Mostrando postagens com marcador Paul Newman. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Paul Newman. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

O Moço de Filadélfia

Baseado no romance de Richard Powell, o filme "The Young Philadelphians" conta a história de Anthony Judson Lawrence (Paul Newman), um jovem estudante de direito que sonha em se tornar um dia um grande advogado. Seu pai falecido pertencia a uma das famílias mais ricas da Filadélfia, mas sua mãe o criou como um rapaz humilde, trabalhador, que precisa ganhar a vida também em empregos mais modestos, como na construção civil. Ao se apaixonar por Joan Dickinson (Barbara Rush), filha de um bem sucedido advogado da cidade, Tony começa a construir uma nova vida até que o destino novamente muda praticamente tudo da noite para o dia. Um bom romance dramático que nem é tão lembrado nos dias atuais. Uma pena já que é de fato um filme bem acima da média. Embora haja muitos personagens interessantes desfilando na tela o foco se concentra mesmo na história do jovem Tony Lawrence (Newman). Ele foi fruto de um casamento problemático. Sua mãe era uma jovem comum, de classe mais humilde, que acabou se apaixonando por seu pai, o único herdeiro da grande fortuna de sua família, uma das mais ricas da Filadélfia. Quando ele se casa sofre um verdadeiro colapso emocional, o que o leva a abreviar sua vida de forma trágica (o roteiro não deixa essa aspecto completamente claro, mas fica subentendido que seu pai seria na realidade um homossexual enrustido que foi forçado a se casar para manter as aparências perante a sociedade). Após a morte prematura do pai o garoto Tony passa a ser criado apenas por sua mãe que arranja inúmeros empregos para lhe sustentar.

Os anos passam, Tony se torna um rapaz bonito e inteligente e consegue entrar na faculdade de direito, um velho sonho. Uma vez lá ele finalmente começa a ver as portas se abrindo para seu futuro. Quando conhece a bela Joan (Bush) tudo se completa. Ele está começando sua vida profissional, está apaixonado e seguro que terá um lindo futuro pela frente. O problema é que Joan acaba sucumbindo às pressões de seu pai, um advogado rico e bem sucedido, e resolve largar o honesto, porém pobretão Tony, para se casar com um outro sujeito, cheio de posses e também proveniente de uma rica família como a dela. Ela não o ama, mas mesmo assim sobe ao altar para agradar seus familiares. Embora fique arrasado com esse casamento, Tony decide seguir em frente, subindo cada vez mais na profissão de advogado. Sua prova de fogo na profissão finalmente vem quando seu grande amigo Chester A. Gwynn (Robert Vaughn) é acusado de ter cometido um homicídio. O crime parece envolver figurões da cidade e por essa razão Tony começa a sofrer todos os tipos de pressão. Mesmo assim, dono de uma integridade fora do comum, ele resolve seguir em frente para provar a inocência do amigo, tentando o livrar de uma condenação certa de pena de morte.

Embora possa parecer que seja um drama de tribunal apenas, "The Young Philadelphians" é bem mais do que isso pois procura desenvolver muito bem os sonhos, anseios e lutas de seu protagonista. Assim o destaque não vai apenas para o lado jurídico de sua trama, mas também para o aspecto emocional de seu conturbado relacionamento com a mulher que ama. Tudo embalado por ótimos atuações, em especial Robert Vaughn que interpreta um rapaz bem nascido que acaba vendo sua vida ser destruída após perder um braço na guerra da Coreia e ser acusado de ser um assassino frio e calculista. Sua atuação é realmente digna de todos os aplausos pois ele se entregou completamente ao seu personagem angustiado e sem rumo na vida. Um trabalho que só vem para coroar ainda mais esse belo filme assinado pelo diretor Vincent Sherman. Uma produção particularmente indicada para jovens aspirantes à bela profissão de advogado e também para todas as  pessoas românticas que acreditam que o verdadeiro amor consegue sobreviver a tudo. Vale realmente a pena conhecer mais esse momento da rica carreira do mito imortal Paul Newman.

O Moço de Filadélfia (The Young Philadelphians, Estados Unidos, 1959) Estúdio: Warner Bros / Direção: Vincent Sherman / Roteiro: James Gunn / Elenco: Paul Newman, Robert Vaughn, Barbara Rush, Alexis Smith / Sinopse: Jovem americano passa por um momento crucial em sua vida, tendo que enfrentar uma série de dificuldades pessoais. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Robert Vaughn). Também indicado ao prêmio máximo da Academia nas categorias de Melhor Fotografia em preto e branco e Melhor Figurino.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

A Cor do Dinheiro

Título no Brasil: A Cor do Dinheiro
Título Original: The Color of Money
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Walter Tevis, Richard Price
Elenco: Paul Newman, Tom Cruise, Mary Elizabeth Mastrantonio, Helen Shaver, John Turturro, Bill Cobbs

Sinopse:
Vincent Lauria (Tom Cruise) é o jovem jogador de sinuca que quer vencer na vida, aprender todos os segredos e manhas do esporte. Eddie Felson (Paul Newman) é o veterano que vê naquele rapaz impiedoso uma cópia dele mesmo em seu passado. Filme premiado pelo Oscar na categoria de Melhor Ator (Paul Newman).

Comentários:
Martin Scorsese sempre adorou o clássico "Desafio à Corrupção" de 1961. Em meados dos anos 80 ele decidiu que iria filmar uma sequência tardia dessa obra prima. Paul Newman que havia interpretado o personagem "Fast" Eddie Felson topou o convite de trazer o jogador de bilhar de volta às telas. Agora ele iria contracenar com o astro Tom Cruise, naquele momento no auge do sucesso, colhendo os frutos do blockbuster "Top Gun - Ases Indomáveis". O resultado dessa união não poderia ser melhor. O filme foi elogiado por público e crítica e de quebra deu finalmente o Oscar para Paul Newman, um mito da história do cinema que deveria ter sido premiado décadas antes. Corrigindo uma velha injustiça o filme acabou sendo sua redenção pessoal e profissional dentro da Academia. Anos depois, após a morte de Paul Newman, o diretor Martin Scorsese diria em uma entrevista que tinha muito orgulho desse filme, justamente pelo Oscar vencido por Paul Newman. E por falar nele, não há como comparar seu maravilhoso trabalho com o de Tom Cruise. Embora o jovem astro tenha se saído bem, não havia mesmo comparação. No caso a arte imitou a vida, já que assim como seus personagens, na vida real Tom Cruise não passava mesmo de um aluno diante de seu mestre. Foi um momento marcante na carreira de todos os envolvidos. Clássico moderno dos anos 80 que não pode passar em branco na coleção de nenhum cinéfilo que se preze.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Rachel, Rachel

Rachel Cameron (Joanne Woodward) é uma professora de ensino fundamental que leciona numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Ela mora com a mãe, que tem problemas cardíacos. Solteira, perto de completar 40 anos, Rachel começa a sofrer uma crise existencial sobre sua própria vida. Seu pai era o agente funerário da cidade o que fez com que Rachel tivesse uma infância marcada pelo bullying dos garotos de sua idade. Ela ao longo dos anos desenvolveu uma personalidade tímida e retraída que só fez piorar seu estado de solidão. As coisas mudam quando um velho conhecido volta para a fazenda de seu pai. Nick Kazlik (James Olson) pode ser o homem que ela tanto procurava ou então mais um motivo para decepção e desilusão. Algo que apenas o tempo dirá.

Drama humano e sensível que foi dirigido com uma grande sensibilidade pelo astro Paul Newman. A estrela de "Rachel, Rachel" foi sua esposa, a talentosa  Joanne Woodward. O casal realizou um belo filme. O roteiro, baseado na novela escrita por Margaret Laurence valoriza o mundo interior da protagonista. O espectador é convidado várias vezes a entrar em seus pensamentos, sua vida interior. Isso cria uma intimidade muito próxima com quem assiste ao filme. É interessante que Rachel tem medo de morrer sozinha, cuidando da mãe, que muitas vezes age de forma egoísta, não pensando na felicidade da filha, mas mesmo assim tenta trazer uma certa normalidade para a sua vida cotidiana. Joanne, pelo ótima atuação, acabou sendo indicada ao Oscar, mas infelizmente não venceu. Ela havia sido premiada dez anos antes com outro drama em que atuou magistralmente bem, "As três Faces de Eva". Não faz mal, o que importa é que o público acabou sendo presenteado com outro de seus grandes momentos. Um primor de atuação.

Rachel, Rachel (Rachel, Rachel, Estados Unidos, 1968) Direção: Paul Newman / Roteiro: Stewart Stern, baseado na novela de Margaret Laurence / Elenco: Joanne Woodward, James Olson, Kate Harrington, Estelle Parsons, Frank Corsaro / Sinopse: Rachel (Woodward) é uma professora de crianças que começa a sofrer uma crise existencial com a chegada da idade. Solteira e solitária, ela ainda tem esperanças de encontrar o homem que a fará feliz pelo resto de sua vida. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Joanne Woodward), Melhor Atriz Coadjuvante (Estelle Parsons) e Melhor Roteiro Adaptado (Stewart Stern).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

O Indomável

Esse é um dos últimos grandes filmes da carreira de Paul Newman. Poderíamos até dizer que foi o último em termos de grande qualidade em atuação. Ele interpreta um sujeito comum, que vive no subúrbio, que vai levando sua vida numa certa calma e tranquilidade. Quando consegue algum trabalho vai para o serviço na construção civil e quando tem algum dinheiro no bolso gasta no bar local. Na verdade seu personagem nunca quis assumir as responsabilidades da vida adulta. Tudo muda quando seu filho e seu neto chegam para uma visita. Ora, logo ele que nunca quis muita coisa com a paternidade, se ver assim logo de cara tendo que ser pai e avô ao mesmo tempo logo se torna um desafio.

É um filme importante porque mostra que Paul Newman, apesar da idade, estava em plena forma. Seu talento continuava intacto. Vale lembrar que em sua carta de despedida da profissão, quando anunciou que iria se aposentar, ele escreveu que não conseguia mais memorizar suas falhas e nem atuar bem, por causa da velhice. Uma ética de trabalho admirável. Isso porém só aconteceria alguns anos depois da realização desse filme, que repito, é um dos últimos grandes trabalhos de sua carreira memorável. Um trabalho aliás tão bom que lhe rendeu uma indicação ao Oscar! Pelo conjunto da obra deveria ter sido premiado.

O Indomável - Assim é Minha Vida (Nobody's Fool, Estados Unidos, 1994) Direção: Robert Benton / Roteiro: Robert Benton / Elenco: Paul Newman, Bruce Willis, Jessica Tandy, Melanie Griffith, Philip Seymour Hoffman, Philip Bosco / Sinopse: Baseado no romance escrito por Richard Russo, o filme conta a história de Sully (Paul Newman), um homem na terceira idade que é surpreendido com a chegada de seu filho e seu neto que deseja conhecê-lo. Agora ele terá que ser pai e avô ao mesmo tempo, algo que sempre deixou em segundo plano na sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (Paul Newman) e Melhor Roteiro Adaptado (Robert Benton). Indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Paul Newman).

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de dezembro de 2018

41ª DP: Inferno no Bronx

Título no Brasil: 41ª DP: Inferno no Bronx
Título Original: Fort Apache the Bronx
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Daniel Petrie
Roteiro: Heywood Gould, Thomas Mulhearn
Elenco: Paul Newman, Edward Asner, Ken Wahl, Danny Aiello, Rachel Ticotin, Kathleen Beller

Sinopse:
No sul do Bronx, violento bairro pobre de Nova Iorque, um policial e seus companheiros de farda tentam sobreviver um dia de cada vez nas violentas ruas da região. Roteiro baseado em fatos reais.

Comentários:
Esse filme foi lançado em VHS no Brasil durante os anos 80 e se minha memória não falha ele chegou no mercado com outro título nacional, bem mais interessante ao meu ver. Por aqui ele ficou conhecido como "Forte Apache Bronx", um nome bem mais próximo ao original inglês. Em minha concepção ficou bem melhor. Deixando esse aspecto de lado é bom frisar também que os anos 70 e os anos 80 foram o auge do gênero policial. Grandes filmes nesse estilo foram produzidos nessas décadas e nada superou depois a qualidade dessas produções. O conceito era bem mais realista e cru, tentando mesmo reproduzir no cinema as dificuldades de combate ao crime, principalmente nas grandes cidades americanas. Esse aqui sempre foi um dos mais violentos e incisivos da época. Paul Newman está excelente em seu papel, a de um sujeito que apesar de tudo contra ainda tenta remar contra a maré. Na época tentaram convencer Newman a migrar para a TV, transformando o filme numa série, porém o ator não aceitou o convite. O orgulho de astro de cinema no fim falou mais alto.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

A Piscina Mortal

Título no Brasil: A Piscina Mortal
Título Original: The Drowning Pool
Ano de Produção: 1975
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Stuart Rosenberg
Roteiro: Tracy Keenan Wynn, Lorenzo Semple Jr.
Elenco: Paul Newman, Joanne Woodward, Anthony Franciosa

Sinopse:
O detetive Harper (Paul Newman) é contratado por uma antiga namorada, que agora vive como rica dama da sociedade em New Orleans, para desvendar um mistério envolvendo aspectos obscuros de seu ciclo familiar e social. Seguindo pistas e descobrindo relações ilícitas, Harper acaba desvendando uma complexa rede criminosa envolvendo figurões da cidade.

Comentários:
Um raro momento em que Paul Newman voltou a interpretar o mesmo personagem em uma sequência, isso porque "The Drowning Pool" nada mais é do que uma continuação de "Harper - O Caçador de Aventuras" de 1966. O detetive Lew Harper, com todo seu jeito de sujeito malandro que consegue se sair das maiores enrascadas, pelo visto cativou mesmo Newman que retornou ao mesmo papel quase dez anos depois. Como não poderia ser diferente Newman resolveu trazer também sua esposa de longa data, Joanne Woodward, para o elenco. A Warner aliás já vinha tentando filmar esse script há muitos anos, mas sempre esbarrava na negativa de Paul Newman, já que naquela época sequências não eram tão comuns como hoje em dia. Depois de ter sido reescrito várias vezes finalmente o roteiro foi considerado satisfatório pelo ator que resolveu topar encarnar o cínico detetive mais uma vez. Nesse segundo filme - que passa bem longe de ser tão bom quanto o original - o personagem de Newman desvenda uma trama (típica de produções como essa) bem menos complicada. A cena final no grande tanque do balneário quase levou o filme a ser indicado ao Oscar na categoria Melhores Efeitos Especiais. Por fim, como mera curiosidade, esse filme foi também um dos primeiros da carreira da atriz Melanie Griffith que aqui interpreta a personagem coadjuvante Schuyler. No saldo final vale a pena assistir, embora não seja dos melhores filmes do mito Paul Newman.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Marcado pela Sarjeta

Título no Brasil: Marcado pela Sarjeta
Título Original: Somebody Up There Likes Me
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Robert Wise
Roteiro: Ernest Lehman
Elenco: Paul Newman, Pier Angeli, Everett Sloane

Sinopse:
Em roteiro baseado na autobiografia do lutador de boxe Rocky Graziano, acompanhamos sua trajetória rumo ao sucesso no esporte, seus amores, dramas e finalmente a queda após um momento de auge e excessos em sua carreira. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Fotografia em Preto e Branco (Joseph Ruttenberg) e Melhor Direção de Arte (Cedric Gibbons e Malcolm Brown). Indicado ainda a Melhor Edição.

Comentários:
Excelente drama esportivo estrelado por Paul Newman, em cinebiografia tocante do popular lutador de boxe Rocky Graziano. O papel havia sido escrito para ser estrelado por James Dean (embora ele não tivesse altura e porte físico suficientes para encarnar o famoso boxeador). Com sua morte a MGM ficou algum tempo em busca de um ator talentoso para encarnar Rocky nas telas. Paul Newman, que também vinha do mesmo Actors Studio de Dean, se revelou ser uma excelente opção. A estrutura do roteiro se revela perfeita em três atos, mostrando a luta de Rocky em chegar ao topo, seus excessos e sua queda, tanto no esporte como na vida. Os destaques em termos de técnica cinematográfica vão para a bela fotografia e a inspirada direção de arte (não por acaso vencedoras do Oscar). A edição também se destaca, principalmente nas cenas de luta, que imprime uma grande agilidade nas sequências. Além disso Newman consegue pela primeira vez no cinema disponibilizar ao público uma excelente atuação. Outro destaque do elenco vem com a presença da atriz Pier Angeli, o grande amor de James Dean, que se destaca em seu personagem. Em suma um belo clássico que merece ser redescoberto sempre que possível.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

O Doce Pássaro da Juventude

Título no Brasil: O Doce Pássaro da Juventude
Título Original: Sweet Bird of Youth
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Brooks
Roteiro: Richard Brooks
Elenco: Paul Newman, Geraldine Page, Shirley Knight, Ed Begley, Madeleine Sherwood, Rip Torn
  
Sinopse:
Com roteiro baseado na obra de Tennessee Williams, o filme "O Doce Pássaro da Juventude" conta a estória de Chance Wayne (Paul Newman). Após muitos anos ele está de volta para sua cidade natal e não está sozinho. Ao seu lado viaja também a decadente estrela de cinema Alexandra Del Lago (Geraldine Page). De volta ao seu antigo lar Chance reencontra pessoas de seu passado e tenta superar os traumas de sua juventude. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Ed Begley). Também vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Geraldine Page).

Comentários:
Mais uma brilhante adaptação de um texto de Tennessee Williams. O roteiro é baseado em sua peça de teatro que causou grande repercussão de crítica e público desde que foi encenada pela primeira vez em Nova Iorque. Aqui somos apresentados ao casal formado por Chance Wayne (Paul Newman) e Alexandra Del Lago (Geraldine Page). Eles chegam numa pequena cidade chamada St Cloud e se hospedam num hotel barato. Ela está totalmente embriagada e ele a trata publicamente como uma princesa estrangeira. No decorrer do filme vamos entendendo aos poucos quem realmente são e a razão de estarem ali. A trama é tecida gradativamente, em camadas, com uso extremamente inteligente de flashbacks contando todo o passado dos personagens. É um ótimo instrumento narrativo para situar o espectador dentro do enredo. Nem é preciso dizer que o roteiro tem excelentes diálogos e é excepcionalmente bem interpretado por Paul Newman (em grande forma) e Geraldine Page (maravilhosa em cena, conseguindo imprimir em sua personagem doses exatas de sensibilidade, humanidade e crueldade psicológica).

Na realidade o texto tem um tema central: A extrema dificuldade que certas pessoas possuem em lidar com o fim da juventude e de encarar os fracassos pessoais de uma velhice em depressão. Alexandra Del Lago (Page) retrata muito bem isso. Uma antiga diva do cinema que vê seu mundo desmoronar após perder o encanto e a jovialidade. Seus filmes fazem parte do passado, praticamente ninguém a conhece mais. A fama que um dia a glorificou está definitivamente em um passado distante. Já Chance (Newman) é muito mais interessante. Correndo atrás de um sonho que jamais se realizará, ele vê seus anos (e sua juventude) passarem em branco, sem conseguir tornar realidade os objetivos que ele próprio determinou a si mesmo. Em certo aspecto é também um derrotado em sua vida profissional e pessoal. O texto é um dos melhores de Williams, embora não seja tão pesado como o que vimos em outras obras dele como "Gata em Teto de Zinco Quente". Além disso "O Doce Pássaro da Juventude" tem mais clima de cinema, deixando o aspecto teatral da obra original em segundo plano. Enfim, gostei muito e recomendo bastante. É uma verdadeira obra prima do cinema americano clássico.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Paris Vive à Noite

"Paris Vive à Noite" foi feito especialmente para o casal sensação dos anos 60, Paul Newman e Joanne Woodward. Produzido pela cia de Marlon Brando o filme foi rodado em locações na famosa cidade francesa. O roteiro é simples, dois casais se conhecem lá e ficam em um dilema pois as garotas, meras turistas, terão que voltar logo aos EUA enquanto os rapazes (Paul Newman e Sidney Poitier) tem planos de continuar na capital francesa para despontarem para a carreira artística (são músicos de jazz). Para falar a verdade o grande atrativo desse filme é sua música. A trilha sonora foi escrita por Duke Ellington e no filme somos brindados com uma ótima participação especial de Louis Armstrong. Para os fãs do Jazz americano não poderia haver nada melhor do que isso.

Já para os fãs de cinema o filme se resume a interpretações corretas e nada mais. O roteiro não desenvolve nenhuma grande situação dramática e assim tudo se resume a ver os pombinhos andando de mãos dadas pelos pontos mais famosos de Paris. Obviamente que a fotografia em preto e branco é muito bonita e o clima de romance no ar vai agradar as mulheres sonhadoras com romances de cartão postal. Para o público masculino vale a pena conferir a beleza discreta e elegante de Joanne Woodward. O diretor Martin Ritt já havia trabalhado ao lado de Paul Newman em "O Mercador de Almas", um filme bem superior a esse. A parceria continuaria depois com filmes como "O Indomado" e "Hombre". Enfim, "Paris Vive á Noite" é um romance ao velho estilo com muita música de qualidade e paisagens famosas, se faz seu estilo não deixe de conferir.

Paris Vive à Noite (Paris Blues, EUA / França 1961) Direção: Martin Ritt / Roteiro: Walter Bernstein e Harold Flender / Elenco: Paul Newman, Joanne Woodward, Diahann Carroll, Sidney Poitier, Louis Armstrong, Serge Reggiani / Sinopse: Ram Bowen (Paul Newman) e Eddie Cook (Sidney Poitier) são músicos americanos vivendo em Paris. Tocando em boates locais eles acabam conhecendo duas turistas de férias na cidade e acabam se envolvendo romanticamente com elas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Quatro Confissões

Versão americana do clássico "Rashomon" de Akira Kurosawa (inclusive ele está creditado como um dos roteiristas). Eu gostei bastante do resultado final embora realmente não se possa comparar com o original. O filme bebe bastante da fonte não do filme de Kurosawa mas sim da peça japonesa original. Isso é bem notado durante a projeção, uma vez que o estilo realmente é bem teatral, fortemente baseado no talento dos atores em cena. Dentre eles obviamente se destaca Paul Newman. Numa das caracterizações mais incomuns de sua carreira o ator se sai excepcionalmente bem como "Carrasco", bandoleiro, ladrão, pistoleiro e estuprador mexicano. Como o filme é baseado no que relembram as testemunhas sobre a morte de um ex Coronel, e como esses depoimentos são diferentes entre si, nos deparamos no filme com quatro caracterizações diferentes de cada personagem. Carrasco, por exemplo, surge como valente, herói, covarde, mentiroso ou estuprador - de acordo com cada testemunha. Agora imaginem ter que interpretar tantas nuances diferentes assim! Pois Newman, e o elenco de apoio, conseguem passar por esse teste de fogo.

A atriz Claire Bloom também está excelente - pois seu personagem rapidamente passa de jovem donzela em perigo a vagabunda de plantão. O mais interessante em "Quatro Confissões" é que ao final do filme, após todos darem seu testemunho sobre o que teria acontecido entre o bandido Carrasco e o casal, saímos sem saber exatamente o que aconteceu! Isso mesmo, o filme é totalmente livre na interpretação do espectador que assim vai escolher (ou tentar escolher) em qual versão irá acreditar. O diretor Martin Ritt (parceiro de Paul Newman em várias produções) conseguiu algo muito valioso: fazer um filme ágil com roteiro bem elaborado, de bastante conteúdo. Tanto que recomendo que se assista mais de uma vez para destrinchar todos os detalhes que ocorrem durante o filme. Recomendo sem receios - inclusive para estudantes de direito pois é muito curioso acompanhar como uma mesma história pode ter tantas versões diferentes entre si, dependendo de quem as conta.

Quatro Confissões (The Outrage, EUA, 1964) Direção de Martin Ritt / Roteiro de Michael Kanin e Akira Kurosawa / Elenco: Paul Newman, William Shatner, Edward G Robinson, Laurence Harvey e Claire Bloom / Sinopse: Carrasco (Paul Newman) é um bandoleiro mexicano que captura a diligência onde se encontram um veterano Coronel da Guerra Civil e sua bela e jovem esposa. A partir desse momento acabam surgindo diversas versões do que efetivamente teria ocorrido durante o julgamento do crime que ocorreu.

 Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Gata em Teto de Zinco Quente

Título no Brasil: Gata em Teto de Zinco Quente
Título Original: Cat on a Hot Tin Roof
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Brooks
Roteiro: James Poe, Richard Brooks
Elenco: Elizabeth Taylor, Paul Newman, Burl Ives, Jack Carson, Judith Anderson, Madeleine Sherwood
  
Sinopse:
Com roteiro baseado na peça "Cat on a Hot Tin Roof" de Tennessee Williams, o filme narra o complicado relacionamento entre a jovem Maggie (Elizabeth Taylor) e seu marido Brick Pollitt (Paul Newman). O casamento de ambos está em frangalhos, principalmente por causa do distanciamento que cresce a cada dia entre eles. Para piorar Brick se sente oprimido por viver em uma velha e tradicional casa do sul dos Estados Unidos dominada por um rico proprietário à moda antiga. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Paul Newman), Melhor Atriz (Elizabeth Taylor), Melhor Direção (Richard Brooks), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia (William H. Daniels). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Direção.

Comentários:
O filme foi roteirizado pelo diretor Richard Brooks. Se formos analisar bem sua carreira veremos que ele sempre foi mais um roteirista do que propriamente um diretor. Pois bem, embora Tennessee Williams tenha reclamado de algumas mudanças em seu texto original, temos que convir que o roteiro em si é muito bem escrito e trabalhado, deixando o filme com ótimo ritmo, fugindo da armadilha de o deixar teatral demais.. Penso que os textos de autoria do grande Tennessee Williams eram perigosos ao serem adaptados ao cinema, pois poderiam deixar qualquer filme pesado ou com aspecto de teatro filmado, o que não seria adequado pois artes diferenciadas exigem também adaptações diferentes. Nem sempre o que é adequado ao teatro consegue ser satisfatório na tela. Em "Gata em Teto de Zinco Quente" isso definitivamente não acontece e o espectador ao final da exibição terá a certeza de que assistiu a um grande filme, cinema puro. A produção é elegante, acima de tudo. O enredo se passa todo dentro de um grande casarão que é sede de uma fazendo de algodão no sul dos EUA. Embora isso possa parecer tedioso, não é. Hoje a MGM está à beira da falência, mas naquela época não economizava no bom gosto, como bem podemos comprovar aqui. A fazenda tipicamente sulista, o bonito figurino (especialmente de Liz Taylor) e a fotografia inspirada confirmam a elegância da película.
 
A grande força do filme porém vem de seu elenco maravilhoso. Elizabeth Taylor está linda e talentosa, dominando a cena. Ela  esbanja naturalidade e carisma em cada momento que surge na tela. Paul Newman, que passa o tempo todo de muletas e engessado, também demonstra muito talento no papel de Brick Pollitt, talvez o único personagem com algum valor moral dentro daquela casa. O curioso é que mesmo atores com escolas diferentes (com Newman vindo do teatro e Liz sendo basicamente uma atriz de cinema) conseguem se entender extremamente bem em cena. Sua química salta aos olhos, mesmo Paul Newman interpretando um marido que diante de tantos problemas negligencia sua bela e jovem esposa. Do elenco de apoio tenho que destacar primeiramente Burl Ives (Big Daddy, ótimo em sua caracterização de um homem que não conseguiu passar afeto aos seus familiares durante toda a sua vida) e Madeleine Sherwood (que faz a insuportável Mae Pollitt). Dentre as várias excelentes cenas destacaria aquela que se passa entre Newman e Ives no porão quando em tom de nostalgia Big Daddy se recorda de seu falecido pai, um mero vagabundo. Ali ele se mostra totalmente, sem máscaras, o que de certa maneira também serve para revelar a verdadeira face de sua família. Ótimo momento no quesito atuação. Enfim temos aqui um dos maiores clássicos da era de ouro de Hollywood, com dois de seus grandes astros em plena forma pessoal e dramática. Um filme mais do que clássico, absoluto.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Quinteto

Título no Brasil: Quinteto
Título Original: Quintet
Ano de Produção: 1979
País: Estados Unidos
Estúdio: Lion's Gate Films
Direção: Robert Altman
Roteiro: Frank Barhydt, Robert Altman
Elenco: Paul Newman, Vittorio Gassman, Fernando Rey, Bibi Andersson, Brigitte Fossey, Nina van Pallandt

Sinopse:
Em um mundo pós-apocalíptico congelado, o caçador Essex (Paul Newman) chega em uma pequena comunidade de sobreviventes. São pessoas estranhas, frias, que não se importam mais com a violência e a barbárie. Elas passam o dia inteiro jogando "Quinteto", um estranho jogo de tabuleiro. A mulher de Essex está grávida, mas logo ele percebe que entrou em um território perigoso, onde sua vida corre um sério perigo. 

Comentários:
É um filme de ficção bem diferente. Como se trata de uma obra assinada pelo diretor Robert Altman, o cinéfilo mais experiente já sabe de antemão de que não é um filme comum. Na verdade temos aqui uma distopia bem estranha, onde os sobreviventes de um mundo congelado passam seus dias envolvidos em um jogo esquisito, que pode inclusive se tornar mortal. Esse tipo de produção nunca foi a praia de Paul Newman. Ator dramático consagrado em tantos clássicos ele surge em cena meio deslocado e nunca encontra o tom certo durante o filme inteiro. A experiência para o astro foi tão negativa que ele nunca mais voltou ao gênero. Nota-se seu desconforto nas cenas. No geral é um filme complicado, difícil, que poucos vão realmente gostar. Some-se a isso o fato de Robert Altman ter inserido uma espécie de fotografia embaçada e você vai entender porque essa produção caiu logo no esquecimento. Poucos a conhecem e o público da época não aprovou. O filme foi mal nas bilheterias.

Pablo Aluísio.

500 Milhas

Título no Brasil: 500 Milhas
Título Original: Winning
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: James Goldstone
Roteiro: John Foreman
Elenco: Paul Newman, Joanne Woodward, Robert Wagner, Richard Thomas Jr, David Sheiner, Karen Arthur

Sinopse:
Frank Capua (Paul Newman) é um piloto de corridas extremamente competitivo. Após se inscrever na famosa 500 Milhas de Indianápolis, ele fará de tudo para se tornar o grande campeão do ano, ao mesmo tempo em que precisa lidar com a bela Elora Simpson (Joanne Woodward) que pode vir a se tornar o grande amor de sua vida. 

Comentários:
Esse filme nasceu da paixão do ator Paul Newman em relação ao automobilismo. Todos os seus admiradores sabem muito bem que ele manteve por décadas sua própria equipe de corrida. No final de sua vida mantinha um escudo na Fórmula Indy, a categoria mais popular dos Estados Unidos. Então unir seu amor por carros velozes com o cinema foi mesmo uma questão de tempo. E esse filme mantém seu charme, apesar do roteiro que podemos dizer que é simples. Os personagens humanos não são tão importantes como as máquinas possantes, essa é e verdade. Assim, de acordo com o próprio gosto e desejo de Paul Newman, o filme assim foi feito. Vai agradar a todo mundo? Não, não vai, mas os fãs vão ter uma chance maior de gosto mais sobre esse famoso ator.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Quinteto

Paul Newman só fez um filme do gênero ficção em toda a sua longa carreira e foi justamente esse, chamado simplesmente de "Quinteto". É um filme realmente estranho. Newman interpreta um homem que vaga em um planeta congelado, após o que parece ser o advento de uma nova era glacial. A civilização humana está em escombros, poucos sobreviveram em pequenas instalações isoladas no meio do nada. O clima é mesmo de universo pós apocalíptico. Para passar o tempo os poucos sobreviventes jogam "Quinteto", um bizarro jogo de tabuleiro com cinco pessoas, com regras não muito claras.

Não é incomum pessoas serem mortas durante essas jogatinas. Pelas paisagens desertas e geladas há muitos corpos sendo devorados por cães selvagens. O personagem de Newman tem uma mulher que está grávida. O fato logo causa espanto nos demais membros da comunidade, já que há muito não se ouvia falar de mulheres esperando bebês. O roteiro não explica a situação, mas fica subentendido que o mundo vive uma crise de fertilidade, causada principalmente pela radiação. Teria sido efeito de uma guerra nuclear? Novamente nenhuma resposta é dada pelo roteiro.

Após um tempo na nova comunidade, Essex (Newman) descobre que de fato há uma lista com o nome de cinco pessoas que vão morrer muito em breve.Tudo soa como se o jogo tivesse entrado na vida real das pessoas. Os perdedores não perderiam apenas o jogo em si, mas suas vidas também. O fato é que logo Newman entende também que está em um jogo do quinteto do mundo real, onde ele próprio pode ser eliminado a qualquer momento, tal como se fosse um jogador desse estranho tabuleiro. Seu objetivo então passa a ser sobreviver de todas as formas, já que sua vida corre sério risco. Ir além disso seria estragar parte das surpresas do filme.

O fato é que o diretor Robert Altman fez um filme não apenas esquisito, mas frio também. E isso não se refere ao cenário polar onde tudo acontece. Os personagens que rondam essa trama não parecem ter muitas emoções humanas. São indiferentes a pessoas sendo mortas, à violência e a todo tipo de barbárie. O próprio protagonista interpretado por Paul Newman passa longe de ter atitudes heroicas. Ele simplesmente vai vivendo um dia de cada vez, sem muita emoção, procurando apenas sobreviver. Eu acredito que Altman quis realizar uma ficção bem inovadora, mas no final das contas só conseguiu ser esquisito e estranho, diria até mesmo bizarro em certos momentos. Não é um filme para todo mundo, não pense que é uma espécie de Mad Max passado no círculo polar ártico. É muito mais singular do que se possa imaginar.

Quinteto (Quintet, Estados Unidos, 1979) Direção: Robert Altman / Roteiro: Frank Barhydt, Robert Altman / Elenco: Paul Newman, Vittorio Gassman, Fernando Rey / Sinopse: Em um mundo pós-apocalíptico congelado, o caçador Essex (Paul Newman) chega em uma pequena comunidade de sobreviventes. São pessoas estranhas, frias, que não se importam mais com a violência e a barbárie. Elas passam o dia inteiro jogando "Quinteto", um estranho jogo de tabuleiro. A mulher de Essex está grávida, mas logo ele percebe que entrou em um território perigoso, onde sua vida corre um sério perigo. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Uma Lição Para não Esquecer

Excelente filme dirigido pelo ator Paul Newman. Ele interpreta Hank Stamper, o filho mais velho de uma família de lenhadores. O pai Henry Stamper (Henry Fonda) é um sujeito austero, rígido, durão, que não admite que seus filhos demonstrem qualquer sinal de moleza. Ele impõe praticamente um regime militar dentro de sua própria casa. Todos os dias acorda toda a família às quatro da manhã para que eles estejam ao amanhecer na floresta, derrubando árvores. Se orgulham dessa forma de viver, como trabalhadores honestos que ganham a vida com o suor do próprio rosto. Quando uma greve de madeireiros explode na região os Stampers se recusam a descumprir seus contratos, parando o serviço e por isso decidem  continuar a trabalhar no dia a dia, como sempre fizeram. Isso acaba criando uma tensão com o sindicato de trabalhadores que começa a promover atos de sabotagem contra a família. Eles porém não estão dispostos a mudarem seu ponto de vista e vão até o final para levar a madeira até os depósitos da empresa que os contrataram. Para complicar ainda mais a situação do clã a volta do caçula Leeland Stamper (Michael Sarrazin), após passar vários anos fora cursando uma universidade, embaralha a já complicada situação familiar dentro da casa dos Stampers. Para o patriarca Henry aquela seria uma visita inesperada que ele agora terá que lidar da melhor maneira possível.

O roteiro do filme é baseado no best-seller do autor Ken Kesey. Em sua obra ele criou um retrato da típica família operária da sociedade americana. Os valores da classe trabalhadora são colocados em choque com os ideais do sindicato da região. Para os Stampers aqueles sindicalistas não passariam de comunistas disfarçados e eles não estariam dispostos a abrirem mão de sua ética de trabalho, descumprindo os contratos que assinaram. O núcleo familiar dos Stampers é formado por excelentes atores. O velho Henry Fonda é o patriarca. Ele passa praticamente o filme inteiro engessado após sofrer um sério acidente na floresta. Isso em nada tira sua visão de vida. Mesmo afastado do trabalho ele faz questão que seus filhos continuem a rotina dura de acordar de madrugada para passar o dia inteiro no meio da floresta derrubando árvores. O caçula da família é Leeland (Sarrazin), um jovem com outra visão de vida. Ele passou vários anos fora, estudando numa universidade, porém desempregado na grande cidade acaba voltando para o antigo lar, para trabalhar ao lado dos irmãos na floresta, um trabalho duro, onde apenas os fortes sobrevivem. Como viveu na cidade grande ele tem uma visão mais liberal do mundo, o que contrasta com seus irmãos mais rudes, que vivem da floresta. Por fim Paul Newman consegue demonstrar que também tinha grande talento para a direção. Ele criou um filme extremamente bem realizado que ganha muitos pontos positivos por causa da narrativa e das excelentes sequências na floresta, principalmente nas cenas mais impactantes, como por exemplo quando seu irmão no filme, Joe Ben (Richard Jaeckel), fica preso embaixo de um enorme tronco de árvore pesando algumas toneladas. Ele tenta de todas as formas salvar sua vida, mas a força da natureza acaba vencendo todos os seus esforços. O melhor porém vem na última cena do filme, com um maravilhoso toque de humor negro que fecha com chave de ouro essa excelente produção assinada pelo grande Paul Newman em um dos melhores momentos de toda a sua carreira.

Uma Lição Para não Esquecer (Sometimes a Great Notion, EUA, 1970) Direção: Paul Newman / Roteiro: John Gay, baseado na obra de Ken Kesey / Elenco: Paul Newman, Henry Fonda, Michael Sarrazin, Lee Remick, Richard Jaeckel / Sinopse: A família Stamper é formada por lenhadores. Quando o sindicato da categoria resolve fazer uma greve na região do Oregon eles se recusam a participar do movimento. Isso acaba criando uma tensão entre os Stampers e os demais trabalhadores, mas engana-se quem pensa que eles vão dar o braço a torcer pela pressão que sofrem. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Música e Melhor Ator Coadjuvante (Richard Jaeckel).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Uma Carta de Amor

Título no Brasil: Uma Carta de Amor
Título Original: Message in a Bottle
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Luis Mandoki
Roteiro: Gerald Di Pego
Elenco: Kevin Costner, Robin Wright, Paul Newman, John Savage, Illeana Douglas, Robbie Coltrane
  
Sinopse:
Baseado no romance de Nicholas Sparks o livro conta a história de Theresa Osborne (Robin Wright). Ela encontra na praia, por mero acaso, uma garrafa com uma carta de amor dentro dela. Curiosa com o achado ela resolve descobrir quem seria o seu autor. Após muito investigar e com a ajuda de um amigo jornalista Theresa descobre que a carta foi escrita por Garret Blake (Kevin Costner), um americano que escreveu o texto em homenagem à sua mulher, recentemente falecida. Impressionada com seu romantismo ela então resolve viajar, para conhecê-lo pessoalmente.

Comentários:
É um bom filme, bem romântico, apelando para um sentimentalismo que para algumas pessoas poderá soar até meio exagerado. De minha parte acabei gostando principalmente por causa do elenco. O casal Kevin Costner e Robin Wright funciona muito bem em cena, passando mesmo uma situação real para o espectador. Costner é aquele tipo de ator que vale a pena, mesmo quando atua em filmes fracos ou até mesmo grandes bombas (como "Waterworld" que praticamente afundou sua carreira). Depois da queda ele procurou por filmes menores e melhores, o que fez muito bem para ele e seu público. Claro que Costner passou pela humilhação de ter sido indicado ao Framboesa de Ouro, mas credito isso a uma briga pessoal dele com a imprensa, nada tendo a ver na verdade com esse filme em si. Foi mesmo uma retaliação pelas coisas que tinham acontecido durante o lançamento de "Waterworld". Outro destaque que sempre merece citação é a presença do veterano e mito da sétima arte Paul Newman. Tudo bem que o peso dos anos sempre se faz presente, mas Newman se sobressai, principalmente por fazer de um pequenino papel um chamariz a mais para se conhecer esse filme. Então é isso, romantismo no fundo de uma garrafa para românticos inveterados incuráveis. Vale a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Fugindo do Passado

Título no Brasil: Fugindo do Passado 
Título Original: Twilight
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Robert Benton
Roteiro: Robert Benton, Richard Russo
Elenco: Paul Newman, Susan Sarandon, Gene Hackman, Reese Witherspoon, James Garner
  
Sinopse:
Ex-policial, agora aposentado, o detetive particular Harry Ross (Paul Newman) ganha a vida fazendo pequenos serviços, muitos deles sem grande importãncia. Tudo muda quando ele é contratado para entregar uma mala cheia de dinheiro a um chantagista. Seu cliente decide pagar uma alta soma em razão de uma chantagem que vem sofrendo, cujos detalhes Harry não tem pleno conhecimento. O problema é que há algo muito maior por trás, inclusive uma conspiração envolvendo um assassinato.

Comentários:
Bom filme policial cujo maior atrativo é a presença do veterano Paul Newman. Apesa da idade, o astro da era do cinema clássico americano esbanja carisma e versatilidade nesse bom roteiro, cheio de reviravoltas, que prende a atenção do espectador da primeira à última cena. Como se não bastasse toda a riqueza de nuances da trama principal, ainda temos um elenco de apoio excelente, de primeira linha, cheio de grandes nomes de Hollywood como Susan Sarandon, Gene Hackman, James Garner e Reese Witherspoon! O grande Gene Hackman (hoje aposentado das telas definitivamente) interpreta um velho ator que ficou milionário com sua carreira de sucesso. Os tempos de fama e glória porém ficaram no passado pois ele está morrendo de um agressivo tipo de câncer. Susan Sarandon interpreta sua esposa, uma atriz que não teve o mesmo êxito profissional. Ela parece esconder algo em seu passado, principalmente em relação ao desaparecimento de seu primeiro marido, um homem que simplesmente nunca mais foi visto, não deixando quaisquer pistas sobre o seu paradeiro. Teria ela algo a ver com o sumiço dele? Para Harry tudo pode ser investigado e encaixado em algo mais misterioso e nebuloso do que muitos pensam. Com essa boa trama, personagens bem desenvolvidos e um roteiro acima da média esse filme é sem dúvida muito bom. Enfim, eis aqui mais um grande momento na carreira de Paul Newman, cuja filmografia sempre foi uma das mais ricas da história de Hollywood. Ele foi um ator cuja simples presença já tornava obrigatório qualquer filme.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O Início do Fim

Título no Brasil: O Início do Fim
Título Original: Fat Man and Little Boy
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Roland Joffé
Roteiro: Bruce Robinson
Elenco: Paul Newman, John Cusack, Laura Dern, Dwight Schultz, Bonnie Bedelia, John C. McGinley
  
Sinopse:
Durante a II Guerra Mundial o governo americano dá início ao projeto Manhattan. Vários cientistas brilhantes, entre eles J. Robert Oppenheimer (Dwight Schultz), são reunidos em uma base militar americana no meio do deserto para que se consiga construir uma arma definitiva que acabasse com a própria guerra. Essa seria a maior arma de destruição em massa da história. Para coordenar tudo e comandar os trabalhos o governo indica o General Leslie R. Groves (Paul Newman) que fica com a missão de entregar a primeira bomba atômica em um prazo máximo de um ano. Filme baseado em fatos reais.

Comentários:
Provavelmente seja o melhor filme sobre o projeto Manhattan, só sendo superado em certos aspectos por "Os Senhores do Holocausto". O filme assim narra a construção das primeiras bombas atômicas americanas (apelidadas de Fat Man, o gordo, e Little Boy, o garotinho, que dão origem ao título original do filme). Muitos vão achar o roteiro um pouco parado e monótono, uma vez que o roteiro explora a rotina desse grupo de cientistas em pesquisas e testes no deserto de Nevada, tentando construir a bomba nuclear que os americanos iriam jogar futuramente em cidades japonesas, selando o fim da II Guerra Mundial. Essa visão porém é fora de propósito pois em termos históricos tudo é extremamente interessante. O elenco também tem destaque, a começar pela presença do sempre excelente Paul Newman. Ele interpreta o general que coloca ordem na casa, sendo duro quando necessário. Já John Cusack interpreta um jovem cientista brilhante que foi vital para a construção das armas nucleares, mas que acabou pagando com sua própria vida ao se tornar vítima da radiação das pesquisas que realizava. Sua morte é um dos pontos altos do filme em termos dramáticos. Com excelente produção, elenco e reconstituição histórica, o filme só deixa um pouco a desejar mesmo no que diz respeito ao seu roteiro que evita a todo custo entrar em um debate ético sobre a construção das armas nucleares e tudo o que isso iria significar para o mundo nos anos seguintes.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de junho de 2016

Paul Newman - Uma Lição Para Não Esquecer

Eu costumo dizer que em termos de cinema clássico o céu é o limite. Sempre há coisas novas e interessantes a se descobrir dentro desse vasto universo. Procurando fugir das obras clássicas mais óbvias (como por exemplo "E O Vento Levou", "Casablanca", etc) o cinéfilo mais curioso sempre encontrará pequenas obras primas que hoje em dia já não são mais tão conhecidas e comentadas, mas que são sem dúvida excelentes filmes. É justamente o caso desse "Sometimes a Great Notion" (que no Brasil recebeu o inadequado título de "Uma Lição Para não Esquecer").

O filme mostra a família Stamper formada pelo pai Henry (o grande Henry Fonda) e pelos três filhos, Hank (interpretado pelo próprio Paul Newman que também dirigiu o filme), Joe Ben (Richard Jaeckel, indicado ao Oscar por sua atuação) e o caçula Leeland Stamper (Michael Sarrazin). Esse último nunca quis seguir o destino dos irmãos. Ao invés de ser um operário, um lenhador nas florestas, decidiu ir embora para cursar uma universidade. As coisas porém não deram muito certo, ele se envolveu com drogas (maconha, em especial), se tornou um péssimo aluno e depois de formado ficou desempregado. Após o suicídio da mãe não viu outra alternativa a não ser voltar para a casa do pai, Henry, que não deixou barato o colocando para trabalhar cortando árvores na floresta como seus dois irmãos. "Para comer nessa mesa terá que trabalhar!" - decreta o velho patriarca.

O roteiro do filme investe na maneira turrona que os Stampers enxergam a vida. A ética que move suas vidas é o trabalho, por isso quando o sindicato da região promove uma greve geral dos trabalhadores de madeireiras, eles se recusam a participar. Para Henry e Hank, os sindicalistas seriam na verdade comunistas, pessoas que corroíam a base da sociedade americana, seus valores e ideais. Tudo isso porém não é colocado por Newman no filme como algo pesado, doutrinário ou panfletário. Ele optou por uma outra abordagem, mostrando tudo com certa leveza - apesar do filme ser um drama. O humor está sempre presente dentro daquela família nada funcional. A rudeza e a forma pragmática que enxergam a vida dá o tom de toda a narrativa.

Uma personagem interessante dentro daquele universo masculino vem na figura de Viv Stamper (Lee Remick), Ela é a esposa de Hank. Em uma família tão machista ela mal é ouvida sobre nada, embora tenha uma bela percepção da vida. Após anos tentando engravidar do marido - seu primeiro e único filho nascera natimorto - ela decide dar um novo rumo na vida, procurar por novos horizontes. A novela de Ken Kesey que deu origem ao filme já chamava a atenção para essa nova mulher que nascia naquele momento, não apenas disposta a ser unicamente esposa e mãe, mas também ter a chance de escrever seu próprio destino, indo atrás dos seus sonhos de realização pessoal e profissional. Enfim, um belo trabalho de direção de Paul Newman que conseguiu provar que era tão bom atrás das câmeras, dirigindo, como na frente delas, atuando. Um profissional completo. Não deixe de conhecer.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Paul Newman - Rachel, Rachel

Há poucos dias assisti a "Rachel, Rachel", um drama sensível sobre uma professora oprimida numa pequena cidade interiorana dos Estados Unidos. Chegando aos 40 anos de idade, solteira e infeliz, ela acaba se agarrando ao que parece ser a última chance de encontrar a felicidade no campo amoroso ao reencontrar um velho conhecido da infância. Estrelado pela ótima atriz Joanne Woodward, o filme se destaca por ter sido dirigido pelo marido dela, o astro Paul Newman.

Os cinéfilos que gostam de cinema clássico conhecem Paul Newman pela sua maravilhosa carreira como ator. Ele certamente foi um dos maiores astros de Hollywood, mas muitos ignoram que ele também demonstrava grande talento como cineasta. Ao todo Paul Newman dirigiu seis filmes, sendo que esse "Rachel, Rachel" foi sua primeira experiência atrás das câmeras. Ao assistir percebemos logo que além de grande intérprete ele também tinha grande sensibilidade na direção.

De roteiro simples, porém bastante humano, "Rachel, Rachel" demonstra que Paul Newman era acima de tudo um cineasta eficiente. Ele realizou um filme enxuto, sem exageros e sem pretensões descabidas. Talvez seu maior desafio tenha sido expor na tela de forma convincente e não piegas os pensamentos e as angústias de sua protagonista. A personagem da professora Rachel interpretada com maestria por Joanne Woodward (que chegou a ser indicada ao Oscar por seu trabalho) tem uma personalidade interior ora mórbida, ora depressiva e em alguns momentos até mesmo irônica, mordaz. Transpor isso para o filme (que foi baseado em um romance escrito por Margaret Laurence) acabou se tornando o grande desafio de Newman. E ele, conforme podemos ver, acertou em cheio.

Como se sabe Paul Newman e Joanne Woodward tiveram um longo casamento. Ele faleceu em 2008, mas Joanne ainda vive, no alto de seus 86 anos de idade. Juntos tiveram três filhos. Um deles morreu tragicamente por overdose de drogas nos anos 70 o que fez Newman criar uma fundação de amparo a dependentes químicos. Durante décadas o casamento de Newman e Woodward foi considerado modelo em Hollywood. Em um lugar onde os relacionamentos sempre foram fugazes e descartáveis eles ficaram juntos até a morte de Newman. Essa imagem ficou um pouco arranhada recentemente com a publicação de uma biografia do ator que revelava que ele teve um caso extraconjugal por anos com uma jornalista. Não importa, filmes como "Rachel, Rachel" demonstram que o casal funcionava não apenas na vida real, mas também profissionalmente. Poderiam não ser perfeitos (ninguém é), mas diante das circunstâncias se saíram muito bem no final das contas.

Pablo Aluísio.