Forrest Gumo foi o grande vencedor do Oscar de 1995. Naquele ano ele concorreu ao Oscar de melhor filme com "Pulp Fiction", "Quatro Casamentos e um Funeral", "Quiz Show" e "Um Sonho de Liberdade". Para muitos o filme merecedor do prêmio máximo da Academia naquele ano seria mesmo "Um Sonho de Liberdade" com "Pulp Fiction" em segundo lugar, mas não foi bem assim que pensaram os membros votantes que preferiram premiar um filme mais convencional, com "cara de Oscar". "Forrest Gump" é basicamente uma comédia com pitadas de drama que coloca um sujeito comum, com QI abaixo da média, fazendo parte de eventos marcantes da história americana. Assim lá estava Forrest presenciando o surgimento de mitos como Elvis Presley ou então lado a lado dos grandes nomes da luta pelos direitos civis, se tornando destaque em uma das manifestações mais conhecidas que foram realizadas na capital do país. Como não poderia faltar Forrest ainda participa da guerra do Vietnã e se torna herói nacional, tudo aliás da forma mais involuntária possível. Um personagem picaresco por definição. Embalado pela maravilhosa trilha sonora recheada de sucessos das décadas de 50 e 60 a produção ainda ganhou um lindo tema incidental escrito com muito talento pelo maestro Alan Silvestri.. Em um daqueles casos de completa simbiose entre ator e personagem, Tom Hanks brilha como Forrest. De fato não consigo imaginar nenhum outro ator que fosse tão adequado como ele, simplesmente perfeita sua caracterização. Não sei até que ponto sua atuação seria digna de um Oscar mas que é certamente inspirada não tenho a menor dúvida.
No fundo Forrest Gump é uma fábula em forma de conto que tenta revisionar os principais acontecimentos da história americana de uma forma bem humorada e leve. Sob os olhos ingênuos de Forrest vamos presenciando o absurdo de certos eventos históricos como o conflito do Vietnã, uma guerra sem propósito ou objetivos claros. O roteiro também satiriza a própria cultura americana que quase sempre transforma verdadeiros idiotas, como o próprio Forrest, em símbolos nacionais A cena de sua corrida mostra bem isso. Forrest decide simplesmente correr por aí, sem nenhum objetivo ou idéia por trás mas a mídia acaba transformando sua maratona em algo muito maior, em algo que ele jamais havia pensado ou planejado. O momento em que simplesmente decide parar de correr no meio do deserto, com um bando de seguidores vindo atrás é certamente um dos mais divertidos do cinema na década de 90. Em termos de tecnologia o filme também foi um marco pois as montagens de Forrest com os antigos presidentes americanos ficaram realmente perfeitas. Seja como for, se a vida é ou não uma caixinha de chocolate o fato é que Gump caiu no gosto de público e crítica, se tornando um grande sucesso de bilheteria, logo virando queridinho da mídia, a mesma que o próprio filme satiriza. No final foi premiado com os Oscars de melhor filme, ator (Tom Hanks), Diretor (Robert Zemeckis), Roteiro Adaptado, Efeitos Especiais e Edição. Como se vê a sua consagração foi completa nas principais categorias.
Forrest Gump (Forrest Gump, Estados Unidos, 1994) Direção: Robert Zemeckis / Roteiro: Eric Roth / Elenco: Tom Hanks, Robin Wright Penn, Gary Sinise, Mykelti Williamson, Sally Field / Sinopse: Sem querer o jovem Forrest Gump (Tom Hanks) acaba participando de grandes momentos da história norte-americana. Ao lado de mitos da música e presidentes americanos ele tenta reconquistar o amor de sua infância.
Pablo Aluísio.