quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Sully: O Herói do Rio Hudson

Esse filme deveria ter estreado no fim de semana passado, porém o desastre aéreo que vitimou os atletas do Chapecoense fez com que a distribuidora resolvesse adiar por uma semana sua estreia nas telas de cinema do Brasil. Para o estúdio seria muita falta de sensibilidade colocar um filme sobre uma queda de avião depois daquela tragédia da vida real. Pois bem, agora finalmente os brasileiros poderão conferir essa produção. A má notícia é que embora conte uma história interessante o filme não é grande coisa, infelizmente. O problema básico aqui é a estrutura do roteiro. Para quem não sabe do que se trata, o filme conta a história real de um voo que partindo de Nova Iorque acabou sendo atingido por aves que vinham em direção contrária ao avião. As turbinas explodiram e o piloto (o Sully do título) precisou fazer uma manobra arriscada, pousando o grande avião nas águas geladas do Rio Hudson. Uma boa estrutura de roteiro seria contar isso de forma cronológica. Não é o que acontece. Assim que o filme começa já encontramos o comandante Sully (Tom Hanks) se recuperando da queda. Ele é considerado um herói pela imprensa, porém um comitê de aviação é formado para investigar o que aconteceu.

O roteiro assim se desenvolve em cima das reuniões desse comitê, com Sully tentando se defender das acusações de que ele tinha condições de procurar por uma pista de pouso de um aeroporto próximo, ao invés de levar o avião para o meio do rio. Todos os aspectos mais interessantes da história vão surgindo apenas em flashbacks que mostram o passado e nisso o roteiro se perde. Não há clímax na verdade. O acidente é mostrado na segunda parte do filme, o que faz com que sua parte final seja destituída de carga dramática. Tom Hanks é um ótimo ator. Ele é aquele tipo de presença que faz valer o filme. O problema é que o comandante Sully é um protagonista sem carisma. Veterano, com cabelos grisalhos, ele parece ser uma pessoa austera, dura, séria, de poucas palavras. Até no momento do acidente ele parece demonstrar pouco calor humano. Hanks assim vê sua capacidade de cativar o público perder parte de seu potencial. Essa austeridade parece ter sido seguido à risca pelo diretor Clint Eastwood que também criou uma obra seca demais. Em suma, é um filme que não cativa e nem emociona. Conta apenas sua história de forma eficiente.

Sully: O Herói do Rio Hudson (Sully, Estados Unidos, 2016) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Todd Komarnicki, baseado no livro "Highest Duty", escrito por Chesley 'Sully' Sullenberger / Elenco: Tom Hanks, Aaron Eckhart, Laura Linney / Sinopse: O filme conta a história da queda de um avião nas águas do Rio Hudson. O comandante Sully (Hanks) precisou fazer uma manobra única para evitar a morte dos 155 passageiros. Filme premiado no Hollywood Film Awards na categoria de Melhor Ator (Tom Hanks).

Pablo Aluísio.

6 comentários:

  1. Avaliação:
    Direção: ★★★
    Elenco: ★★★
    Produção: ★★★
    Roteiro: ★★★
    Cotação Geral: ★★★
    Nota Geral: 7.2

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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  2. Pablo, eu acho que esse pessoal de Hollywood está ficando completamente idiota:

    Eu ouvi e gravação da "caixa preta" desse avião. Acredite, se você ouvir é de arrepiar. Esse comandante é o herói, herói!, bem como o Clint Eastwood interpreta um herói. Pra você tem uma base, no final dos diálogos registrados na caixa preta, já com o avião perto a água, é dito o seguinte comandante ao co-piloto pelo:-comandante "alguma ideia? -co-pitloto "não"; -comandante "então vamos lá". Assim, com essa frieza. Isso é ser herói; perto da provável morte, reagir desta forma e salvar a todos.
    Bom, aí juntou aquele bando de covardes pra "investigar" se ele não poderia levar o aviar para o aeroporto, desmerecendo um dos poucos pilotos do mundo que conseguiu diante de tal destinos, heroicamente, com cabeça fria, muita coragem e pericia salvar a todas. É isso que da ser bom perto deste monte de covardes palhaços dos dias de hoje.
    Estamos vivendo a pior época da humanidade no que tange a ser bom, corajoso e correto. O certo hoje é ser um engraçadinho babaca, politicamente correto.

    Esse piloto foi diametralmente o oposto deste bandido canalha que matou o time do Chapecoense e os demais passageiros. O filme, em vez de adiado, deveria ter sido exibido no estádio no dia do enterro em Chapeco para mostrar como se age um homem de verdade.

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  3. Complementando: se não conseguiram fazer um filme bom com um personagem real destes, só nos resta Crepúsculos e Harry Poters.

    PS. Se tem uma coisa que o Sully não tem é o jeito de panaca do Tom Hanks.

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  4. Exatamente isso. O Tom Hanks nos leva a esperar por um personagem mais carismático, esse tipo de coisa. Porém o Clint provavelmente puxou o freio de mão de sua interpretação, embora haja (poucas) demonstrações do Tom, com aquele tipo dele, na maioria das vezes o Sully é bem sério e austero.

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  5. Pois é, apesar do Tom Hanks ter ficado fisicamente muito parecido com o Sully, quem faria perfeitamente esse papel é justamente o Clint Eastwood. A persona é a mesma.

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  6. Este filme ultrapassou minhas expectativas, Clint Eastwood adaptou a história de uma maneira impressionante, colocando como evidencia que era o diretor indicado do filme Sully. É importante mencionar também o grande trabalho do elenco com Tom Hanks. Desfrutei muito deste filme pelo bom enredo e narrativa. O filme superou as minhas expectativas, realmente o recomendo.

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