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sexta-feira, 24 de abril de 2020

O Caso Richard Jewell

Título no Brasil: O Caso Richard Jewell
Título Original: Richard Jewell
Ano de Produção: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Billy Ray, Marie Brenner
Elenco: Paul Walter Hauser, Sam Rockwell, Kathy Bates, Brandon Stanley, Ryan Boz, Charles Green, Olivia Wilde

Sinopse:
Richard Jewell (Paul Walter Hauser) é um bom homem. Ele trabalha como segurança em um show, quando uma bomba caseira é encontrada. O artefato explode e pessoas morrem. O FBI então abre uma investigação para descobrir a identidade do terrorista, mas erra ao colocar o próprio Jewell como um dos acusados. A partir daí ele passa a ser alvo da imprensa que o massacra diariamtente, destruindo sua reputação. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Kathy Bates).

Comentários:
Clint Eastwood surpreende mais uma vez e surge com mais um excelente filme. Aqui, se o espectador interpretar bem o roteiro, há dois aspectos bem importantes a se colocar em evidência. A primeira surge quando uma pessoa inocente é acusada de um crime que não cometeu. Richard Jewell é uma boa pessoa, chegando a ser mesmo até meio bobão. Tem um excelente coração, ser bonzinho demais no mundo de hoje, pode ser bem perigoso. Ele tem seus valores, entre eles a valorização da autoridade policial, e de repente se vê entrando numa armadilha armada por um agente do FBI. O tipo de pessoa que ele mais admirava em sua vida agora luta por sua ruína pessoal. É o Estado massacrando o cidadão, até mesmo sem provas. A existência de direitos individuais se justifica justamente por esse tipo de situação. A outra grande relevância dessa história é mostrar como a imprensa também pode se tornar um problema, principalmente quando toma partido e começa a levar a opinião pública para um lado que no fundo naõ tem raízes sólidas. Por causa da imprensa - aqui corporificada numa personagem, a jornalista sem ética - o pobre e bem intencionado Richard Jewell se vê massacrado dia a dia pelos jornais e pelos noticiários de TV. São duas lições importantes a se aprender nesse filme. A primeira é que o poder de punição do Estado pode facilmente se tornar um instrumento de injustiça sem limites e que a imprensa, quando surge sem ética, é uma das coisas mais perigosas do mundo moderno. Assim Clint Eastwood acerta mais uma vez, expondo as veias abertas de uma América que ainda precisa melhorar muito para ser uma sociedade realmente admirável.

Pablo Aluísio.

Na Linha de Fogo

Título no Brasil: Na Linha de Fogo
Título Original: In the Line of Fire
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Wolfgang Petersen
Roteiro: Jeff Maguire
Elenco: Clint Eastwood, John Malkovich, Rene Russo, Dylan McDermott, Gary Cole, Fred Dalton Thompson

Sinopse:
O agente do Serviço Secreto Frank Horrigan (Clint Eastwood) não pôde salvar o presidente John Kennedy, que foi assassinado ao seu lado, quando esse andava de carro aberto em Dallas, mas ele está determinado a não deixar um assassino obcecado derrubar esse novo presidente.

Comentários:
Achei apenas razoável esse filme. Veja bem, eu adoro o trabalho de Clint Eastwood, tanto como diretor, como apenas ator. Aqui ele deu um freio numa série de filmes em que atuava e dirigia e topou interpretar o protagonista, sem dar apito em roteiro, direção, etc. Em se tratando de Clint Eastwood é uma surpresa e tanto. De volta ao filme, o que temos aqui é apenas uma fita de rotina no meu ponto de vista. Novamente o roteiro adota um certo tom ufanista em relação aos presidentes americanos (isso foi antes da era Trump) e os mostra como heróis da nação, homens íntegros, etc. Aquela coisa toda. Sabemos que na vida real, por exemplo, o presidente JFK tinha falhas de caráter, então não tem como embarcar completamente em certa nuances desse roteiro cheio de patriotada barata. De qualquer forma Clint Eastwood sempre mantém sua dignidade, mesmo em filmes de rotina. E mantém o charme mesmo quando corre ao lado de um carro presidencial, sendo um homem de sua idade. Pensando bem esses caras durões realmente não respeitam e nem seguem limites por causa da idade. São forjados em outra época. Por fim uma curiosidade: o filme conseguiu três indicações ao Oscar! Foi indicado ao Oscar de melhor roteiro original e melhor edição. Além disso o ator John Malkovich foi lembrado pela academia na categoria de melhor ator coadjuvante. Nada mal, nada mal mesmo...

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Por Um Punhado de Dólares

Esse é um dos grandes clássicos do chamado western spaghetti. O termo que pode até soar engraçado hoje em dia se refere aos faroestes produzidos e rodados na Itália com atores e equipe técnica daquele país, muitas vezes usando pseudônimos americanizados. Como se sabe o Western é um gênero tipicamente norte-americano pois o tema central é justamente a conquista do oeste daquela nação. Os italianos porém não se importaram muito com esse detalhe e a partir da década de 60 intensificaram a produção desse tipo de filme. Além da nacionalidade outras características distinguem bem os filmes italianos dos americanos. A ação é bem mais incessante, não há muita preocupação com roteiros bem elaborados e as interpretações tendem ao exagero, com vilões cartunescos e muita violência. Esse "Por Um Punhado de Dólares" tem tudo isso mas também é uma fita diferenciada. Essa singularidade tem nome: Sergio Leone. Cineasta talentoso, hábil, ele mostra nesse filme porque ainda hoje é um considerado um dos grandes mestres do cinema.

O uso de tomadas ousadas, cenas com muito clima e detalhes, além da combinação muito bem realizada entre trilha sonora e ação fizeram toda a diferença do mundo. As cenas de violência não são ainda tão bem elaboradas como às que veríamos em futuros trabalhos assinados pelo diretor mas aqui já há nitidamente um esboço de seu estilo e forma de trabalhar. O roteiro simplório não impede que Leone consiga mostrar grandes feitos em sua direção. O próprio duelo final é um exemplo, com ótima edição e enquadramento. Para coroar ainda mais esse faroeste temos a presença de um dos grandes atores desse gênero: Clint Eastwood. Aqui ele interpreta o pistoleiro sem nome que chega numa cidadezinha empoeirada no meio do deserto. O local é disputado por dois grupos rivais, ambos violentos e extremamente armados. O personagem de Eastwood então resolve tirar proveito dessa rivalidade. O que se sucede são muitos tiroteios, duelos e cenas de ação bem ao estilo do western spaghetti. A trilha sonora de Ennio Morricone pontua cada cena, cada tensão, cada troca de tiros. Parece ser onipresente. A conclusão que se chega ao final de sua exibição é que embora muitos aspectos do filme estejam datados e ultrapassados ele ainda resiste como um excelente exemplo do tipo de cinema que se realizava na Itália durante a década de 60. Além disso é um ótimo testemunho do talento de Sergio Leone, um diretor de muito tato e inspiração. 

Por Um Punhado De Dólares (Per un pugno di dollari, Itália, 1964) Direção: Sergio Leone / Roteiro: A. Bonzzoni, Víctor Andrés / Elenco: Clint Eastwood, Gian Maria Volonté, Marianne Koch / Sinopse: Clnt Eastwood interpreta o pistoleiro sem nome que chega numa cidadezinha empoeirada no meio do deserto. O local é disputado por dois grupos rivais, ambos violentos e extremamente armados. O personagem de Eastwood então resolve tirar proveito dessa rivalidade.

Pablo Aluísio.

Joe Kidd

Joe Kidd (Clint Eastwood) é preso por um crime menor. Ele foi pego pelo xerife caçando em uma reserva natural, o que era proibido por lei. Levado a julgamento, ele tem uma surpresa quando o tribunal é invadido por um bandoleiro mexicano chamado Luis Chama (John Saxon). Ele intimida o juiz, afirmando que não há mais justiça naquela região onde latifundiários americanos roubam as terras que eram tradicionalmente povoadas por colonos mexicanos. Ele cansou de esperar por lei e ordem e resolve agir por conta própria, comandando um grupo de pistoleiros e assassinos. Imediatamente uma força tarefa é organizada pelo xerife para capturar o foragido mexicano, mas tudo em vão. Entra em cena então o pistoleiro e caçador de recompensas Frank Harlan (Robert Duvall). Já que o xerife é um fraco, os grandes fazendeiros resolvem contratar um profissional. Seu objetivo é encontrar Chama e seus homens, para liquidar com todos eles. Harlan conhece o passado de Joe Kidd. Sabe que há muitos anos ele foi um conhecido caçador de recompensas e matador como ele. Assim resolve oferecer um valor irrecusável a ele, para entrar no bando que vai ao deserto em busca do revolucionário bandoleiro. Com certo receio Kidd acaba aceitando o convite, dando início a uma verdadeira caçada humana pelos desertos da fronteira entre Estados Unidos e México.

Esse "Joe Kidd" é mais um filme da fase americana da carreira de Clint Eastwood. Como se sabe ele ficou muitos anos trabalhando na Itália ao lado do diretor Sergio Leone. Com o sucesso de produções como "Por um Punhado de Dólares", "Por uns Dólares a Mais" e "Três Homens em Conflito", Clint virou um astro dos filmes de faroeste. De volta aos Estados Unidos ele começou uma nova safra de filmes do gênero. Esse aqui foi rodado logo após Clint estrelar um de seus grandes sucessos, "Perseguidor Implacável", o primeiro com o personagem do policial durão Dirty Harry.Apesar do êxito comercial desse filme de ação, Clint não queria abandonar o gênero western. "Joe Kidd" é certamente um bom filme, mas ainda fica bem abaixo de outras obras primas que Clint ainda iria participar como "Um Estranho Sem Nome" e "O Cavaleiro Solitário". Esses dois são certamente os melhores que ele fez nos anos seguintes. Mesmo assim não deixa de ser muito bom ver Clint Eastwood dirigido pelo mestre John Sturges, um veterano dos filmes de faroeste, que havia dirigido um dos grandes clássicos do estilo, o aclamado "Sete Homens e um Destino". Com tantos nomes importantes envolvidos em sua realização esse "Joe Kidd" é certamente um item obrigatório na coleção de todo fã de western que se preze.

Joe Kidd (Joe Kidd, Estados Unidos, 1972) Direção: John Sturges / Roteiro: Elmore Leonard / Elenco: Clint Eastwood, Robert Duvall, John Saxon, Don Stroud, Stella Garcia, James Wainwright / Sinopse: Joe Kidd (Clint Eastwood), um ex-caçador de recompensas e pistoleiro, se une ao bando de Frank Harlan (Robert Duvall), para caçar um agitador e bandoleiro mexicano Luis Chama (John Saxon), que almeja vingança contra fazendeiros e colonos americanos que ocuparam terras que tradicionalmente eram pertencentes aos povos do México.

Pablo Aluísio. 

sábado, 12 de outubro de 2019

O Estranho Sem Nome

Título no Brasil: O Estranho Sem Nome
Título Original: High Plains Drifter
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Tidyman, Dean Riesner
Elenco: Clint Eastwood, Verna Bloom, Marianna Hill, Geofrey Lewis, Mitchell Ryan, Stefan Gierasch
  
Sinopse:
Um estranho e misterioso pistoleiro errante (Clint Eastwood) chega na pequenina cidade de Lago. Hostilizado por alguns moradores locais, acaba tendo que usar de sua habilidade no gatilho. Após matar três deles é convidado para defender a cidade de um grupo de malfeitores que, ao saírem da prisão, tinham jurado vingança contra todos àqueles que os mandaram para atrás das grades. O estranho aceita defender Lago desses bandidos, mas começa a abusar de sua nova posição, enfrentando as autoridades locais e exigindo que se cumpra suas ordens, algumas delas bem absurdas, como pintar toda a cidade de vermelho, por exemplo.

Comentários:
Clint Eastwood estrelou alguns dos filmes de faroeste mais famosos da história do cinema. Aqui ele investe em uma trama com toques sobrenaturais, por mais fora do comum que isso possa parecer. “O Estranho Sem Nome” é um belo registro do talento de Eastwood como cineasta. Assumindo a direção pela terceira vez em sua carreira, ele mostra muita firmeza no desenrolar da história, criando inclusive todo um clima misterioso e enigmático sobre a verdadeira identidade de seu personagem, novamente um pistoleiro sem nome, sem passado e sem destino. Clint Eastwood se mostra muito habilidoso ao manipular e tirar o melhor proveito de alguns dos símbolos mais caros à mitologia do western. Por exemplo a figura do cavaleiro errante, solitário, que chega num pequeno local para impor justiça, promovendo sua própria vingança pessoal. O pistoleiro rápido e invencível no gatilho também está presente, além do suspense e tensão que rondam a chegada de um bando de facínoras na cidadela. Clint usa de todos esses elementos com elegância e nunca perde a mão no filme. Alguns poderiam até dizer que são meros clichês, alguns bem conhecidos, mas o fato é que sob o comando de Eastwood tudo soa como novo e impactante. Tem que realmente ser muito inventivo para conseguir algo assim – e Clint certamente conseguiu. “O Estranho Sem Nome”, um faroeste de primeira linha, merece ser revisto sempre que possível e mais ainda pelos fãs de Eastwood, aqui em plena forma.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

A Mula

Clint Eastwood tem 88 anos de idade. Aposentadoria? Nem pensar! Tanto que nesse seu novo filme ele não se contentou em apenas atuar. Ele também produziu, dirigiu e escreveu parte do roteiro! Incrível mesmo sua disposição para seguir em frente no cinema. E como não poderia deixar de ser, ele aqui interpreta um octogenário que vê sua vida mudar. Sua fazendinha de plantação de flores é tomada pelo banco. Sem dinheiro e com problemas na família ele decide então aceitar um serviço que parece fácil (mas só parece). Ele deve ir até uma garagem de um posto de gasolina para receber uma "encomenda" a ser levada até um certo destino. O pagamento é excepcional. Claro que ele sabe que se trata de drogas, mas como já está no final de sua jornada nem pensa muito e aceita o tal serviço.

Assim se torna mais uma "mula" de um cartel de drogas mexicano. Como é um velho senhor não desperta suspeitas nos policiais que acaba esbarrando pelo caminho. É o "disfarce" perfeito. No começo as coisas vão muito bem. Ele ganha bastante dinheiro, a ponto inclusive de comprar uma nova camionete zero, último modelo, tinindo de nova. Porém aos poucos o cerco policial vai se fechando. A quantidade de drogas transportada é absurda, em certa ocasião ele chega a levar 300 kilos de uma cidade para outra e por isso o DEA (departamento anti-drogas) começa a ficar no seu encalço. Clint continua o mesmo ator carismático de sempre. Basta sua presença na tela para justificar qualquer filme, só que aqui, pela primeira vez, podemos ver com nitidez o peso da idade no ator. Ele tem uma certa dificuldade para falar e andar. As costas curvadas mostram os efeitos do tempo. Não é para menos, já que ele está próximo dos 90 anos! De qualquer maneira é sempre um prazer rever o bom e velho Clint. A dignidade pessoal aliás está mais forte e presente como nunca. Poucos conseguiram essa proeza.

A Mula (The Mule, Estados Unidos, 2018) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Clint Eastwood, Sam Dolnick, Nick Schenk / Elenco: Clint Eastwood, Bradley Cooper, Dianne Wiest, Laurence Fishburne, Taissa Farmiga, Michael Peña / Sinopse: Velho senhor, já na beira dos 90 anos, decide aceitar a oferta de serviço de "mula" de traficantes mexicanos. Ele terá que transportar drogas de uma cidade para outra em sua velha camionete. A intenção é despistar, com sua aparência de senhor idoso, a polícia que começa a investigar o caso.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Por uns Dólares a Mais

Clint Eastwood e Lee Van Cleef Interpretam dois caçadores de recompensas no velho oeste que acabam indo atrás do mesmo criminoso, El Indio (Gian Maria Volonté), cuja oferta por sua captura vivo ou morto é avaliada em dez mil dólares! Pistoleiro, psicopata, estuprador e muito violento, El Indio planeja ao lado de sua quadrilha um grande roubo de banco na cidade de El Paso. Ele conseguiu ter acesso a informações privilegiadas sobre o cofre da instituição e pretende roubar uma pequena fortuna de sua sede, mas antes disso terá que se livrar daqueles que querem sua cabeça em troca do valioso prêmio a ser dado como recompensa a quem conseguir lhe tirá-lo de circulação. 

O texto que abre o filme, "Onde a vida não tem valor, a morte, às vezes tem seu preço. É por isso que os caçadores de recompensas apareceram", resume bem a tônica dessa produção. Considerado um dos maiores clássicos do assim chamado western spaguetti, "Por uns Dólares a Mais" surge em um momento em que o cinema italiano começa a mostrar ao mundo que também podia realizar faroestes tão bons quanto os originais americanos. A fórmula de se importar atores e profissionais americanos para trabalharem na Itália havia se mostrado madura o suficiente para assustar até mesmo os grandes estúdios de Hollywood.

Para se ter uma ideia a United Artists ficou tão impressionada com a qualidade desse western que não pensou duas vezes em adquirir os direitos da obra para lançar nos cinemas americanos, no circuito comercial daquele país. Isso era um feito e tanto já que até aquele momento as distribuidoras americanas esnobavam os filmes italianos de faroeste. No elenco, Clint Eastwood e Lee Van Cleef, começavam a virar astros. Ambos amargaram anos e anos de papéis coadjuvantes sem muita importância dentro da indústria americana e tiveram que cruzar o Atlântico para serem finalmente reconhecidos em casa. 

Por fim, e o mais importante de tudo, o filme contava com a ótima direção do mestre Sergio Leone. Cineasta singular, Leone conseguia impor um estilo próprio, autoral, em fitas que em essência eram realizadas para serem acima de tudo comercialmente bem sucedidas. Dentro do circuito mais popular ele conseguia, com raro brilhantismo, trazer inovações e classe a gêneros ditos como extremamente comerciais. Maior prova de sua genialidade não há. Assim, caso você nunca tenha assistido esse western classe A não perca mais seu tempo, pois "Per Qualche Dollaro in Più" é de fato simplesmente indispensável e essencial para qualquer cinéfilo que se preze. Um faroeste europeu que marcou época.

Por uns Dólares a Mais (Per Qualche Dollaro in Più, Itália, Espanha, Alemanha, 1965) Estúdio: Constantin Film Produktion, Produzioni Europee Associati / Direção: Sergio Leone / Roteiro: Sergio Leone, Fulvio Morsella / Elenco: Clint Eastwood, Lee Van Cleef, Gian Maria Volonté/ Sinopse: Dois caçadores de recompensas vão atrás de um criminoso procurado vivo ou morto no velho oeste americano.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de janeiro de 2019

O Cavaleiro Solitário

Em plena corrida ao ouro na Califórnia do século XIX, um grupo de pacatos e pacíficos mineradores é ameaçada e hostilizada por um rico homem de negócios que deseja as terras onde vivem para que ele próprio extraia o rico minério para si. Após promover uma série de ataques, os mineradores rezam por um milagre, pela chegada de alguma ajuda! Suas preces acabam sendo ouvidas e chega no local um cavaleiro errante misterioso, sem nome, sem destino, sem passado, conhecido apenas como “O Padre” (Clint Eastwood). Rápido no gatilho e implacável contra os facínoras, ele começa a distribuir justiça pela região, sendo considerado um salvador pelos pobres e humilhados moradores das montanhas.

“O Cavaleiro Solitário” é seguramente um dos melhores filmes de western estrelado por Clint Eastwood. Aqui ele retorna às telas com seu personagem preferido, o pistoleiro errante, sem nome, vindo de lugar nenhum, mas impondo a justiça nas comunidades mais oprimidas e humilhadas por onde passava. A caracterização de Clint está perfeita. Homem de poucas palavras e muita presença, ele impõe ordem e justiça com a única linguagem que os bandidos no velho oeste entendiam, a linguagem de um cano fumegante. Esse é seu personagem definitivo dentro do universo dos faroestes que estrelou ao longo da carreira.

Todo western que se preze deve possuir vilões à altura para engrandecer o papel do justiceiro. Aqui temos um antagonista muito interessante, o temido "xerife" Stockburn (John RusselI), na realidade um pistoleiro de aluguel que vai até o local para enfrentar o Padre pois sua presença faz com que os mineradores comecem a ter confiança em si mesmos. A ordem é eliminar o estranho cavaleiro para assim dominar completamente a região que afinal é riquíssima em ouro e outros metais preciosos. O duelo entre Stockburn e o Padre é certamente um dos melhores da mitologia do velho oeste no cinema. Ambos duelam numa cidadela incrustada numa montanha isolada. Stockburn conta ainda com um grupo de assistentes – sujeitos durões, com rostos de poucos amigos, que tencionam eliminar a presença nociva do Padre. Eles só não contavam com o fato do Padre trazer atrás de si o inferno, como bem resume uma jovem filha de uma mineradora oprimida.

Muito ação, muitos desafios e um roteiro primoroso que resgata todos os valores mais preciosos do gênero. De certa forma “O Cavaleiro Solitário” encerra uma fase na carreira de Clint que teve seu início com “O Estranho Sem Nome” na década anterior. É a fase onde realizou alguns de seus melhores sobre o velho oeste americano, todos lançados logo após sua extremamente bem sucedida parceria com o cineasta Sergio Leone na Itália. O mito do cavaleiro sem nome jamais foi tão bem representado como nesses dois filmes que são simplesmente fantásticos. Um clássico moderno com a assinatura do talentoso Clint Eastwood na direção e na produção. Simplesmente imperdível para os amantes do western americano em sua mais bem inspirada fase da década de 80.

O Cavaleiro Solitário (Pale Rider, EUA, 1985) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Michael Butler, Dennis Shryack / Elenco: Clint Eastwood, Michael Moriarty, Carrie Snodgress, Chris Penn, Richard Dysart, John Russell, Richard Kiel / Sinopse: Uma comunidade de moradores no alto da montanha sofre todo tipo de hostilidade por um rico empresário que deseja tomar conta da região para enriquecer com o ouro que brota da terra. Para defender essas pacatas e pacíficas pessoas surge no horizonte a figura de um misterioso cavaleiro errante, sem nome, sem passado e sem destino conhecido simplesmente como “O Padre”. Apesar do nome ele traz o inferno atrás de si e começa a distribuir justiça na região.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Emboscada em Cimarron Pass

Título no Brasil: Emboscada em Cimarron Pass
Título Original: Ambush at Cimarron
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Regal Films
Direção: Jodie Copelan
Roteiro: Robert A. Reeds, Robert W. Woods
Elenco: Scott Brady, Margia Dean, Clint Eastwood, Irving Bacon, Frank Gerstle, Ray Boyle

Sinopse:
Dirigido por Jodie Copelan, com Scott Brady e Margia Dean no elenco, o roteiro baseado em um livro escrito por Robert A. Reeds, contava uma história que se passava em 1867 no velho oeste americano. Clint interpretava um sujeito chamado Keith Williams. Ele era um homem que tentava sobreviver em um território distante, uma reserva Apache em guerra, onde soldados do exército americano, da União, literalmente caçavam ex-soldados confederados que tinham se tornado bandoleiros e assassinos.

Comentários:
Clint Eastwood não planejou sua carreira de ator como astro de filmes de western. As coisas simplesmente foram acontecendo. Em 1958 ele conseguiu um papel em um faroeste B chamado "Emboscada em Cimarron Pass" (Ambush at Cimarron Pass). Essa é uma produção bem difícil de se achar nos dias de hoje. É um filme pouco conhecido, obscuro, que poucos colecionadores possuem. Quase ninguém assistiu. Vale sobretudo por trazer Clint Eastwood ainda bem jovem, já no papel de cowboy, o tipo que iria consagrar sua carreira. Fora isso nada de muito relevante em termos cinematográficos. Anos depois Clint Eastwood não iria ser refinado ao se lembrar desse filme, dizendo que ele era "provavelmente o pior western que já existiu!". Sua opinião não incomodaria os produtores. Depois que Clint se tornou um astro de Hollywood, o estúdio resolveu relançar o filme nos cinemas, já durante a década de 60. Era impossível perder a chance de faturar alto com seu nome, afinal de contas era um faroeste com Clint Eastwood, que mesmo sendo ruim ainda poderia gerar um bom faturamento nas bilheterias.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O Último Golpe

Nunca havia assistido a esse filme de Clint Eastwood. Realmente não é dos seus mais conhecidos, tendo feito pouco sucesso comercial em seu lançamento, o que fez com que Clint rompesse com a United Artists. Na época ele acusou o estúdio de não ter divulgado bem o filme. Pois bem, se trata de um road movie, onde Clint interpreta um ex-assaltante de bancos que agora se passa por pastor numa pequenina igreja de interior. Sua farsa cai por terra quando um velho conhecido, membro de um bando do que ele fez parte no passado, volta para acertar contas. Na fuga ele acaba conhecendo um jovem que se diz chamar Lightfoot. Esse personagem é interpretado por Jeff Bridges, em boa atuação que lhe valeu até mesmo uma indicação ao Oscar (o que sinceramente achei um pouco demais). Juntos eles acabam indo atrás do dinheiro do último roubo, que ficou escondido numa escola histórica, localizada numa cidadezinha.

O filme obviamente aposta bastante na ação. O roteiro escrito pelo diretor Michael Cimino não está preocupado em fazer arte, mas sim em divertir o público, por isso o filme apresenta bastante humor e aquele ritmo frenético que me fez inclusive lembrar dos filmes de Burt Reynolds nos anos 70 como "Agarre-me se puderes". É bem naquela levada. No geral achei interessante, bem realizado, movimentado, um veículo para Eastwood fazer sucesso novamente nos cinemas. Não pode ser considerado um dos melhores filmes de sua carreira, um clássico, etc, mas diverte sim e nem envelheceu tanto como se poderia pensar.

O Último Golpe (Thunderbolt and Lightfoot, Estados Unidos, 1974) Direção: Michael Cimino / Roteiro: Michael Cimino / Elenco: Clint Eastwood, Jeff Bridges, Geoffrey Lewis, George Kennedy, Gary Busey / Sinopse: O ladrão de banco Thunderbolt (Eastwood) se une ao jovem Lightfoot (Bridges) para roubar um banco de uma pequena cidade. Ao mesmo tempo tenta descobrir o paradeiro do dinheiro roubado em seu último assalto. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Jeff Bridges).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

A Marca da Forca

Jed Cooper (Cint Eastwood) é confundido com um criminoso sendo espancado e linchado por um xerife corrupto e seu bando. Tempos depois retorna ao mesmo local para acertar as devidas contas entre eles. Eu costumo dizer que só dois atores garantem qualidade em seus filmes de western. Um é John Wayne. O outro é Clint Eastwood. Simplesmente não existem filmes com eles do gênero faroeste que sejam ruins. Todos são no mínimo bons, quando não são excepcionais. Esse "A Marca da Forca" é um exemplo claro dessa afirmação. Gosto muito dos antigos westerns da carreira do Clint. Nos anos 60 e 70 Clint estrelou uma série de ótimos filmes, quase sempre fazendo o mesmo papel, o do pistoleiro misterioso e de poucas palavras, que surge do nada e da mesma forma some ao final do filme. Esses personagens enigmáticos porém sempre tinham um passado por trás e nunca iam a essas cidades perdidas do velho oeste sem um objetivo em mente. Geralmente no decorrer do filme o espectador ia aos poucos entendendo o que ele fazia ali e quais eram seus propósitos. Clint Eastwood, com olhar de pedra encontrou seu veículo ideal nesse tipo de produção. A fórmula era certa e Clint colecionou uma série de sucessos de bilheteria assim.

Esse aqui segue basicamente essa linha embora tenha diferenças. Clint ainda continua durão mas o roteiro abre algumas concessões. Ao ler a sinopse a pessoa pode ser levada ao erro de pensar que tudo não passa de um acerto de contas entre ele e os vilões que tentaram lhe enforcar no começo do filme. Pois acredite, o filme tem um bom subtexto sobre a questão de se fazer justiça com as próprias mãos e até abre espaço para algumas cenas de romance com o personagem de Eastwood! Tudo isso porém não alivia e nem tira o filme de seu foco principal, o de ser um bang bang à moda antiga, com muitos tiroteios, enforcamentos e socos! Em essência é um legítimo western da primeira fase da carreira de Clint. Se você gosta não vai se arrepender.

A Marca da Forca (Hang 'Em High, EUA, 1968) Direção: Ted Post / Roteiro: Leonard Freeman, Mel Goldberg / Elenco: Clint Eastwood, Inger Stevens, Ed Begley, Pat Hingle, Ben Johnson / Sinopse: Jed Cooper (Cint Eastwood) é confundido com um criminoso sendo espancado e linchado por um xerife corrupto e seu bando. Tempos depois retorna ao mesmo local para acertar as devidas contas entre eles.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 5 de junho de 2018

Coração de Caçador

Título no Brasil: Coração de Caçador
Título Original: White Hunter, Black Heart
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Peter Viertel
Elenco: Clint Eastwood, Jeff Fahey, Charlotte Cornwell, George Dzundza, Roddy Maude-Roxby, Richard Warwick

Sinopse:
O filme conta a história do diretor de cinema John Wilson (Clint Eastwood). Um homem excêntrico que convence o estúdio que seu novo filme deve ser filmado na África, só que uma vez no continente ele passa a dar mais importância a uma caçada a elefantes, do que ao próprio filme em si.

Comentários:
Esse filme foi indicado a Palma de Ouro em Cannes. Nada mal. Até hoje é considerado um dos melhores filmes de Clint Eastwood e isso por um motivo bem simples: é uma homenagem ao cinema. Praticamente tudo o que se vê na tela foi inspirado em fatos reais, quando o diretor John Huston resolveu ir para a distante África para rodar sua nova produção. Antes Hollywood quase nunca ia até locações tão distantes, preferindo filmar tudo em seus grandes estúdios, mas Huston convenceu os executivos que era melhor ir para a região original. Uma vez na África ele se tornou obcecado em caçar um grande elefante, enlouquecendo todos que estavam envolvidos no filme, pois preferia ir em safári do que dirigir as filmagens. O filme é excelente, mas hoje em dia poucos vão se identificar ou achar interessante a história de caçador do protagonista. A visão do mundo atual repele esse tipo de caçada, pois a questão ecológica se impõe. De qualquer maneira, como retrata um passado distante, o filme não deixa de ser uma grande referência para cinéfilos em geral. John Huston, considerado um mestre da sétima arte, certamente não era politicamente correto, porém era um diretor de cinema de mão cheia. Essa assim se torna uma boa oportunidade de conhecer um capítulo de sua vida.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

15h17: Trem para Paris

Parece que o diretor Clint Eastwood nessa fase de sua carreira quer contar a história de heróis americanos, ou melhor dizendo, de improváveis heróis americanos. Esse tema já havia sido explorado no filme anterior dele, "Sully: O Herói do Rio Hudson". Agora Clint volta ao mesmo conceito. O enredo é simples. O diretor foca suas lentes para a amizade de três amigos, desde os tempos da infância, quando brincavam de guerra nos bosques da Califórnia, até a fase adulta, quando dois deles resolvem entrar para as forças armadas. Um vai para a Força Aérea e o outro para o Exército. Durante uma folga eles resolvem se encontrar na Europa, para conhecer novos países, novas culturas. Férias merecidas. Primeiro vão para Roma, onde conhecem o Vaticano, etc. Depois partem para a Holanda.

Após curtir bastante Amsterdã, eles decidem ir para Paris onde vão acabar seus dias de curtição. Hora de voltar ao trabalho. Na viagem para a cidade francesa acontece o inesperado. Um terrorista armado de fuzil surge no meio do trem, para executar o maior número possível de ocidentais infiéis. Loucuras do fanatismo islâmico. No meio do caos que acontece, os três jovens americanos acabam virando heróis. E nisso basicamente se resume o filme. Clint realizou uma obra cinematográfica bem enxuta, com pouco mais de 90 minutos de duração. É um exemplo da sua conhecida eficiência atrás das câmeras. Mesmo assim acabei gostando do resultado final. É um filme que procura resgatar e registrar para a história a bravura de seus personagens, sem se importar muito com aspectos periféricos. Como pura narrativa o filme, nesse quesito, se sai muito bem. Além disso traz à tona essa história que segue até bem pouco conhecida.

15h17: Trem para Paris (The 15:17 to Paris, Estados Unidos, 2018) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Dorothy Blyskal, baseado no livro escrito por Anthony Sadler / Elenco: Alek Skarlatos, Anthony Sadler, Spencer Stone / Sinopse: Durante férias na Europa três jovens americanos descobrem que estão numa situação de extremo risco, quando um terrorista islâmico resolve cometer um atentando em um trem que sai da Holanda rumo a Paris. Armado de um potente fuzil ele quer matar o maior número de ocidentais infiéis em nome de Alah! Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Emboscada em Cimarron Pass

Título no Brasil: Emboscada em Cimarron Pass
Título Original: Ambush at Cimarron
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Regal Films
Direção: Jodie Copelan
Roteiro: Robert A. Reeds, Robert W. Woods
Elenco: Scott Brady, Margia Dean, Clint Eastwood, Irving Bacon, Frank Gerstle, Ray Boyle

Sinopse:
Dirigido por Jodie Copelan, com Scott Brady e Margia Dean no elenco, o roteiro baseado em um livro escrito por Robert A. Reeds, contava uma história que se passava em 1867 no velho oeste americano. Clint interpretava um sujeito chamado Keith Williams. Ele era um homem que tentava sobreviver em um território distante, uma reserva Apache em guerra, onde soldados do exército americano, da União, literalmente caçavam ex-soldados confederados que tinham se tornado bandoleiros e assassinos.

Comentários:
Clint Eastwood não planejou sua carreira de ator como astro de filmes de western. As coisas simplesmente foram acontecendo. Em 1958 ele conseguiu um papel em um faroeste B chamado "Emboscada em Cimarron Pass" (Ambush at Cimarron Pass). Essa é uma produção bem difícil de se achar nos dias de hoje. É um filme pouco conhecido, obscuro, que poucos colecionadores possuem. Quase ninguém assistiu. Vale sobretudo por trazer Clint Eastwood ainda bem jovem, já no papel de cowboy, o tipo que iria consagrar sua carreira. Fora isso nada de muito relevante em termos cinematográficos. Anos depois Clint Eastwood não iria ser refinado ao se lembrar desse filme, dizendo que ele era "provavelmente o pior western que já existiu!". Sua opinião não incomodaria os produtores. Depois que Clint se tornou um astro de Hollywood, o estúdio resolveu relançar o filme nos cinemas, já durante a década de 60. Era impossível perder a chance de faturar alto com seu nome, afinal de contas era um faroeste com Clint Eastwood, que mesmo sendo ruim ainda poderia gerar um bom faturamento nas bilheterias.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Joe Kidd

Joe Kidd (Clint Eastwood) é preso por um crime menor. Ele foi pego pelo xerife caçando em uma reserva natural, o que era proibido por lei. Levado a julgamento, ele tem uma surpresa quando o tribunal é invadido por um bandoleiro mexicano chamado Luis Chama (John Saxon). Ele intimida o juiz, afirmando que não há mais justiça naquela região onde latifundiários americanos roubam as terras que eram tradicionalmente povoadas por colonos mexicanos. Ele cansou de esperar por lei e ordem e resolve agir por conta própria, comandando um grupo de pistoleiros e assassinos. Imediatamente uma força tarefa é organizada pelo xerife para capturar Chama, mas tudo em vão. Entra em cena então o pistoleiro e caçador de recompensas Frank Harlan (Robert Duvall). Já que o xerife é um fraco, os grandes fazendeiros resolvem contratar um profissional. Seu objetivo é encontrar Chama e seus homens, para liquidar com todos eles. Harlan conhece o passado de Joe Kidd. Sabe que há muitos anos ele foi um conhecido caçador de recompensas e matador como ele. Assim resolve oferecer um valor irrecusável a ele, para entrar no bando que vai ao deserto em busca do revolucionário bandoleiro Luis Chama. Com certo receio Kidd acaba aceitando o convite, dando início a uma verdadeira caçada humana pelos desertos da fronteira entre Estados Unidos e México.

Esse "Joe Kidd" é mais um filme da fase americana da carreira de Clint Eastwood. Como se sabe ele ficou muitos anos trabalhando na Itália ao lado do diretor Sergio Leone. Com o sucesso de produções como "Por um Punhado de Dólares", "Por uns Dólares a Mais" e "Três Homens em Conflito", Clint virou um astro dos filmes de faroeste. De volta aos Estados Unidos ele começou uma nova safra de filmes do gênero. Esse aqui foi rodado logo após Clint estrelar um de seus grandes sucessos, "Perseguidor Implacável", o primeiro com o personagem do policial durão Dirty Harry.Apesar do êxito comercial desse filme de ação, Clint não queria abandonar o gênero western. "Joe Kidd" é certamente um bom filme, mas ainda fica bem abaixo de outras obras primas que Clint ainda iria participar como "Um Estranho Sem Nome" e "O Cavaleiro Solitário". Esses dois são certamente os melhores que ele fez nos anos seguintes. Mesmo assim não deixa de ser muito bom ver Clint Eastwood dirigido pelo mestre John Sturges, um veterano dos filmes de faroeste, que havia dirigido um dos grandes clássicos do estilo, o aclamado "Sete Homens e um Destino". Com tantos nomes importantes envolvidos em sua realização esse "Joe Kidd" é certamente um item obrigatório na coleção de todo fã de western que se preze.

Joe Kidd (Joe Kidd, Estados Unidos, 1972) Direção: John Sturges / Roteiro: Elmore Leonard / Elenco: Clint Eastwood, Robert Duvall, John Saxon, Don Stroud, Stella Garcia, James Wainwright / Sinopse: Joe Kidd (Clint Eastwood), um ex-caçador de recompensas e pistoleiro, se une ao bando de Frank Harlan (Robert Duvall), para caçar um agitador e bandoleiro mexicano Luis Chama (John Saxon), que almeja vingança contra fazendeiros e colonos americanos que ocuparam terras que tradicionalmente eram pertencentes aos povos do México.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 2 de março de 2017

Crime Verdadeiro

Título no Brasil: Crime Verdadeiro
Título Original: True Crime
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Larry Gross
Elenco: Clint Eastwood, James Woods, Isaiah Washington, LisaGay Hamilton, Denis Leary, Bernard Hill
  
Sinopse:
Condenado à pena de morte pela acusação de ter matado uma mulher branca que estava grávida, o prisioneiro negro Frank Louis Beechum (Isaiah Washington) está a poucos dias de sua execução na cadeira elétrica. É justamente nesse momento que o jornalista Steve Everett (Clint Eastwood) é indicado para cobrir sua morte. A questão é que Steve desconfia que Frank Louis na verdade é um homem inocente, acusado de um crime que nunca cometeu. Ele passa então a ir mais a fundo na elucidação do assassinato, descobrindo coisas escabrosas em sua matéria investigativa.

Comentários:
Mais um bom filme lançado por Clint Eastwood que de certa maneira foi esquecido. É curioso o fato de que, embora Eastwood tenha dirigido bons filmes anos anos 90 (inclusive algumas obras primas), nada dessa época parece ter ficado marcado na mente para o público em geral. Muitos filmes caíram no esquecimento rapidamente. Esse "True Crime" é um exemplo. A trama é ótima, muito bem escrita, com toques de suspense e tensão que vão até a última cena, mas nada parece ter salvo a produção de ter caído na vala comum do esquecimento dos cinéfilos. Pouca gente lembrará, até porque Clint não interpreta um personagem marcante como Dirty Harry, por exemplo. O seu protagonista é praticamente uma pessoa comum, um jornalista que descobre haver uma conspiração envolvendo muitas pessoas importantes. Por trás de tudo uma falsa acusação envolvendo um negro, condenado à morte com um crime que não cometeu. Por causa de seu roteiro o filme chegou a ser indicado a um prêmio no Black Reel Awards, uma premiação de cinema que visa premiar e reconhecer obras cinematográficas que trazem mensagens importantes para o movimento negro americano. Aliás o filme levanta um ponto bem relevante nesse aspecto: a maioria dos condenados à morte nos Estados Unidos são negros e pobres, muitos deles não ganham um julgamento justo, geralmente sendo defendidos por advogados pagos pelo Estado. O resultado é que a maioria dos que estão presos hoje na América são desamparados pelo sistema judiciário. Os próprios operadores do direito muitas vezes os tratam como seres humanos de segunda categoria. Clint Eastwood assim chama a atenção para esse fato social completamente condenável.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Sully: O Herói do Rio Hudson

Esse filme deveria ter estreado no fim de semana passado, porém o desastre aéreo que vitimou os atletas do Chapecoense fez com que a distribuidora resolvesse adiar por uma semana sua estreia nas telas de cinema do Brasil. Para o estúdio seria muita falta de sensibilidade colocar um filme sobre uma queda de avião depois daquela tragédia da vida real. Pois bem, agora finalmente os brasileiros poderão conferir essa produção. A má notícia é que embora conte uma história interessante o filme não é grande coisa, infelizmente. O problema básico aqui é a estrutura do roteiro. Para quem não sabe do que se trata, o filme conta a história real de um voo que partindo de Nova Iorque acabou sendo atingido por aves que vinham em direção contrária ao avião. As turbinas explodiram e o piloto (o Sully do título) precisou fazer uma manobra arriscada, pousando o grande avião nas águas geladas do Rio Hudson. Uma boa estrutura de roteiro seria contar isso de forma cronológica. Não é o que acontece. Assim que o filme começa já encontramos o comandante Sully (Tom Hanks) se recuperando da queda. Ele é considerado um herói pela imprensa, porém um comitê de aviação é formado para investigar o que aconteceu.

O roteiro assim se desenvolve em cima das reuniões desse comitê, com Sully tentando se defender das acusações de que ele tinha condições de procurar por uma pista de pouso de um aeroporto próximo, ao invés de levar o avião para o meio do rio. Todos os aspectos mais interessantes da história vão surgindo apenas em flashbacks que mostram o passado e nisso o roteiro se perde. Não há clímax na verdade. O acidente é mostrado na segunda parte do filme, o que faz com que sua parte final seja destituída de carga dramática. Tom Hanks é um ótimo ator. Ele é aquele tipo de presença que faz valer o filme. O problema é que o comandante Sully é um protagonista sem carisma. Veterano, com cabelos grisalhos, ele parece ser uma pessoa austera, dura, séria, de poucas palavras. Até no momento do acidente ele parece demonstrar pouco calor humano. Hanks assim vê sua capacidade de cativar o público perder parte de seu potencial. Essa austeridade parece ter sido seguido à risca pelo diretor Clint Eastwood que também criou uma obra seca demais. Em suma, é um filme que não cativa e nem emociona. Conta apenas sua história de forma eficiente.

Sully: O Herói do Rio Hudson (Sully, Estados Unidos, 2016) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Todd Komarnicki, baseado no livro "Highest Duty", escrito por Chesley 'Sully' Sullenberger / Elenco: Tom Hanks, Aaron Eckhart, Laura Linney / Sinopse: O filme conta a história da queda de um avião nas águas do Rio Hudson. O comandante Sully (Hanks) precisou fazer uma manobra única para evitar a morte dos 155 passageiros. Filme premiado no Hollywood Film Awards na categoria de Melhor Ator (Tom Hanks).

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de agosto de 2016

Três Homens em Conflito

Certamente é um dos melhores filmes de Sergio Leone. Também foi aquele que marcou sua despedida ao lado de Clint Eastwood. Seus méritos cinematográficos porém não se limitam a isso. Para muitos críticos americanos essa produção marcou também o auge do chamado Spaghetti Western em sua história. A verdade é que o faroeste italiano havia realmente chegado em um pico de criatividade e originalidade que muitos sequer poderiam acreditar. Leone foi o melhor representante desse momento de ouro para o estilo. Além do mais, verdade seja dita, "Três Homens em Conflito" não deixava mesmo nada a dever em relação ao western "Made in USA" da época. Com ótima produção - mostrando riqueza de detalhes em cenários, locações, fotografia e figurinos - o filme ainda apresentava um roteiro muito engenhoso que, a despeito de contar um enredo simples, conseguia prender a atenção do espectador do começo ao fim, mesmo tendo quase três horas de duração!. Nunca chegava a ser cansativo e apresentava uma sucessão de cenas realmente memoráveis. Talvez, olhando em retrospectiva, esse seja o melhor filme de Sergio Leone, só sendo equiparado pelo clássico absoluto "Era uma Vez no Oeste" rodado dois anos depois. Ali Leone realmente chegava na perfeição em termos puramente estilísticos e de linguagem.

O enredo do filme é auto explicativo em seu próprio título. Embora o título nacional seja adequado, é interessante chamar a atenção para seu título original que em nossa língua significa "O Bom, O Mau e o Feio". O "bom" é o pistoleiro sem nome interpretado por Clint Eastwood. Na verdade ele não é um mocinho tradicional. Vive de golpes dados ao lado do "feio" interpretado brilhantemente por Eli Wallach, esse sim um patife sem salvação. Procurado por várias cidades do velho oeste ele finge ser capturado por Clint para com ele dividir depois o dinheiro da recompensa. Já o "mau" Lee Van Cleef entra em cena quando descobre haver um carregamento de moedas de ouro que foi enterrado por um soldado confederado. O tesouro está lá, só é necessário saber onde! O personagem de Wallach sabe o cemitério onde estão enterrados os sacos com moedas de ouro no valor de 200 mil dólares e o pistoleiro sem nome de Eastwood sabe qual é a cova onde se deve cavar. Como três homens que não se confiam vão chegar no lugar certo sem antes se matarem em duelo? Em cima desse jogo de xadrez Leone tece sua obra. Além disso o que podemos dizer da épica e inesquecível trilha sonora composta por Ennio Morricone? Provavelmente seja um dos temas mais famosos já compostos para o cinema. A conclusão de tudo é uma só: esse é um faroeste essencial em sua coleção, um dos melhores já realizados. Tudo o que havia a consertar e melhorar em filmes anteriores como "Por um Punhado de Dólares" e "Por uns Dólares a mais" foi aprimorado nesse filme. Obra prima desse gênio da sétima arte chamado Sergio Leone.

Três Homens em Conflito (Il buono, il brutto, il cattivo, Itália, Espanha, Alemanha Ocidental, 1966) Direção: Sergio Leone / Roteiro: Luciano Vincenzoni, Sergio Leone / Elenco: Clint Eastwood, Eli Wallach, Lee Van Cleef  / Sinopse: Três pistoleiros, durante a guerra civil americana, disputam a localização e a posse de uma fortuna em moedas de ouro enterrada em um cemitério confederado. Filme indicado ao Laurel Awards na categoria de Melhor Ator (Clint Eastwood).

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 14 de junho de 2016

Dívida de Sangue

Título no Brasil: Dívida de Sangue
Título Original: Blood Work
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Michael Connelly, Brian Helgeland
Elenco: Clint Eastwood, Jeff Daniels, Anjelica Huston
  
Sinopse:
Ao perseguir um serial killer o agente do FBI Terry McCaleb (Clint Eastwood) acaba sofrendo um ataque do coração. Depois de recuperado volta à ativa e descobre uma ligação direta entre seu doador e os crimes que supostamente investigava. Agora ele parte, baseado em suas investigações, para finalmente capturar o assassino serial. Filme vencedor do Venice Film Festival na categoria de Melhor Direção (Clint Eastwood).

Comentários:
Clint Eastwood resolveu dirigir essa adaptação cinematográfica da novela policial escrita por Michael Connelly basicamente por ter se identificado com o personagem principal, um velho tira que começa a sentir o peso da idade e de problemas de saúde em sua profissão. E talvez por isso o roteiro tenha sido considerado um pouco lento demais. De fato, para aquele espectador acostumado a ver Eastwood na pele de Dirty Harry foi mesmo um pouco complicado lidar com uma interpretação onde o velho Eastwood parece estar sempre cansado, exausto, praticamente sem fôlego. Até mesmo para sacar sua arma o tira veterano de Clint sofre para se manter firme. Os dias de personagens durões indestrutíveis pareciam ter ficado realmente para trás. Mesmo assim recomendo o filme, isso pelo simples fato de ter sido dirigido por Eastwood. Ok, o ritmo já não é tão rápido e as cenas de ação não tão impactantes como antes, porém é de se reconhecer essa tentativa do ator em seu mostrar mais vulnerável em cena, mas humano. Olhando-se sob esse ponto de vista "Blood Work" é bem mais interessante do que se pensa. Afinal a idade chega para todos, mais cedo ou mais tarde. Enfim, fica a recomendação.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal

Título no Brasil: Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal
Título Original: Midnight in the Garden of Good and Evil
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: John Lee Hancock
Elenco: John Cusack, Kevin Spacey, Jude Law, Jack Thompson
  
Sinopse:
John Kelso (John Cusack) é um jornalista com muitos anos de profissão. Meio a contragosto ele é designado para cobrir as festas de fim de ano do magnata Jim Williams (Kevin Spacey). A matéria jornalística, como se pode ver, não iria fugir das banalidades sobre a vida social de gente rica e famosa, mas acaba tomando rumos inesperados quando Billy Hanson (Jude Law), um homossexual, é encontrado morto!

Comentários:
Filme que anda injustamente esquecido. É um dos melhores trabalhos de direção do astro Clint Eastwood que aqui se absteve de atuar para apenas dirigir. Sua grande felicidade foi ter escolhido um elenco de primeira, valorizado por ótimas atuações de atores como Kevin Spacey e John Cusack. Até mesmo Jude Law se sobressaiu e olha que nem o considero um intérprete tão especial assim como os demais. Como era de esperar houve quem reclamasse da adaptação para o cinema do livro escrito pelo autor John Berendt. Como bem explicou Eastwood na época de lançamento do filme não se pode esperar uma adaptação cem por cento fiel ao livro simplesmente porque se trata de um filme, sendo cinema, uma linguagem narrativa bem diferente das páginas de um livro. Mudanças são essenciais e inevitáveis. Como nunca li o livro original isso pouco importou. Como puro cinema esse "Midnight in the Garden of Good and Evil" é seguramente um ótimo filme. Dei nota quase máxima quando o vi pela primeira vez e em nada mudei minha opinião mesmo após tantos anos. É certamente uma pequena obra prima do mestre Clint Eastwood. Filme premiado pela Society of Texas Film Critics Awards na categoria de Melhor Ator (Kevin Spacey).

Pablo Aluísio.