert
Elenco: Helen Mirren, Aaron Paul, Alan Rickman, Phoebe Fox, Gavin Hood, Jeremy Northam
Sinopse:
Após anos de busca, o serviço de inteligência do Reino Unido localiza a presença de três dos quatro terroristas internacionais mais procurados da África Oriental. Imediatamente um drone é enviado para o lugar. Os criminosos se encontram em uma casa, nos arredores da capital da Namíbia. O mais correto seria eliminar todos os alvos imediatamente, para evitar que novos atentados suicidas fossem planejados e realizados, mas na hora de realmente decidir o ataque um grupo de políticos fica com extremo receio de autorizar a operação militar. Pior de tudo, uma jovem garotinha arma uma barraca para vender pão bem ao lado da casa que será destruída no bombardeio. E agora? O ataque por drones será realmente realizado? Filme indicado ao prêmio de melhor roteiro no Palm Springs International Film Festival.
Comentários:
Não existem guerras limpas. Todas as guerras são sujas. Essa é a grande lição deixada por esse excelente roteiro escrito por Guy Hibbert. Diante de um ataque iminente a um grupo de terroristas internacionais todos os envolvidos (militares e políticos) caem em um dilema dos mais aflitivos. Seria ético matar uma garotinha inocente que está nas proximidades do ataque vendendo pão? É a conhecida questão do dano colateral, só que aqui a menina ganha rosto e história, se tornando mais humana, desvendando toda a face da crueldade da guerra. E embora a guerra moderna seja tão absurda como a do passado não podemos deixar de ficar impressionados com os avanços tecnológicos das armas atuais, principalmente em relação aos drones, essas pequenas (e mortais) aeronaves não tripuladas que atualmente são usadas para ataques cirúrgicos em locais distantes da África e do Oriente Médio. Aliás todos os personagens do filme giram em torno dos bastidores justamente de uma ataque de drones do tipo Patriot. Helen Mirren, sempre excepcional, é a oficial encarregada de comandar as operações. Ela quer liquidar uma terrorista internacional que persegue há seis anos e não vê a hora do ataque se consumar de uma vez por todas. O jovem Aaron Paul (de "Breaking Bad") é o piloto do drone que na hora H sente o peso ético de um ataque como aquele.
Já o grande Alan Rickman interpreta um veterano general que precisa lidar com um bando de políticos indecisos e vacilantes que não conseguem tomar a decisão final sobre o ataque. Esse foi um dos últimos filmes do ator que morreu recentemente. Aliás nos créditos finais ele é homenageado pelos produtores do filme. Sua parte é vital para entender como militares bem preparados e treinados podem ficar inoperantes por causa de uma irracional burocracia estatal. Nenhum dos agentes políticos quer a responsabilidade de dar a ordem final para uma ataque naquelas circunstâncias, tentando jogar a decisão para os outros, fazendo com que os terroristas ganhem tempo para inclusive tentarem fugir do alvo. A tensão assim se torna completa. Por fim vale uma indagação interessante: poderia ainda haver espaço para a guerra em um mundo tão politicamente correto como o atual? Os políticos britânicos presentes no filme incorporam justamente esse dilema. Um simples ataque acaba virando uma questão das mais delicadas, justamente por causa desse tipo de pensamento. Eles simplesmente não conseguem chegar a uma decisão, com medo de sofrerem alguma consequência em suas carreiras caso algo seja vazado para a imprensa. Seria justo um ataque como aquele? O roteiro, de forma inteligente, não traz a resposta, deixando a conclusão final para o próprio espectador. Sábia decisão. Assista e tire suas próprias conclusões.
Pablo Aluísio.
Força Aérea Um
Título Original: Air Force One
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Wolfgang Petersen
Roteiro: Andrew W. Marlowe
Elenco: Harrison Ford, Gary Oldman, Glenn Close, William H. Macy, Dean Stockwell, Tom Everett
Sinopse:
O avião presidencial é sequestrado com o presidente dos Estados Unidos a bordo. O grupo que toma seu controle é formado por terroristas de uma ex-república soviética, o Cazaquistão, que está insatisfeita com as críticas e a política adotada pelo governo americano em relação ao governo ditatorial daquele distante país. Assim, ao se ver em uma armadilha, o próprio presidente resolve enfrentar os criminosos, em um jogo mortal de vida e morte. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Som (Paul Massey, Rick Kline) e Melhor Edição (Richard Francis-Bruce).
Comentários:
Os americanos possuem uma visão boba de seus presidentes. Geralmente eles se tornam figuras lendárias dentro do imaginário popular. O caso mais absurdo de ufanismo patriota no cinema aconteceu justamente nesse filme. Aqui o presidente dos Estados Unidos James Marshall, encarnado na figura do ator Harrison Ford, não apenas é mostrado como uma pessoa extremamente cheia de virtudes, como também um herói acima do bem e do mal. Ele literalmente sai no braço com um grupo de terroristas que tomam de assalto seu avião presidencial (denominado de Air Force One). Bom para o estrelismo de Ford que aqui conseguiu mais um belo sucesso de bilheteria em sua carreira, mas péssimo para o cineasta alemão Wolfgang Petersen que começou sua filmografia com filmes conceituados (e até cults) como "O Barco: Inferno no Mar", "A História Sem Fim" e "Inimigo Meu" para depois perder o rumo e se afundar numa série de filmes comerciais de baixo teor artístico como "Tróia", por exemplo. Essa fita de ação é seguramente seu filme mais bem sucedido nas bilheterias, o que necessariamente não foi muito bom para ele. De qualquer forma, apesar do enredo completamente surreal e absurdo, o filme ainda apresenta algumas boas cenas de ação - aliás a proposta do filme parece se resumir a isso apenas, explorar cenas e mais cenas de ação e violência. Falando sinceramente nem era preciso reunir um elenco tão bom como esse para um filme que se apoia mesmo em ação física. Os personagens de Oldman, Close e outros excelentes atores poderiam ser interpretados por qualquer um que não faria diferença alguma. Do ponto de vista técnico um dos destaques vem da excelente edição do filme (que inclusive foi indicada ao Oscar). Algo necessário para uma produção desse gênero. Porém desconsidere tudo o que foi dito se você estiver apenas em busca de um filme de pura ação, pois nesse caso não se decepcionará, pelo contrário, provavelmente ficará bem satisfeito. Como não era o meu caso, fiquei realmente um pouco entediado de assistir algo tão sem conteúdo.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Teoria da Conspiração
Título Original: Conspiracy Theory
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Richard Donner
Roteiro: Brian Helgeland
Elenco: Mel Gibson, Julia Roberts, Patrick Stewart, Cylk Cozart, Terry Alexander, Brian J. Williams
Sinopse:
Jerry Fletcher (Mel Gibson) é um sujeito que vê conspirações governamentais em praticamente tudo! Nada escapa de seu "radar" sobre teorias de conspirações das mais diversas. Ninguém o leva muito à sério, já que com os anos Fletcher acabou ganhando a fama de ser meio louco, até o dia em que ele resolve denunciar uma nova conspiração que se revela verdadeira! A partir daí sua vida vira um caos completo e ele passa a ser perseguido por pessoas que nem ele sabe quem realmente são! Filme premiado no ASCAP Film and Television Music Awards.
Comentários:
Esse filme é do tempo em que Mel Gibson era um dos maiores campeões de bilheteria do cinema. Todos os seus filmes eram lançados com uma grande campanha de marketing e invariavelmente se tornavam grandes sucessos. Ele estava sempre presente nas listas dos mais bem pagos de Hollywood, recebendo cachês milionários por cada novo filme que estrelava. Era um astro de primeira grandeza. O roteiro brinca com a figura do teorista de conspirações, algo muito comum nos Estados Unidos. Geralmente pertencente a certos grupos de pessoas paranoicas, esse tipo de pessoa enxergava teorias de todos os tipos envolvendo aliens, espiões, conspirações, mercado internacional, seja o que for. O grande vilão em todas as conspirações, como não poderia deixar de ser, era o governo americano. No Brasil esse tipo que era até bem raro está também se tornando bem comum. De qualquer forma o filme aposta mais uma vez no poder de atrair bilheteria do ex-astro Mel Gibson. E ele se saiu muito bem ao lado do diretor Richard Donner que o havia dirigido com grande êxito nos quatro filmes da franquia "Máquina Mortífera". Aqui o destaque vai para o roteiro, bem intrigado, cheio de reviravoltas, além é claro das boas cenas de ação (especialidades do cineasta Donner). De maneira em geral foi uma das grandes produções de Hollywood daquele ano. Mel Gibson era realmente um dos mais populares astros de todos os tempos. Pena que esses dias andam distantes, bem distantes.
Pablo Aluísio.
I.T. Invasão de Privacidade
Título Original: I.T.
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, França, Irlanda
Estúdio: Voltage Pictures
Direção: John Moore
Roteiro: Dan Kay
Elenco: Pierce Brosnan, James Frecheville, Karen Moskow, Anna Friel, Stefanie Scott, Jason Barry
Sinopse:
O magnata da aviação Mike Regan (Pierce Brosnan) acaba simpatizando com um de seus empregos, o técnico em informática Ed Porter (James Frecheville). Quando o sistema de internet em sua casa começa a dar problemas Regan convida Porter para ir até lá resolver os defeitos da conexão. Uma vez na casa de Regan, Porter começa a se tornar inconveniente, invasivo e constrangedor, principalmente em relação à filha de Regan, a adolescente Kaitlyn. E isso é apenas o começo de um pesadelo para Regan e sua família.
Comentários:
Um bom thriller de suspense estrelado pelo ex-agente James Bond, o ator Pierce Brosnan. Ele está muito bem no papel desse milionário do ramo da aviação que precisa lidar com um sociopata, seu próprio empregado, mal sabendo que o tal sujeito é um stalker perigoso. Em pouco tempo de aproximação ele se torna obcecado pela família do patrão, aparecendo em momentos inconvenientes e inoportunos, se tornando uma pessoa que tenta a todo custo entrar naquela família, mesmo sem ter sido convidado. O roteiro desenvolve bem essa situação que vai ficando cada vez mais grave e insustentável. No Brasil o filme recebeu o título de "Invasão de Privacidade" o que poderá causar uma certa confusão com um filme dos anos 90 estrelado pela atriz Sharon Stone. Há até certas semelhanças entre as duas produções, como a presença de um criminoso voyeur e stalker que usa a tecnologia para saciar seus desejos insanos, porém esse novo filme vai por outros caminhos. Aqui temos realmente um thriller em essência, um enredo aparentemente simples que joga o tempo todo com o suspense e a tensão em que o protagonista interpretado por Brosnan é envolvido. Ele quer acima de tudo proteger sua esposa e filha desse maníaco, mas acaba caindo várias vezes em armadilhas criadas por ele. Em termos de ação há uma boa cena quando o hacker trava os freios do carro de Brosnan que segue em alta velocidade em um túnel. Em tempos atuais, onde tudo passa a ser controlado virtualmente o perigo realmente pode estar na próxima curva. Boa sequência, muito bem produzida. No mais é isso... Uma boa diversão, para testar seus nervos. Arrisque!
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Rock em Cabul
Título no Brasil: Rock em Cabul
Título Original: Rock the Kasbah
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Covert Media
Direção: Barry Levinson
Roteiro: Mitch Glazer
Elenco: Bill Murray, Bruce Willis, Kate Hudson, Zooey Deschanel, Leem Lubany, Scott Caan
Sinopse:
Richie Lanz (Murray) é um agente de talentos fracassado que vê uma grande oportunidade pela frente quando é convidado a levar sua cantora Ronnie (Zooey Deschanel) para uma turnê internacional... no Afeganistão! Ela deverá se apresentar para as tropas americanas que estão estacionadas naquele distante país em guerra. Ignorando todos os riscos Lanz e Ronnie partem para uma viagem que mudará para sempre suas vidas! Filme inspirado em fatos reais.
Comentários:
Bill Murray é um dos poucos comediantes que ainda me animam a assistir filmes como esse. Na verdade de todos os gêneros cinematográficos que conheço a comédia parece ser a que mais decaiu nos últimos anos. É raro conseguir encontrar um bom filme nesse gênero para se divertir ultimamente. Dar boas risadas então... parece mesmo coisa do passado. Pois bem, esse filme aqui não se propõe a ser uma comédia para fazer você rolar de rir, nada disso. Na realidade o filme foi realizado para homenagear uma jovem cantora afegã que teve a coragem de se apresentar em um popular programa de TV de seu país, fato inédito até então. Acontece que dentro de certas alas do islamismo isso seria proibido pela lei religiosa. Mulheres não poderiam cantar e nem aparecer na televisão. Bill Murray é o atrapalhado empresário que por acaso ouve a garota cantando e fica maravilhado com seu talento. De resto acontece o que era de se esperar. Ele precisará passar por cima de todos os preconceitos para que a jovem realize seu sonho. Tudo com bom humor. Uma das coisas que mais me chamaram a atenção nessa produção e que definitivamente me convenceu a assisti-la foi o seu elenco. Temos aqui um ótimo grupo de atores e atrizes em cena (basta conferir na ficha técnica). Todos embarcaram no filme muito por causa da amizade que nutrem com Murray, um veterano carismático que conseguiu reunir todos esses profissionais em um filme apenas mediano. Pena que tirando Bill Murray nenhum dos demais atores são bem aproveitados. Bruce Willis, por exemplo, interpreta um mercenário durão (alguém poderia esperar por algo diferente?) que acaba ajudando Murray em sua empreitada de risco.
Para os fãs de Willis vai ser um tanto decepcionante perceber que ele praticamente não faz muita diferença dentro da estória. O mesmo vale para Kate Hudson e Zooey Deschanel, duas coadjuvantes de luxo. Por falar em luxo a Kate interpreta uma garota de programa supostamente de luxo que vai ganhar algum dinheiro em Cabul. Já Zooey (que tem um dos olhos mais lindos do cinema e da TV) também é mal aproveitada. Ela interpreta uma jovem cantora que acaba indo parar no Afeganistão para sua primeira "turnê" e que acaba entrando em pânico ao perceber como é perigoso estar por lá. Embora seja linda, a atriz passa o tempo todo com os olhos arregalados, cabelos despenteados e caretas de quem está apavorada. Desperdício completo. Obviamente que filmar em Cabul seria extremamente perigoso para todos esses profissionais então o filme foi também realizado no Marrocos, um país no norte da África que é bem mais ocidentalizado do que o Afeganistão, onde não existe nenhuma infraestrutura básica para acolher uma equipe de produção. Então é isso. Um filme assistível, nada importante, mas que diverte. Você não vai dar gargalhadas com ele, mas no final entenderá que pelas suas boas intenções vale pelo menos conferir, nem que seja uma única vez.
Pablo Aluísio.
Rainha do Deserto
Título no Brasil: Rainha do Deserto
Título Original: Queen of the Desert
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Marrocos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Elenco: Nicole Kidman, James Franco, Robert Pattinson, Damian Lewis, Mark Lewis Jones, Jenny Agutter
Sinopse:
Inglaterra, 1906. A britânica Gertrude Bell (Kidman) decide ir embora para o Oriente Médio para trabalhar na embaixada de seu país naquela região desértica. O Império Otomano que dominou a política por anos está desmoronando. Em seu lugar começam a surgir colônias das principais potências européias da época. Para Gertrude porém o mais importante é ter encontrado o homem de sua vida, o secretário diplomático Henry Cadogan (James Franco). Seus planos de felicidade porém são interrompidos por um trágico acontecimento.
Comentários:
Teria o veterano Werner Herzog tentado recriar o clima dos antigos épicos no deserto como, por exemplo, "Lawrence da Arábia"? Bom, saber suas reais intenções é bem complicado, porém foi justamente essa a impressão que tive assistindo a esse seu novo filme. Tudo faz lembrar o clássico de David Lean, inclusive a presença do próprio T.E. Lawrence no filme (em fraca atuação do ator Robert Pattinson). Ele é apenas mais um estrangeiro tentando entender a política existente entre todas aquelas tribos de beduínos do deserto. A personagem de Nicole Kidman também, só que ela tem outros objetivos em vista. Amargurada pela morte de um grande amor ela parte para as areias sem fim do Oriente Médio numa espécie de busca por si mesma. Uma viagem existencial, acima de tudo. Claro que no meio da jornada ela acaba encontrando todos os tipos que vivem naquelas terras perdidas no tempo. As relações tribais seguem sendo as mesmas de tempos imemoriais, assim como as guerras, conflitos e violência que sempre caracterizaram aqueles povos árabes. O curioso, do ponto de vista histórico, é que essa inglesa interpretada por Kidman, Gertrude Bell, acabou sendo peça central na demarcação das fronteiras dos países que surgiram no meio das ruínas do antigo império Otomano. Foi dela as linhas traçadas separando as novas colônias inglesas do Iraque, Síria e Jordânia.
Conforme o futuro provou não foi uma boa ideia. Muitas dessas nações não demoraram a entrar em guerras que duram até os dias de hoje. Politicamente porém é bom salientar que nada de muito profundo você encontrará nesse roteiro. A Gertrude desse filme, ao contrário da mulher real que viveu no começo do século XX, estava mais para uma lady tentando curar as feridas de um coração destroçado. Visualmente o filme é belíssimo, com longas tomadas de Herzog desfrutando a beleza natural das areias do deserto, porém senti realmente falta de uma maior densidade dramática em seu roteiro. Com longa duração o filme poderia explorar mais o cenário geopolítico daquela região, mas perde tempo demais com os relacionamentos amorosos da protagonista. Tragicamente todos eles acabam terminando muito mal. De qualquer forma ainda deixo a indicação dessa produção, não apenas pelas belas imagens (algumas parecendo até mesmo pinturas clássicas) como também pelo fato de que resgata o interesse em torno dessa mulher pioneira que de certa forma acabou sendo esquecida pela história. Por fim, um aspecto curioso: o filme foi todo rodado no Marrocos e não no Oriente Médio. A razão é bem simples de entender pois seria extremamente perigoso levar toda uma equipe de filmagem norte-americana para uma região tão desestabilizada como aquela. Com a Síria e o Iraque em guerra civil isso seria simplesmente impossível. Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 12 de outubro de 2016
Joy - O Nome do Sucesso
Título no Brasil: Joy - O Nome do Sucesso
Título Original: Joy
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: David O. Russell
Roteiro: David O. Russell, Annie Mumolo
Elenco: Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper, Isabella Rossellini, Diane Ladd, Virginia Madsen
Sinopse:
A vida de Joy (Jennifer Lawrence) não é fácil. Embora jovem, ela já é divorciada. Seus pais também. Seu ex-marido, um músico fracassado, mora em seu porão por não ter onde ficar. Sua mãe passa os dias assistindo novelas de quinta categoria em seu quarto. Seu pai é dono de uma oficina mecânica que é colocado para fora de sua casa pela segunda mulher. Sem opção vai morar também no porão de Joy. Com uma família tão disfuncional, vivendo de empregos medíocres, ela decide que chegou a hora de mudar sua vida de uma vez por todas. Para isso ela resolve inventar um novo produto, um esfregão de limpeza, com o qual pretende fazer fortuna. Isso porém definitivamente não será nada fácil. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Jennifer Lawrence). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Jennifer Lawrence).
Comentários:
O filme colecionou críticas ruins nos Estados Unidos e a bilheteria foi apenas razoável, mas penso que houve um certo exagero nas reações negativas. Ok, não se trata de nenhuma obra prima do cinema, porém o filme de um modo em geral me agradou. O roteiro é seu grande ponto positivo, mostrando a vida de uma jovem americana da classe trabalhadora que vive em uma família bastante disfuncional. Ao invés de se resignar e aceitar o destino sem graça que seu futuro parece lhe reservar, ela resolve colocar a mão na massa e parte em busca de novos desafios. Jennifer Lawrence, como já escrevi várias vezes, vale qualquer filme por causa de seu carisma. Além de ser linda, ela consegue se sair bem até mesmo em filmes medianos. Nesse "Joy" toda a atenção se volta para ela. Embora o enredo possa parecer dramático demais (afinal o fracasso nunca é algo tratado com leveza pelo cinema), aqui percebemos um certo tom de fábula em tudo o que acontece. O diretor David O. Russell (que já havia trabalhado ao lado de Lawrence em "O Lado Bom da Vida" e "Trapaça") optou por uma fotografia com muitas cores, quase um modo apelativo para lembrar ao espectador que o filme se passa em um mundo onde elas são essenciais (estou me referindo aos produtos do estilo Polishop que as donas de casa conhecem bem). Isso serve exatamente como fator de identificação com o próprio produto inventado por Joy, um esfregão de limpeza inovador. Um mundo de plástico.
Muitos podem perder o interesse por causa da excessiva duração do filme (realmente um corte mais enxuto cairia bem), porém vamos convir que a estória é bem contada, emociona um pouquinho e também serve como boa diversão. Penso também que chegou a hora de Jennifer Lawrence largar essa insistência de atuar ao lado de Bradley Cooper pois essa duplinha já saturou. Cooper tem a tendência de virar um "mala sem alça", um chato, nos recentes filmes em que apareceu. É aquele tipo de ator que depois de um tempo cansa por causa da hiper exposição na mídia. Ele é muito marqueteiro, sempre se vendendo como o melhor ator da atualidade. Encheu a paciência completamente! Mais chato impossível! Já Robert De Niro segue mais uma vez na sua linha de fazer papéis coadjuvantes de luxo, sem se comprometer totalmente com os filmes em que aparece. É outro que deveria repensar a carreira. De Niro faz muitos filmes por ano, muitas vezes atuando em personagens sem qualquer importância. Para um ator com seu passado seria bem melhor se procurasse se preservar mais, só atuando em filmes que realmente valessem a pena. Caso contrário ele corre o risco (se isso já não aconteceu) de virar um ator de uso descartável, como o esfregão de Joy. Leve, barato e descartável. Nada bom para quem já foi considerado um dos maiores atores da história do cinema.
Pablo Aluísio.
Círculo de Paixões
Título Original: Inventing the Abbotts
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Pat O'Connor
Roteiro: Sue Miller, Ken Hixon
Elenco: Liv Tyler, Jennifer Connelly, Joaquin Phoenix, Kathy Baker, Billy Crudup, Will Patton
Sinopse:
Durante a década de 1950 dois irmãos da classe trabalhadora, Doug Holt (Joaquin Phoenix) e Jacey Holt (Billy Crudup), acabam se interessando pelas filhas da rica e aristocrata família Abbott. O preconceito social e as barreiras que separam a realidade de todos aqueles jovens acabam se tornando um empencilho para que as verdadeiras paixões entre eles se concretizem. Filme inspirado em fatos reais.
Comentários:
Qualquer filme passado nos anos 50 me interessa. Sempre gostei da cultura (em especial da música e do cinema) daquele período. Esse filme lançado no final dos anos 90 procurava resgatar os costumes, as modas e a maneira como os jovens se relacionavam naquela época bem moralista e conservadora. O roteiro é muito bom, nostálgico e romântico na medida certa, sem porém fugir do realismo. Em termos de reconstituição histórica também não há o que reclamar. Já para o cinéfilo em geral o grande destaque vai mesmo para o elenco formado por atores jovens e talentosos. É interessante notar que todos eles iriam se tornar bem famosos nos anos seguintes. Jennifer Connelly foi certamente uma das adolescentes mais bonitas do mundo. Ela tinha um rosto angelical e aqui representava praticamente seu primeiro papel adulto, fugindo do estigma de ter sido a garotinha do filme "Labirinto". Embora hoje em dia ela seja uma mulher ainda muito interessante, pode-se dizer que em termos puramente estéticos, relacionados à sua beleza, ela perdeu um pouco de seu charme natural. Ficou, diria, mais "masculinizada" com os anos, com músculos e uma expressão facial mais forte e menos feminina. Já Liv Tyler tentava se tornar uma estrela de primeira grandeza em Hollywood quando esse filme foi lançado. Na realidade ela nunca viria a ser uma, porém naqueles distantes anos 90 já havia se tornado uma popular atriz teen, dessas que estavam em todas as capas de revistas para adolescentes. Por fim Joaquin Phoenix, também bem jovem e com cabelo cheio de brilhantina, procurava escapar dando uma de galãzinho. Obviamente que sua carreira não iria seguir por esse caminho. Phoenix sempre se deu muito melhor com tipos estranhos, até bizarros. Então é isso, se você tiver interesse em conhecer todos esses atores e atrizes atuando em suas juventudes, "Inventing the Abbotts" é certamente uma boa opção.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 11 de outubro de 2016
O Homem nas Trevas
Título Original: Don't Breathe
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Ghost House Pictures
Direção: Fede Alvarez
Roteiro: Fede Alvarez, Rodo Sayagues
Elenco: Stephen Lang, Jane Levy, Dylan Minnette, Daniel Zovatto, Katia Bokor, Emma Bercovici
Sinopse:
Um trio de jovens ladrões decide roubar a casa de um velho veterano de guerra. Eles descobrem que ele recebeu uma indenização de 300 mil dólares após a morte da filha em uma acidente de trânsito e que muito provavelmente mantém todo esse dinheiro escondido em sua própria casa, no porão. Além disso ele é completamente cego, o que supostamente facilitaria o roubo. O que os criminosos não contavam é que o que parecia ser muito fácil acaba se tornando um banho de sangue, um sangrento pesadelo.
Comentários:
Gostei muito desse thriller de suspense e terror. A produção é de Sam Raimi, o que dá ao cinéfilo uma espécie de certificado de qualidade antecipado. E realmente o filme é muito bom. A situação é básica, um velho senhor, veterano de guerra, morando sozinho com seu cão de guarda, se torna alvo de um trio de ladrões de casas. Dentre eles a personagem mais desenvolvida é a de Rocky (Jane Levy), jovem, mãe solteira de uma pequena garota, que vive com sua própria mãe em um trailer nos arredores de Detroit, Michigan. Ela sonha em ir para a Califórnia para recomeçar uma nova vida. Assim resolve seguir o namorado que descobriu uma vítima endinheirada e supostamente indefesa, um velho cego que mora sozinho. Dentro da casa eles descobrem que caíram em uma armadilha. O velho é durão, bom de briga e começa a trucidar os invasores. Claro que o espectador começa a torcer por ele, mas a trama guarda muitas surpresas pela frente. Definitivamente é um filme violento, onde o sangue jorra a cada cena, mas isso não lhe tira os seus méritos cinematográficos. Na verdade a produção conta com um roteiro muito bem escrito, onde o espectador fica interessado a todo o momento no desenrolar da estória. O diretor uruguaio Fede Alvarez usou câmeras especiais que conseguem captar imagens na mais completa escuridão, assim ele filmou os atores perdidos no meio do escuro, enquanto tudo vai se desenrolando na tela. Um efeito muito interessante. "O Homem nas Trevas" foi recentemente lançado nos cinemas brasileiros (o que me deixou um pouco surpreso). Filmes de terror andam tendo cada vez menos espaço no circuito comercial. A boa notícia é que esse aqui realmente vale muito a pena. Bom filme de fato, com cenas realmente bem boladas e de extrema violência. Pode conferir sem receios.
Pablo Aluísio.
Conexão Escobar
Título Original: The Infiltrator
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Brad Furman
Roteiro: Ellen Sue Brown
Elenco: Bryan Cranston, John Leguizamo, Diane Kruger, Yul Vazquez, Benjamin Bratt, Elena Anaya
Sinopse:
Durante a década de 1980 o DEA (Departamento de combate ao tráfico de drogas dos EUA) resolveu infiltrar dois agentes dentro da conexão internacional do Cartel de Medellín na Flórida. Essa organização criminosa estava na época importando para as principais cidades americanas toneladas de cocaína, praticamente dominando todo o mercado do país. O principal membro infiltrado da polícia era o agente Robert Mazur (Bryan Cranston), que se passava como especialista em lavagem de dinheiro. O filme narra parte da operação que foi montada.
Comentários:
Esse filme foi baseado no livro de memórias do agente Robert Mazur que participou de uma ampla operação de infiltração dentro do Cartel de Medellín na década de 80. O objetivo era não apenas prender os chefes do tráfico como também os banqueiros que recebiam todos os valores ilícitos em forma de depósitos, devidamente desviados para paraísos fiscais com o objetivo de lavar o dinheiro obtido nas atividades criminosas, usando para isso o sistema financeiro internacional. O personagem de Bryan Cranston era um elo vital nessa conexão porque ele se apresentava como um verdadeiro gênio da contabilidade, com ampla experiência em lavar o dinheiro do Cartel. Para isso foi se infiltrando aos poucos dentro da organização, se tornando amigo de figuras importantes, conquistando suas confianças. Um trabalho minucioso, exaustivo e obviamente bem perigoso. O roteiro procura mostrar não apenas a operação policial em si como também a forma como ela afetava a vida pessoal do agente Mazur. Seu casamento vivia em constante tensão justamente pelo fato do policial ter que viver praticamente duas vidas separadas, com nomes diferentes e histórias pessoais também conflituosas. Para pegar os traficantes o DEA não poupou esforços. Criou uma nova identidade para Mazur, um casamento com outra policial também infiltrada e todo o tipo de cenários inexistentes para que os traficantes de Medellín não desconfiassem de nada. Um trabalho de ocultação simplesmente perfeito. É interessante também como o filme lida com a figura do chefão Pablo Escobar. Ele atua nas sombras, nunca aparecendo de forma ostensiva, tratando com Mazur apenas através de seus subordinados. Entre eles surgem sujeitos bizarros como Javier Ospina, um traficante homossexual violento, com preferência para figurinos chamativos e de extremo mau gosto. De uma forma em geral gostei bastante desse "Conexão Escobar". O assisti com um pé atrás pois li e ouvi várias críticas que não eram muito boas. Bobagem, o filme é realmente bom. Pode assistir sem receios.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
Cop Land - A Cidade dos Tiras
Título Original: Cop Land
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: James Mangold
Roteiro: James Mangold
Elenco: Sylvester Stallone, Robert De Niro, Harvey Keitel, Ray Liotta, Robert Patrick, Peter Berg, Janeane Garofalo
Sinopse:
O policial Freddy Heflin (Sylvester Stallone) se torna xerife de uma pequenina cidadezinha de New Jersey. No passado ele tentou ser policial de Nova Iorque, mas por causa de suas limitações nunca conseguiu chegar em seus objetivos. Assim ele se torna membro de uma pequena corporação, em um lugar onde moram muitos policiais que trabalham além da ponte, em Manhattan. Aos poucos e quase sem querer, Freddy começa a perceber que há algo de errado naquela comunidade de tiras. Parece haver algo ilegal acontecendo, inclusive com múltiplos assassinatos. Estaria ele pronto para enfrentar algo assim, envolvendo seus próprios colegas de farda? Filme premiado no Stockholm Film Festival na categoria de Melhor Ator (Sylvester Stallone).
Comentários:
Dentro da vasta filmografia do ator Sylvester Stallone, esse filme é certamente um dos mais diferenciados. Deixando os heróis de ação do tipo Rambo, Rocky e Cobra de lado, o astro resolveu se despir de qualquer vaidade para interpretar um policial gordo, fraco, de personalidade medíocre e assustada. Na época muito se falou justamente disso, da metamorfose pela qual passou Stallone. Palmas para ele que acabou realizando uma das melhores e mais lembradas atuações de toda a sua carreira. Ele que vinha mal nas bilheterias, colecionando fracassos comerciais inesperados, acabou dando a volta por cima da melhor forma possível, mostrando que também poderia atuar ombro a ombro com grandes mestres como Robert De Niro e Harvey Keitel. Aliás é sempre bom salientar que a maior qualidade desse filme de uma forma em geral vem do excelente elenco que o diretor James Mangold conseguiu reunir. O jovem cineasta que havia ganho a confiança do estúdio Miramax (responsável por diversos filmes cult) conseguiu de fato realizar uma excelente obra cinematográfica. Seu talento aiiás iria se confirmar ainda mais no filme seguinte, o drama psicológico "Garota, Interrompida". Além da boa direção o filme também traz um excelente roteiro que aposta bastante na crueza e na mediocridade da mente humana, muitas vezes capaz de tudo para alcançar seus objetivos criminosos. Enfim, seja você fã ou não de Sylvester Stallone, o filme é altamente recomendado. Acima da média.
Pablo Aluísio.
Inferno
Título no Brasil: Inferno
Título Original: Inferno
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Ron Howard
Roteiro: David Koepp, baseado na obra de Dan Brown
Elenco: Tom Hanks, Felicity Jones, Sidse Babett Knudsen, Ben Foster, Omar Sy, Ida Darvish
Sinopse:
O professor Robert Langdon (Tom Hanks) acorda em um leito de hospital em Florença sem ter a menor lembrança de como foi parar lá. A médica que o atende, a Dra. Sienna Brooks (Felicity Jones), tenta lhe proteger pois ele acaba sendo alvo de um ataque inesperado. Alguém ou alguma organização pretende matá-lo! Qual seria a ligação de Langdon com a recente morte de um bilionário americano, Bertrand Zobrist (Ben Foster)? O sujeito tinha ideias muito próprias e excêntricas sobre o suposto futuro sinistro da humanidade.
Comentários:
Terceiro e provavelmente último filme da trilogia envolvendo o personagem do professor Robert Langdon, criado pelo escritor Dan Brown. Relembrando, o primeiro filme foi "O Código Da Vinci" lançado em 2006, o maior sucesso da franquia. Depois chegou aos cinemas "Anjos e Demônios" em 2009 e agora temos esse "Inferno". Fazendo uma rápida avaliação o primeiro filme continua imbatível em todos os aspectos, não apenas em termos de bilheteria, mas também em roteiro, produção e direção. O segundo foi tão fraco que me fez pensar até mesmo em não ver esse terceiro filme. Uma lástima. Esse aqui fica no meio termo. Passa longe de ser tão interessante como "O Código Da Vinci", mas por outro lado não é ruim como "Anjos e Demônios". Dentro da trilogia é apenas mediano. A irregularidade desses filmes na verdade é um reflexo da própria irregularidade do escritor Dan Brown. Depois do grande sucesso do livro "O Código Da Vinci" ele parece ter perdido parte de sua inspiração para escrever esse tipo de livro. As tramas e as conspirações foram ficando cada vez mais fracas com o passar do tempo. Em "Inferno" temos um enredo pouco interessante. Nada como se viu em seu primeiro livro onde ele misturava fatos históricos reais com ficção, criando algo que se destacava pela originalidade. Agora as tramas são mais rasteiras. Nesse "Inferno", por exemplo, temos um bilionário excêntrico que acredita que a única forma de salvar a humanidade é destruir grande parte dela.
Esse vilão me lembrou os antigos filmes de James Bond, com seus planos megalomaníacos e insanos para destruir o mundo. Será que Brown não tinha nada melhor para pensar do que requentar velhos antagonistas estereotipados como esse? Justamente por não ter uma boa trama para desenvolver Dan Brown então resolveu colocar muita correria e ação para distrair o espectador. O filme obviamente vai pelo mesmo caminho. Enquanto o professor vai tentando decifrar os (fracos) enigmas que surgem ele tenta se manter vivo. Nada muito inteligente. Correndo para um lado e para o outro, tudo vai ficando apenas entediante. Em "O Código Da Vinci" o o espectador ficava interessado até o último minuto para ver como tudo se revelaria. Aqui a coisa toda fica óbvia desde o começo. A graça de revelar um grande mistério se perde no meio do caminho. Pior do que isso, a estória traz uma pequena reviravolta bem mixuruca que não convence ninguém. Por isso não culparia os realizadores do filme como um todo. Em termos cinematográficos tudo é muito bem produzido, o elenco está lá, dando o melhor de si e o roteiro é esquematicamente até bem desenvolvido. O problema maior vem mesmo do material original de Dan Brown. Quando esse é fraco e sem novidades não há muito o que se fazer mesmo. O escritor parece ter perdido a mão para escrever livros melhores. Assim esse "Inferno" é quase sem salvação mesmo. Nada brilhante, apenas assistível.
Pablo Aluísio.
domingo, 9 de outubro de 2016
O Sequestro do Ônibus 657
Título Original: Heist
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Tri Vision Pictures
Direção: Scott Mann
Roteiro: Stephen C. Sepher
Elenco: Jeffrey Dean Morgan, Robert De Niro, Gina Carano, Dave Bautista, Kate Bosworth, Mark-Paul Gosselaar
Sinopse:
Desesperado por não ter como pagar o tratamento de sua filha que está com câncer, o empregado de cassinos Vaughn (Jeffrey Dean Morgan) decide roubar o seu próprio patrão. O problema é que ele é um mafioso e gangster conhecido apenas como o "Papa" (Robert De Niro), um sujeito violento que não admite ser roubado dessa forma. Assim ele manda seus homens irem atrás de Vaughn para recuperar o dinheiro e matá-lo, mas na fuga esse acaba sequestrando um ônibus urbano, criando um verdadeiro caos na cidade.
Comentários:
É sempre bom ver o ator Robert De Niro interpretando um mafioso. A associação é imediata pois nos lembramos de filmes como "Os Bons Companheiros" e "Cassino", isso sem esquecer de "O Poderoso Chefão II". Esse tipo de lembrança é bem-vinda, mas obviamente nenhuma dessas obras primas do cinema podem servir de comparação com essa fita bem mais modesta em suas pretensões. "O Sequestro do Ônibus 657" é um filme ágil, rápido e em seu objetivo até mesmo eficiente. O roteiro explora um enredo bem simples, nenhum dos personagens é muito desenvolvido e o que importa é as cenas de tensão e ação. Basicamente tudo se resume em uma caçada humana promovida por Papa (De Niro) para recuperar seu dinheiro que foi roubado de seu cassino por um de seus próprios empregados, um sujeito que precisa do dinheiro roubado para pagar o tratamento da filha. Um dos problemas que vi nesse roteiro é que ele busca o tempo todo justificar os crimes do protagonista. Ora, o sujeito além de ladrão se torna um sequestrador de várias pessoas inocentes quando toma de assalto um ônibus! Como simpatizar com um personagem assim? Em que valor moral ridículo esse argumento se apoia para tentar amenizar os erros e crimes do personagem principal? Então está valendo tudo? No mundo real o sujeito seria condenado à pena de prisão perpétua nos Estados Unidos, já no filme o roteiro passa a mão em sua cabeça o tempo todo, culminando em um final absurdo do ponto de vista legal e moral. Pior é o que acontece com Papa, o mafioso interpretado de De Niro, que demonstra que não se fazem mais mobsters como antigamente. Tudo bem, o filme até é uma boa diversão, mas moralmente tem inúmeros problemas. Para gostar da produção você terá que engolir esse tipo de absurdo, aceitando as justificativas moralmente condenáveis de um roteiro até certo ponto muito simplista e sem maior profundidade.
Pablo Aluísio.