terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Jane Eyre

Jane Eyre é um clássico da literatura inglesa então obviamente o texto do roteiro tem muito pedigree. No fundo é uma estória bem romântica com várias reviravoltas, amores impossíveis, romantismo exacerbado e heróis galantes. Aqui acompanhamos a triste saga de Jane Eyre. Bem nascida tem o azar de ver seus dois pais mortos. Nas mãos de uma parenta megera logo é internada em um colégio interno, daqueles de dar arrepios, com quartos escuros e professoras violentas. Castigo físico é rotina além de muitas horas de estudo e trabalho. Jane então se torna uma moça adulta e ao sair da escola procura um emprego como governanta numa luxuosa propriedade campestre britânica (aqueles casarões que estamos acostumados a ver em filmes e séries britânicas como Downtown Abbey). Aí nesse local ela viverá emoções, paixões e tudo o mais que não convém contar mais para não estragar.

A produção é da BBC Films, então bom gosto e classe refinados é o mínimo a se esperar. A direção é meio burocrática, sem grandes arroubos autorais o que é de se compreender pois o diretor Cary Fukunaga (que apesar do nome é americano) quis apenas contar a estória do livro sem tirar nem colocar nada. Quis ser eficiente e correto. Se não atrapalha também não emociona. Percebi que diante de tanto zelo pela obra original o filme acabou soando frio, gélido, sem grandes emoções. Até mesmo o romance central (que deveria ser um arroubo de paixões descontroladas) se torna morno. De qualquer forma ainda recomendo por causa da bonita produção, dos belos jardins e da chance de conhecer, nem que seja pela tela, a obra da escritora inglesa Charlotte Bront.

Jane Eyre (Jane Eyre, Estados Unidos, 2011) Direção: Cary Fukunaga / Roteiro: Moira Buffini / Elenco: Mia Wasikowska, Jamie Bell e Sally Hawkins / Sinopse: Jane Eyre (Mia Wasikowska) morava com sua tia, e ao ficar órfã é levada para morar em um internato. Quando adulta, ela vai trabalhar como governanta na casa de Edward Rochester (Michael Fassbender) mas em breve o destino mudará completamente sua vida.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Nova York Sitiada

Título no Brasil: Nova York Sitiada
Título Original: The Siege
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Edward Zwick
Roteiro: Lawrence Wright
Elenco: Denzel Washington, Bruce Willis, Annette Bening

Sinopse:
Após o rapto pelos militares dos EUA de um líder religioso islâmico, a cidade de Nova Iorque se torna o alvo de crescentes ataques terroristas. Anthony Hubbard (Denzel Washington), o chefe da Força-Tarefa de Combate ao Terrorismo do FBI em Nova York e a agente da CIA Elise Kraft (Annette Bening) se unem para caçar as células terroristas responsáveis ​​pelos ataques. Como os ataques continuam, o governo dos EUA decide declarar a lei marcial, enviando tropas norte-americanas, lideradas pelo general Devereaux (Bruce Willis), para as ruas de Nova York

Comentários:
Rever esse filme hoje em dia chega a ser assustador pois o roteiro de certa forma antecipa muito do que viria a acontecer em Nova Iorque em 2001. A cidade sendo alvo de vários atentados terroristas de proporções inimagináveis. Além do roteiro ter sido profético nesse ponto ainda temos um bom elenco, com atores perfeitamente inseridos em seus personagens. Um exemplo é Denzel Washington, como sempre muito competente em sua caracterização mais intelectual. Como contraponto a ele surge o personagem brutamontes de Bruce Willis, um militar linha dura que não está muito preocupado com agir com cautela, pelo contrário, o que ele pretende mesmo é usar da força e violência de forma irrestrita. Um ótimo filme de ação, muito bem escrito e realizado, que mostrou um cenário de caos para os americanos. Pena que eles próprios não levaram tudo muito a sério, se tivessem previsto aquilo como algo real provavelmente 11 de setembro jamais teria acontecido.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sete Dias Com Marilyn

Hoje tive a grata surpresa de conferir esse "My Week With Marilyn". Quando o projeto foi anunciado eu realmente torci o nariz. Geralmente grandes ídolos do passado não ganham filmes à altura (vide as diversas bobagens feitas sobre Elvis Presley até hoje). Depois quando Michelle Williams foi anunciada fiquei ainda mais receoso. Inicialmente a achei meio inadequada, embora tenha adorado sua atuação em "Blue Valentine" (um excelente filme baseado em atuações maravilhosas sobre as dificuldades de um relacionamento adulto). Será que ela saberia lidar com a complexidade da personalidade de Marilyn Monroe?

Felizmente respirei aliviado quando "My Week With Marilyn" terminou.. Tudo é de muito bom gosto, o roteiro é bem escrito e as atuações são ótimas. Na minha forma de ver essa estrutura do argumento em que é valorizado apenas algum evento especifico da vida do biografado costuma dar muito mais certo do que quando tentam em um só filme retratar toda a história de vida da pessoa enfocada. Isso aconteceu recentemente com "A Dama de Ferro" em que tentaram dar um passo maior do que a perna e contar toda a história de Margaret Thatcher em apenas um filme - algo simplesmente impossível e que geralmente resulta em produções vazias e incompletas (apesar da ótima atuação de Meryl Streep considerei seu filme muito superficial).

Aqui acompanhamos a complicada gravação do filme "O Príncipe Encantado" que Marilyn Monroe (Michelle Williams) filmou na Inglaterra (fato único em sua carreira). Não deixa de ser cômico acompanhar o britânico Sir Laurence Olivier (Keneth Branagh) com toda sua organização e pontualidade arrancando os cabelos da cabeça com os constantes problemas de Marilyn durante as filmagens (sempre atrasada, sempre errando o texto do filme, tendo crises matrimoniais e depressivas, etc). O curioso é que o filme conseguiu retratar esse lado nada lisonjeiro do mito de forma não agressiva ou desrespeitosa. Seria muito fácil colocar uma Marilyn caindo pelo set, obviamente drogada ou bêbada. Felizmente o bom senso falou mais alto e aqui acompanhamos ela tal como realmente aconteceu - a atriz com muitos problemas pessoais, porém sem cair no sensacionalismo barato.

O foco do filme se concentra na aproximação de Marilyn com o terceiro assistente de direção, o jovem Collin Clarke (Eddie Redmayne). No meio do caos ela acaba se aproximando desse garoto que dentro da equipe não tinha nenhuma importância mas que acaba ganhado sua amizade e afeto. O curioso é que tudo que vemos na tela foi inspirado no próprio relato de Collin Clarke que por uma sorte do destino estava lá, no lugar e no tempo certos! Uma dessas coisas que só acontecem mesmo uma vez na vida de qualquer pessoa! Existe até hoje uma certa dúvida sobre a veracidade ou não de seu livro mas de certa forma isso não tem tanta importância pois não seria o primeiro livro a misturar fatos reais com toques de ficção! O texto é divertido e se for apenas uma lorota temos que reconhecer que é tudo muito bem escrito (e descrito). Infelizmente o autor faleceu em 2002 e não teve a oportunidade de ver sua obra adaptada tão bem para a tela de cinema.

Como já era esperado Michelle Williams só tinha dois caminhos ao interpretar Marilyn: ou atuar de forma convincente ou cair na caricatura! Muitos atores que interpretam mitos do passado como Elvis ou Marilyn inevitavelmente caem na caricatura pura e simples! Viram palhaços de forma inconsciente! Embora não seja muito parecida fisicamente com Monroe a atriz Michelle surpreende. Ela está doce, delicada (e complicada) em cena, tal como a Norma Jean da vida real. Concorrendo ao Oscar contra Meryl Streep por "A Dama de Honra" realmente ficarei chateado se perder pois considero seu trabalho muito superior à da colega. Sem grande uso de maquiagem pesada (como Streep), Michelle Williams conseguiu sumir dentro da personagem, o que prova seu fenomenal trabalho de atuação. O fato é que Marilyn era uma pessoa com sonhos, sentimentos e pensamentos que a distanciavam do estereotipo de "loira burra" que seus personagens acabaram criando na mente do público. Captar a essência dessa pessoa é o grande trunfo desse filme.

O diretor Simon Curtis tem uma das melhores séries da BBC no currículo, chamada Cranford (que acompanhei e fiquei maravilhado). Aqui ele repete integralmente seu bom gosto e finesse em cena. Tudo é encenado e recriado com uma delicadeza cuidadosa que foge sempre do lugar comum. A reconstituição de época também me agradou bastante, assim como os pequenos detalhes da produção (que contam muito no saldo final). A única crítica maior que teria a fazer ao filme seria a pouco relevância dada pelo roteiro a outro mito da história do cinema presente na história: Vivien Leigh, esposa de Laurence Olivier. No filme sua figura surge apagada e sem grande atrativo. Uma pena, mas tudo bem, "My Week With Marilyn" não deixa de ser brilhante por esse pequeno tropeço. Do jeito que está o filme me agradou bastante e recomendo aos fãs da eterna Marilyn Monroe, uma mulher tão linda quanto complexa, uma combinação totalmente explosiva vamos convir. Assistam sem susto, pois o filme é acima de tudo uma bela homenagem ao maior mito sexual da história do cinema.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Jovens Adultos

Para algumas pessoas os anos no colégio representam o ponto alto de suas vidas. Principalmente para os populares, os bonitos, os "reis do high school". Quando os anos chegam e se vêem em dificuldades emocionais e financeiras sentem enorme saudades daquele período - incluindo aí os antigos amores do passado. É justamente essa situação que vive Mavis Gary (Charlize Theron). Rainha da beleza no colégio de sua cidade, popular ao extremo, ela chega aos 37 anos sem muito o que comemorar. Divorciada, fazendo sexo casual com desconhecidos, sem conseguir se firmar na carreira de escritora, ela acaba surtando quando recebe um Email de seu antigo namorado de escola anunciando com muita alegria o nascimento de seu filho! Sem pensar muito ela decide voltar à pequena cidade de Mercury para tentar reconquistar o namoradinho dos tempos de escola. O roteiro de "Jovens Adultos" é de Diablo Cody, ex stripper que acabou ficando famosa depois do sucesso de "Juno", uma pequena obra prima que causou impacto em seu lançamento.

Depois de se envolver com algumas bobagens como "Garota Infernal" finalmente Diablo reencontra o caminho dos bons roteiros. "Jovens Adultos" não é um filme excepcional mas dentro de sua proposta é muito bem realizado e escrito. E o mérito não cabe apenas a Diablo Cody mas também a ótima atriz Charlize Theron. Sua personagem não é nenhuma heroína romântica, pela contrário, ela mente, age mal e tenta de todas as formas roubar o antigo namorado de sua atual esposa. Em nenhum momento tem alguma crise de consciência por agir assim e nem está preocupada com os fatores morais de sua decisão. Em outras palavras é uma personagem muito próxima do que efetivamente acontece na maioria da vida das pessoas. Eu particularmente gostei bastante do resultado final justamente por isso, de sua veracidade. Enfim "Jovens Adultos" é uma boa pedida, espero que daqui em diante Diablo Cody realize mais projetos como esse e "Juno" e deixa as bobagens definitivamente de lado.

Jovens Adultos (Young Adult, Estados Unidos, 2011) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Diablo Cody / Com: Charlize Theron, Patrick Wilson e Patton Oswalt / Sinopse: Charlize Theron interpreta Mavis Gary, uma escritora de livros infantis que retorna para sua pequena cidade natal para recuperar seus dias de glória do tempo em que era a rainha da beleza em sua escola.

Pablo Aluísio.

Tiros na Broadway

Título no Brasil: Tiros na Broadway
Título Original: Bullets Over Broadway
Ano de Produção: 1994
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax Films
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen, Douglas McGrath
Elenco: John Cusack, Dianne Wiest, Jack Warden, Chazz Palminteri, Joe Viterelli, Jennifer Tilly, Rob Reiner, Mary-Louise Parker.

Sinopse:
Nova Iorque, década de 1920. O dramaturgo e escritor David Shayne (John Cusack) é um idealista que não aceita vender a dignidade de sua arte. Sem trabalho e passando por dificuldades acaba porém aceitando o financiamento de um gângster valentão para a produção de uma de suas peças. Para isso há uma condição que o escritor terá que aceitar, a escalação da namorada pouco talentosa do chefe criminoso, Olive (Jennifer Tilly), que terá que ganhar um destaque dentro da encenação.

Comentários:
Arranjar um lugar numa peça para alguém sem qualquer talento. Como se isso não fosse um problema e tanto Shayne ainda tem que lidar com o complicado temperamento de sua estrela principal, Helen Sinclair (Dianne Wiest). No meio de tanta confusão todos são surpreendidos ainda pelo improvável talento para a dramaturgia do grandalhão capanga do chefe mafioso, o truculento Cheech (Chazz Palminteri). Um filme muito querido do diretor por seus fãs. Por essa época Woody Allen pareceu ter flertado com o cinemão americano mais comercial. Seus roteiros mais intelectuais, intimistas, interiores, que discutiam questões existenciais foram deixados de lado para dar mais espaço ao humor, aos figurinos luxuosos e à uma produção bem mais trabalhada. Mesmo assim o diretor conseguiu fazer tudo isso sem deixar de lado sua inteligência, além da fina ironia que sempre o caracterizou. Um Allen excelente!.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Toda Forma de Amor

Jovem cartunista (Ewan McGregor) relembra dois períodos distintos de sua vida. No primeiro recorda dos últimos momentos da vida de seu pai (Christopher Plummer). Diagnosticado com um cãncer agressivo seu velho resolve finalmente, aos 75 anos, assumir sua homossexualidade para espanto de todos. Na outra linha temporal ele recorda o começo de seu relacionamento com uma jovem francesa (Melanie Laurent). Após conhecer a charmosa garota numa festa ele finalmente sente que encontrou sua cara metade. Será mesmo? Lida assim a sinopse podemos ficar com a impressão que o filme "Toda Forma de Amor" é no fundo um dramalhão com ares de comédia romântica. Nada mais longe da realidade. O roteiro com muita inteligência e sutileza dribla essa armadilha e constrói um filme muito bem amarrado, cativante, com muito bom humor e inteligência. O fato do personagem ser cartunista ajuda muito nesse aspecto. Ao longo da estória vamos acompanhando com muito charme as intervenções do personagem principal, ao mesclar seu trabalho com os eventos que vai vivenciando em sua vida pessoal.

O elenco está excepcionalmente bem. Também pudera, essa é um produção fundada em diálogos e boas atuações eram mais do que necessárias para dar tudo certo. Após um hiato de alguns anos aparecendo em filmes apenas medianos o ator Ewan McGregor finalmente volta à boa forma. O personagem que interpreta, Oliver, sem dúvida é um presente para qualquer intérprete. Irônico, levemente deprimido, ele vê o mundo pelos olhos da arte que produz e isso faz toda a diferença no resultado final. Já Christopher Plummer parece também ter tirado a sorte grande. Interpretando o velho Hal ele simplesmente dá show em cena. Ao dar vida a uma pessoa que não precisa mais provar nada à ninguém ele brilha em cena. Não me admira em nada o fato dele ter sido o vencedor do Oscar e ter ganho vários prêmios nas útlimas semanas. Merece. Enfim, "Toda Forma de Amor" é simpático, agradável e muito bem atuado. Nos tempos atuais em que o cinema cada vez mais demonstra sinais de escassez dessas qualidades o filme é mais do que recomendado.

Toda Forma de Amor (Beginners, Estados Unidos, 2011) Direção: Mike Mills /Roteiro: Mike Mills / Elenco: Ewan McGregor, Christopher Plummer e Mélanie Laurent / Sinopse: Oliver (Ewan McGregor) conhece a irreverente e imprevisível Anna (Mélanie Laurent), alguns meses após seu pai Hal Campos (Christopher Plummer) ter falecido. Este novo amor preenche a memória de Oliver com recordações de seu pai, que saiu do armário aos 75 anos, após a morte de sua esposa de 45 anos, para viver uma vida completa.

Pablo Aluísio.

O Despertar de Uma Paixão

Jovem médico inglês (Edward Norton) resolve se voluntariar para ir até a distante China onde está ocorrendo uma epidemia de cólera. A viagem tem dois objetivos: estudar o vírus da doença e levar sua esposa (Naomi Watts) para bem longe de Londres onde ele tem um caso extra conjugal com um influente político. "O Despertar de uma Paixão" me lembrou muito de outro filme que segue basicamente a mesma linha: "Entre Dois Amores". Em ambos acompanhamos os problemas de relacionamento entre duas pessoas em uma região exótica ou distante dos grandes centros. Esse tipo de produção atual com estilo de filmes antigos me atrai muito. O fato do roteiro ser baseado em famosa obra literária (de autoria de W. Somerset Maugham) só ajuda a engrandecer ainda mais o resultado final. Gostei de basicamente tudo, do enredo, da trilha sonora e claro da melhor coisa da produção: sua fotografia deslumbrante. O elenco está muito bem. Edward Norton compõe um personagem muito tímido, um cientista que não se dá muito bem com relacionamentos humanos. Sua aproximação com sua futura esposa no começo do filme é complicada pois ele não leva o menor jeito com galanteios. Essa aliás só se casa com ele por pura falta de opção após ser pressionada por seus pais (que abominam a idéia dela continuar solteirona).

O filme foi dirigido pelo cineasta John Curran que não tem nada de muito relevante em sua filmografia. De qualquer forma eu gostei de seu "Homens em Fúria" que apesar de não ter sido um sucesso de público e crítica demonstrou que Curran sabe acima de tudo contar uma boa estória. Se for passada em lugares remotos, com ótimas paisagens de fundo, ainda melhor. Aqui também há um subtexto muito interessante ao mostrar um homem da ciência tentando vencer preconceitos e tradições arcaicas em um lugar distante de tudo e de todos. Em suma, vale a pena assistir esse "O Despertar de Uma Paixão" um filme com jeitão de produção antiga, daquelas que não se fazem mais como antigamente.

O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil, Estados Unidos, 2006) Direção: John Curran / Roteiro:Ron Nyswaner, baseado em livro de W. Somerset Maugham / Elenco: Edward Norton, Naomi Watts, Liev Schreiber e Toby Jones / Sinopse: Na década de 1920. Walter Fane (Edward Norton), um médico de classe média alta se casa com Kitty (Naomi Watts). Logo após se mudam para a China onde o marido pretende relaizar pequisas médicas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Beleza Roubada

Título no Brasil: Beleza Roubada
Título Original: Stealing Beauty
Ano de Produção: 1996
País:  Itália / França / Reino Unido
Estúdio: Fiction Films, France 2 Cinéma
Direção: Bernardo Bertolucci
Roteiro: Bernardo Bertolucci, Susan Minot
Elenco: Liv Tyler, Jeremy Irons, Jason Flemying, Stefania Sandrelli, Rachel Weisz.

Sinopse:
Lucy Harmon (Liv Tyler) é uma jovem americana que decide ir até a Itália para descansar, reencontrar velhos amigos e repensar sua vida. Sua mãe havia se suicidado e ela procura entender o que de fato teria acontecido. A paz e a tranquilidade da Europa podem lhe trazer todas as respostas. Além disso ela pretende na viagem à Toscana descobrir a identidade de seu pai biológico, há muito desconhecido. A bucólica região acabará lhe trazendo novas perspectivas, com alegrias, novos amores e reflexões sobre si mesma.

Comentários:
O filme mais leve e despretensioso do grande cineasta Bernardo Bertolucci. Aqui ele deixa a complexidade torturada de alguns de seus personagens de filmes anteriores para mostrar a bucólica realidade de uma garota que está em busca do amor de sua vida enquanto passeia numa Itália dos sonhos. Essa produção transformou Liv Tyler na musa dos filmes cults, muito embora tenha chamado a atenção inicialmente em sua carreira em diversos videoclips ao estilo MTV. Em termos de elenco porém quem rouba os holofotes é realmente Jeremy Irons que está soberbo em cada cena. Um grande ator em um filme menor. A Toscana nunca foi tão linda e solar! Mesmo assim acho um filme bem mediano que exagera na linguagem e no ritmo europeu de fazer cinema. No fundo a estória criada por Bernardo Bertolucci não é grande coisa e ele próprio parece deslumbrado com a presença de Liv Tyler em seu filme. Por certo estava apaixonado! Infelizmente nada disso transparece para a tela e Beleza Roubada logo se torna cansativo. Pois é, até beleza demais cansa em excesso.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Sob o Domínio do Medo

Essa é a segunda transposição para as telas do livro "The Siege of Trencher's Farm" de Gordon Williams. A obra literária original mostrava uma imagem nada agradável de certos moradores de uma típica cidade sulista do interior dos EUA. Embora o livro tenha sua fama todos os cinéfilos certamente se lembram muito mais do filme original com Dustin Hoffman no elenco e direção de Sam Peckinpah. O filme realizado na década de 70 marcou época por causa de sua violência estilizada. O original tinha uma tensão e um suspense inovadores na linguagem cinematográfica da época o que não se repete aqui nessa releitura. Nessa nova versão resolveu-se trocar tudo isso pela simples e pura violência irracional, sem maiores preocupações com estilo ou estrutura. Os tempos são outros realmente. O que realmente marca esse remake atual é sua característica de produção B com orçamento restrito..Por essa razão esqueça maiores comparações. Claro que a trama segue praticamente a mesma do antigo filme com Dustin Hoffman: casal vai morar em uma pequena cidade do sul dos EUA e lá começa a sofrer hostilidades dos moradores locais. A esposa é nascida na cidade e conhece as manias dos habitantes mas o maridão é do tipo nerd, roteirista e escritor de Hollywood que logo é tachado de "otário" pelos valentões e beberrões do local. Além disso ela foi namorada no passado de um dos trabalhadores locais que vai até sua casa para realizar reformas em um dos telhados do imóvel. A tensão decorrente dessa situação logo se impõe. Como sabemos os red necks (caipirões americanos) não são um bom exemplo de gente culta e civilizada. Pelo contrário, conseguem cultuar até nos dias atuais uma mentalidade completamente atrasada e anacrônica.

O elenco é todo formado basicamente por atores de seriados o que vai ser divertido para quem gosta de acompanhar séries. O destaque vai para o ator sueco Alexander Skarsgård. que interpreta o vampiro Eric Northman em "True Blood". Certamente ele tem uma boa presença em cena que não compromete o resultado do filme embora também não surpreenda em momento algum. James Marsden, que faz o protagonista, apesar de carismático ainda não tem cacife para levar uma produção dessas para o sucesso nas bilheterias (tanto que o filme teve resultado bem ruim nesse aspecto não conseguindo sequer recuperar seu investimento). De resto, como já disse, só sobra mesmo muita violência (estupros, torturas, assassinados e mortes bizarras - inclusive uma com uma armadilha para urso, totalmente inusitada). Enfim, um remake realmente desnecessário e sem importância mas que pode até mesmo servir para aliviar o tédio em uma tarde chuvosa se você não exigir muito.

Sob o Domínio do Medo (Straw Dogs, Estados Unidos, 2011) Direção: Rod Lurie / Roteiro: Rod Lurie, David Zelag Goodman baseados na obra "The Siege of Trencher's Farm" de Gordon Williams / Elenco: James Marsden, Kate Bosworth, Alexander Skarsgår / Sinopse: Casal vai morar em uma pequena cidade do sul dos EUA e lá começa a sofrer hostilidades dos moradores locais. A esposa é nascida na cidade e conhece as manias dos habitantes mas o maridão é do tipo nerd, roteirista e escritor de Hollywood que logo é tachado de "otário" pelos valentões e beberrões do local. Além disso ela foi namorada no passado de um dos trabalhadores locais que vai até sua casa para realizar reformas em um dos telhados do imóvel. A tensão decorrente dessa situação logo se impõe.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Vestígios do Dia

Terminei de rever "Vestígios Do Dia". Fazia tempo que tinha visto pela última vez então foi um prazer renovado. Nem é preciso dizer que mesmo após todos esses anos o filme não perdeu nem uma cota de seu charme, de sua delicadeza e de sua elegância. Na minha opinião ainda continua sendo uma grande obra prima do cinema. Muita gente não consegue até hoje captar a essência desse roteiro, o que é uma pena, pois a mensagem é tão sutil e delicada que passa despercebida a muitos. Não chegam a entender que "Vestígios do Dia" tem um dos enredos mais românticos já filmados. O mais interessante de tudo é que o filme consegue fazer isso sem nenhum tipo de afeto físico entre os protagonistas. Tudo é apenas sugerido, insinuado. Não há um beijo sequer entre eles, por exemplo. Isso porém acaba não tendo importância pois a emoção e o sentimento são tão presentes que esse tipo de coisa acaba sendo um mero detalhe.

A atração entre o mordomo (Hopkins) e sua governanta (Emma Thompson) é latente mas não assumida abertamente por causa das convenções sociais a que ambos estão submetidos. Além disso Hopkins brilha como uma pessoa que simplesmente não consegue expressar suas emoções. Criado para ser um mordomo a vida inteira e possuir uma educação exemplar ele acaba perdendo a capacidade de se revelar a quem quer que seja, mesmo para a mulher que sente atração e nutre sentimentos românticos. Assim é erguido um muro invisível que não deixa que ambos se declarem um ao outro. Tudo isso é de uma sutileza fenomenal. Apenas um cineasta com a sensibilidade de James Ivory conseguiria transportar isso para a tela no tom certo.

Desnecessário dizer que o resultado é excelente. O roteiro é um primor, a direção e a reconstituição de época são soberbas mas o melhor vem da interpretação dos atores. Esse filme traz a melhor atuação da carreira de Anthony Hopkins, embora isso possa causar surpresa em muitos é a mais pura verdade. Ele faz um mordomo de um Lord inglês que se apaixona por uma empregada da mansão, feita pela Emma Thompson. É um filme de momentos sutis. Existe uma cena maravilhosa em que Hopkins tenta se declarar à sua paixão mas por questões sociais, timidez, nervosismo e até mesmo preconceito se reprime. Poucas vezes vi um momento tão divinamente interpretado no cinema como esse. É genial. Vestígios do Dia é um primor, um filme feito para pessoas sofisticadas e de muito bom gosto. Como não poderia deixar de ser é uma produção britânica do mais alto nível. O diretor Ivory é um dos meus preferidos de todos os tempos. E é por essa e outras razões que considero "Vestígios Do Dia" uma perfeição da sétima arte. Poucas vezes algo assim tão sutil encontrou um veículo tão competente nas telas. Um primor!

Vestigios do Dia (The Remains of the Day, Estados Unidos, Inglaterra, 1993) Direção: James Ivory / Elenco: Christopher Reeve, Anthony Hopkins, Emma Thompson, Caroline Hunt / Sinopse: 1958. James Stevens (Anthony Hopkins), um homem de idade, em um grande carro antigo começa uma viagem pela Inglaterra em direção ao mar. Por muitos anos ele foi o mordomo-chefe de Darlington Hall, uma famosa casa de campo. Neste época sacrificou sua vida pessoal por vários anos para ter um alto desempenho profissional, mesmo reprimindo seus sentimentos e passasse uma frieza que na verdade não era parte da sua personalidade. Ele está indo visitar Sally Kenton (Emma Thompson), que ele não vê há muito tempo e tinha sido governanta em Darlington. Ele pensa que talvez ela possa ser persuadida a retomar a sua antiga posição, trabalhando para o novo proprietário de Darlington, um congressista americano aposentado.

Pablo Aluísio.

A Difícil Arte de Amar

Revi recentemente esse "A Difícil Arte de Amar". Me recordo que na primeira vez que vi não me deixou muito impressionado. Revendo me pareceu bem melhor agora. A verdade é que quando assisti pela primeira vez era muito jovem, tinha outros interesses e o tema do filme realmente não iria me atrair muito. Aqui temos basicamente uma estória de amor adulta, sem romantismos exacerbados, com clara intenção de retratar um relacionamento tal como na vida real. Os protagonistas Rachel (Meryl Streep) e Mark (Jack Nicholson) são sim apaixonados entre si mas ao mesmo tempo têm que lidar com a dureza da vida cotidiana (problemas de reforma na casa recém comprada após o casamento, dificuldades de grana, filhos chorando e enchendo o saco). O grande atrativo é justamente esse. Nem ele é um dândi romântico (pelo contrário é infiel, barrigudo e nada atraente) e nem ela é uma diva (anda mal arrumada, tem problemas com envelhecimento, filhos e tudo mais que conhecemos bem). No meio de tudo isso tentam manter um casamento meio falido e cambaleante. Igual a provavelmente 90% dos casais no mundo real.

Além do bom roteiro e argumento "Heartburn" tem como maior atrativo ver em cena dois dos grandes intérpretes do cinema americano: Meryl Streep e Jack Nicholson. Embora ambos estejam em grande forma deve-se reconhecer que o filme é de Meryl. Sem sinais de vaidade ela se entregou de corpo e alma a uma personagem sem nenhum glamour. Já Jack está ali como mera escada para Streep. Isso não é demérito e nem significa que ele esteja ruim em cena, pelo contrário, é uma consequência do próprio roteiro que foi concebido assim mesmo. Por fim, para os nostálgicos, o filme traz a famosa trilha sonora escrita e cantada por Carly Simon. A música tema foi um tremendo hit dos anos 80 e certamente todos vão se lembrar dela na primeira audição. Enfim, bom filme, com ótimas atuações mostrando a "vida como ela é".

A Difícil Arte de Amar (Heartburn, Estados Unidos, 1986) Diretor: Mike Nichols / Roteiro: Nora Ephron / Elenco: Meryl Streep, Jack Nicholson, Jeff Daniels, Maureen Stapleton, Milos Forman, Kevin Spacey / Sinopse: Rachel (Meryl Streep) e Mark (Jack Nicholson) são dois jornalistas que se conhecem em um casamento e, pouco tempo depois, se casam. Quando ela está na sua segunda gravidez, descobre que o marido tem um caso. O roteiro é uma visão autobiográfica da separação do casamento da roteirista Nora Ephron com Carl Bernstein (autor de Todos os Homens do Presidente) e foi baseado no best-seller da escritora.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Braddock 2: O Início da Missão

Um dos casos mais curiosos da história do cinema americano, Braddock 2 foi lançado antes do que o primeiro filme, Braddock - O Super Comando. Ambos os filmes foram rodados praticamente juntos e a intenção era obviamente lançar a primeira parte e a segunda logo após. Isso porém não foi feito. Os executivos da Cannon perceberam que o segundo filme tinha muito mais potencial comercial. Além disso Rambo II estava para ser lançado, assim o estúdio resolveu se antecipar e colocou nos cinemas esse "Braddock II - O Início da Missão". O lançamento poucas semanas antes de Rambo II irritou os produtores do filme de Stallone. Acusaram a Cannon de oportunismo e picaretagem. A Cannon respondeu que na América prevalecia a liberdade e por essa razão eles poderiam lançar os filmes que quisessem, na hora que bem entendessem. O caso quase foi parar nos tribunais mas não havia base legal para um processo uma vez que, embora semelhantes as estórias, Braddock não era Rambo e havia sido lançado antes.

Passada a confusão Braddock 2 finalmente surgiu nas telas. No Brasil também seguiu-se a ordem invertida, primeiro os espectadores assistiram Braddock 2 para só depois de alguns meses conferirem o primeiro filme. Ao custo de pouco mais de dois milhões de dólares o filme fez bastante sucesso e se tornou muito lucrativo, rendendo nas bilheterias mais de sete vezes seu custo. Chuck Norris certamente ficou gratificado com todo o sucesso. A crítica obviamente malhou impiedosamente a produção mas o que interessava para a Cannon era ter lucro, acima de tudo. O filme foi dirigido por Lance Hool que depois faria Steel Dawn, um estranho filme pós apocalipse estrelado por Patrick Swayze. Mesmo sendo acusado de ser nada original, Braddock acabou se tornando um dos personagens mais conhecidos da carreira de Chuck Norris. De certa forma é a versão Rambo com o ator. Como ação desenfreada ainda resiste, embora em muitos aspectos esteja bem datado. Mesmo assim recomendo para os que querem conhecer o lado mais popular dos filmes de ação da década de 80.

Braddock 2 - O Início da Missão (Missing in Action 2: The Beginning, Estados Unidos, 1985) Direção: Lance Hool / Roteiro: Steve Bing, Larry Levinson / Elenco: Chuck Norris, Soon-Tek Oh, Steven Williams / Sinopse: Prequel de Braddock - O Super Comando. Na estória acompanhamos o Coronel James Braddock que junto a seus homens se tornam prisioneiros de forças do Vietnã liderados por um sádico comandante.

Pablo Aluísio.

Braddock: O Super Comando

“A Guerra não termina até que o último homem volte para casa!”. Era essa a frase que estampava o pôster promocional de “Braddock – O Super Comando” um dos “clássicos” do cinema brucutu pancadaria da década de 80. No papel principal o ator Chuck Norris interpretava um personagem que era obviamente derivativo do soldado Rambo de Stallone. Com orçamento apertado o filme apostou na ação desenfreada e acabou se saindo muito bem nas bilheterias. Norris hoje em dia é personagem de piadas na internet mas na década de 80 seus filmes eram levados bem à sério pelos fãs de ação. Ele inclusive era o terceiro mais popular astro de filmes pancadaria daquela década, só perdendo no quesito popularidade para Stallone e Arnold Schwarzenegger. Seus filmes eram lançados regularmente nos cinemas brasileiros e rendiam excelentes bilheterias por aqui. De fato muito exibidor agradecia quando surgia algum filme novo de Chuck Norris pois ele era inegavelmente sinônimo de casa cheia com certeza. O povão adorava os exageros, as cenas inverossímeis e as lutas em que Norris derrubava dezenas de soldados inimigos com apenas um chute (seu famoso golpe chamado “Kick Roundhouse”).

Os roteiros eram ruins e as interpretações péssimas mas o público adorava. Quanto mais absurda fosse a cena mais a platéia saia gratificada das sessões. Chuck Norris era um astro mas enganava-se quem pensava que ele havia surgido do nada nos anos 80 para estrelar esse tipo de filme. A verdade é que Norris já tinha muita estrada quando começou a fazer sucesso com essas produções B de consumo popular. Lutador há muitos anos ele já tinha inclusive dividido as telas com o mito Bruce Lee em 1972 no filme “O Vôo do Dragão”. O auge de sua carreira na década de 80 aconteceu porque a produtora Cannon Group resolveu investir em uma série de filmes com ele. Produções simples mas com foco completo em ação e lutas. O público alvo era o mais popular que frequentava as salas em dias de desconto. A fórmula deu muito certo e Norris saiu colecionando sucessos. Depois desse Braddock vieram novos êxitos de bilheteria como “Invasão USA”, “O Código do Silêncio”, “Comando Delta” (com o ator Lee Marvin) e “Aventureiros de Fogo” (uma espécie de Chuck Norris vira Indiana Jones). Braddock, o soldado mais durão da história militar norte-americana, que comia ratos selvagens no café da manhã, ainda ganharia mais dois filmes (na realidade os dois primeiros foram rodados juntos mas lançados separadamente). “Comando Delta” também ganharia uma continuação. Infelizmente o reinado de Norris nos cinemas acabou junto com a década de 80. Depois do fim da Cannon, Chuck Norris se voltou para a TV onde confortavelmente estrelou o seriado “Walker, Texas Ranger” por várias temporadas. No Brasil a série foi exibida no SBT com grande sucesso de audiência demonstrando que o público brasileiro ainda continuava fã do ator. Hoje aos 70 anos ele retorna em grande estilo com “Mercenários 2”. Nada mal para um baixinho invocado que a despeito dos filmes B que estrelou conseguiu seu lugar ao sol no cinema americano da década de 80. Esse sem dúvida foi seu maior feito.

Braddock – O Super Comando (Missing in Action, Estados Unidos, 1984) Direção: Joseph Zito / Roteiro: Arthur Silver, Larry Levinson / Elenco: Chuck Norris, M. Emmet Walsh, David Tress / Sinopse: O Coronel das forças especiais James Braddock (Chuck Norris) não desistirá de seu objetivo até trazer o último soldado americano prisioneiro da Guerra do Vietnã.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Conan, o Bárbaro

O tempo passa, o tempo voa. Fazia muito tempo que tinha assistido "Conan O Bárbaro", tanto tempo que nem lembrava mais (pra falar a verdade me recordo muito mais de "Conan, o Destruidor" talvez por ter reprisado mais vezes na tv). Pois bem, rever Conan depois de tantos anos foi uma surpresa e tanto. O filme tem um tom bem mais sério e se leva mais a sério também do que sua continuação. Isso talvez se explique pela presença do sempre correto diretor John Milius (e que no fundo era mais um bom roteirista do que qualquer outra coisa). Aqui ele acaba juntando elementos de várias contos do personagem original e se sai muito bem no resultado final. Oliver Stone inclusive é um dos roteiristas o que mostra que nesse aspecto o filme realmente tem suas qualidades.

Conan aliás pode ser considerado o primeiro grande filme (em termos de popularidade) da carreira de Arnold Schwarzenegger, que na época era apenas um monte de músculos esforçado. Fica óbvio em cada cena que ele não sabia atuar mas seus pequenos dotes dramáticos são compensados pelas presenças de dois outros atores de peso na área: Max von Sydow (infelizmente muito pouco aproveitado) e James Earl Jones (no papel de um líder messiânico, meio homem e meio serpente). Claro que após tantos anos (o filme vai completar 30 anos de sua realização no ano que vem) os efeitos ficaram datados mas para falar a verdade ainda funcionam nos dias de hoje (principalmente o uso das pitons em cena). Enfim, foi bacana rever "Conan, o Bárbaro" para relembrar da infância. Bons tempos que não voltam mais.

Conan, o Bárbaro (Conan the Barbarian, Estados Unidos, 1982) Direção: John Milius / Roteiro: John Milius, Oliver Stone baseado na obra de Robert E. Howard / Elenco: Arnold Schwarzenegger, James Earl Jones, Max von Sydow / Sinopse: Conan (Arnold Schwarzenegger) é criado como escravo. Cresce em meio a um ambiente selvagem e brutal. Depois de adulto se envolve em inúmeras aventuras.

Pablo Aluísio.

Conan, O Destruidor

Conan (Arnold Schwarzenegger) faz um pacto com a rainha Taramis (Sarah Douglas): ele ajudará a recuperar um artefato mítico que trará de volta uma antiga divindade à vida e em troca a rainha ressuscitará sua antiga amada, Valéria, morta por inimigos no primeiro filme da saga. Em uma jornada de muitos perigos, feitiços e lutas, Conan se une à guerreira Zula (Grace Jones), ao mago Akiro (Mako) e ao ladrão Malak (Tracey Walter) para escoltar a princesa virgem na busca do chifre que ressuscitará o terrível Deus Dagoth. "Conan, o Destruidor" é a sequência do grande sucesso "Conan, o Bárbaro". O roteiro aqui é mais fantasioso do que no filme original. Conan recebe uma visão mais aventuresca, menos épica, com ênfase nas lutas contra monstros e seres mágicos. Não há a preocupação de se fazer um filme mais sério e adulto como vimos na produção anterior. Aqui o tom é bem mais juvenil, procurando obviamente alcançar um maior público, principalmente de jovens leitores das aventuras do famoso bárbaro. Isso porém não significa que o filme seja ruim, pelo contrário, ainda hoje funciona muito bem como aventura escapista.

Novamente na pele do guerreiro temos Arnold Schwarzenegger. Ele parece mais à vontade e mais maduro do que no filme anterior. Para quem gosta de halterofilismo indico a produção pois Arnold surge no auge de sua forma física. Provavelmente seja o filme em que esteja mais definido. A produção conta com bons e bem feitos cenários, uma trilha sonora evocativa e o mais curioso: seus efeitos não envelheceram tanto assim. Obviamente que não podemos comparar efeitos analógicos como os que vemos aqui com a tecnologia digital dos dias atuais mas temos que admitir que tudo funciona a contento nesse quesito. São várias as técnicas usadas no filme, sendo as principais o uso de Animação (com o ser alado que leva a princesa para a ilha) e de Animatronics (no Deus Dagoth). A direção foi entregue ao veterano Richard Fleischer com grande experiência em cinema de fantasia. O resultado revisto agora ainda soa satisfatório mostrando a superioridade desses dois primeiros filmes feitos com o personagem Conan e diga-se de passagem bem melhores do que seu recente, desastroso e medíocre remake lançado há pouco tempo.

Conan, O Destruidor (Conan The Destroyer, Estados Unidos, 1984) Direção: Richard Fleischer / Roteiro: Roy Thomas baseado no personagem criado por Robert E. Howard / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Grace Jones, Olivia D´Abo, Mako, Tracey Walter, Will Chamberlain, Sarah Douglas / Sinopse: Conan (Arnold Schwarzenegger) faz um pacto com a rainha Taramis (Sarah Douglas): ele ajudará a recuperar um artefato mítico que trará de volta uma antiga divindade à vida e em troca a rainha ressuscitará sua antiga amada, Valéria, morta por inimigos no primeiro filme da saga. Em uma jornada de muitos perigos, feitiços e lutas, Conan se une à guerreira Zula (Grace Jones), ao mago Akiro (Mako) e ao ladrão Malak (Tracey Walter) para escoltar a princesa virgem na busca do chifre que ressuscitará o terrível Deus Dagoth.

Pablo Aluísio.