sábado, 30 de abril de 2016

Brooklyn

Título no Brasil: Brooklyn
Título Original: Brooklyn
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra, Canadá, Irlanda
Estúdio: BBC Films
Direção: John Crowley
Roteiro: Nick Hornby, baseado no romance de Colm Tóibín
Elenco: Saoirse Ronan, Emory Cohen, Domhnall Gleeson, Fiona Glascott
  
Sinopse:
Durante a década de 1950, uma jovem irlandesa chamada Eilis (Saoirse Ronan) decide emigrar para os Estados Unidos. Com documentos e ajuda de seu padre ela segue viagem rumo a Nova Iorque. Deixa sua mãe e sua irmã na Irlanda em busca de trabalho e um novo recomeço na vida. Na grande cidade americana vai morar no bairro do Brooklyn, onde finalmente as coisas começam a dar certo em sua vida. Ela arranja emprego numa loja de departamentos, começa a estudar no período da noite para se formar em contabilidade e de quebra conhece um rapaz italiano que poderá se tornar o homem de sua vida. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Saoirse Ronan) e Melhor Roteiro Adaptado (Nick Hornby). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Saoirse Ronan). Vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Britânico.

Comentários:
Mais um excelente filme inglês contando a história de uma jovem mulher irlandesa que emigra para a América em busca do sonho americano. Na Irlanda seus horizontes são limitados. No máximo ela conseguiria um pequeno emprego em lojas comerciais locais. Por isso, sem maiores perspectivas de vida, ela resolve seguir o caminho de milhares de compatriotas que resolveram trocar a Irlanda natal pelas oportunidades de vida nos Estados Unidos. Ela vai sozinha, apenas com o apoio de um padre em Nova Iorque que lhe promete ajudar na nova cidade. Para sua sorte arranja um emprego e começa a caminhar no rumo certo. Ela se matricula em uma escola noturna e finalmente os horizontes começam a se abrir. O mais importante desse roteiro é que ele constrói um excelente filme em torno de um enredo aparentemente bem simples, tendo como protagonista uma pessoa normal. Com isso certamente criou uma identidade muito grande com aqueles que fizeram o mesmo que a personagem principal, saíram de seus países em busca de uma nova vida. A comunidade irlandesa de Nova Iorque é obviamente a mais celebrada no enredo nesse aspecto, mas bem poderia ser os italianos, latinos, etc. As etnias e nacionalidades são diferentes, mas os sonhos sempre são os mesmos. 

Com várias indicações merecidas em diversos premiações de cinema, a atriz Saoirse Ronan brilha em sua atuação, que é marcada pela singeleza, pela simplicidade. Sua personagem é uma jovem tímida que aos poucos vai tentando entrar no ritmo da vida da sociedade americana. Morando numa pensão, se tornando uma típica garota da classe trabalhadora, ela vai subindo devagarinho os degraus de sua realização pessoal. Isso incluiu se formar, arranjar um emprego melhor e se casar com um bom homem. Saoirse Ronan é também filha de uma família de imigrantes irlandeses. Embora nascida nos Estados Unidos ela teve muita facilidade em trazer para a tela a história e a cultura de seu povo, uma vez que isso é parte de sua vida. A primeira vez que ela me chamou a atenção foi em "Desejo e Reparação", só que naquele filme ela era apenas uma garotinha de 13 anos de idade. Agora, já adulta e transformada numa bela mulher, ela realiza aquela que talvez seja a grande atuação de sua carreira. Um ótimo desempenho que merecia até mesmo o Oscar. Assim deixamos a dica desse excelente drama que traz de tudo um pouco, romance, história e até mesmo sonhos, em grande quantidade e para todos os gostos.

Pablo Aluísio.

Quarteto Fantástico

De todas as adaptações cinematográficas baseadas em quadrinhos essa nova versão do Quarteto Fantástico foi a que mais decepcionou público e crítica. O filme foi mal nas bilheterias, os fãs que entendem de comics odiaram e a produção não agradou a praticamente ninguém. O resultado foi tão ruim que há poucas semanas o estúdio anunciou que uma continuação está definitivamente fora de cogitação. O futuro desses personagens assim segue incerta. Apesar do mal humor generalizado ainda volto a afirmar que não é tão ruim como dizem. Como um filme de origens, que tenta explicar de onde teriam vindo todos os heróis, o roteiro realmente se perde um pouco, fica truncado, mas passa longe de ser um desastre completo. Depois do lançamento do filme o diretor Josh Trank acusou a Twentieth Century Fox de ter mudado o filme e que não teria culpa sobre o que se vê na tela.

Essa acabou sendo mais uma polêmica envolvendo o filme. Logo na apresentação do material promocional muitos leitores de quadrinhos ficaram revoltados com a escalação do ator negro Michael B. Jordan como o Tocha Humana já que o personagem original era loiro. Acusações de oportunismo barato foram dirigidas contra os produtores. Após isso parece que o inferno astral se instalou e se agravou ainda mais quando o filme surgiu nos cinemas. Deixando as brigas e ofensas de lado o filme só se perde mesmo na divisão errada da trama. Se perde tempo demais tentando desenvolver psicologicamente cada personagem e quando finalmente eles partem para enfrentar o vilão em uma realidade de outra dimensão não há mais tempo para nada. Tudo se resolve rápido demais, sem capricho e sem cuidado. Todos torcem que agora os personagem de Stan Lee sejam adaptados pela Marvel Studios. Problemas legais envolvendo direitos autorais parecem ser o grande empecilho para que isso venha a acontecer. Porém com o fracasso desse reboot é bem provável que a Fox largue mão e entregue tudo para a Marvel realmente, ficando apenas com parte do lucro nas bilheterias. Vamos esperar para ver o que acontecerá.

Quarteto Fantástico (Fantastic Four, EUA, 2015) Direção: Josh Trank / Roteiro: Jeremy Slater, Simon Kinberg / Elenco: Miles Teller, Kate Mara, Michael B. Jordan, Jamie Bell, Toby Kebbell /  Sinopse: Dois amigos de infância acabam criando um mecanismo que permite a transposição de matéria entre universos paralelos. O tempo passa e eles acabam envolvidos em acontecimentos extraordinários que acabarão dando origem a uma equipe de super-heróis, o Quarteto Fantástico. Adaptação para o cinema dos quadrinhos criados por Stan Lee.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Harry & Sally

Título no Brasil: Harry & Sally - Feitos um Para o Outro
Título Original: When Harry Met Sally...
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Rob Reiner
Roteiro: Nora Ephron
Elenco: Billy Crystal, Meg Ryan, Carrie Fisher, Bruno Kirby 

Sinopse:
Por mero acaso Harry (Billy Crystal) acaba encontrando Sally (Ryan) numa viagem. Eles se conhecem superficialmente do passado. Ela não vai muito com sua cara, pois Harry é expansivo e fala pelos cotovelos. Porém, conforme o tempo passa eles acabam se tornando grandes amigos, numa amizade que vai crescendo conforme as desilusões amorosas de ambos vão se acumulando. Sempre frustrados no amor, eles levam algum tempo para entender que são mesmo feitos um para o outro.

Comentários:
Fazia muitos anos que tinha assistido pela última vez. Então, numa dessas madrugadas da vida, acabei esbarrando no filme. Sem nada para fazer fui revendo sem muito compromisso e então de repente o revi praticamente todo. É uma comédia romântica que ainda mantém seu charme intacto. O roteiro é de fato muito primoroso em explorar a chamada friendzone, a zona limite que separa a amizade do amor. Os dois personagens principais possuem tudo em comum, inclusive gostos pessoais (a cena em que ambos assistem a uma antiga fita de romance na TV enquanto conversam ao telefone mostra bem isso), mas apesar de tudo a favor não conseguem enxergar que sua alma gêmea está bem diante de seu nariz. Billy Crystal se apoia em seu carisma habitual, ora como um sujeito meio inconveniente, ora como um ombro amigo. Meg Ryan está linda, jovem e muito carismática também. É uma pena que a atriz não tenha envelhecido com elegância, pois ao invés de assumir suas marcas do tempo, partiu para uma série de cirurgias plásticas desastrosas que destruiu seu belo rosto. De qualquer maneira "Harry & Sally - Feitos um Para o Outro" resistiu muito bem ao tempo. Sem dúvida deixará muitas saudades de quem o viu na época, em um tempo onde todos eram jovens, bonitos e felizes.

Pablo Aluísio.

Marcas de Guerra

Título no Brasil: Marcas de Guerra
Título Original: War Pigs
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Schuetzle Company Productions
Direção: Ryan Little
Roteiro: Adam Emerson, Andrew Kightlinger
Elenco: Luke Goss, Dolph Lundgren, Mickey Rourke, Chuck Liddell
 
Sinopse:
Depois de falhar numa missão, o capitão Jack Wosick (Luke Goss) é enviado para liderar um novo grupo de soldados. Ao lado do capitão da Legião Francesa Hans Picault (Dolph Lundgren) ele precisa disciplinar seu novo pelotão que se auto denomina "porcos de guerra". São veteranos do front que já não se importam muito em seguir todas as regras. Seu novo oficial precisa agir rápido uma vez que o Major A.J. Redding (Mickey Rourke) quer enviar todos eles numa ousada missão atrás das linhas inimigas. O objetivo é destruir uma nova arma do exército alemão, um super canhão capaz de destruir grandes cidades como Londres e Paris, mesmo estando a quilômetros de distância de seus alvos.

Comentários:
Um filme B de guerra que curiosamente reúne um bom elenco. Além de Luke Goss e Dolph Lundgren o filme ainda traz um imprevisível Mickey Rourke. Ele surge usando seu velho chapéu de cowboy e roupas nada condizentes com as de um Major americano na II Guerra Mundial. Isso porém é o de menos. Como acontece em praticamente todos os seus últimos filmes o que mais choca é ver sua aparência cada vez mais fora do normal, fruto de inúmeras plásticas mal sucedidas a que se submeteu. Se Rourke tivesse envelhecido naturalmente isso jamais ofuscaria sua atuação (afinal é inegável que é um ator talentoso). Como se trata de uma produção B não vá esperando nada generoso em termos de produção. O filme é, poderia dizer, bem econômico em suas pretensões. Basicamente tudo se resume em um enredo bem simples desenvolvido de forma igualmente simplória. Claro que uma produção dessas estaria recheada de clichês por todos os lados, porém uma vez se adequando às suas limitadas propostas até que o espectador pode vir a se divertir. Como o filme tem curta duração não chega sequer a ter a chance de nos aborrecer. O diretor Ryan Little claramente tenta copiar o estilo dos velhos filmes de guerra dos anos 50 e 60, mas como era de se esperar não se sai muito bem nisso. Do ponto de vista histórico só há uma maior curiosidade envolvida: o super canhão nazista mostrado no filme realmente existiu de fato, porém não conseguiu cumprir todas as suas promessas. Sem tempo para melhorar o projeto pois a guerra estava chegando ao fim a monstruosa arma de Hitler acabou se tornando mais um caro e ineficiente fracasso militar do III Reich em seus momentos finais.

Pablo Aluísio.

Boneco do Mal

Título no Brasil: Boneco do Mal
Título Original: The Boy
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Canadá
Estúdio: Lakeshore Entertainment
Direção: William Brent Bell
Roteiro: Stacey Menear
Elenco: Lauren Cohan, Rupert Evans, James Russell, Diana Hardcastle
  
Sinopse:
Greta Evans (Cohan) é uma babysitter americana que é contratada por um casal de idosos ingleses para cuidar de seu filho. Ao chegar na casa deles descobre, para seu completo espanto, que a criança havia morrido há 20 anos. No lugar dela seus pais colocaram um boneco, como se ele ainda estivesse vivo. Uma situação completamente bizarra e surreal, para não dizer estranha e assustadora. Precisando urgentemente de dinheiro Greta aceita cuidar do boneco. O que ela jamais pensaria supor era que de alguma forma o espírito do garotinho morto pudesse se comunicar com o mundo dos vivos, através daquele objeto assustador.

Comentários:
Mais um filme de terror com bonecos? Nada animador, você pode pensar inicialmente... O mais surpreendente é que esse filme conseguiu superar esse estado de saturação esperada para criar um clima de horror e suspense que vai garantir no mínimo uns quatro bons sustos (daqueles de dar arrepios em você!). O que ajuda é a recriação do clima dos velhos filmes de terror ingleses, passados naquelas velhas mansões vitorianas, com todo aquele mistério encoberto por trás de cada porta de um quarto escuro. Assistindo a um filme como esse você entenderá perfeitamente que não é preciso uma tonelada de efeitos especiais para assustar ninguém. O boneco Brahms é apenas isso, um boneco inanimado. Ele não surge em efeitos de computação gráfica e nem sai correndo atrás das pessoas com uma faca como fez Chucky em "Brinquedo Assassino". Nada parecido com isso vai acontecer, pode ficar tranquilo. Mesmo assim Brahms consegue ser incrivelmente assustador na maioria das cenas. O espectador vai fazer uma conexão com a alma do garotinho falecido e o boneco, como se aquele se utilizasse do fantoche para interagir com o mundo dos vivos. 

O casal de velhinhos, pais do verdadeiro Brahms, são cordiais e extremamente educados, mas ao mesmo tempo parecem esconder algo realmente sinistro em seu passado. Eles dizem que vão viajar e deixam a Babysitter cuidando sozinha do boneco enquanto estão fora. Ela deverá seguir um roteiro de cuidados com o boneco, tal como se ele fosse um garotinho real. Claro que após o casal ir embora a jovem quebra todas essas regras, afinal se trata de apenas um boneco! Quem em sã consciência iria cuidar de uma coisa daquelas? Loucura tem limites! Essa quebra de regras (como colocar o boneco para dormir em determinada hora, ler para ele um livro ou tocar seu disco preferido) acaba despertando a fúria de uma força maior, longe da compreensão humana. Para finalizar deixo aqui minha única decepção com o roteiro. Spoiler: Gostaria muito que a estória seguisse nessa linha sobrenatural até o final, mas infelizmente não foi esse o caminho seguido pela roteirista Stacey Menear. Ela preferiu um desfecho mais racional (e bem menos assustador do que se poderia pensar). Ao trocar uma intrigada estória de fantasmas e espíritos malignos, por algo mais, digamos, mundano, o filme perdeu grande parte de seu charme inicial. Nem sempre as escolhas por um desfecho mais realista e pé no chão se mostram as mais certeiras. Mesmo assim, pelo que se vê no começo do filme, vale muito a pena assistir.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Colonia

Título Original: Colonia
Título no Brasil: Ainda sem título definido
Ano de Produção: 2015
País: Alemanha, França
Estúdio: Majestic Filmproduktion
Direção: Florian Gallenberger
Roteiro: Torsten Wenzel, Florian Gallenberger
Elenco: Emma Watson, Daniel Brühl, Michael Nyqvist
  
Sinopse:
Chile. Década de 1970. Nas vésperas do golpe militar que depôs o presidente Salvador Allende, uma comissária da Lufthansa acaba sendo envolvida nos acontecimentos políticos daquele país. Seu namorado é preso pelos militares, acusado de ser comunista, sendo torturado e enviado para uma suposta comunidade religiosa, que na verdade era uma seita de fanáticos religiosos que davam suporte para os porões da ditadura chilena. Sabendo que ele se encontrava lá, a jovem Lena (Emma Watson) resolve então se passar por uma religiosa devota, se infiltrando no grupo. Ao entrar na colônia chamada "Dignidad" ela acaba descobrindo que o lugar era na verdade um campo de concentração disfarçado, com muita opressão, medo e abusos de todos os tipos, tanto físicos como psicológicos. Filme indicado ao German Film Awards nas categorias de Melhor Ator (Michael Nyqvist) e Melhor Edição (Hansjörg Weißbrich).

Comentários:
Filme alemão que conta uma história real pouco conhecida da maioria das pessoas. Ele disseca o lado mais cruel e violento de uma seita de fanáticos religiosos de origem alemã que serviu de fachada como câmara de torturas clandestina para o regime linha dura do ditador Augusto Pinochet. A primeira parte do filme não é das mais interessantes, já que cai nas banalidades que já conhecemos sobre a cafona esquerda latino americana durante os regimes militares dos anos 70. Tudo abarrotado de clichês por todos os lados. O filme só melhora mesmo quando a personagem de Emma Watson resolve ir atrás de seu namorado se fazendo passar por uma jovem religiosa para se infiltrar dentro de uma seita religiosa fanática liderada por Paul Schäfer (interpretado por Michael Nyqvist, em grande atuação). Sob uma fachada de lugar de meditação e religiosidade se escondia um regime brutal de intimidação, violência, abusos e exploração. A comunidade era toda cercada por cercas eletrificadas, as pessoas não podiam ir embora por livre e espontânea vontade e viviam sob um sistema de punição à menor indisciplina. A violência física e psicológica era frequentemente utilizada como desculpa para a "purificação das almas" de seus membros! 

O roteiro assim parte de uma história real (a tal comunidade realmente existiu), mas com um aspecto que não podemos ignorar: os personagens de Watson e seu namorado são meramente fictícios. Embora o filme como um todo seja bem interessante essa mistura entre fatos reais e ficção talvez seja o grande problema desse roteiro. Isso porque algumas situações soam pouco verossimeis. Por exemplo, o fato da protagonista Lena (Watson) resolver entrar naquela comunidade de lunáticos religiosos apenas para salvar seu namorado cujo romance ainda era muito breve e nada profundo, ficando lá dentro sofrendo todo tipo de abuso por mais de 130 dias, não parece algo que aconteceria no mundo real. A forma como eles tentam fugir daquele lugar também parece pouco provável. A cena lembra antigos filmes de fuga como "Alcatraz". Soa exagerado. O que vale realmente a pena é a interpretação de Michael Nyqvist que realmente salva o filme no quesito atuação e o próprio contexto histórico que é por demais interessante. Emma Watson, por outro lado, não parece nem intensa e nem convincente. Ela apenas passeia em cena, geralmente com a mesma expressão facial (o que mostra que ela não é tão talentosa como atriz como muitas pessoas pensam). Essa letargia porém é compensada pela curiosidade de se conhecer esses fatos históricos que ainda seguem pouco conhecidos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de abril de 2016

A Bruxa

Os fãs de cinema bem sabem que se existe algo em extinção atualmente na sétima arte são bons filmes de terror. Geralmente as produções mais recorrentes na atualidade são meras variações do estilo mockumentary que, em minha opinião, já andam bem saturados. Por isso gostei muito quando surgiu algo de novo nas telas. Esse filme se chama "A Bruxa". Ok, muito provavelmente você torcerá o nariz ao saber que o tema é a velha bruxaria. Desde "A Bruxa de Blair" essa temática anda meio desacreditada. Foram muitos filmes ruins para se manter algum tipo de boa expectativa. O que salvou essa nova produção foi basicamente a ideia do diretor e roteirista Robert Eggers de voltar ao básico do gênero. Veja, um bom filme de terror é proporcionalmente mais assustador quanto mais sua premissa tende para a simplicidade. Não adianta encher a tela de monstros digitais e nem de banhos de sangue para causar medo no público. Nesse estilo cinematográfico o menos geralmente é mais. Pense no maior filme de terror de todos os tempos, "O Exorcista". O roteiro é básico, a estória contada é básica e a produção não passa do mediano. Não existe nada de muito espetacular em termos de produção nesse filme. E por que ele é tão cultuado até os dias de hoje? Fácil de responder, simplesmente porque ele apela para os sentimentos mais primitivos do ser humano. O medo do desconhecido, do sobrenatural. Além disso usou de forma extremamente inteligente de vários símbolos religiosos. O medo em sua expressão mais psicológica.

Claro que "A Bruxa" não pode ser comparado ao "Exorcista", mas os filmes tem bastante coisas em comum. A principal é que tudo caminha em um crescente de suspense que vai se transformando em desespero. Nada é muito explorado de forma explícita. Muita coisa é simplesmente sugerida. Ao invés de encher os olhos de coisas horrendas o roteiro apenas sugere caminhos para a nossa imaginação e o nosso medo. O roteiro também é de uma simplicidade ímpar: há uma família no meio da floresta. Eles foram banidos da comunidade. O lugar é frio, escuro e misterioso. Há boatos de que rituais de bruxaria são realizados nas redondezas. A família que está naquela situação é formada por aqueles primeiros pioneiros que foram para o novo mundo em busca de um recomeço. Só encontraram uma terra ainda muito primitiva e inexplorada. Não é de se admirar que a mente comece a pregar peças em cada um deles. Um mero animal irracional, um bode, pode assumir uma simbologia macabra. Uma sombra entre as árvores pode se transformar na mente em uma manifestação terrena do anjo caído. Algo que realmente pode ser apenas um surto da mente de cada um ou a manifestação real do sobrenatural.

O bom desse roteiro é que se o espectador prestar bem atenção saberá que ele nunca dará uma resposta definitiva às várias perguntas que vão surgindo. Há realmente algo estranho ali, a manifestação do mal, ou tudo o que acontece de ruim foi causado apenas pelos membros da família que simplesmente passam por um surto de fanatismo religioso coletivo? Por fim e não menos importante outra coisa muito interessante desse filme é seu contexto histórico. No século XVII (onde a estória do filme se passa) a mentalidade das pessoas era bem diferente da atual. As bruxas eram criaturas reais e não fruto da imaginação do homem. Elas estavam ao redor, esperando para passar maldições e heresias. Por essa razão tantas mulheres foram mortas nas fogueiras da inquisição. Não era algo abstrato, conceitual. Longe disso, era tudo encarado como realidade concreta! O mal absoluto jamais era encarado como uma abstração da mente, mas algo palpável. Um sinal dos tempos.

A Bruxa (The VVitch: A New-England Folktale, EUA, Canadá, Inglaterra, 2015) Direção: Robert Eggers / Roteiro: Robert Eggers / Elenco: Anya Taylor-Joy, Ralph Ineson, Kate Dickie / Sinopse: Em 1660, na colônia da Nova Inglaterra, uma família de peregrinos é expulsa de uma comunidade puritana. Tendo que viver próximo a uma floresta misteriosa eles começam a perceber e sentir a presença de uma entidade maligna. Após o sumiço do bebê as coisas começam a ir de mal a pior, colocando todos no limite de sua própria sanidade.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

No Coração do Mar

Título no Brasil: No Coração do Mar
Título Original: In the Heart of the Sea
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Austrália, Espanha
Estúdio: Village Roadshow Pictures, Warner Bros
Direção: Ron Howard
Roteiro: Charles Leavitt
Elenco: Chris Hemsworth, Cillian Murphy, Brendan Gleeson, Benjamin Walker, Ben Whishaw

Sinopse:
A premissa é das mais interessantes. No século XIX um escritor em busca de material para o seu novo livro começa a ouvir as recordações de um velho marinheiro. Esse lhe conta o que aconteceu com o navio Essex. Na versão oficial ele teria ficado encalhado durante uma longa viagem pelos mares do sul. A verdade porém escondia algo maior. Em busca do óleo de baleia (muito usado na época pela indústria) a embarcação e toda a sua tripulação teria sido na realidade atacada por uma enorme baleia cachalote branca. Um verdadeiro monstro marinho. E foi justamente baseando-se nessa história real que o escritor Herman Melville (Ben Whishaw) finalmente escreveria a obra prima de sua vida, o clássico "Moby Dick" publicado em 1851. Filme indicado ao Visual Effects Society Awards.

Comentários:
O texto a seguir contém spoiler. Assim se ainda não assistiu ao filme recomendo que não siga adiante. Então se chegou até aqui vamos em frente. Esse é um filme atual com o charme da velha escola de Hollywood. Assim eu poderia inicialmente definir essa produção. Como todos sabemos o romance "Moby Dick" é um dos grandes clássicos da literatura mundial. A saga de um velho capitão em busca de uma baleia assassina pelos sete mares, alimentado por uma alucinada obsessão pessoal, é um marco da cultura mundial. Um romance imortal. Até aí tudo bem. A questão que o roteiro desse filme tenta responder a questão sobre a origem do livro, de onde teria surgido aquela estória inesquecível. Assim somos transportados para o século XIX quando o baleeiro Essex parte da costa oeste dos Estados Unidos rumo ao mar. O objetivo seria capturar baleias para extrair o seu precioso óleo (usado, entre outras coisas, na iluminação noturna das grandes cidades). No comando da grande nau surge o capitão George Pollard (Benjamin Walker), um sujeito ainda sem experiência que só ganhou o posto por causa de sua linhagem familiar pois faz parte de uma tradicional família de marinheiros notórios. Como seu primeiro imediato segue Owen Chase (Chris Hemsworth) que, bem ao contrário de seu capitão, tinha experiência de sobra em grandes viagens pelos oceanos. A diferença de visão entre eles será uma das principais forças dramáticas desse roteiro. Pois bem, o filme é extremamente bem feito, com excelentes efeitos especiais. A imensa baleia cachalote é toda produzida virtualmente, mas isso em momento algum atrapalha tendo em vista a qualidade técnica superior. 

O roteiro é claramente dividido em dois atos. O primeiro é realmente muito bom. Temos o começo da viagem, os primeiros problemas decorrentes da falta de experiência do capitão e o enfrentamento com a terrível criatura marítima. Tudo o que se poderia esperar de um filme como esse. Aventura e emoção nas doses exatas. O problema é que bem na metade da duração do filme começa o segundo e último ato, justamente quando os tripulantes do Essex já não podem mais contar com seu navio que naufragou. Eles assim ficam à deriva por semanas, tentando sobreviver a qualquer custo, em pequenos barcos - apelando inclusive para o canibalismo. Essa segunda parte do filme decai muito por ser arrastada e por não contar mais com cenas grandiosas como no começo da estória. Assim como os personagens vão se arrastando para saírem vivos daquela situação o próprio filme fica igualmente arrastado. Pitadas de tédio e monotonia vão surgindo nas cenas repetitivas, o que para um filme como esse é quase fatal. O diretor Ron Howard assim não soube dividir direito seu enredo, tropeçando em inúmeros problemas de ritmo em seu desfecho. Mesmo com esse pequeno deslize eu ainda recomendo o filme pelo que ele tem de melhor: o velho charme nostálgico das antigas produções da Hollywood clássica. Sob esse ponto de vista as eventuais falhas acabam ficando em segundo plano.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de abril de 2016

Guerra nas Estrelas

Título no Brasil: Guerra nas Estrelas
Título Original: Star Wars
Ano de Produção: 1977
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: George Lucas
Roteiro: George Lucas
Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Alec Guinness, Peter Cushing

Sinopse:
Luke Skywalker (Mark Hamill) é um jovem que mora em um pequeno e desértico planeta do universo. Sua vida é banal e sem grandes emoções até que tudo muda ao se envolver na guerra que está sendo travada entre forças rebeldes e o poderoso império  intergalático que deseja dominar todo o universo. Ao lado do aventureiro e mercenário Han Solo (Harrison Ford) ele parte para libertar a Princesa Leia Organa (Carrie Fisher) das mãos do terrível e cruel Darth Vader (David Prowse) na estrela da morte.

Comentários:
É seguramente um dos filmes mais influentes da história do cinema em todos os tempos. Muitos não param para pensar sobre isso, mas tudo o que você assiste hoje em dia em termos de blockbusters e filmes de fantasia e pura diversão, tem ligação direta com "Star Wars". Lançado no distante verão de 1977, o filme causou tanto impacto na cultura pop que mudou até mesmo a face do cinema americano após seu lançamento. Esse tipo de produção havia sido deixada de lado desde os anos 1950, pois Hollywood após essa década resolveu investir mesmo em dramas socialmente mais conscientes. "Star Wars" trouxe assim de volta o gosto pelo cinema como pura diversão, aventura e universos fantásticos. George Lucas soube com raro brilhantismo reunir tudo o que tinha visto em sua infância e adolescência para criar um mundo completamente novo, uma realidade que deixou o mundo surpreendido na época por causa da criatividade, da originalidade e dos maravilhosos efeitos especiais, além da própria trama, que se revelava como uma saga muito bem orquestrada que sintetizava diversas mitologias da cultura universal. Um espetáculo realmente. 

Como se sabe o universo de "Star Wars" segue em frente. Adquirido pela Disney a saga está sendo renovada numa nova sequência de filmes, sem a presença de Lucas que sabiamente resolveu se aposentar. O primeiro a chegar foi "Star Wars - O Despertar da Força" que resgatou vários personagens desse primeiro filme como Luke, Leia e Han Solo. Sucesso absoluto, com mais de um bilhão de dólares em bilheteria, a produção provou a força desses personagens, mesmo após tantos anos passados. Agora surge uma ótima oportunidade parar rever a excelente trilogia original que começou tudo. Prefira as versões originais, sem as novas intervenções de Lucas em que ele procurou modernizar os efeitos visuais da época do lançamento original. Enfim, "Star Wars" de 1977 é seguramente um dos cinco filmes mais importantes da história da ficção do cinema americano. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Som, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora Original, Melhores Efeitos Especiais e Melhores Efeitos Sonoros. Indicado ao Oscar ainda nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Alec Guinness), Melhor Direção (George Lucas) e Melhor Roteiro Original. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora Original (John Williams).

Pablo Aluísio.

Krampus - O Terror do Natal

Título no Brasil: Krampus - O Terror do Natal
Título Original: Krampus
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Nova Zelândia
Estúdio: Legendary Pictures, Universal Pictures
Direção: Michael Dougherty
Roteiro: Todd Casey, Michael Dougherty
Elenco: Adam Scott, Toni Collette, Emjay Anthony, David Koechner
  
Sinopse:
Max (Emjay Anthony) é um garoto que ainda acredita no espírito de natal. Quando vários familiares chegam em sua casa para a noite de natal ele começa a ser zoado pelos primos por justamente ainda acreditar em Papai Noel, renas e todo o universo mágico natalino. Frustrado por ser o alvo de brincadeiras ele resolve rasgar uma carta que havia escrito para o Santa Claus. Ao jogá-la pela janela algo inesperado acontece. Uma grande nevasca se abate sobre sua cidade, antevendo a chegada do assustador Krampus! Ele vem para punir todos aqueles que esqueceram o verdadeiro espírito de natal. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Filme de Terror.

Comentários:
Essa criatura, o Krampus, é bem popular no folclore da Alemanha e demais países vizinhos. Ela seria uma espécie de antítese do Santa Claus (o Papai Noel). Enquanto o bom velhinho surge no natal para dar presentes às crianças que se comportaram bem no ano, o Krampus viria para punir as que criaram problemas. Em estados brasileiros, principalmente de forte influência da imigração alemã, ele ainda é bem conhecido das crianças. Para o resto dos brasileiros é um ilustre desconhecido. Idem para os americanos. Mesmo assim os produtores acharam uma boa ideia realizar um filme de terror tendo como principal personagem o tal Krampus. Para isso criaram um monstro que se parece com um tipo de demônio, vindo diretamente das trevas. Chifres e patas de carneiro, vários símbolos de natal pendurados por todo o corpo e uma aparência bem assustadora. O filme nesse aspecto é bem realizado. Temos aqui uma excelente produção, tanto em termos de efeitos digitais como maquiagem, figurino, etc. Como fez uma boa carreira nos cinemas da Europa é bem provável que venha a se tornar uma nova franquia da Universal. O curioso é que o elenco é liderado por um garotinho, o Emjay Anthony. Do resto do elenco apenas a Toni Collette é mais conhecida do público em geral, principalmente por causa da série "United States of Tara". O jovem diretor Michael Dougherty já havia lidado com um tema levemente semelhante em "Contos do Dia das Bruxas", porém aqui realizou um filme bem melhor. Não chega a ser um grande filme em nenhum aspecto, porém como diversão está valendo. Aliás a escolha por realizar algo mais assustador o fez ganhar muitos pontos em seu favor. O humor, quando surge, é bem minimizado. Por essa razão não vá passar o filme para seus filhos pequenos pois corrre-se o risco de deixá-los traumatizados com o que verão. Praticamente nenhum símbolo do natal passa incólume, nem inocentes cookies da vovó. Enfim, esse é aquele tipo de produção que gosto de chamar de "bom filme ruim". Se faz a sua cabeça, aproveite também.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Mogambo

Aproveitei a noite de ontem para conferir mais um clássico. O filme em questão foi Mogambo, produção de 1953 dirigida pelo mestre John Ford. Conhecido e consagrado pelos filmes de western que realizou ao lado de John Wayne, Ford aqui mudou de ares, trocando o deserto do velho oeste pelas planícies sem fim da África selvagem. O grande atrativo para o cinéfilo nem vem tanto dessa diversidade, mas sim do maravilhoso elenco que Ford conseguiu reunir. Ele teve sob sua direção três grandes estrelas de Hollywood: Clark Gable, Grace Kelly e Ava Gardner! Poucos filmes da época conseguiram reunir uma constelação como essa.

O galã Gable interpreta um grande caçador branco chamado Victor Marswell; Ele tem um posto avançado no continente africano. Ao lado de sua equipe ele caça animais raros (como uma pantera negra) para vender para circos e zoológicos ao redor do mundo. O negócio prosperou tanto que Vic resolve em determinado momento também alugar sua experiência para safáris pela selva adentro. O pesquisador de grandes primatas Donald Nordley (Donald Sinden) resolve então contratar seus serviços. Donald quer que Victor comande uma expedição rumo às montanhas dos gorilas onde pretende recolher dados sobre o habitat onde vivem esses animais. O problema é que Donald também está acompanhado de sua bela esposa, a educada e delicada Linda (Grace Kelly). Talvez por estar com o casamento em crise ou por pura atração o fato é que Linda acaba se apaixonando por Victor, bem no meio do safári e bem debaixo do nariz do próprio marido!

Para completar o triângulo amoroso improvável ainda há a presença de Eloise Y. Kelly (Ava Gardner). Ela é uma dançarina americana de night clubs em Nova Iorque que foi até a África encontrar um sultão rico. O problema é que o tal milionário foi embora antes da hora e Kelly ficou a ver navios. Sem ter para onde ir ela acaba indo parar na propriedade de Victor que resolve lhe acolher enquanto o próximo barco em direção à civilização não chega. Pronto, fica assim armado todo o drama romântico do filme. Kelly ama Victor que por sua vez se sente atraído por Linda, mesmo sendo ela casada. John Ford teve habilidade suficiente para desenvolver todos esses romances ao mesmo tempo em que desenvolve uma boa aventura. Há muitas cenas reais das paisagens e animais africanos, mas a grande maioria delas foram realizadas por uma segunda unidade, sem a presença do elenco. Os atores geralmente surgem em estúdio, como se estivessem na África. Ford, sempre perfeccionista, coordenou todas as filmagens no Congo, na Tanzânia e no Quênia. Isso trouxe um visual extremamente rico para o filme.

Com tantas qualidades quem acaba roubando o filme em meu ponto de vista é a atriz Grande Kelly. Há um contraponto entre sua elegância, finesse e educação com os modos mais rudes da personagem de Ava Gardner (que de cabelos curtos também está muito sensual). Grace está maravilhosa em seu papel, que combinava perfeitamente com sua imagem pública. O curioso é que nos bastidores ela acabou tendo um caso passageiro com Gable, provando que por baixo de toda aquela imagem de mulher fria e nobre havia um vulcão adormecido. Enquanto Ava, que tinha uma postura mais sensual em cena, se comportava adequadamente no set de filmagem, sua parceira levava o astro principal do filme para debaixo de seus lençóis. O extremo oposto das personagens que interpretavam no filme. De uma forma ou outra tanto Grace como Ava foram agraciadas com indicações ao Oscar, muito embora elas não tenham levado o grande prêmio da sétima arte para casa.

Mogambo (Mogambo, EUA, 1953) Direção: John Ford / Roteiro: John Lee Mahin, Wilson Collison / Elenco: Clark Gable, Grace Kelly, Ava Gardner / Sinopse: Victor Marswell (Clark Gable) é um caçador americano na África que precisa decidir entre o amor de duas belas mulheres, a dançariana Eloise Y. Kelly (Ava Gardner) e a doce e tímida Linda Nordley (Grace Kelly), cujo o marido o contratou para levá-lo até as montanhas dos gorilas selvagens.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Hush - A Morte Ouve

Título no Brasil: Hush - A Morte Ouve
Título Original: Hush
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Blumhouse Productions
Direção: Mike Flanagan
Roteiro: Mike Flanagan, Kate Siegel
Elenco: John Gallagher Jr., Kate Siegel, Michael Trucco
  
Sinopse:
Maddie (Kate Siegel) é uma jovem escritora que mora sozinha em uma bela casa no campo. Ela está tentando escrever as últimas linhas de seu novo romance, mas faltam ideias. Para não ficar tão solitária ela recebe eventualmente a companhia de sua vizinha, Sarah (Samantha Sloyan). Após mais uma de suas visitas Maddie descobre que não está mais desacompanhada. Um homem ronda sua casa. Armado com uma besta (uma arma medieval usada para lançar flechas) ele começa a promover um terror psicológico com Maddie. Lá fora ele tenta torturá-la psicologicamente, enquanto a escritora faz de tudo para que o psicopata não consiga entrar em sua casa.

Comentários:
Filme de terror e suspense lançado pelo Netflix. O roteiro desenvolve apenas uma situação básica: um psicopata que tenta entrar numa casa, onde vive uma jovem, completamente sozinha. Ela tem deficiência, pois é surda e muda. Por isso inicialmente ela nem percebe que há um assassino do lado de fora de sua residência. Aos poucos porém o clima de horror se instala. O psicopata esfaqueia a amiga dela, Sarah (Sloyan) e depois começa um jogo de gato e rato. O criminoso parece ter um prazer sádico em amedronta-la aos poucos, sem nunca ir direto ao ponto (a casa da vítima tem portas de vidro, que poderiam ser facilmente quebradas). Com pouco mais de 80 minutos esse filme não traz surpresas, o que também não significa que seja ruim. O sangue jorra em várias cenas, porém o estilo não chega a ser uma espécie de slasher movie. Talvez esse seja seu grande problema. Os fãs de filmes de terror desse estilo ficarão claramente decepcionados, enquanto os que curtem algo mais intelectual, do tipo suspense sugestivo, também não gostarão. É um filme passável, que ficou de certa maneira pelo meio do caminho. De bom apenas o uso de um tipo diferente de arma, uma besta da idade média, que lança flechas, algo que não é muito comum em filmes como esse. No mais é tudo bem mediano apenas.

Pablo Aluísio.

007 - O Amanhã Nunca Morre

Título no Brasil: 007 - O Amanhã Nunca Morre
Título Original: Tomorrow Never Dies
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Eon Productions, Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Roger Spottiswoode
Roteiro: Bruce Feirstein
Elenco: Pierce Brosnan, Jonathan Pryce, Teri Hatcher, Judi Dench, Michelle Yeoh, Samantha Bond
  
Sinopse:
Elliot Carver (Jonathan Pryce) é um mago das empresas de telecomunicações, dono de um milionário complexo de mídia, que deseja induzir China e Inglaterra rumo a um conflito nuclear, enquanto domina os direitos de exclusividade de exibição do conflito internacional. Para deter seus planos destrutivos, o serviço secreto de sua majestade envia o agente James Bond (Pierce Brosnan), codinome 007, para investigar e parar os planos megalomaníacos do empresário alucinado. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor canção original ("Tomorrow Never Dies" de Sheryl Crow e Mitchell Froom).

Comentários:
Esse foi o segundo filme do ator Pierce Brosnan interpretando o agente secreto James Bond. O primeiro filme foi muito bem, tanto em termos de crítica como de público. Assim a sequência novamente estrelada por Brosnan era algo natural de acontecer. Nesse segundo filme os produtores contrataram Anthony Hopkins para interpretar o vilão do filme, porém com três dias de filmagens o ator abandonou o projeto. Ele alegou que o roteiro ainda não estava pronto e que em seu contrato havia uma cláusula que exigia que tudo estivesse pronto assim que ele começasse a trabalhar. A MGM não quis brigar com Hopkins na justiça e promoveu uma quebra contratual amigável. Com sua substituição as filmagens seguiram em frente. A produção não economizou nos gastos e uma BMW novinha foi destruída para dar credibilidade a uma das principais cenas de ação do filme. Outro fato digno de nota foi a contratação do diretor canadense Roger Spottiswoode. Especialista em filmes de ação (ele havia dirigido antes boas fitas do gênero como "Sob Fogo Cerrado", "Atirando Para Matar" e "Air America - Loucos Pelo Perigo" com Mel Gibson) ele realmente rodou um filme muito eficiente em termos de cenas de ação e violência. No geral é mais um bom filme da série, resgatando inclusive certos elementos dos primeiros filmes de Bond, ainda na época em que as produções eram estreladas por Sean Connery. O enredo original porém não foi escrito pelo autor Ian Fleming, mas sim pelo escritor Raymond Benson em 1997, no mesmo ano em que esse filme foi lançado.

Pablo Aluísio.

Em Segredo

Título no Brasil: Em Segredo
Título Original: In Secret
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Charlie Stratton
Roteiro: Neal Bell, Charlie Stratton
Elenco: Elizabeth Olsen, Tom Felton, Jessica Lange, Oscar Isaac

Sinopse:
Com a morte de sua mãe, a pequena Thérèse Raquin (Elizabeth Olsen) é levada para morar com sua tia e seu primo, o frágil e doente Camille (Tom Felton). Os anos passam e Madame Raquin (Jessica Lange) decide que ela deve se casar com seu filho, algo que a desagrada pois não o ama. Mesmo assim o casamento é realizado. O problema é que o coração de Thérèse bate mesmo pelo jovem artista e aspirante a pintor Laurent (Oscar Isaac), um relacionamento que trará muitos problemas para todos.

Comentários:
Drama de época que me surpreendeu pelo bonita direção de arte, ótima reconstituição histórica e boas atuações de todos do elenco. Em termos gerais esse filme me lembrou muito do clássico "Jane Eyre", pois a personagem principal traz muito do romance de Charlotte Brontë (1816 - 1855). Esse aspecto de semelhança porém se torna logo um engano. Isso foi ficando claro no decorrer do enredo pois a estória dá uma guinada sombria. O que começa como um romance entre uma jovem casada e infeliz com sua vida e um artista aspirante, logo se transforma em uma trágica conspiração envolvendo assassinatos, traições e ganância. O roteiro aliás é um prato cheio para quem gosta de enredos sórdidos pois os personagens são capazes de atos terríveis, em especial o sinistro Laurent. A atriz que interpreta Thérèse Raquin, Elizabeth Olsen, até dá conta do recado, mas quem brilha mais uma vez é a veterana Jessica Lange, dando vida a uma personagem que começa como uma vilã, mas que acaba como uma vítima indefesa, paralisada por um terrível derrame. Assim se você gosta de dramas de época, com pitadas de crimes e traições, esse "In Secret" certamente será uma boa pedida. Filme indicado ao World Soundtrack Awards na categoria de Melhor Compositor do Ano (Gabriel Yared, pelas canções "Ningen no yakusoku", "The Prophet" e "Tom à la ferme").

Pablo Aluísio.

Ela

Título no Brasil: Ela
Título Original: Her
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Spike Jonze
Roteiro: Spike Jonze
Elenco: Joaquin Phoenix, Amy Adams, Scarlett Johansson

Sinopse:
Theodore (Joaquin Phoenix) tem um emprego chato, uma vida amorosa praticamente inexistente e um cotidiano muito enfadonho. Sua existência aborrecida acaba ganhando um novo colorido quando ele adquire um programa de computador com inteligência artificial que se relaciona com ele, dividindo as experiências de vida e lhe dando conselhos pessoais. Não demora muito e Theo acaba se apaixonando por seu próprio sistema operacional! Filme vencedor do Oscar na categoria Melhor Roteiro Original (Spike Jonze).

Comentários:
Spike Jonze não é um cineasta comum. Ele nunca procura o convencional ou o lugar comum, pelo contrário, para Jonze o que importa mesmo é o estranho, o incomum e até mesmo o bizarro. Foi assim na maioria de suas obras como por exemplo "Quero Ser John Malkovich" (1999) ou o mais que estranho "Adaptação" (2002). Assim não é nenhuma novidade que Spike Jonze tenha escolhido como tema para esse seu novo filme um absurdo relacionamento amoroso envolvendo um homem solitário e seu... sistema operacional. Ok, em tempos onde a tecnologia invade todos os aspectos da vida pessoal de cada usuário era de se supor que algo assim seria explorado mais cedo ou mais tarde pelo cinema. O curioso é que Jonze consegue não apenas contar sua estória de forma muito inteligente, como também cria uma insuspeita identidade com o espectador, que de repente se vê bem próximo das situações mostradas na tela, para seu próprio espanto. Obviamente que para contar um enredo desses seria necessário ter um grande ator em cena, até porque ele praticamente contracenaria sozinho durante a maioria das cenas. Joaquin Phoenix se mostra em todos os momentos ser a escolha ideal. Ele, que já é conhecido por ser um cara bem estranho em sua vida pessoal, se entregou completamente ao personagem, trazendo uma carga de veracidade ímpar para o filme. Em tempos de tanta tecnologia ao nosso redor, o romance mostrado aqui nem aparenta ser tão surreal, para surpresa geral de quem o assistir.

Pablo Aluísio.