segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Profissão de Risco

Baseado em fatos reais o filme "Profissão de Risco" capta o momento em que o tráfico de cocaína invadia o mercado americano, fazendo grande fortuna para os traficantes envolvidos. Entre eles se destaca George Jung (Johnny Depp), um sujeito que meio ao acaso começa a vender coca para amigos e conhecidos e de repente se vê envolvido numa extensa rede de narcotráfico envolvendo inclusive o envio da cocaína diretamente da fonte na distante Colômbia para os Estados Unidos. De fato Jung foi o principal elo de ligação entre o Cartel de Medelin de Pablo Escobar e os consumidores americanos, na maioria jovens, que entraram de cabeça no abuso da nova droga. George Jung foi assim durante anos o principal comerciante de cocaína no mercado americano a tal ponto que seu próprio nome acabou virando sinônimo de usuário. Depois de uma ascensão rápida e de ganhar uma verdadeira fortuna feita praticamente da noite para o dia o bandido acabou caindo nas garras dos órgãos policiais, sendo condenado a  uma pena dura que ele cumpre até os dias de hoje. 

Jung colaborou com o filme, encontrou-se pessoalmente com Depp e lhe deu dicas para interpretar bem seu papel. O filme é bem realizado do ponto de vista técnico, com excelente reconstituição de época mas toma um rumo perigoso em determinado momento. Não há como negar que o roteiro de certa forma simpatiza com a pessoa de Jung. Muitas vezes o argumento o coloca apenas como um comerciante bem sucedido, um homem de negócios que joga com a oferta e a procura por seu produto e por isso fica milionário em tempo recorde. O próprio Depp faz de tudo para transformar seu personagem em uma figura simpática, boa praça, que está envolvido com o narcotráfico meio sem querer, como se fosse possível o envolvimento em algo assim de forma meramente casual. Esse é seguramente o maior problema de "Profissão de Risco", pois a sua indisfarçável simpatia com um criminoso desse porte incomoda muito. Os realizadores passam assim uma mensagem um tanto quanto perigosa aos mais jovens, colocando o tráfico de drogas como uma forma até viável de subir na vida, na escala social. Enfim, "Profissão de Rico" é um bom filme apesar disso mas o roteiro deveria ter sido mais cauteloso e principalmente realista, mostrando o lado mais sórdido desse estilo de vida, até porque no mundo caótico em que vivemos a última coisa que se deseja é mais uma obra cinematográfica que faça, mesmo que indiretamente, algo próximo a uma apologia de traficantes.  

Profissão de Risco (Blow, Estados Unidos, 2001) Direção: Ted Demme / Roteiro: Bruce Porter, David McKenna / Elenco: Johnny Depp, Penélope Cruz, Ray Liotta, Franka Potente, Rachel Griffiths, Paul Reubens, Jordi Mollà./ Sinopse: O filme enfoca a história real do mega traficante George Jung (Johnny Depp), mostrando sua ascensão e queda no mundo do crime. 

Pablo Aluísio.

O Vencedor

Acabei de assistir. Foi o último dos dez indicados ao Oscar de melhor filme que faltava ver. Vou ser sincero, deixei esse por último por 3 razões: não gosto do Christian Bale, nunca vi uma atuação do Mark Wahlberg que valesse a pena e por último achava que o tema "boxeador na sarjeta" já estava esgotado. Pois bem, me enganei três vezes. O fato de não gostar do Bale não me impede de dizer que essa foi uma das grandes atuações que já assisti nos últimos anos. O Bale simplesmente desaparece em seu papel de Dicky Eklund. É um trabalho belíssimo de imersão no personagem. A grande atuação é justamente essa, quando esquecemos do ator em cena e só focalizamos no que é mostrado no filme. Bale some em sua atuação e por isso brilha. Não vemos mais Bale nas cenas e sim Dicky. Brilhante seu trabalho.

A atuação do Mark Wahlberg não me chamou muito atenção, mas pelo menos aqui ele não compromete, o que já é um ponto muito positivo. Em um filme com esse tipo de atuação com Bale ele realmente não poderia se destacar, seria algo impensado. Por fim gostei do argumento e do roteiro, que tenta fugir o máximo possível do estigma de filmes sobre lutadores de boxes. Claro que muitas coisas que já vimos em vários outros roteiros ainda estão lá (como o fracasso e a redenção numa luta gloriosa, por exemplo) mas isso não tira o brilho do filme já que o diretor foi inteligente o bastante para focar principalmente nos problemas familiares dos personagens. Enfim, é um filme muito bom e em tempos de dez indicados ao Oscar merece seu lugar no páreo, embora suas chances de levar o prêmio máximo fossem realmente pequenas.

O Vencedor (The Fighter, Estados Unidos, 2010) Direção: David O. Russell / Roteiro: Scott Silver, Paul Tamasy, Eric Johnson / Elenco: Christian Bale, Mark Wahlberg, Amy Adams, Melissa Leo, Robert Wahlberg, Dendrie Taylor, Jack McGee, Jenna Lamia, Salvatore Santone, Chanty Sok, Bianca Hunter, Sean Patrick Doherty, James Shalkoski Jr., Barry Ace, Caitlin Dwyer, Jeremiah Kissel./ Sinopse: A vida de um lutador de boxe que tenta vencer na vida e nos ringues.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de outubro de 2012

O Segredo de Brokeback Mountain

Sem dúvida um dos filmes mais polêmicos dos últimos anos. Na época me lembro claramente que criou-se toda uma polêmica pelo fato de se colocar na tela dois cowboys tendo um relacionamento gay. Como se sabe a figura mítica do cowboy é um dos símbolos máximos da virilidade do homem americano. Será que o chamado homem de Marlboro agora tinha virado a casaca? Bobagem. Infelizmente esse é um daqueles casos em que a polêmica acaba jogando uma fumaça sobre a verdadeira essência do filme, tornando tudo turvo e escuro. O filme não deve ser encarado dessa forma. Na realidade é a estória de duas pessoas que abrem mão de sua verdadeira felicidade por causa das pressões sociais que sofrem em seu meio. Certamente são apaixonados um pelo outro, seguramente gostariam de viver essa paixão em sua plenitude mas não fazem por mera pressão da sociedade. Não seriam aceitos por seus pares, sofreriam todo tipo de discriminação e ao final poderiam até se tornar vítimas de algum crime de homofobia. Dessa forma preferem viver uma mentira. O personagem de Jack (Jake Gyllenhaal ) é o mais perfeito retrato disso. Ele se casa para manter as aparências e segue tendo uma vida cheia de desencontros e infelicidades. Não foi feliz por ficar preocupado pelo que os outros pensariam dele. Deixou de viver sua própria vida para viver uma mentira de acordo com a mentalidade tacanha da sociedade.

A dupla central de atores está excepcionalmente bem. Jake Gyllenhaal, por exemplo, tem a melhor atuação de sua carreira. Já Heath Ledger está novamente excepcional. Seu personagem tenta ser mais honesto com si mesmo do que seu companheiro mas novamente sucumbe ao conservadorismo extremo do lugar onde vive. O diretor Ang Lee comanda o filme sem pressa, sem atropelamentos. As situações surgem em seu devido tempo, tudo para mostrar o relacionamento ora conturbado, ora feliz, dos jovens amantes. Seu sensível trabalho lhe valeu o Oscar de melhor diretor daquele ano, o que foi mais do que merecido. Ledger e  Gyllenhaal também concorreram ao Oscar mas não levaram. A sempre sisuda Academia certamente pensou que ainda não seria o momento para premiar atores de personagens tão controversos como aqueles. No final das contas o filme se tornou sucesso de público e crítica. Também não podemos ignorar o fato de que filmes como esses também ajudam aos grupos GLS em sua luta contra o preconceito. É uma obra que abre caminhos e fortalece o respeito que todos devem ter pelo próximo, independente de sua opção sexual. Assim a grande mensagem do filme é a seguinte: viva a sua vida da melhor forma possível, de acordo com o seu modo de pensar. Nunca deixe de viver apenas porque tem receio do que as outras pessoas vão pensar de você. Seja feliz e ignore todo o resto. 

O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, Estados Unidos, Canadá, 2005) Direção: Ang Lee / Roteiro: Diana Ossana, Larry McMurtry / Elenco: Heath Ledger, Jake Gyllenhaal, Michelle Williams, Anne Hathaway, Anna Faris / Sinopse: O filme acompanha o longo e turbulento relacionamento entre dois homens em uma das regiões mais conservadoras dos Estados Unidos. Vivendo vidas de fachada ambos acabam se tornando infelizes e incompletos em suas vidas afetivas.

Pablo Aluísio. 

Candy

Acho Candy tão injustamente subestimado. Todos sempre citam o brilhante trabalho de Heath Ledger em Batman mas muitos poucos lembram dessa sua inspirada atuação. Talvez pelo fato do filme ser pequeno, discreto, com jeito de cinema independente, muitos sequer tenham visto a produção. Bom, nunca é tarde para corrigir essa lacuna. Candy tem uma estrutura nada convencional e se baseia na vida de um casal formado por Candy (Abbie Cornish) e Dan (Heath Ledger). Ambos são jovens, promissores, vivendo a melhor fase de suas vidas. São amorosos e realmente se querem bem. O problema é que Dan tem um série problema com o abuso freqüento de drogas, em especial a famigerada cocaína. Cometendo um erro que é mais comum do que se pensa Candy, sua namorada, também resolve experimentar a droga. Não tarda para se viciar completamente. O que antes parecia um conto de fadas, um romance dos sonhos, rapidamente se torna uma roleta russa e um abismo é criado ao redor dos jovens namorados, agora transformados em meras sombras do que um dia foram.

O roteiro é marcante porque mostra as armadilhas que podem surgir na vida de pessoas que tentaram apenas levar uma vida fora dos padrões estabelecidos, levando uma existência mais boêmia, poética e livre das amarras sociais. Nada de errado há nisso. O problema é que saem de uma arapuca para caírem em outra. O usuário de drogas geralmente pensa que está livre, agindo por conta própria. A verdade dos fatos porém é que ele ao consumir drogas acaba se tornando mais prisioneiro do que era antes. Uma falsa sensação de liberdade que leva a pessoa para a mais terrível das prisões, a do vício e da dependência química. O filme joga muito bem com essa realidade que infelizmente atinge milhões de pessoas ao redor do mundo. O roteiro porém procura evitar discursos de moralidade ou falsas lições de moral. Ao invés disso se limite a mostrar o esfacelamento gradual do casal. Quando assisti Candy pela primeira vez o ator Heath Ledger ainda estava vivo e sua atuação, pela primeira vez, me chamou  realmente a atenção. Não deixa de ser tristemente irônico saber que o ator morreria justamente por uso de drogas. Uma ironia do destino que torna Candy ainda mais interessante. Não deixe de assistir e descubra como Ledger foi muito além do Coringa.

Candy (Candy, Estados Unidos, 2006) Direção: Neil Armfield / Roteiro: Neil Armfield / Elenco: Abbie Cornish, Heath Ledger, Geoffrey Rush, Tom Budge, Roberto Meza Mont, Tony Martin, Noni Hazlehurst, Holly Austin, Craig Moraghan./ Sinopse: Jovem casal vive feliz e em clima de harmonia em seu sólido e estável relacionamento. Tudo porém começa a ruir após ambos consumirem drogas de forma descontrolada.

Pablo Aluísio.

Lobisomem: A Besta Entre Nós

Produção da Universal de orçamento bem modesto que foi lançado diretamente no mercado de venda direta ao consumidor nos Estados Unidos. A primeira observação pertinente a se fazer é que o filme, sendo feito pelos estúdios Universal, está longe de apresentar uma produção medíocre. Pelo contrário, dentro de suas possibilidades o filme é até bem realizado nesse aspecto. O padrão de qualidade é mantido. Os monstros digitais, embora não sejam de encher os olhos tecnicamente falando, estão longe de parecerem vergonhosos ou mal feitos. O roteiro procura criar uma identificação entre as antigas produções de terror e o ritmo mais alucinante dos games atuais. É uma mistura meio complicada mas até que o filme não se sai tão mal nesse quesito. O argumento é simples: uma vila no século XIX é atacada por terríveis lobisomens. Sem alternativas o povo local resolve contratar os serviços de um grupo especializado justamente em caçar e matar bestas sobrenaturais como os licantropos que andam tirando o sossego dos moradores. Lida assim a sinopse até lembra um pouco Van Helsing. A direção de arte é até parecida mas há diferenças também. Helsing era muito mais pop, sem qualquer preocupação em ter o mínimo de sutileza. Aqui há pelo menos uma preocupação maior em se desenvolver com mais calma os eventos, criando um clima adequado para o surgimento das criaturas. Claro que tudo se desenvolve em um mesmo ambiente de realismo fantástico mas mesmo assim essa produção é bem mais pé no chão do que o filme do caçador de vampiros.

Há uma tentativa do texto em desenvolver um pouco mais os personagens, embora nada seja muito aprofundado nesse ponto. O garoto, que será peça chave no desfecho do filme, surge em cena mais bem contextualizado do que os demais caçadores. Como sempre há o mistério em se saber quem é exatamente essa nova besta assassina que parece ser bem diferente dos demais lobisomens pois não reage apenas por instinto tendo a capacidade de pensar e raciocinar durante os ataques, escolhendo inclusive a quem irá matar. É uma nova espécie de monstro. A produção usa e abusa do jogo de sombras e luzes, principalmente nas cenas rodadas dentro da floresta. No elenco há muitos desconhecidos com exceção de Stephen Rea, aqui em bom personagem, um médico com métodos pouco convencionais. No saldo final temos aqui um filme que se não chega a ser uma maravilha, tampouco é uma decepção completa, pois em momento algum chega a aborrecer o espectador. Assim Lobisomem: A Besta Entre Nós acaba funcionando como um bom passatempo caso o espectador não seja exigente demais.

Lobisomem: A Besta Entre Nós (Werewolf: The Beast Among Us, Estados Unidos, 2012) Direção: Louis Morneau / Roteiro: Michael Tabb, Catherine Cyran / Elenco: Nia Peeples, Steven Bauer,  Stephen Rea | Sinopse: Lobisomem ataca distante e isolada vila no leste europeu. Para acabar com a ameça os moradores locais contratam um grupo de caçadores especializados em caçar e matar esse tipo de besta assassina.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Miss Potter

Parece que após Bridget Jones a atriz Renée Zellweger tomou gosto em interpretar mulheres britânicas. Aqui ela repete a dose dando vida nas telas para a escritora Beatrix Potter (1866-1943), consagrada autora de livros infantis. Sua obra não é tão conhecida no Brasil quanto lá fora, mas sua história pessoal certamente vai criar identificação com muitas mulheres de nosso país. Miss Potter era, assim como a personagem Bridget Jones, uma mulher que fugia aos padrões da sociedade vitoriana de seu tempo. Era solteirona e mais do isso, não achava que o casamento fosse o segredo da felicidade na vida de uma mulher. Inteligente acreditava que cada mulher deveria ser dona de seu próprio destino, abrindo os caminhos de sua vida por conta própria. Depender, seja financeiramente, seja emocionalmente, de um marido era a última coisa que queria em sua vida. A solução de seus problemas veio na forma de livros infantis que começou a escrever. Como produzia algo de que gostava, o amor e a paixão que colocava em seus escritos acabavam passando para o seu pequeno leitor. O resultado veio no sucesso editorial de sua obra que a transformou numa mulher dona de seu próprio nariz, como aliás acontece na vida de todas as grandes mulheres.
 
Como sua biografia já é por si mesmo muito interessante o filme Miss Potter se transforma em uma grata surpresa. Dirigido pelo cineasta especialista em temas infantis, Chris Noonan (de Babe o Porquinho Atrapalhado), o filme tem um lirismo, um clima mágico que realmente encanta e cativa. Sua grande qualidade é discutir a posição da mulher dentro da sociedade britânica ao mesmo tempo em que resgata o imaginário infantil, com aquele ambiente de sonhos e magia que todos conhecemos tão bem. Renée Zellweger brilha novamente, embora o excesso de tratamentos estéticos a que se submeteu incomode em certos momentos. A magia fica comprometida quando vemos uma mulher do século XIX com aplicações de botox. Mesmo assim é algo que o espectador vai ter que ignorar para apreciar totalmente o filme em si. O elenco de apoio conta com as sempre marcantes presenças de Ewan McGregor e Emily Watson. Enfim,  Miss Potter é tão charmoso e fino que indico especilamente para o público feminino, que sempre apreciou bem mais filmes elaborados e esteticamente bonitos como esse.

Miss Potter (Miss Potter, Estados Unidos, 2008) Direção: Chris Noonan / Roteiro: Richard Maltby Jr. / Elenco: Renée Zellweger, Bill Paterson, Emily Watson, Ewan McGregor, Barbara Flynn./ Sinopse: O filme conta aspectos da vida da autora infantil de grande sucesso, Beatrix Potter (1866-1943). Considerada avançada demais para sua época ela enfrentou o preconceito e barreiras sociais para vencer na sua carreira de escritora.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Brando A Biografia Não-Autorizada

Já que o tema livros sobre grandes mitos do cinema veio à tona resolvi escrever algumas linhas sobre esse "Brando A Biografia Não-Autorizada", um livro que tenho há muitos anos em minha coleção particular. Em relação a Marlon Brando eu sempre recomendo sua autobiografia que é a melhor obra na extensa bibliografia escrita sobre o ator. Isso é bem simples de entender pois traz os pensamentos, a visão de mundo e as idéias do próprio Brando que fala sobre tudo menos de suas ex-mulheres e seus filhos (uma exigência que ele fez aos editores na época em que escreveu o livro). Ainda escreverei melhor sobre ele. Agora vamos focar nessa biografia não-autorizada. Se trata de um livro com aproximadamente 330 páginas que tenta jogar uma luz sobre a carreira e a vida pessoal de Marlon Brando. A primeira observação a se fazer é que o autor Charles Higham não é um escritor muito brilhante. Sua narrativa é muitas vezes chata e sem brilho. Ele se limita a contar aspectos da vida de Marlon Brando em sequência cronológica mas sem muito envolvimento. A escrita é objetiva e sem traços autorais. Particularmente achei seu estilo muito pesado e seco. Outro problema do livro é sua estrutura. O autor gasta dois terços de seu texto para se dedicar apenas aos primeiros anos de vida e carreira de Marlon Brando. Depois de um começo lento ele começa a acelerar para chegar ao fim e tudo acaba saindo no sobressalto. A fase do "Poderoso Chefão" por exemplo, é lacunosa e pequena. Logo um de seus filmes mais importantes não recebe a importância devida. A impressão que tive foi que o projeto inicial seria de um livro com aproximadamente  700 páginas mas que foi de certa forma editado quase a metade por fatores comerciais deixando uma obra final com muitos buracos em sua narrativa.

Outro problema é fruto da edição nacional pouco caprichosa. Os filmes aparecem com seus títulos originais em inglês - sem o nome nacional o que leva o leitor menos conhecedor da filmografia de Brando ficar perdido sem saber exatamente de que obra o texto está se referindo. Faltou também uma lista com todos os filmes de sua filmografia no final do livro. O único ponto positivo que vejo aqui é o lado mais pessoal e familiar do ator que surge sem rodeios e sem panos quentes. O autor expõe as brigas conjugais de Brando com suas ex-esposas, os problemas judiciais e as confusões em que se envolveu ao longo da vida. Como o livro foi escrito em 1990 obviamente os anos finais do ator ficaram de fora. Assim "Brando A Biografia Não-Autorizada" serve como complemento a outras leituras mais preciosas como "Canções Que Minha Mãe Me Ensinou". Se em sua autobiografia Brando se recusou a falar de seus casamentos e filhos esse aqui acaba completando a lacuna. Não é uma obra maravilhosa e nem bem escrita mas vale como referência de fatos que foram poucos explorados em outras obras. Vale a pena ter em sua coleção, apesar de suas falhas.

Brando: A Biografia Não-Autorizada
Autor: Charles Hhgham
Editora: Civilização Brasileira - Nal Penguin Inc
Categoria: Literatura Estrangeira / Biografias e Memórias

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Fragments Marilyn Monroe

Quando morreu Marilyn Monroe deixou todos os seus bens tais como roupas, livros e anotações pessoais para seu mentor e amigo no Actor´s Studio, Lee Strasberg. Durante décadas esse rico acervo ficou encaixotado e um tanto esquecido em um depósito de Nova Iorque. Provavelmente Strasberg não tenha compreendido as maravilhas que tinha em mãos. Há alguns anos finalmente parte do material foi levado para especialistas e historiadores. Foi então que descobriram um verdadeiro tesouro. No meio de pilhas de papéis avulsos encontraram muitas anotações de Marilyn. Pedaços de pensamentos, cartas, lembretes cotidianos, devaneios, delírios, sonhos e até agendas pessoais onde a musa escrevia sobre os mais diversos assuntos e temas, coisas que ela entendia ser importante registrar. Um registro ímpar que leva o leitor imediatamente para o mundo mais íntimo da estrela, permitindo que se possa compartilhar com ela muitas de suas impressões sobre as pessoas e o mundo ao seu redor. Assim como em sua vida cotidiana Marilyn se mostra uma pessoa bem bagunçada em seus registros. Não há uma sequência lógica, tudo vai surgindo ao acaso, o que acaba sendo um ponto positivo pois o leitor acaba se deparando com uma surpresa a cada página. Tudo finalmente foi reunido agora no ótimo livro "Fragments"!

O resultado é um livro de 272 páginas que mostra bastante da personalidade da atriz. A coleção de momentos é bem eclética. Há textos engraçados, assombrosos, confissões, medos, tudo junto em um grande mosaico. Em um deles ela diz que se acha homossexual, para  logo a seguir afirmar que tem pavor a lésbicas! Como se pode perceber era contraditória ao extremo, uma criançona mesmo. Cativante. Sua eterna insegurança como atriz e mulher surgem em vários textos como na frase que escreveu em data desconhecida:  "Tenho medo de fazer novos filmes porque talvez não tenha capacidade de fazê-los e as pessoas vão pensar que não sou uma boa atriz, vão rir ou, inclusive, vão pensar que não sei atuar." O curioso é que mesmo famosa e consagrada Marilyn jamais conseguiu se livrar completamente da pequenina Norma Jean que parecia não querer ir embora de sua vida. "Como posso interpretar uma menina tão feliz, juvenil e cheia de esperanças?" ela pergunta em certo momento! Ela se achava o exato oposto disso! Velhos traumas de infância que sempre pareciam lhe perseguir. O veredito pessoal sobre sua vida é de certa forma muito pessimista. Nesse ponto ela se mostra completamente quando escreve com grande sinceridade: "Só! Estou só. Sempre estou, aconteça o que acontecer". Mesmo com tantos amantes, namorados e maridos ela jamais conseguiu superar a terrível sensação de solidão que sempre a acompanhou. Assim em conclusão podemos afirmar sem receio que para os fãs de Marilyn Monroe o livro Fragments é simplesmente obrigatório. Um retrato dos pensamentos mais secretos de um dos maiores nomes da história do cinema americano. Não deixe de ler.

Marilyn Monroe Fragments
Autor: Marilyn Monroe
Editora: Harpercollins Uk
Categoria: Literatura Estrangeira / Biografias e Memórias

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Os Piratas do Rock

A minha impressão é de que um filme com um elenco tão bom poderia ter sido melhor. Do jeito que ficou deixou um pouco a desejar. Eu não tinha conhecimento dessas rádios piratas que transmitiam rock no meio do oceano para fugir das leis inglesas. Para mim foi tudo uma grande surpresa (e olha que procuro ler muito sobre música, principalmente dos anos 60). Depois irei procurar algo sobre o tema para me informar melhor. De qualquer forma o que temos aqui é quase uma fábula. Os personagens são variações de tipos que conhecemos daquela década (o hippie fumado, as garotinhas de mini saia, os intelectuais que odeiam o governo etc). Eu achei que há um excesso de personagens - são muitos e mesmo que o filme dure um pouco mais do que o normal não houve como desenvolver todos eles como deveria.

Do elenco enorme alguns se sobressaem. O Phillip Seymour Hoffman é um grande ator, todo mundo sabe disso mas sinceramente a comédia não é a praia dele. Embora seu personagem seja simpático e tenha a melhor cena do filme (em que eles escalam um dos mastros do barco), nada de muito significativo acontece com ele. Na verdade é só mais um personagem sem o desenvolvimento adequado. Aliás além dos personagens serem pouco desenvolvidos a própria trama do filme é dispersa demais. De bom mesmo apenas ótimos atores no elenco de apoio (o que diabos a Emma Thompson está fazendo aqui numa micro ponta?) E o Kenneth Branagh? Esse pelo menos tem um personagem melhor, divertidamente cartunesco. Enfim, não é uma perda de tempo assistir "Os Piratas do Rock" mas também não se trata de nenhuma maravilha da sétima arte. Na dúvida arrisque, quem sabe você não goste...

Piratas do Rock (The Boat That Rocked, Estados Unidos, 2009) Direção: Richard Curtis / Roteiro: Richard Curtis / Elenco: Philip Seymour Hoffman, Kenneth Branagh, Bill Nighy, January Jones, Gemma Arterton, Emma Thompson, Kenneth Branagh, Nick Frost. / Sinopse: Grupo de DJs nada convencionais transmite programa de Rock de um barco em alto mar.

Pablo Aluísio.

Tetro

Francis Ford Coppola sempre viveu seu trabalho intensamente no mundo do cinema. Via de regra bancava seus próprios filmes nas décadas de 70 e 80, isso lhe trouxe grandes prejuízos financeiros pois nem sempre suas idéias cinematográficas caíam no gosto do grande público. Após vários filmes mal recebidos o diretor resolveu aplicar seu dinheiro em outro tipo de negócio, uma vinícola. Sua incursão no mercado de vinho deu tão certo que o diretor voltou a novamente ser um homem rico e estabilizado. Claro que sua paixão pelo cinema não acabou. Agora ele procura realizar seus filmes com orçamentos mais modestos, em locações mais econômicas. Ele ainda banca suas produções mas agora com os pés no chão. É o caso desse pequeno filme chamado Tetro. Rodado na Argentina, por questões financeiras e incentivo do governo local, Tetro é um novo olhar desse velho cineasta que apesar da idade ainda continua intrigante e provocativo. Como disse em sua entrevista, Coppola agora só dirige projetos em que acredita totalmente. Claro que por se tratar de um grande diretor como esse eu não perderia a chance de ver seu novo trabalho. Tetro é um pouco acima da média dos filmes atuais mas bem abaixo do legado do mestre.

O maior problema de Tetro é seu roteiro truncado demais. A trama em si é simples e começa bem. Em certos momentos a complicada relação entre irmãos me lembrou muito "O Selvagem da Motocicleta" (ainda mais pelo uso da fotografia preto e branco) mas o filme é bem abaixo desse clássico juvenil dos anos 80. O filme não engrena e o desfecho final é muito decepcionante pois a solução encontrada para chocar o espectador lembra o estilo folhetinesco das novelas latinas. Será que o cineasta ficou encantado com a dramaturgia das novelas latino-americanas? É possível.  O elenco está bem porém não há nenhum grande talento em cena. Vincent Gallo não apresenta uma grande interpretação, na maioria das vezes ele se limita a ficar sorumbático em cena, para em outras tentar passar simpatia e paixão. Já Alden Ehrenreich, seu irmão mais novo, também não é muito convincente (eu achei ele parecidíssimo com Leonardo Di Caprio quando era mais jovem, principalmente em certas cenas do filme). O grande ator em cena é Klaus Maria Brandauer mas ele pouco aparece (apenas em flashbacks rápidos que não acrescentam muito). Enfim, Tetro não é bom a ponto de figurar entre os grandes filmes de Coppola. No fundo não passa de um dramalhão, só faltou o Carlos Gardel para cantar um tango no final.

Tetro (Argentina, Estados Unidos, 2009) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Francis Ford Copppla, Maurício Kandun / Elenco:  Vincent Gallo, Alden Ehrenreich, Maribel Verdú,  Silvia Pérez,  Rodrigo De la Serna, Erica Rivas / Sinopse: As lutas, brigas e eventos que ligam dois irmãos na Argentina de ontem e hoje.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Garota Infernal

Ninguém duvida que Megan Fox seja uma mulher linda, sensual, um símbolo sexual dos nossos dias. Isso não é motivo de controvérsia. O problema é que a moça deveria estar mesmo em uma profissão que explorasse apenas isso, como modelo. Quando ao quesito atuação realmente não há muito também o que discutir. Megan Fox é uma péssima atriz. Ela não consegue falar uma linha de diálogo com eficiência. Em produções como Transformers onde a ação e os efeitos especiais assumem o primeiro plano ninguém percebe muito isso, até porque todos acabam ficando atordoados com as bobeiras de Michael Bay, o problema é quando a moça tem que mostrar serviço em cenas que se apóiam exclusivamente nela e em seu talento. Aí a coisa fica realmente complicada. Esse "Garota Infernal" foi escrita pela roteirista badalada em Hollywood, a ex-stripper e especialista em auto promoção, Diablo Cody. Para quem escreveu roteiros inteligentes e espertos como "Juno" e "Jovens Adultos" esse "Garota Infernal" realmente é muito fraco, derivativo, sem graça.

A inspiração do filme é aquele tipo de produção que ficou muito popular na década de  80, quando uma moçada era colocada em situações extremas, geralmente com algum psicopata rondando dentro da floresta (se lembrou de Sexta Feira 13 e a Hora do Pesadelo, acertou em cheio). Aqui o argumento ainda apela um pouco para o sobrenatural, fazendo com que a bela Megan Fox seja possuída por uma entidade do mal mas analisando bem não há diferença nenhuma. Todos aqueles colegias estão ali apenas para morrer em cena. Amanda Seyfried divide a tela com Megan mas isso faz pouco diferença. A tentativa de fazer Megan Fox uma estrela com brilho próprio não deu certo. Nem mesmo o esforço da diretora oriental Karyn Kusama (a mesma de Aeon Flux) conseguiu salvar a produção do desastre completo.

Garota Infernal (Jennifer's Body, Estados Unidos, 2009) Direção: Karyn Kusama / Roteiro: Diablo Cody / Elenco: Megan Fox, Amanda Seyfried, Johnny Simmons, Adam Brody, J.K. Simmons, Amy Sedaris, Chris Pratt, Juno Ruddell, Kyle Gallner./ Sinopse: Animadora de torcida é possuída por um demônio secular. Sem entender direito o que se passa sua melhor amiga, Needy Lesnicky (Amanda Seyfried), tenta de todas as formas possíveis ajudar os colegiais a escaparem de suas garras demoníacas.

Pablo Aluísio.

Katy Perry: Part of Me

Em essência é um documentário musical mostrando a turnê mundial de Katy Perry, uma jovem cantora que tem feito muito sucesso nas paradas. Para se ter uma idéia a garota já conseguiu um feito e tanto – emplacar cinco canções consecutivas entre as dez mais da principal parada dos Estados Unidos. Nem os Beatles conseguiram tal proeza! Para quem quiser entender seu êxito comercial o filme traz boas pistas! Katy Perry é uma artista pop, do mesmo nicho de mercado em que estão inseridas outras cantoras de seu estilo como Avril Lavigne e Britney Spears. Como sempre acontece com artistas pop há muita produção envolvida em seus concertos, grupo de dançarinos, cenários elaborados e coreografias exaustivamente ensaiadas. A Perry surge tanto no palco como nos bastidores mostrando de forma até didática seus primeiros passos rumo à fama. Filha de pastores evangélicos itinerantes Katy surgiu inicialmente como cantora gospel e só depois, bem mais velha, abraçou o cenário pop. Com visual que lembra as antigas pin ups da década de 50, em especial Bettie Page, a moça desfila seu repertório enquanto esbanja simpatia e carinho entre os fãs que a visitam antes e após as apresentações. Aspectos de sua vida pessoal também são mostrados, inclusive o fim de seu relacionamento com o comediante Russel Brand. O filme consegue captar cenas interessantes dela bem antes do show em São Paulo quando abalada emocionalmente por sua separação ainda encontra forças para subir ao palco, sob lágrimas.

Em termos de méritos cinematográficos não há muito o que discutir. O filme é um produto feito para fãs e eventuais curiosos que queiram conhecer um pouco sobre essa cantora teen popular. A estrutura chega até mesmo a lembrar um reality show televisivo! No fundo ela demonstra algum descontrole emocional nos bastidores, agindo tal como uma adolescente que brigou com o namorado da escola! Por falar em teen uma das cenas mais curiosas é aquela em que a própria cantora admite que já não é mais nenhuma criança (ela tem na realidade 27 anos) mas que procura agir como uma garotinha adolescente de 16 anos, Pelo que vemos em cena isso é bem verdadeiro. Aliás agindo assim ela acaba criando uma grande identidade com seu público que é formado basicamente por uma garotada na faixa etária que vai dos 12 até no máximo 18 anos. De fato parece mesmo uma “meninona” e seu show reflete bem isso, com uso de muitos doces e chocolates no cenário, além de uma profusão de símbolos infantis por todos os lados (assim como Michael Jackson ela também parece ser obcecada por mundos de contos de fadas). O lado positivo é que ela tem uma música livre de apologias a drogas e outras barbaridades. É inofensiva, provavelmente fabricada, mas no mundo em que vivemos é bem melhor ter uma cantora como ela nas paradas do que um rapper raivoso vociferando versos incentivando os garotos dos guetos a dar tiros em policiais. A moça é simpática e sua música é não apenas chiclete mas algodão doce também. Em suma é um produto feito para ser consumido por um grupo específico de pessoas, no caso os fãs da cantora Katy Perry. Para os cinéfilos em geral não há grande interesse em conferir essa produção.


Katy Perry: Part of Me (Estados Unidos, 2012) Direção: Dan Cutforth, Jane Lipsitz / Roteiro: Dan Cutforth / Elenco: Katy Perry,  Adam Marcello, Rihanna, Justin Bieber, Lady Gaga, Ellen DeGeneres, Russell Brand, Angelica Baehler-Cob, Glen Ballard / Sinopse: Documentário que mostra os shows e bastidores da turnê mundial da cantora jovem Katy Perry.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de outubro de 2012

Forrest Gump

Forrest Gumo foi o grande vencedor do Oscar de 1995. Naquele ano ele concorreu ao Oscar de melhor filme com "Pulp Fiction", "Quatro Casamentos e um Funeral", "Quiz Show" e "Um Sonho de Liberdade". Para muitos o filme merecedor do prêmio máximo da Academia naquele ano seria mesmo "Um Sonho de Liberdade" com "Pulp Fiction" em segundo lugar, mas não foi bem assim que pensaram os membros votantes que preferiram premiar um filme mais convencional, com "cara de Oscar". "Forrest Gump" é basicamente uma comédia com pitadas de drama que coloca um sujeito comum, com QI abaixo da média, fazendo parte de eventos marcantes da história americana. Assim lá estava Forrest presenciando o surgimento de mitos como Elvis Presley ou então lado a lado dos grandes  nomes da luta pelos direitos civis, se tornando destaque em uma das manifestações mais conhecidas que foram realizadas na capital do país. Como não poderia faltar Forrest ainda participa da guerra do Vietnã e se torna herói nacional, tudo aliás da forma mais involuntária possível. Um personagem picaresco por definição. Embalado pela maravilhosa trilha sonora recheada de sucessos das décadas de 50 e 60 a produção ainda ganhou um lindo tema incidental escrito com muito talento pelo maestro Alan Silvestri.. Em um daqueles casos de completa simbiose entre ator e personagem, Tom Hanks brilha como Forrest. De fato não consigo imaginar nenhum outro ator que fosse tão adequado como ele, simplesmente perfeita sua caracterização. Não sei até que ponto sua atuação seria digna de um Oscar mas que é certamente inspirada não tenho a menor dúvida.

No fundo Forrest Gump é uma fábula em forma de conto que tenta revisionar os principais acontecimentos da história americana de uma forma bem humorada e leve. Sob os olhos ingênuos de Forrest vamos presenciando o absurdo de certos eventos históricos como o conflito do Vietnã, uma guerra sem propósito ou objetivos claros. O roteiro também satiriza a própria cultura americana que quase sempre transforma verdadeiros idiotas, como o próprio Forrest, em símbolos nacionais A cena de sua corrida mostra bem isso. Forrest decide simplesmente correr por aí, sem nenhum objetivo ou idéia por trás mas a mídia acaba transformando sua maratona em algo muito maior, em algo que ele jamais havia pensado ou planejado.  O momento em que simplesmente decide parar de correr no meio do deserto, com um bando de seguidores vindo atrás é certamente um dos mais divertidos do cinema na década de 90. Em termos de tecnologia o filme também foi um marco pois as montagens de Forrest com os antigos presidentes americanos ficaram realmente perfeitas. Seja como for, se a vida é ou não uma caixinha de chocolate o fato é que Gump caiu no gosto de público e crítica, se tornando um grande sucesso de bilheteria, logo virando queridinho da mídia, a mesma que o próprio filme satiriza. No final foi premiado com os Oscars de melhor filme, ator (Tom Hanks), Diretor (Robert Zemeckis), Roteiro Adaptado, Efeitos Especiais e Edição. Como se vê a sua consagração foi completa nas principais categorias.

Forrest Gump (Forrest Gump, Estados Unidos, 1994) Direção: Robert Zemeckis / Roteiro: Eric Roth / Elenco: Tom Hanks, Robin Wright Penn, Gary Sinise, Mykelti Williamson, Sally Field / Sinopse: Sem querer o jovem Forrest Gump (Tom Hanks) acaba participando de grandes momentos da história norte-americana. Ao lado de mitos da música e presidentes americanos ele tenta reconquistar o amor de sua infância.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de outubro de 2012

The Gray Man

The Gray Man (em tradução literal “O homem grisalho”) é um filme terrível porque foi baseado inteiramente em fatos reais. O enredo conta a história do monstro e serial killer Albert Fish. Logo na infância perdeu seus pais se tornando órfão. Criado em instituições do governo só saiu de lá quando se casou. Vivendo em empregos medíocres Fish tinha muitas dificuldades para manter sua família com esposa e seis filhos. Tanta pressão parece ter levado Fish a uma crise histérica. Após ser abandonado pela esposa ele começou a apresentar sintomas de doença mental. Em pouco tempo largou o emprego e passou a viver a esmo. Não tardou a perder completamente a razão e começou a cometer assassinatos de crianças que encontrava perdidas de seus pais ou sozinhas pelos locais por onde passava. Tinha uma aparência de bom velhinho, que não fazia mal a ninguém e era justamente com essa imagem de “vovozinho” que ganhava a confiança das crianças. Após presenteá-las com doces e brinquedos as levava para casas abandonadas onde cometia as maiores barbaridades. Albert Fish era absurdamente cruel e promovia torturas com os pequeninos, chegando ao ponto de praticar canibalismo.

The Gray Man se foca no caso mais escabroso da violenta série de mortes de Albert Fish. No auge da grande depressão Fish se fingiu de rico comerciante e ofereceu emprego a dois jovens de uma pobre família. Logo ganhou a confiança dos pais dos rapazes e ficou particularmente interessado na pequena caçula da família, uma garotinha de apenas oito anos de idade. Após afirmar para os pais da menina que ia a uma festa de aniversário naquela tarde sugeriu que levasse também a menina para se divertir na festinha. O problema é que não havia festa nenhuma e Albert Fish estava mentindo, tudo com o objetivo de seqüestrar e matar a pobre criança. A partir desse ponto não convém contar mais nada para não estragar as surpresas para quem ainda não viu o filme. A crueldade e o sadismo de Fish ficaram conhecidas entre os criminalistas da época e até hoje Fish é considerado um dos serials killers mais sanguinários e violentos da história dos EUA só perdendo em demência e degeneração talvez para Ed Gein (que inspirou inúmeros assassinos de ficção no cinema). De qualquer modo fica a indicação para quem estiver interessado em conhecer a história desse assassino cruel que certamente fez o Hannibal Lecter parecer amador. Assista e tente chegar até o fim do filme sem passar mal com o que você irá presenciar em cena. Por fim fica o aviso: The Gray Man é forte e não indicado para pessoas sensíveis ou impressionáveis.

The Gray Man (Estados Unidos, 2007) Direção: Scott L. Flynn / Roteiro: Lee Fontanella, Colleen Cochran / Elenco: Patrick Bauchau, Jack Conley, John Aylward / Sinopse: Albert Fish (Patrick Bauchau) aparenta ser um velhinho cordial, educado e inofensivo. Dando doces e presentes acaba ganhando a confiança de crianças pequenas. O problema é que Fish é um terrível serial killer e canibal que deixa um rastro de mortes terríveis por onde passa. Baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

Agarra-me Se Puderes

Hoje em dia Burt Reynolds é uma sombra do que foi. Na década de 70 ele era o rei das bilheterias. Estrelando filmes de consumo popular o ator era o sonho de todas as mulheres e para completar a inveja de todos os homens. Usando um visual macho man, com bigode e jeito de caipirão o ator logo foi elevado ao patamar de ídolo das multidões. Seu auge de popularidade ocorreu justamente nesse "Agarra-me Se Puderes" uma das maiores bilheterias da década de 70. A produção caiu no gosto dos americanos e fez tanto sucesso que daria origem a mais dois filmes, com enredo praticamente igual, e que no Brasil receberam os inacreditáveis títulos de "Desta Vez Te Agarro" (1980) e "Agora Você Não Escapa" (1983). Mas qual foi o segredo do sucesso desses filmes? Em essência a trilogia nada mais é do que uma série de filmes que misturam humor e ação, tudo embalado com muitas perseguições, fugas espetaculares e policiais estúpidos.

O filme sendo sincero não tem muito pé, nem cabeça. Tudo se resume na tentativa de um caminhoneiro chamado Bandit (Burt Reynolds) em levar cervejas para uma festa red neck no leste do Texas! O problema é que isso seria proibido por um xerife casca grossa local. Em cima desse argumento simplório toda a trama do filme é construída. Pela estrada afora Bandit enfrenta uma centena de tiras que sempre estão em seu encalço. Nem precisa dizer que os tiras retratados no filme são todos palermas e incompetentes, incluindo o interpretado pelo ator Mike Henry, o mesmo sujeito que não deu certo como Tarzan na década anterior. É a velha fórmula de rir da autoridade sendo passada para trás por um esperto caipira, às do volante. De resto tem a Sally Field, novinha, fazendo uma noiva em fuga de seu casamento. Mas nem se preocupe, isso não tem a menor importância. O que importa mesmo em "Agarra-me Se Puderes" é a ação sem trégua e as risadas de Bandit quando a polícia come sua poeira pelas estradas americanas. Se você entrar no clima certamente vai se divertir também.

Agarra-me Se Puderes (Smokey and the Bandit, Estados Unidos, 1977) Direção: Hal Needham / Roteiro: Hal Needham, Robert L. Levy / Elenco: Burt Reynolds, Sally Field, Jerry Reed, Mike Henry, Michael Mann / Sinopse: Bandit (Burt Reynolds) é um caminhoneiro fanfarrão que tentará levar um carregamento de bebidas para o leste do Texas. Sua viagem porém não será fácil pois o zerife local quer impedir que ele chegue ao seu destino.

Pablo Aluísio.