Em essência é um documentário musical mostrando a turnê mundial de Katy Perry, uma jovem cantora que tem feito muito sucesso nas paradas. Para se ter uma idéia a garota já conseguiu um feito e tanto – emplacar cinco canções consecutivas entre as dez mais da principal parada dos Estados Unidos. Nem os Beatles conseguiram tal proeza! Para quem quiser entender seu êxito comercial o filme traz boas pistas! Katy Perry é uma artista pop, do mesmo nicho de mercado em que estão inseridas outras cantoras de seu estilo como Avril Lavigne e Britney Spears. Como sempre acontece com artistas pop há muita produção envolvida em seus concertos, grupo de dançarinos, cenários elaborados e coreografias exaustivamente ensaiadas. A Perry surge tanto no palco como nos bastidores mostrando de forma até didática seus primeiros passos rumo à fama. Filha de pastores evangélicos itinerantes Katy surgiu inicialmente como cantora gospel e só depois, bem mais velha, abraçou o cenário pop. Com visual que lembra as antigas pin ups da década de 50, em especial Bettie Page, a moça desfila seu repertório enquanto esbanja simpatia e carinho entre os fãs que a visitam antes e após as apresentações. Aspectos de sua vida pessoal também são mostrados, inclusive o fim de seu relacionamento com o comediante Russel Brand. O filme consegue captar cenas interessantes dela bem antes do show em São Paulo quando abalada emocionalmente por sua separação ainda encontra forças para subir ao palco, sob lágrimas.
Em termos de méritos cinematográficos não há muito o que discutir. O filme é um produto feito para fãs e eventuais curiosos que queiram conhecer um pouco sobre essa cantora teen popular. A estrutura chega até mesmo a lembrar um reality show televisivo! No fundo ela demonstra algum descontrole emocional nos bastidores, agindo tal como uma adolescente que brigou com o namorado da escola! Por falar em teen uma das cenas mais curiosas é aquela em que a própria cantora admite que já não é mais nenhuma criança (ela tem na realidade 27 anos) mas que procura agir como uma garotinha adolescente de 16 anos, Pelo que vemos em cena isso é bem verdadeiro. Aliás agindo assim ela acaba criando uma grande identidade com seu público que é formado basicamente por uma garotada na faixa etária que vai dos 12 até no máximo 18 anos. De fato parece mesmo uma “meninona” e seu show reflete bem isso, com uso de muitos doces e chocolates no cenário, além de uma profusão de símbolos infantis por todos os lados (assim como Michael Jackson ela também parece ser obcecada por mundos de contos de fadas). O lado positivo é que ela tem uma música livre de apologias a drogas e outras barbaridades. É inofensiva, provavelmente fabricada, mas no mundo em que vivemos é bem melhor ter uma cantora como ela nas paradas do que um rapper raivoso vociferando versos incentivando os garotos dos guetos a dar tiros em policiais. A moça é simpática e sua música é não apenas chiclete mas algodão doce também. Em suma é um produto feito para ser consumido por um grupo específico de pessoas, no caso os fãs da cantora Katy Perry. Para os cinéfilos em geral não há grande interesse em conferir essa produção.
Katy Perry: Part of Me (Estados Unidos, 2012) Direção: Dan Cutforth, Jane Lipsitz / Roteiro: Dan Cutforth / Elenco: Katy Perry, Adam Marcello, Rihanna, Justin Bieber, Lady Gaga, Ellen DeGeneres, Russell Brand, Angelica Baehler-Cob, Glen Ballard / Sinopse: Documentário que mostra os shows e bastidores da turnê mundial da cantora jovem Katy Perry.
Pablo Aluísio.
Katy Perry - Part of Me
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