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quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Jim & Andy

Jim & Andy
Durante as filmagens do filme "O Mundo de Andy" o ator e comediante Jim Carrey pirou! Essa é a informação básica para você entender esse filme bem fora dos padrões. Ele mostra os bastidores das filmagens dessa produção onde Jim Carrey interpretava o comediante já falecido Andy Kaufman. Uma coisa é um ator fazer um bom trabalho de interpretação, trazendo para o filme aspectos importantes do personagem que interpreta. Outra coisa é surtar, o que de fato aconteceu com Jim Carrey. Ele passou a agir como o falecido Kaufman em todos os momentos e não apenas diante das câmeras. Quando o diretor dizia "corta!" ele seguia na mesma, incorporando o personagem, o que acabou assustando não apenas o diretor, como também a equipe técnica e o resto do elenco. 

Foi uma piada ou um momento de insanidade de Jim Carrey? O filme não traz a resposta para essa pergunta. Eu acredito que houve um pouco dos dois. Claramente se percebe que Jim Carrey está mesmo se divertindo com tudo, ao mesmo tempo se percebe o lado doentio do que está acontecendo, inclusive quando Jim Carrey fica na mesma diante dos parentes vivos de Andy Kaufman. Ele abraça o pai do comediante como se fosse o próprio, chora, diz coisas pessoais demais... Uma loucura total! E chega até mesmo a sair no braço contra um antigo desafeto de Andy Kaufman! Enfim, filme curioso e bem estranho, mostrando o lado genal e louco de Jim Carrey. Ele que sempre foi dado a excessos, aqui rompeu completamente com os limites da racionalidade e do bom senso. 

Jim & Andy (im & Andy: The Great Beyond - Featuring a Very Special, Contractually Obligated Mention of Tony Clifton, Estados Unidos, 2017) Direção: Chris Smith / Elenco: Jim Carrey, Danny DeVito, Milos Forman / Sinopse: Esse estranho e diferente filme mostra os bastidores das filmagens do filme "O Mundo de Andy" onde o ator Jim Carrey passou por uma bizarra crise de identidade com o personagem que estava interpretando. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Tenha Fé

Título no Brasil: Tenha Fé
Título Original: Keeping the Faith
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Edward Norton
Roteiro: Stuart Blumberg
Elenco: Ben Stiller, Edward Norton, Jenna Elfman, Eli Wallach, Anne Bancroft, Milos Forman

Sinopse:
Dois amigos, o padre Brian Finn (Ben Stiller) e o rabino Jake Schram (Ben Stiller), foram apaixonados na juventude pela mesma garota, a doce e gentil Anna Riley (Jenna Elfman). A escolha por uma vida religiosa porém mudaram seus planos e cada um seguiu em frente na vida, até o dia em que reencontram Anna e todos os velhos fantasmas do passado voltam para atormentá-los. Filme premiado no Tokyo International Film Festival.

Comentários:
Esse filme foi o único a ser dirigido pelo ator Edward Norton. Um dos mais talentosos atores de sua geração, ele aqui quis fazer uma pequena e singela homenagem para sua mãe que havia falecido. Ela era católica. Norton então quis contar a história de dois homens religiosos, um padre e um rabino, que apesar das diferenças teológicas entre suas doutrinas, conseguiam continuar a ser grandes amigos. Uma boa lição de tolerância religiosa. O filme em si é muito bom, nada excessivamente bobinho ou chato, como poderia parecer. Nem mesmo a presença de Ben Stiller, que considero ser um dos comediantes mais chatos do cinema americano, consegue estragar o resultado final. Um aspecto interessante é que ele aqui deixou suas caretas e maneirismos insuportáveis de lado para tentar acompanhar o alto nível do trabalho de atuação de Edward Norton, que diga-se de passagem nunca brincou em serviço. Acabou sobrevivendo, uma vez que se não chegou aos pés de Norton, pelo menos não passou vergonha como nos outros filmes que fez. Outro ponto positivo a se destacar vem do elenco de apoio, todo formado por veteranos importantes da história do cinema americano como Eli Wallach (em um de seus últimos trabalhos), Anne Bancroft (sempre marcante em todos os filmes que apareceu) e Milos Forman (grande diretor, aqui dando uma palhinha como ator). Então é isso, vale muito conhecer esse "Tenha Fé". Não deixe passar em branco.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

O Povo Contra Larry Flint

Título no Brasil: O Povo Contra Larry Flint
Título Original: The People vs. Larry Flynt
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Milos Forman
Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski
Elenco: Woody Harrelson, Courtney Love, Edward Norton, Crispin Glover, Brett Harrelson, Donna Hanover

Sinopse:
Para superar seus problemas financeiros um pequeno comerciante chamado Larry Flynt (Woody Harrelson) resolve investir no ramo da pornografia, considerada até aquele momento um crime pelo Estado. Ao longo dos anos ele conseguirá erguer uma verdadeira indústria em cima disso, porém ao mesmo tempo terá também que travar longas batalhas judiciais, em penosos processos contra seus empreendimentos.

Comentários:
A duras penas o empresário Larry Flynt construiu o império Hustler, uma empresa focada em revistas de mulheres nuas e pornografia. Ele foi um pioneiro, o que significou também que precisou se defender nos tribunais dos ataques dos setores mais puritanos e conservadores da sociedade americana. Esse filme procurou contar parte de sua história, em especial seu envolvimento e conturbado relacionamento com Althea Leasure (Courtney Love), uma stripper, prostituta e viciada em drogas. Essa personagem foi "interpretada" (entre aspas mesmo, pois foi quase uma incorporação de si mesma em cena) de Courtney Love, a eterna viúva de Kurt Cobain do Nirvana. Seu estilo naturalmente decadente, imoral e escandaloso caiu muito bem no papel que interpretou. Mesmo elogiando ainda achei um pouquinho exagerada a indicação de Love ao Globo de Ouro de Melhor Atriz. Aí acho que forçaram um pouco a barra. Já seu parceiro Woody Harrelson dá verdadeiro show de atuação. Falando como um caipira como Flynt ele rouba a cena, chegando inclusive a ser indicado ao Oscar por sua atuação. O filme aliás foi indicado a dois prêmios, o outro foi para o diretor Milos Forman que em minha opinião sempre foi um dos mais talentosos cineastas que passaram por Hollywood. E o fato dele dirigir outra cinebiografia aqui só engrandeceu o resultado como um todo. Enfim, excelente produção que disseca os podres de um país prestes a abraçar a liberdade de expressão em todos os seus segmentos, até mesmo naqueles considerados os piores imagináveis.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O Mundo de Andy

O ator Jim Carrey voltou às manchetes de todos os jornais nesse fim de semana por causa da morte trágica de sua namorada, Cathriona White. Segundo as investigações ela teria se suicidado com uma overdose de pílulas após Carrey acabar seu romance com ela. É triste, mas o fato é que muitas pessoas não conseguem lidar direito com a rejeição amorosa. Muitas mulheres ficam devastadas - algumas por anos e anos a fio - enquanto outras tomam atitudes desesperadas como essa. Segurando o caixão da ex-namorada, Carrey me pareceu muito abatido e envelhecido (com uma longa barba messiânica). Uma pena. Isso também me fez dar uma olhada mais uma vez em sua filmografia. Confesso que nunca fui seu fã de carteirinha, talvez por ter sido um admirador de Jerry Lewis no passado, o que me fez ter sempre uma sensação de que Carrey seria apenas uma versão moderna e menos talentosa do outrora brilhante Lewis. De qualquer forma um de seus filmes que realmente valem a pena é esse "O Mundo de Andy" dirigido pelo grande Milos Forman (quem poderia prever que um cineasta clássico como esse iria um dia fazer um filme com o careteiro Carrey?). Claro que não seria uma comédia escrachada, mas sim um drama.

O filme se propõe a contar a história do comediante Andy Kaufman (muito popular nos Estados Unidos porém praticamente desconhecido no Brasil). Andy era um sujeito estranho, diria até mesmo bizarro, que usava essa imagem fora do comum para ganhar a vida fazendo humor (muitas vezes bem corrosivo e fora dos padrões convencionais). Esse filme foi mais uma tentativa (dessa vez bem sucedida) de Jim Carrey provar que era mais do que apenas um humorista pirado em filmes comerciais de verão. Temos de reconhecer que ele está muito bem, provavelmente naquela que seja sua melhor atuação na carreira. Premiado de forma merecida com o Globo de Ouro de Melhor Ator, Carrey conseguiu convencer a crítica, mesmo que por um breve período, que também sabia atuar e muito bem em outros gêneros cinematográficos. Depois de "O Mundo de Andy" isso foi mais do que comprovado.

O Mundo de Andy (Man on the Moon, Estados Unidos, 1999) Direção: Milos Forman / Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski / Elenco: Jim Carrey, Danny DeVito, Gerry Becker / Sinopse: O filme conta a história real de um popular comediante norte-americano. Um sujeito que de certa maneira estava muito à frente de seu tempo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Um Estranho no Ninho

Segue sendo lembrado como um dos melhores filmes da carreira de Jack Nicholson. De certa forma ajudou até mesmo a compor sua mais conhecida persona nas telas – a do sujeito meio maluco, prestes a cruzar a fronteira entre sanidade e insanidade, sempre com um largo sorriso na face. Não é para menos, Jack Nicholson foi criado pensando ser irmão daquela que mais tarde revelou-se ser na verdade sua mãe! E a mulher que ele pensava ser sua mãe era na verdade sua avó! Confuso? Claro que sim mas a vida familiar complicada do ator se refletiria depois em ótimas perfomances como essa, excelentes interpretações que até hoje marcam a história do cinema. Afinal de contas de pessoas disfuncionais o velho Jack sabia tudo! O grande filme da carreira de Jack até aquele momento era “Chinatown”. É certo que “Sem Destino” foi a produção que mudou os rumos de sua carreira mas o filme de Polanski ajudou a sedimentar o caminho para o estrelato de Nicholson. Mesmo com toda sua repercussão apenas “Um Estranho no Ninho” trouxe o reconhecimento pleno da crítica e de seus colegas uma vez que o filme foi louvado pela Academia e pelos demais principais prêmios do cinema americano e internacional. De fato foi uma consagração pessoal de Nicholson mais do que qualquer outra coisa. 

Em “Um Estranho no Ninho” Jack interpreta Randle Patrick McMurphy, um prisioneiro que decide simular sintomas de doença mental para ser transferido da prisão onde cumpre pena para um hospital psiquiátrico pensando encontrar lá um sistema menos rígido e disciplinador do que dentro das grades da penitenciaria. Para sua surpresa porém nada era o que ele esperava encontrar. No hospício encontra um sistema rígido, baseado em um forte controle de cada passo dos pacientes, tudo sob comando da enfermeira-chefe Ratched (Louise Fletcher). A partir daí Patrick começa uma série de desentendimentos com a direção do lugar, tudo para conseguir impor um sistema bem mais liberal do que o que está em vigor. Esse é o tipo de papel em que Jack Nicholson se esbalda em cena. Cabelo despenteado, sorriso insano, olhar vidrado, tudo de acordo com o estilo indomado do ator. Sua interpretação de fato é brilhante, alternando momentos de pura malandragem de seu personagem com ataques de insanidade sem controle. Sem Jack o filme certamente não teria o impacto que teve. Por seu trabalho venceu o Oscar, o Globo de Ouro, o Bafta e o prêmio dos críticos de Nova Iorque (NYFCCA). Todos mais do que merecidos. Não se engane, “Um Estranho no Ninho” traz Jack Nicholson em sua mais pura essência. Uma verdadeira obra prima!

Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo's Nest, Estados Unidos, 1975) Direção: Milos Forman / Roteiro: Lawrence Hauben, Bo Goldman / Elenco: Jack Nicholson, Louise Fletcher, Danny DeVito, William Redfield, Brad Dourif / Sinopse: Preso se faz passar por maluco para ser levado para uma instituição psiquiátrica onde espera encontrar um lugar mais ameno, com mais regalias. Para sua surpresa porém o local é controlado rigidamente por uma enfermeira-chefe linha dura que não admite mudanças em seu cronograma pessoal. Filme vencedor dos Oscars de melhor filme, melhor ator (Jack Nicholson), melhor atriz (Louise Fletcher), melhor direção (Milos Forman) e melhor roteiro adaptado. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias melhor filme / drama, melhor direção, melhor ator / drama (Jack Nicholson), melhor atriz / drama (Louise Fletcher), melhor revelação masculina (Brad Dourif) e melhor roteiro.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sombras de Goya

Em momento histórico particularmente delicado, com choques entre a Igreja Católica e o movimento protestante uma jovem chamada Inés (Natalie Portman) é acusada de práticas de heresia. O Frei Lorenzo (Javier Bardem) tentará de todas as formas salvar Inés de sofrer torturas e posteriormente ser condenada pelo tribunal da Santa Inquisição. Eu gostei bastante de Sombras de Goya. As razões são muitas. Pessoalmente gosto de dramas históricos e quando eles mostram grandes acontecimentos da história gosto ainda mais. A grande lição deixada por esse filme é simples: não importa quem ou qual ideologia está no poder. Seja a Igreja, seja a monarquia ou seja o poder revolucionário, todos eles, sem exceção vão em algum momento barbarizar o povo e abusar desse poder. O filme mostra bem isso. No começo temos os absurdos da chamada Santa Inquisição, onde qualquer menor suspeita já era suficiente para jogar a pessoa no pior calabouço imaginável, com direito a todas as torturas possíveis.

Depois acompanhamos a invasão francesa à Espanha. Interessante essa parte do filme pois os franceses são mostrados com bastante realismo (eles se imaginavam libertadores mas o povo espanhol os trataram apenas como invasores estrangeiros). Por fim a volta da monarquia espanhola e seu absolutismo cruel. O roteiro é bem escrito pois coloca no centro da drama o pintor Goya, a pobre Inés (interpretada aflitivamente por Natalie Portman) e o padre Lorenzo, um sujeito que faz da sua história pessoal um retrato dos acontecimentos políticos que aconteceram na época. O filme é bem interessante, achei as alegorias do argumento bem desenvolvidas e bem situadas. Enfim, recomendo bastante. É um drama histórico acima da média e no final das contas nos leva à reflexão de que não importa mesmo a ideologia dominante, todas elas mais cedo ou mais tarde vão querer a sua alma e sua cabeça numa bandeja. Se prepare...

Sombras de Goya (Goya's Ghosts, Estados Unidos, 2006) Direção: Milos Forman / Roteiro: Milos Forman, Jean-Claude Carrière / Elenco: Javier Bardem, Natalie Portman, Stellan Skarsgård, Randy Quaid, Blanca Portillo, Michael Lonsdale / Sinopse: Em momento histórico particularmente delicado, com choques entre a Igreja Católica e o movimento protestante uma jovem chamada Inés (Natalie Portman) é acusada de práticas de heresia. O Frei Lorenzo (Javier Bardem) tentará de todas as formas salvar Inés de sofrer torturas e posteriormente ser condenada pelo tribunal da Santa Inquisição.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Amadeus

Wolfgang Amadeus Mozart (Tom Hulce) é um genial compositor que chega a Viena para compor o quadro de músicos patrocinados pelo Imperador do Sacro Império Romano- Germânico, José II. Na corte conhece e se torna amigo de Antonio Salieri (F. Murray Abraham), o compositor oficial imperial, que começa a ficar incomodado com o extremo talento musical do jovem recém chegado. "Amadeus" pode ser analisado sob dois pontos de vista, o primeiro cinematográfico e o segundo, histórico. Do ponto de vista cinematográfico a produção é belíssima, praticamente perfeita em suas três horas de duração. O roteiro é um primor, as atuações são espetaculares e a direção é de um bom gosto acima de qualquer crítica. O filme foi premiado com oito Oscar (filme, direção, ator, direção de arte, figurino, maquiagem, som e roteiro adaptado) e quatro Globos de Ouro (filme, ator, roteiro e direção). todos merecidíssimos. Há cenas memoráveis e uma das melhores trilhas sonoras da história do cinema, o que era mesmo de se esperar uma vez que traz o maior legado de Mozart, sua música incomparável, que ecoa em cada cena, em cada sequência. Imortal é pouco.

O calcanhar de Aquiles de "Amadeus" porém é quando analisamos o filme sob o ponto de vista histórico. Salieri foi alçado a um vilão sem alma, em conflito com Deus e querendo a todo custo prejudicar o jovem gênio da música, Mozart. Isso não condiz com a verdade dos fatos. Historiadores já derrubaram quase todas as premissas que foram utilizadas no filme, o que é até fácil de entender pois era necessário criar uma dramaticidade maior em torno da vida de Mozart para que o filme se tornasse mais atraente ao grande público. Não haveria como captar a atenção do espectador sem a existência de um antagonista â altura do mito de Wolfgang. Infelizmente esse papel coube a Salieri, em estupenda interpretação de F. Murray Abraham (que inclusive levou o Oscar de melhor ator para casa justamente por esse filme).

Na verdade histórica Salieri era um grande compositor também, tinha um status maior que Mozart em vida e possuía uma reputação de grande artista por onde passava. Não existe qualquer fonte histórica que coloque Salieri como um compositor invejoso da obra de Mozart, muito pelo contrário. Alguns historiadores afirmam que o fato real era justamente o oposto do que foi mostrado no filme pois Mozart teria inveja do cargo e do status que Salieri ostentava na corte imperial. Outra inverdade é a afirmação de que a obra de Salieri estaria esquecida. Seu legado como grande compositor é respeitado e valorizado nos principais centros de ensino musical. Ele é considerado um dos grandes de sua época. Em vista de tudo isso é importante enfatizar que definitivamente ele não era um medíocre como retratado no filme. Para se ter apenas uma pequena ideia de sua importância e talento basta apenas dizer que foi mestre de Beethoven e Liszt. Um maestro dessa envergadura jamais poderia ser considerado um medíocre, vamos convir. Apesar de tudo isso "Amadeus" ainda é uma obra monumental. Mesmo que distorcido do ponto de vista histórico não deixa de ser um filme magnífico onde praticamente tudo funciona. Tão genial quanto o próprio personagem retratado.

Amadeus (Amadeus, Estados Unidos, 1984) Direção de Milos Forman / Roteiro: Peter Shaffer / Elenco: Tom Hulce, F. Murray Abraham, Jefrey Jones / Sinopse: Wolfgang Amadeus Mozart (Tom Hulce) é um genial compositor que chega a Viena para compor o quadro de músicos patrocinados pelo Imperador do Sacro Império Romano- Germânico, José II. Na corte conhece e se torna amigo de Antonio Salieri (F. Murray Abraham), o compositor oficial imperial, que começa a ficar incomodado com o extremo talento musical do jovem recém chegado.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A Difícil Arte de Amar

Revi recentemente esse "A Difícil Arte de Amar". Me recordo que na primeira vez que vi não me deixou muito impressionado. Revendo me pareceu bem melhor agora. A verdade é que quando assisti pela primeira vez era muito jovem, tinha outros interesses e o tema do filme realmente não iria me atrair muito. Aqui temos basicamente uma estória de amor adulta, sem romantismos exacerbados, com clara intenção de retratar um relacionamento tal como na vida real. Os protagonistas Rachel (Meryl Streep) e Mark (Jack Nicholson) são sim apaixonados entre si mas ao mesmo tempo têm que lidar com a dureza da vida cotidiana (problemas de reforma na casa recém comprada após o casamento, dificuldades de grana, filhos chorando e enchendo o saco). O grande atrativo é justamente esse. Nem ele é um dândi romântico (pelo contrário é infiel, barrigudo e nada atraente) e nem ela é uma diva (anda mal arrumada, tem problemas com envelhecimento, filhos e tudo mais que conhecemos bem). No meio de tudo isso tentam manter um casamento meio falido e cambaleante. Igual a provavelmente 90% dos casais no mundo real.

Além do bom roteiro e argumento "Heartburn" tem como maior atrativo ver em cena dois dos grandes intérpretes do cinema americano: Meryl Streep e Jack Nicholson. Embora ambos estejam em grande forma deve-se reconhecer que o filme é de Meryl. Sem sinais de vaidade ela se entregou de corpo e alma a uma personagem sem nenhum glamour. Já Jack está ali como mera escada para Streep. Isso não é demérito e nem significa que ele esteja ruim em cena, pelo contrário, é uma consequência do próprio roteiro que foi concebido assim mesmo. Por fim, para os nostálgicos, o filme traz a famosa trilha sonora escrita e cantada por Carly Simon. A música tema foi um tremendo hit dos anos 80 e certamente todos vão se lembrar dela na primeira audição. Enfim, bom filme, com ótimas atuações mostrando a "vida como ela é".

A Difícil Arte de Amar (Heartburn, Estados Unidos, 1986) Diretor: Mike Nichols / Roteiro: Nora Ephron / Elenco: Meryl Streep, Jack Nicholson, Jeff Daniels, Maureen Stapleton, Milos Forman, Kevin Spacey / Sinopse: Rachel (Meryl Streep) e Mark (Jack Nicholson) são dois jornalistas que se conhecem em um casamento e, pouco tempo depois, se casam. Quando ela está na sua segunda gravidez, descobre que o marido tem um caso. O roteiro é uma visão autobiográfica da separação do casamento da roteirista Nora Ephron com Carl Bernstein (autor de Todos os Homens do Presidente) e foi baseado no best-seller da escritora.

Pablo Aluísio.